Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 12
Rabiosa


Notas iniciais do capítulo

"Tudo o que você faz na vida, seja bom ou ruim, faz de você quem você é." Qual o seu Número? ~Livro, mas o filme tem o Chris Evans ♥.♥ ~



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Eu odiava quintas-feiras. Ah, sim. Eu as odiava. Mas aquela quinta-feira em especial...

Era uma mistura mortal de todas as quintas-feiras. As coisas tinham começado ruins, mas se tornaram ainda piores.

E a culpa foi do meu chefe. Tá legal, não totalmente dele, mas ele é culpado por arrastar as asinhas pela garçonete do turno da tarde e fazer tudo o que a garota quer. Ela inventou algo extremamente importante para fazer na sua tarde de quinta e pediu para trocar de turno. Meu querido chefe me concebeu essa dádiva. Por um momentinho, eu pensei que poderia dormir pelo menos 7 horas numa noite.

Então o telefone fixo começou a tocar às 6 da manhã.

Atendi meio viva, meio zombie. Minha cabeça latejava como o inferno. Era minha mãe, ela havia recebido um telefonema da mãe do Brian e a coitadinha estava transtornada. Dizia que seu filho estava de mal a pior depois do nosso término.

Confesso que dei alguns cochilos enquanto minha mãe falava, falava, falava...

Perguntou-me se eu passaria todos os dias da minha vida trancafiada em casa com um cachorro vira-lata (tive que morder minha língua para não respondê-la) e engordando. Falou sobre isso mais algumas horas e por fim, só para fazer com que ela me deixasse voltar pra cama, acabei soltando que iria a uma das festas de aniversário da prima cheia da grana da Ellie

Senti o seu sorriso enquanto tagarelava e por fim, desligou mais tranquila.

Para aliviar a dor na consciência disse para mim mesma que não havia mentido para minha mãe. A verdade é que eu só não tinha pensado totalmente nessa tal festa da prima de Ellie.

Eu já tinha ido a uma das festas dela, Monique, e jurei que nunca mais colocaria o pé naquele antro do satanás. Eu odiava qualquer coisa barulhenta demais, cheia demais e que cheirava a álcool e drogas.

Desisti da utopia das 7 horas de sono e fui caminhar com o Bento.

Meu humor estava numa zona de decadência terrível. Não achei meu celular no meio da confusão que chamo de apartamento e desistindo, saí para trabalhar, tive a sorte de me bater com Ellie no final do seu expediente.

–O que aconteceu com você, garota? – A loira estava histérica na minha frente. – Porque você não atende a porra do seu celular?

–Boa tarde?!

–Porque se atrasou tanto assim? – Quis saber, a voz dura.

–Eu troquei de expediente com Pâmela hoje, nada demais. Ela tinha que fazer alguma coisa.

–E porque não me avisou? – Ells estava muito mais calma agora, depois de um longo e sufocante abraço. Dei de ombros. – Nós ficamos preocupados.

–Nós? – Ergui uma sobrancelha. – Quem seria nós?

–Sim, sim. Seu PDC.

–Meu o quê?

–Projeto De Consumo, amiga. Ele veio aqui hoje e você precisava ver a carinha de decepção dele quando não te viu. Ficou ainda pior quando você não atendeu o telefone.

Acabei bagunçando os cabelos, quase como Jeff fazia e tremi.

–E o que ele fez? - Eu resistia a tentação de roer as unhas de curiosidade.

–Ele não teve oportunidade de fazer muita coisa.

–O quê? Como assim?

–Você vai ter que se sentar e respirar fundo para eu te contar. – Ela segurou minha mão, como se eu estivesse entrando num trabalho de parto. – Você já sabia da namorada dele, certo? A ruiva com boa comissão de frente e de trás.

–Algum problema? – Não tive coragem de olhar para meu chefe, ele estaria vendo meus olhos injetados de ódio e eu poderia deixar escapulir alguma palavra nada gentil.

–Cólicas, Sr. Lewis. A coitadinha está quase colocando um feto inexistente para fora. Mas não se preocupe, em alguns minutinhos o remédio fará efeito e estará pronta para o trabalho duro.– Ells deveria investir no ramo de teatro, definitivamente. Ela fez uma careta e o homem sumiu como surgiu: rapidamente.

–Namorada?

–Bem, namorada seria um termo um tanto quanto generoso da minha parte. A garota surgiu da rachadura do inferno e tascou-lhe um beijo que...

–Ellie! – Ela se calou e bateu gentilmente no meu ombro. Massageei as têmporas, a dor de cabeça estava muito pior agora. – Poderia ser só uma qualquer, não é novidade que...

–Alminha, no minuto seguinte ele arrastava a garota para seu carro, eu pisquei os olhos e eles haviam sumido. Diga você para onde.

Neguei com a cabeça. Eu sabia que era culpa da enxaqueca os meus enjoos. Eu sempre tive enxaquecas horrorosas. Corri para o banheiro dos funcionários e livrei-me do meu café da manhã.

