Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 40
Querida, cheguei!


Notas iniciais do capítulo

Estou tão envergonhada que tive que escrever essa nota debaixo da mesa.
Brincadeira, mas foi quase.
Eu sumi tanto que quase desisti, mas voltei!
Já agradecendo a Viih001 pela lindoca recomendação. Obrigada, flor, você arrasou e eu fiquei com vontade de postar mais rápido ♥
Explico-me certinho lá em baixo, por agora boa leitura!



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Olhei para o chão, para o teto e então para o balcão. Repeti o processo e não achei lugar nenhum para me esconder. Nem o que pensar.

Porque quando as coisas estavam ficando boas, acontecia algo?

Tentei respirar fundo uma dúzia de vezes até que a campainha tocou.

Reuni o máximo de coragem e caminhei, como quem caminha para a guilhotina, até a porta. Fui recebida com um sorriso grande e uma caixa decorada com papel de cachorrinhos. Vacilei no batente da porta.

–Surpresa! – Brian não esperou um convite para entrar e olhar por cima dos meus ombros, para o apartamento. Suspirei baixinho e fechei a porta. – Nossa, você fez uma faxina nesse lugar. Graças a Deus, não é?! – Notando a falha no seu tom agradável, ele se pôs a corrigir o erro. – Não que estivesse tão ruim só... Está melhor assim. – Procurou reprovação no meu olhar, mas eu me mantive neutra.

Calmamente depositou a caixa grande na mesinha de centro.

–Trouxe umas coisas para você e para o Bento. Notei que ele gostava desse petisco nos dias que ele ficou lá em casa e bem... Sei que você ama alfajó e...

Virou para minha direção com expectativa.

–Você parece cansada. – Não, seu sorriso não sumiu depois dessa afirmação.

Troquei o peso do meu corpo para o outro pé e engoli em seco.

–O que foi? – Eu poderia tentar distorcer os fatos, mas a pura verdade é que Brian poderia me ler facilmente.

Com o máximo de esforço, as lágrimas não ousaram transbordar dos meus olhos. Dois passos e ele já estava na minha frente.

–Você não está tão ruim assim, Alma. Eu sinto muito pelo que eu disse. Você sabe que eu sempre falo as coisas erra...

–O Bento morreu, Brian.

Silêncio. Choque. Abriu a boca e fechou.

–O quê?

Lágrimas escorreram pelo meu rosto e rapidamente tratei de tirá-las de vista.

–Como assim? Ele estava ficando melhor! Como isso aconteceu?

–Ele... Ele... – Solucei.

Pude ver os sapatos de Brian se aproximando de mim.

–Como isso aconteceu?

Dei de ombros porque mentir abertamente para meu ex-namorado sempre foi uma tarefa difícil. Seu rosto estava devastado e seus olhos mais úmidos do que eu tinha visto na vida. Nunca tinha visto Brian chorar, não quando nós fomos à urgência porque ele tinha distendido o tendão, nem quando ele recebeu uma promoção na empresa do pai.

Senti-me quase forçada a passar meus braços ao redor dele e nos envolver em um abraço familiar. Foi instintivo passar a mão pela sua nuca e acariciar seus cabelos, como sempre eu fazia.

–Veja só... – Ele suspirou. – Isso dói.

Estávamos prestes a nos separar quando ouvimos o barulho da porta rangendo ao abrir.

Não não não não.

Afastei-me rápido, mas não rápido o suficiente. O sorriso que eu amo dissolveu assim que ele notou o momento íntimo na minha sala.

–Porra.

O fato dele segurar um bolo inteiro nas mãos deixou tudo ainda pior.

–Jeff...

Seus olhos estavam tão perdidos em Brian que quando eles me fuzilaram, eu recuei um passo.

–Alma.

Ergui as palmas das mãos em sua direção, prendendo a respiração eu fui até ele que parecia cravado ao chão. Ele analisou dos meus olhos ainda úmidos até meus pés descalços com uma calma assassina.

–Me diga o que ele está fazendo aqui.

Balancei a cabeça rapidamente, mas antes que eu pudesse responder, Brian me atropelou.

–O que você está fazendo aqui?

Seus olhos verdes acastanhados queimaram na direção do meu ex e eu desejei não ouvir o que veio em seguida.

–Aquecendo a cama dela e entre outras coisas, claro. – Aquele sorriso sujo me deu calafrios.

Interrompi minha caminhada até ele com minha boca escancarada.

