Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 19
Eu, ele e a cama.


Notas iniciais do capítulo

Morri e fui enterrada com farofa -não, pera.
Tipo, eu recebi duas recomendações lindas *olhos ofuscam*
Deiiseh Fionna Fics, sua recomendação foi um perfeito pedaço de chocolate.
E Yanê Lima, eu adoro seu nome, mas já te disse isso, fez um resumão da história e um alerta. O Sam já tem muitas donas. kkkkkk
Amei cada uma desde o começo ao fim.
E o capítulo de hoje é dedicado a vocês :)



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Primeira imagem que eu devo ter passado é que estava acabando de voltar do maior porre da minha vida. Cambaleei tanto quando saí do carro que Jeff teve que me ajudar a me manter em pé antes de ir acordar Sam.

–Ok. Estou bem agora. Só fiquei um pouco tonta.

Ele não pareceu convencido, mas aceitou minha resposta.

A casa erguida a minha frente era simplesmente linda. De um tom amarelo claro e agradável, era grande e familiar. Imaginei um Jeff pequeno correndo por aí, pendurado no pneu que estava preso por uma corda a uma árvore ao lado da casa, azarando as priminhas...

Sem vizinhos, apenas uma solitária casa em um território grande coberto por grama alta.

–Vovó! – Quase caí quando Sam passou por mim correndo até a entrada da casa, uma mulher baixinha de cabelos grisalhos o pegou nos braços em um abraço que parecia delicioso daqui.

Atrás dela estava uma garota jovem, não passando dos 20 anos, com longos cabelos cacheados negros que ao ver Jeff saiu correndo em sua direção, esse, por sua vez, a esperava com um sorriso gigantesco e os braços abertos. As longas pernas finas da garota se envolveram na cintura de Jeff e uma explosão de risos se fez presente.

Que bonitinho esse reencontro.

Pensei em abraçar a mim mesma, só para preencher o vazio, mas então achei melhor ser útil e tirar as malas do porta-malas.

–Eu nem acredito que você esteja tão bonita assim. Onde está a pirralha melequenta que eu encontrei na última vez?

–Cala a boca, Jerry. – Mas seu tom era muito doce para que alguém a levasse a sério.

–Sabia que você me daria muito trabalho. – Resmungou ele, brincalhão.

–Isso não é verdade. – Aposto que era, pensei. – Porque não nos apresenta ela?

Oh Deus, ela sou eu. Girei nos calcanhares com um sorriso envergonhado, estendi minha mão em sua direção, aliviada que pelo menos ela já tinha os pés no chão.

–Sou Alma.

Não tive tempo de respirar fundo antes que seus longos braços finos me aproximassem para um abraço.

–Seja bem vinda, Alma! – Piscou seus olhos verdes acastanhados em minha direção assim que nos afastamos. – Maia, a irmã desse idiota.

Eles tinham os mesmos olhos. Os mesmos malditos olhos.

–Deixa a garota respirar um pouco, Maia. – Pelos seus ombros, vi a senhora de cabelos grisalhos e com um sorriso igualmente doce brincando nos lábios. – Deixe-me vê-la um pouco, filha.

Afastou a mais nova com um leve empurrar no ombro. As rugas de expressão se acentuaram quando sorriu ainda mais em minha direção. As duas mãos calejadas espalmaram meu rosto e diante de seu olhar verde me analisando, eu corei.

–Prazer senhora, sou...

–Eu sei quem você é. – Piscou os olhos verdes para mim, por um momento eu pensei que ela sabia de toda a mentira. Que ela sabia até mais sobre mim do que eu mesma. – E nem pense em me chamar de senhora. Só Marta, por favor.

–Mãe, você está deixando ela nervosa. – Jeff apareceu atrás dela, sorrindo em minha direção como se esperasse que eu entendesse.

–Desculpe-me, querida. – Deixou que as duas mãos caíssem nos meus ombros e me puxou para um abraço folgado. Falando no meu ouvido. – Só estou curiosa sobre como você conseguiu conquistar meus garotos.

Corei, mas não consegui conter a necessidade de respondê-la.

–Às vezes nem eu mesma sei. Só sei que deu trabalho.

Recebi três sorrisos idênticos como resposta. Sam veio correndo na nossa direção com um gato manhoso ao seu encalço, um pouco mais atrás.

–Tia Al, esse é Arquimedes. – Sam tinha um sorriso tão grande que mal parecia caber em seus lábios.

