Merida

Todos se espremeram na fila única. Gothel daria uma aula com um ser das trevas, isso Merida queria muito ver. A aglomeração de estudantes foi rápida. Um falatório ali, uma movimentação aqui. E quando Merida se deu conta ela era a primeira da fila.

Gothel se vira para ela, seus olhos brilhando de uma forma sádica.

- Diga seu nome minha jovem - ela pede.

- Merida Dunbronch - responde, mas saiu de forma inaudível.

- Repita.

- Merida Dunbronch!

- Sua casa?

- Grifinória.

Gothel assente. Ela tira a varinha do vestido negro. Ela faz um gesto para que Merida pegue a dela.

Merida tira a varinha das vestes, sente que sua mão esta tremendo então a controla. Não podia demonstrar fraqueza naquele momento!

- Alguém sabe qual é a aparência de um Bicho Papão?

Merida vira o rosto e vê uma mão branca se erguer no meio da fila. Ela já sabia quem era antes da voz fina responder com animação:

- Ninguém sabe - responde Rapunzel - ele assume a forma do maior medo de alguém.

- Exatamente. 10 pontos para a Corvinal.

Merida pode ouvir alguns estudantes da Corvinal reclamarem da pouca quantidade de pontos, mas o frio olhar de Gothel fez com que ele se calem em poucos segundos.

Ela se vira para Merida.

- Querida, quero que repita para mim o feitiço: Ridiculus.

- Ridiculus.

- Mais alto, por favor.

- Ridiculus! - diz Merida com convicção, e à sua frente o guarda-roupa negro se balança. Como se o monstro lá dentro quisesse sair.

Aquela ideia não era muito boa.

- Quando eu abrir o guarda-roupa, seu grande medo vai sair - diz Gothel - eu quero que você respire fundo e pense em algo engraçado. Depois grite o feitiço.

Merida assente. Ergue a varinha, que tremia levemente como suas mãos. Ela respira fundo. Controle-se.

Gothel sorri. Não de forma doce e encorajadora. De uma forma fria e gélida, que fez todos os pelos ruivos do braço de Merida se erriçarem. A garota teve o pressentimento de que aquela aula não terminaria bem.

As mãos da professora deslizam para o fecho do guarda-roupa, que se abre num clique surdo. A porta se abre devagar, o que piora mais a ansiedade de Merida. Aos poucos as sombras vão saindo do armário, e lá de dentro surge um grande urso marrom.

Merida gela. Morava na Escócia quando pequena, e o que mais lhe assustava no lugar eram os enormes e assustadores ursos. Ursos como aquele, com dentes afiados e um olhar selvagem. Ursos que quase a mataram certa vez.

Com a mão tremendo mais que o normal, Merida pensa na primeira coisa que lhe vem ao olhar o urso. Ela ergue a varinha, que quase cai, e grita:

- RIDICULUS!

O urso grande e intimidador se transforma num ursinho de pelúcia marrom, com um lacinho rosa nas duas orelhas. Um coro de risadas nervosas seguem atrás dele, que acaba acompanhando-os.

Gothel sorri, e faz um gesto para que Merida fosse para o final da fila.

- Próximo! - diz ela.

Merida sai do caminho e observa Wilbur Robinson dar um destemido passo a frente.  Merida, como queria ver a cena, sai da fila.

O ursinho marrom de pelúcia começa a se transformar num homem alto. Muito alto. Ele é pálido e usa um terno preto. E não possui rosto. Merida leva um susto ao ver a imagem, e depois começa a se perguntar que diabo era aquilo já que nunca viu algo assim no mundo bruxo.

Wilbur quase grita e ergue a varinha rapidamente. Gritando: Ridiculus.

O homem se transforma num manequim de loja, vestindo uma roupa de balé e todos caem na gargalhada.

- Próximo! - diz Gothel, divertindo-se.

Wilbur se junta a Merida. Ela não esta mesmo a fim da companhia de sonserinos, mas não pestanejou. Fica observando em silêncio o manequim virar uma cobra gigante para uma menina da Lufa-Lufa.

- O que era seu pesadelo? - pergunta Merida para Wilbur.

- É uma lenda urbana dos Estados Unidos - ele responde dando de ombros.

- Esqueço que você vem de lá.

Merida nem sabia que Wilbur era americano, mas disse aquilo para não parecer desinformada.

Ela vê Jack Frost dar um passo a frente e começa a prestar extrema atenção. O jovem de cabelos brancos tira a varinha das vestes antes mesmo de Gothel pedir. A bola de encher vazia - que antes era uma cobra - começa a se transformar numa coisa sombria.

Não era nada humano. Era um ser assombroso, usava uma capa negra e Merida não pode ver o que havia por dentro dela. Mas ela sabia do que se tratava: Era um dementador.

Então se pergunta porque Jack Frost teria medo de um dementador.

O ser começa a sugar a alma de Jack e ele não consegue fazer nada para impedir. Merida começa a ficar confusa. Gothel esta parada, observando a cena e todos os estudantes gritavam e alguns até corriam.

Merida sai correndo na direção do Dementador. Ela não sabe fazer um patrono. Não sabe o que é preciso. Mas no seu desespero, ela grita Espectrum Patrono.

Só adiantou para o Dementador se virar na direção dela, esquecendo Jack. Ele volta a forma de urso e sai atrás dela. Merida não consegue se lembrar da droga do feitiço. Só grita enquanto o bicho corre em sua direção.

- Saiam! - ela escuta Gothel gritar aos estudantes, mas parecia a mil léguas dali.

Merida se vira para ver se o urso continuava ali e continuava. Ela começa a correr de costas mas é traída por uma maldita pedra no caminho. A menina tropeça e observa o urso se pôr de pé, pronto para mata-la.

Ela grita, então Gothel se põe na frente dela.

O urso se transforma em um homem. Um homem vestindo um manto negro feito de sombras. Ele possuía olhos dourados e penetrantes. Merida sabia que não era um bruxo, nem um trouxa. Era um ser das trevas.

Era o próprio Bicho Papão.

Ela não sabe o que aquilo poderia significar, mas o Bicho Papão recua. Ele se mistura às sombras no chão, e foge. Deixando o guarda-roupa negro a alguns metros delas totalmente vazio.