–Agora o que você está fazendo aqui, playboy? – Jeff me ultrapassou e foi até Brian. O coitado do meu ex encolheu meus ombros e engoliu em seco.

–Eu... – Tomou fôlego. – Eu vim ver como estava Bento.

–Agora já sabe. Pode ir embora. – Seco como o Saara.

Silêncio. Eu ainda estava parada no mesmo lugar, por um momento me sentindo pequena e um tanto quanto usada.

–Talvez seja melhor eu ir mesmo. – Seu olhar viajou até mim, esperando por uma intervenção, mas ainda estava no meu próprio torpo.

Recolheu sua coragem e caminhou até a porta de saída. Ainda de costas para nós, ele falou com o tom ainda meio quebrado pelo choque:

–Você merece coisa melhor, Alma.

Do que ele? Do que Jeff?

Não sei. Não deu tempo de falar mais nada antes que a porta batesse novamente.

Segurei meus cotovelos em um abraço de consolo próprio desajeitado.

–Você chamou ele aqui?

Foi como retirar um band-aid. Rápido, doloroso. Não demorou para que meu olhar desejasse que o homem que estava na minha frente estivesse morto.

–Desculpe?

–Você me escutou muito bem, Alma. Você chamou ele aqui?

–O que você acha? – Rebati, fogo nos olhos.

–Não sei. Não faço ideia.

Fui até ele com passos duros e decisivos, puxei o bolo de suas mãos.

–Se você não sabe, então talvez seja um sinal para que eu chame Brian de volta.

Abriu a boca para argumentar, mas eu grunhi, cortando-lhe.

–Você está sendo um idiota, Jeremy. Eu espero que você note isso rápido, antes que eu o expulse da minha casa com um pé na sua bunda.

Seus olhos suavizaram instantaneamente, tentou se aproximar de mim, mas eu girei nos calcanhares e fui para a cozinha. Ouvi seus passos me acompanhando e revirei os olhos.

–Eu estou com tanta raiva, Jeremy... – Procurei a maior faca na gaveta para cortar o maior pedaço de bolo de todos os tempos. – Todos dizemos coisas estúpidas quando estamos com raiva, então não faça com que eu me arrependa. – Enfiei o pedaço na boca como se não existisse amanhã ou qualquer balança em farmácias.

Enquanto mastigava com todo o vigor que tinha, arrisquei olhar para Jeff e encontrei-o tentando conter um sorriso. Ele falhou miseravelmente.

–Que é? – Resmunguei entre uma mastigada e outra.

Cautelosamente ele se aproximou por trás de mim.

–Vida. – Rodeou minha cintura, mas me mantive firme como uma tábua de passar ferro.

–Não venha com Vida. – Na minha raiva, alguns pedacinhos aqui e ali saíram como catapulta.

–Fui um idiota. – Confessou no pé do meu ouvido para em seguida mordiscar o lóbulo de leve, transmitindo um arrepio por todo meu corpo. – Só que quando vi seu ex aqui eu... – Afastou-se.

Droga, nem eu sabia o que queria mais da minha vida. Só foi Jeff ir embora que eu já o queria de volta.

–Você confia em mim primeiro, explode depois. – Observei sua mandíbula tensionada pelo canto do olho.

–Vocês estavam juntos. – Argumentou numa voz miúda, de quem tinha culpa no cartório, mas queria se justificar.

–Estávamos nos abraçando. – Tratei de corrigir. – Só. Abraçando. E isso foi o suficiente para você se tornar um homem das cavernas.

Jeff teve a dignidade de parecer constrangido como quem tinha sido pego fazendo coisa errada. Um tanto quanto semelhante a uma pequena criatura que conhecia e já estava com saudades.

–E então você fez com que eu me sentisse usada falando aquelas coisas.

–O quê?

–Não sou um poste para que você possa marcar território, Jeff. Não gosto dessa possessividade ou falta de confiança.– Respirei fundo. – Quero cumplicidade, certo? Pode soar idiota ou o que seja.

Puxou-me pela cintura antes que eu pensasse duas vezes. Seu rosto afundando na curvatura do meu ombro.

–Quero isso também, Vida. Vou tentar melhorar, certo?

–Temos muitas promessas rolando no momento, acho que se deve ter um limite.

Sua risada rouca fez com que os pelos da minha nuca se eriçassem. Maldito corpo delator.

–Prometo não fazer mais promessas. – O homem ainda teve coragem suficiente para colocar sua mão no peito e espichar um sorrisinho.

–Promete? – Porque eu não consegui conter um puxar de lábios também?

Ele foi se aproximando lentamente até parar bem ao meu lado e mordiscar meu pescoço bem do jeito que me deixava arrepiada e fazia um riso estrangulado, feio, sair da minha garganta.

–Eu amo quando você ri assim.

Deixei-me levar e aconcheguei-me em um par de braços que amava tanto. Você pode me culpar por isso? Por ceder fácil?

*~*~*

Paramos no sofá dessa vez. Ele era pequeno e tivemos que fazer um verdadeiro trabalho de pilates para não ficar extremamente desconfortável.

Quando acabamos eu tinha certeza que estavam doendo em lugares que eu nem sabia que poderiam doer. Exausta e satisfeita, estiquei-me no sofá, ocupando o lugar de Jeff, que tinha ido tomar um banho rápido. Tinha acabado de ler uma mensagem do meu celular, quando vi, debaixo da mesinha do centro o embrulho que Brian tinha trazido, tinha escorregado e caído no meio da reconciliação.

Escorreguei até o chão e aproximei-me da caixa com papel de cachorrinhos. Dentro estava uma caixinha de alfajor, alguns dele. Ele tinha comprado o meu capuccino favorito e uma caneca de cachorro um tanto quanto amável. Além dos saquinhos de petiscos para cachorro que Bento realmente amava. Ele pulava dois metros quando sentia o cheiro deles, eu juro.

Sorri ao me lembrar de seu longo rabo batendo com qualquer coisa ao redor dele.

Não notei que estava segurando a caixa decorada com mais afeto que o normal até que Jeff entrou na sala novamente como quem estava pronto para sair.

–Espero não atrapalhar.

Exibi um sorriso sem graça e neguei com a cabeça.

–Nada, são só...

Espiou a caixa por dentro e de curiosidade, sua fisionomia mudou para uma carranca.

–São umas coisas. Só isso.

Franziu o cenho ainda mais.

–Eu posso te dar qualquer coisa, Alma, é só pedir.

–Isso soa adorável e assustador na mesma medida. – Depositei a caixa na mesinha de centro e me aproximei dele. – Pode realizar um desejo meu agora? Nesse momento?

–Diga-me sobre. – Cruzou os braços, irrelevante a meus braços vazios.

–Quero que tudo isso acabe e possamos construir algo logo.

Uma frase certa e um sorriso amarelo, receita perfeita para uma reação desejada. Pisquei duas vezes e já estava em seus braços, aparentemente o melhor lugar do mundo depois da minha cama e colo de mãe.

–Vou resolver isso.

Vamos resolver isso. – Corrigi-lo e senti o tenso em seguida.

–Pensei que já tínhamos tido essa conversa.

–E já temos. – Meus lábios vagaram pelo seu pescoço. – Falamos demais.

–Vida... – Pequenas mordidas e ele não resistiria.

–Jeff... – No canto do lábio.

–Eu... – Chupei o lábio inferior.

–Você... – Desci minha mão pelo seu tronco.

–Você... – Suas coxas.

–Nós... – Um pouco mais baixo.

–Porra!

Apertou-me contra ele e enchi a boca com risadas ao notar o quão ele já estava animado lá em baixo.

–Você não tinha dito algo sobre dar uma saída? – Perguntei na inocência.

Fechou os olhos, apertado. Um rosnado de frustração e ele se afastou.

–Só para você saber, sua conta de água vai disparar e a culpa são suas provocações.

Gargalhei.

–Estou tão orgulhosa disso...

Seu cenho franzido, mas um sorriso safado nos lábios. Perdi-me em seus olhos totalmente verdes por um segundo, Jeff também parou de sorrir, notando o clima sério que se instalou rapidamente. Estávamos a cinco passadas de distância quando ele murmurou:

–Eu acho que te amo.

Segurei meu queixo para ele não cair.

–Eu acho mais. – Rebati a primeira coisa que surgiu na minha cabeça.

–Que me ama? – Sorriu, tímido.

–Que você me ama.

Então gargalhei alto demais, desastroso demais.

Ele não achou graça a princípio, mas esqueceu disso quando fui até ele e estalei um beijo na sua bochecha e sussurrei:

–Eu tenho certeza que te amo.

Abraçou-me apertado, daqueles abraços que você não deseja soltar nunca mais.

–Preciso que você se comporte, Vida.

–Eu preciso que você fique bem e seguro.

Não me levou a sério. Ao invés disso apoiou o queixo contra a minha testa.

–Vai ficar bem aqui sozinha?

–Você acha que estará bem ao sair do apartamento? – Rebati.

–Eu volto.

–Inteiro?

–Pelo menos as partes que importam.

Ergui uma sobrancelha, aguardando um complemento da resposta, ela não veio. Suspirei.

–Não gosto quando faz isso. Você me trata como se eu fosse feita de porcelana.

–Você não aguentaria o mundo que estou acostumado, Vida.

–Eu acredito que posso julgar isso.

Assentiu uma vez, absorto, mas balançou a cabeça e exibiu um sorriso meia boca.

–Realmente tenho que ir, mas – olhou para o relógio no pulso – tenho tempo para um beijo de despedida.

–Só um beijo?

–Vamos ver se continua pensando isso.

Maldito seja esse homem e como ele me faz esquecer das coisas rápido.

*~*~*

Quando ouvi o barulho da porta batendo e a chave rodando na fechadura, tratei de descavar meu celular no sofá.

–Você não está fazendo nada de errado, Alma. É para o bem de todos. – Mas minhas mãos não sabiam disso, ousavam tremer só para visualizar a mensagem.

Collin está em casa! Isso significa dar uma folga para meus amores vibrantes :D //Ellie

Apertei em ligar.

–Alminhaaa! – meus ouvidos quase rangeram – Onde você estava todo esse tempo, amiga? Fiquei tão só que tive que pedir para minha vizinha, dona Claudete, para me fazer companhia! Alma, a velha é mais tarada que nós duas juntas, não pode ver uma foto do Collin que perguntou se aceitamos uma menage.

Queimem meus ouvidos agora.

–Então o Collin voltou ontem a noite e finalmente você ligou. O que estava aprontando, miga?

–Ellie, aconteceram umas coisas...

–O Jeff voltou? – interrompeu-me.

–Sim.

–Vocês finalmente chegaram ao paraíso juntos?

Corada, respondi:

–Hã... Sim e outras terras não habitadas.

Um grito histérico do outro da linha e minhas bochechas pediram transferência de corpo.

–Collin! – Berrou a loira. – Ouça isso, finalmente a Alma e o Jeff...

–ELLIE!

Risadas e mais risadas.

–Outras coisas aconteceram também. – Falei baixinho.

Silêncio.

–Ai meu Deus, vocês se protegeram? Ele tem alguma DST braba? Você tá grávida?

–Fique quieta, Ellie. – Rolei os olhos e suspirei.

–Isso vai ser ruim, não é? – Sua voz tremeu, exatamente como a minha quando contei novamente a história que me dilacerou.

Eu amava minha amiga louquinha por um motivo. Ela sabia me consolar, me segurar no colo, mesmo a distância, ela foi adorável ao me ouvir contar toda a história, amável ao me ouvir chorar e dizer que também chorava por mim, por nós. Até mesmo Collin, que naquele momento já estava acompanhando a conversa no viva-voz murmurou um 'sinto muito, Alma' cheio de dor.

–Preciso da ajuda de vocês. – Confessei depois de muito tempo.

–Qualquer coisa. – Imediatamente respondeu minha amiga.

–Podem vir me buscar? Preciso descobrir algumas coisas e acho que o Collin pode me ajudar.

–Estaremos aí logo. – Collin garantiu.

Respirei fundo e repousei o celular na mesinha de centro. Eu tinha que estar vestida para matar, se meu plano fosse uma possibilidade. E nada que uma saia remodelada não fizesse milagres.

20 minutos depois, quando o interfone tocou, eu já estava em meus saltos e minha dignidade reconstruída.

–Vamos fazer isso. – Murmurei para mim.

Tranquei a porta ao sair e regulei os ombros. Era por um bom motivo, Alma, um bom motivo.


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Notas finais do capítulo

Gente,
Desculpa.
Não queria sumir, mas a vida me fez sumir hahaha Primeiro a faculdade e meu primeiro fim de período (muito louco) e então eu peguei uma cachorrinha doente na rua e cabou Louise.
Louise se dividiu em três e essa que vos escreve é a duas e meio.
ESTOU ENTRANDO DE FÉRIAS ESSA SEMANA E AGORA VAI!
Para alegrar um pouquinho vocês, podem participar do sorteio que está tendo no meu blog. É LIVRO GENTE http://curiosametamorfose.blogspot.com.br/2015/12/sorteio-de-natal.html
Tentem não me odiar, por favor?



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