Agachei-me a sua altura. Não era muito fã de gatos, na verdade só tinha convivido com um gato fedorento da minha irmã no tempo que moramos juntas e ele me odiava. Era sua única diversão: me odiar e encher de pelos minha cama.

Incrivelmente Arquimedes veio na minha direção, ronronando, arqueando a coluna como os gatos faziam e esfregando-se nas minhas coxas.

–Estou tão feliz que vocês vieram. A tia Lucy mal pode esperar para vê-los. - Talvez eu tenha imaginado um pingo de sarcasmo na voz de Maia, mas ela parecia muito inocente para usar esse tipo de coisa intencionalmente.

Arrastamos nossas malas até a entrada da casa, Arquimedes nos seguindo preguiçosamente.

–Vocês vão ficar num dos quartos de hóspedes. O Sam ficará em seu quarto antigo dessa vez, filho. – Marta nos lançou um olhar compreensivo, meu rosto em chamas.

–Não precisa disso, mãe. – Jeff argumentou.

–Lógico que precisa. Seu quarto só tem uma bicama e meu querido, eu sei que os tempos hoje são diferentes. – Meu tom oficial tinha passado para um vermelho vivo. –No quarto de hóspedes tem uma cama de casal, já esperando por vocês.

Para meu deleito, Jeff não parecia menos desconfortável que eu. A casa estava cheia de gargalhadas e pessoas falando alto, parecia tão caloroso quanto uma daquelas famílias de margarina. Só que aumentando o volume da TV.

–Somos meio italianos. – Sorriu para mim Marta. – Organizei o quarto especialmente para vocês. E sumam daqui. – Fez um sinal com a mão para que nós subíssemos as escadas logo. – Vão descansar, só apareçam quando tiverem energia suficiente para encarar o resto da família.

Eu ainda estava atordoada, acho que minha ficha da loucura que eu estava cometendo caiu. Jeff teve que me puxar pelo punho para que eu o acompanhasse, nós deixamos para trás um Sam feliz agarrado a avó.

Jeff largou as malas num canto do quarto, era de um tom creme e branco quase familiar com um criado mudo para cada lado da cama e uma porta ao lado de um guarda roupa, provavelmente o banheiro. Eu quase chorei quando vi os lençóis dobrados na cama que dava no mínimo três da minha. Um sinal simples e mesmo assim que parecia afetuoso.

–Jeff, não sei se... – Meus olhos cruelmente arderam. – Como vamos mentir para eles, sua família? Para sua mãe e sua irmã? Até mesmo o gato, Jeff. Você viu a forma como todos estão sendo legais comigo?

Esperava que ele começasse a gritar comigo dizendo que eu tinha dito minha palavra, esperava até que ficasse calado, mas nunca, em um milhão de anos, eu imaginaria que ele me puxaria contra seu corpo e me envolveria com seus braços. Seu queixo apoiado no topo da minha cabeça. Senti-me pequena, com uma sensação estranha que nunca tinha sentido antes, nem mesmo com Brian, senti-me como se precisasse de proteção e agora a tinha.

E por um curto momento não permiti que minha mente trabalhasse nas possibilidades lógicas de que um simples braços poderiam fazer com que me sentisse assim.

–Você não está fazendo nada de errado, Vida. – Murmurou com a voz rouca, fazendo os pelos das minhas nucas se arrepiarem. Apertou-me para mais perto dele, quase como se esperasse que eu fugisse. Quase não respirei.

Era Jeff, e ele cheirava a já familiar mistura entre perfume masculino e cigarro, eu me aconcheguei em seus braços, afundando a cabeça na curvatura de seu ombro. Deve ter sido aí que eu parei de ser mesquinha e pensar só em mim. Se para mim, uma total estranha no ninho, a situação era indesejada, imagina para quem era do ninho?

Jeff deveria estar se sentindo péssimo.

Mas não pude refletir tanto, meu corpo acabou me denunciando. Eu tinha um dos homens mais quentes na minha frente e meu corpo achou no direito de tomar conta da situação sem meu consentimento. Minhas mãos já estavam afundadas nos seus cabelos, aproximando sua boca perigosamente a minha, era como a pólvora e isqueiro prontos para entrar em contato e...

–Eu durmo na cama. – Murmurei e me afastei.