Minha amiga me consolou um pouco mais e disse que um bom remédio para dor de corno era uma festa. Insistiu que poderia me dar uma carona e que Collin estaria lá, se algumas de nós precisasse, despediu-se de mim quando eu finalmente já podia sair do box.

Meus olhos ardiam ao pouco sinal da luz. Tratei de enfiar um comprimido na boca e engoli-lo seco, esperando que ao menos ele aliviasse a dor. Quase caí quando vi meu reflexo no espelho, meus cabelos estavam bagunçados e o castanho dos meus olhos estava competindo com o vermelho.

Cristo, eu parecia uma drogada. Se eu me embolasse nas palavras Sr. Lewis me mandaria para rua por justa causa.

A tarde se arrastou. Eu me perguntava se Jeff me mandava sms’s ou se ainda se preocupava comigo. Eu gostava desse ideia, mas quando notei que ele não demorou para escolher entre uma boa chance de sexo ou meu bem estar, desanimei e voltei a massagear as têmporas.

Fechei o Café ás 19 e fui direto para casa. Bento não saiu do sofá quando eu cheguei, mas me mostrou seu novo brinquedo favorito babado: meu celular.

Acho que ele correu por causa dos meus gritos, em seguida eu pulava de alegria por que o aparelho ainda funcionava.

Quinze ligações da Ellie.

Seis do Jeff.

Mas a última tinha sido há um par de horas atrás. Ele não se preocupava. Nem sei por que isso me deixava para baixo. Eu colocaria culpa na minha enxaqueca. É, a culpa era dela.

Enquanto preparava o meu jantar (e o do Bento), ouvi meu celular tocar como um louco.

ERA ELE!

Corri em disparada como uma louca. Atendi no último toque, ofegante.

–Vejo que está animada para hoje à noite!

–Ah, oi Ells.

–Isso tudo é desanimo por ser eu?

–Não, claro que não. Como estão as coisas?

–Estarão ainda melhores se você descer e nos esperar na guarita do seu prédio em 30 minutos.

–Não vou para festa nenhuma.

–Não estou perguntando. Estou lhe informando. Use seu salto e se prepare para não poder andar amanhã, hoje iremos dançar.

E desligou. Bufei e joguei o celular longe.

Dane-se, eu não queria saber de Jeff. Não queria vê-lo e analisar se ele estava bem.

Coloquei um short vermelho que Ellie tinha me dado no natal que eu evitava usar até o último momento, pois ele era apertado e um pouco curto demais para meu gosto e uma blusa básica e folgada branca.

Quando os 30 minutos passaram, eu estava a espera de minha amiga e seu namorado.

Eles chegaram buzinando e assustando metade dos meus vizinhos.

Ellie tinha uma vibe festa que eu adorava. Ela era alegre, festeira e... Uma bêbada chata.

Ok, eu sabia que as coisas não seriam as mil maravilhas, mas eu não imaginava que meu cabelo acabaria ensopado de cerveja.

Tudo isso começou quando eu segui Ellie e seu namorado para a pista de dança. Enquanto a loira remexia os quadris de maneira sensual, eu estava ali, parecendo um perfeito poste com meu copinho de plástico de coca-cola em mãos.

Eu queria me divertir. Queria mesmo. Mas não conseguia. Eu só queria finalmente chegar em casa e dormir. A quem eu estava querendo enganar? Eu não suportava esse barulho, esse lugar fechado, as pessoas se batendo uma nas outras e meu copo sambando mais que a Globeleza. Uma garota alta tri-bêbada passou por mim e tropeçando nos próprios pés derrubou seu copo em mim.

Agora eu estava raivosa e encharcada. Ellie até se ofereceu para me ajudar, mas fervorosamente eu neguei.

–Minha cabeça está explodindo, Ells. Vou voltar pra casa e tomar um remédio. – Não era total mentira, mas tão pouco total verdade. Minha cabeça ainda latejava, mas eu queria voltar pra casa por um acúmulo de motivos.

Resgatei meu celular da bolsa, pronta para chamar o táxi quando notei que ele vibrava em minhas mãos.

Jeff Buckley e a foto dele e do Sam cobertos de creme de barbear brilhavam na tela.

Oh Jesus, para servir de cereja no bolo.

–Jeff? – Arrisquei-me a dizer.

Onde você está?

–Bem... Eu estou bem. – Revirei os olhos. Ele não mandava em mim, caso tenha esquecido.

Alma, onde diabos você está? Eu acabei de passar pelo seu apartamento e o porteiro me disse que você tinha entrado num carro e ido embora.

–Estou numa festa. – E estou saindo dela agora.

Com quem?

–O quê?

Quem está com você, Alma? – Ele realmente estava me chamando de Alma?

–Isso é um interrogatório? Posso chamar meu advogado antes?

Vida... – E um suspiro alto. – