Rapunzel acordou assim como todas as suas companheiras de dormitório: ansiosa para mais uma aula.

Ela sempre amou aprender, ler e estudar. Amava isso tudo muito antes do Chapéu Seletor ter sido posto em sua cabeça gritando "CORVINAL" com convicção... Era uma característica que ela levaria consigo para sempre, mesmo algumas pessoas chamando-a de "nerd" o tempo todo.

Rapunzel rodeia os olhos pelo dormitório. Os móveis eram de madeira, e haviam cortinas azuis espalhadas pelas camas e nas janelas. Haviam pelo menos uns 20 corvinais cursando o terceiro ano, como ela. 10 meninas e 10 meninos.

Ela estava cansada, mas mesmo assim preparada para a aula de História da Magia que teriam. Era a matéria favorita dela dentre tantas. E "Hogwarts, uma História" era seu livro preferido dentre tantos.

Rapunzel prende os enormes cabelos (enfeitiçados por uma bruxa para terem o dom da cura) para, no mínimo, baterem nos seus pés e não arrastarem pelo chão. Ela troca de roupa e coloca sua varinha de pelo de Unicórnio no bolso das vestes.

Ela sai do dormitório, para a Sala Comunal da Corvinal, e dá de cara com Louis Robinson, seu melhor amigo. Ele tinha o cabelo espetado e loiro, usava óculos quadrados com a lente no último grau e estava lendo no sofá... aguardando os outros acordarem.

- Oi, Louis - ela diz.

O amigo levanta os olhos do grosso livro que lia e ajeita os óculos.

- Olá, Rapunzel.

- Lendo o que?

- Uma bibliografia do diretor Norte.

- Que interessante - ela se senta ao lado dele - cadê todo mundo? Só tem quatro pessoas acordadas...

- Cinco.... E estão todos dormindo.

- Mas faltam só 25 minutos para acordar.

- Então acho que eles vão dormir por mais 25 minutos, Punz. Relaxa!

Rapunzel revira os olhos.

Todos começam a sair de seus dormitórios. Há um rápido movimento na Sala Comunal - alguns Corvinais buscando seus livros, outros suas varinhas - então, em alguns minutos, estão todos prontos para o café da manhã.

Os corvinais são guiados pela Monitora até o Salão Comunal, onde todas as Quatro Casas de Hogwarts se reúnem para as refeições (e algumas outras coisas, as vezes). Naquele caso específico, para o café da manhã.

- Preciso de uma pequena ajuda em Defesa Contra as Artes das Trevas... - comenta Louis, ao lado dela.

- Posso ajudar - Rapunzel diz com ansiedade - mas talvez você nem precise quando tivermos a próxima aula.

- Por que?

- Porque a Gothel Mcgonagall que vai dar as aulas. Será muito mais legal...

Louis ajeita novamente seus óculos, que caíam de seu nariz e dá uma leve risada.

- Duvido muito.

Eles entram no Salão Comunal. O diretor, Norte Noel, estava na bancada dos professores e conversava com Sandman, o professor de História da Magia deles. Sandman era mudo. Então se comunicava com os outros com magia: formando símbolos mágicos. A aula dele era legal por conta disso.

A diretora substituta e atual professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Gothel, não conversava com ninguém. Permanecia ali, sentada, séria. Observava a todos em silêncio, com seu olhar distante e pensativo. Ela era a diretora da Corvinal. Isso garantia um pouco de reconhecimento das outras casas... e muito dever de casa!

Ela se sentou ao lado de Louis, como sempre. Ficando no campo de visão de uma garota com cabelos incríveis! Sério, os cabelos dela eram lindos. Eram ruivos e encaracolados.

- Procurando alguma coisa na mesa da Grifinória? - pergunta Louis, rindo-se.

- Não estou paquerando ninguém, se é o que está insinuando - ela responde.

- Meu irmão gosta de você - ele diz como se não fosse nada demais, dando uma mordida no sanduíche logo depois.

Rapunzel pega um pedaço de pudim, fingindo desinteresse, e pergunta:

- Seu irmão? Quem é ele mesmo?

- O Wilbur. Da Sonserina.

- Argh... - ela finge um calafrio - Sonserina.

Louis dá uma risada.

- Nem todos sonserinos são tão ruins... Wilbur é um exemplo deles. Ele pode ser um pouco bagunceiro, metido, exibido...

- As qualidades de um sonserino!

-.... mas não é mau caráter.

Rapunzel morde um pedaço de pudim.

- Isso é bom - diz depois de engolir.

Ela continua admirando o incrível cabelo da grifinória, e domada pela curiosidade, balança Louis.

- Quem é ela?

Ele segue o olhar e engasga, quase morre com sanduíche entalado no pescoço.

- Tá falando da Merida DunBronch?

- Se é o nome da ruiva... sim!

- Ela é muito... complicada.

- Complicada?

- Não tem muitos amigos. Mas aceita desafios. Todos eles. Ouvi dizer que queria fazer teste para batedora do time de Quadribol da Grifinória.

- Isso é legal... não é?

- Não! Batedores são violentos. Nem imagino como ela deve ser.

Rapunzel bebe um gole de suco, revirando os olhos.

- Já falou com ela? - pergunta.

- Nem preciso!

Ela ri de Louis. Quando o café termina, a Corvinal segue para a sala de aula junto da Lufa-Lufa. Rapunzel nota que um par de olhos verdes a observava. E pertenciam a Soluço Spantosicus, o garoto que chamou atenção dela dois anos antes.

Ela olha para ele. Ele pisca os olhos, como se não acreditasse que ela o olhou, e depois os desvia para o lado.

Quando eles entram na sala, o Prof. Sandman forma ordens como imagens douradas. Uma delas era o brasão da Lufa-Lufa, crusando-se com o da Corvinal. Isso era simples de entender: as duplas deveriam ser feitas com as casas diferentes.

- Hã... oi - Rapunzel se vira, surpresa ao ouvir alguém falando com ela.

Era ele. Soluço Spantosicus Strondus III. É impressionante que ela tenha gravado seu complexo nome de cabeça desde o dia que o viu pela primeira, e provavelmente única, vez... Depois de dois longos anos!

Rapunzel dá o melhor sorriso que consegue.

- Oi - responde.

- Poderíamos... hã... fazer dupla. O que acha?

Ela começou a abrir a boca para responde-lo e sentiu o braço puxando-a. Era de Pennelope Crearwater, a única amiga de Rapunzel fora da Corvinal. Uma menina super meiga (embora um pouco estranha) com cabelos castanhos.

Ela nem teve tempo de falar com Soluço.

- Então - diz Penny, quando as duas se sentaram - o que vai fazer amanhã?

- Ter aula de Poções - responde Rapunzel, abrindo seu livro - e de DCAT!

- Só isso?

- É.

Penny olha para os lados.

- Me encontre às 21:00 no Corujal.

- 21:00 ? Mas é contra as regras...

- Ninguém nos verá. Vamos lá, Punzie! Você é toda certinha... Precisa se divertir mais. Me responda mais tarde!

Rapunzel nem pode falar que não concordava. Sand deu uma página para leitura, e vários símbolos se formaram acima de sua cabeça, explicando a matéria.

Rapunzel ficou pensando nas palavras de Penny. Ela não era certinha... sabia se divertir e muito! Ela não precisava provar nada para ela nem para ninguém!

Mas no fundo sabia que aquilo continuaria martelando em sua mente...

... Até que ela enfim aceitasse a proposta.