–Mas... O quê? – Suas pupilas estavam dilatadas, era a primeira vez que notava. – Você pretende me enlouquecer, é isso?

–Não. Pretendo dormir na cama.

–E onde eu vou dormir? – Ri sem humor da sua pergunta.

Peguei um dos travesseiros perfeitamente organizados na cama e joguei no chão.

–Aí. Tem espaço o suficiente pra você?

–Você só pode estar brincando, Alma. – Nada de Vida? Opa, alguém tinha descido para o play sem aguentar brincadeira.

–Não vou dormir na mesma cama que você, Jeremy. – Imaginei o que eu faria se um homem daqueles estivesse deitado ao meu lado. Eu nunca iria conseguir dormir.

Fuzilando-me com os olhos, ele pegou o travesseiro e o jogou na cama novamente.

–Não vou dormir na porra de um chão porque você está mandando.

Nosso momento My Little Pony tinha, definitivamente, acabado.

–Já ouviu a frase “os incomodados que se mudem”? – Sua voz estava beirando a ira.

Peguei o outro travesseiro, que tinha nomeado de meu e marchei até a porta.

–Aonde você pensa que vai? – Ele me puxou novamente pelo punho. Isso já estava ficando chato.

–Dormir com o Sam. Sua mãe disse que é uma bicama e tenho certeza que ele não se incomodaria em...

–Você não vai. – Curto e grosso.

–E é você que vai me impedir? – Ergui uma sobrancelha, soltou-me como se tivesse recebido um soco no estômago.

–Nós acabamos de chegar e já estamos brigando por besteira. – Ele bagunçou os cabelos, nervoso. – Você quer a maldita cama? Tudo bem, você pode ter ela toda para você. Eu desisto.

Eu odiava quando a pessoa sabia exatamente como me fazer sentir mal. E Jeremy sabia.

–Jeff... – Seus olhos encontraram os meus. – Nós estamos parecendo um daqueles casais com 2 anos de casados e já prontos para o divórcio. – Minha mão procurou sua mão, meus dedos escorregando nos deles até estarem entrelaçados. – Nós podemos muito bem dividir a cama. Dorme comigo.

Quando um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, eu tratei de soltá-lo, corando violentamente.

–Não foi nesse sentido, Jeremy! – Joguei meu travesseiro nele. – Seu pervertido.

Ergueu os braços para cima, ainda com aquele maldito sorriso.

–Quer saber? – Girei nos calcanhares, procurando minha mala. – Vou tomar um banho, é o melhor que eu faço.

Quando virei novamente... Oh droga, lá estava Jeff de costas para mim sem a maldita camisa. Vergonhosamente minha respiração falhou. Eu nunca tinha o visto sem a camisa e minha imaginação não tinha alcançado nem um pouquinho a realidade. Eu nunca teria imaginado que Jeff tinha tatuagem. Ficava na parte superior das costas, entre um ombro e o outro.

Um relógio de ponteiros vermelho marcava não exatos 11:50, com asas negras de anjo ao lado do objeto. Apenas uma frase escrita embaixo disso, com letras curvadas e rebuscadas: Carpe Diem. (N/A: eu me baseei nessa tatuagem: http://stylesatlife.com/wp-content/uploads/2013/09/Clock-Carpe-Diem-Tattoo.jpg)

–Carpe Diem. – Sussurrei segurando, sem sentir, com força minha pequena nécessaire. – Significa aproveitar o dia.

Suas costas ficaram rígidas por um curto momento, ainda sem olhar nos meus olhos, ele falou tão baixo, para ninguém em especial, que quase não ouvi:

–Colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã.

Foi assim que ele me deixou no quarto e bateu a porta do banheiro. Se houvesse um placar entre nós dois, eu, muito provavelmente, estaria perdendo feio.


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Notas finais do capítulo

Passei um bom tempo procurando uma tatuagem perfeita e quando eu olhei essa... Foi quase como Pitty em 'eu estava aqui o tempo todo só você não viu'.
Fico feliz que meu número de leitores esteja crescendo e... UAU isso é realmente impressionante. Toda hora eu atualizo minha mãe com 'mãe, eu estou com X leitores... Mãe, eu tive Y acessos' e ela já nem aguenta mais.
Vou tentar me esforçar pra postar o próximo capítulo (ou deixá-lo programado, como uma leitora geniamente me lembrou).
Sejam gentis uns com os outros.
Ellen Degeners feelings.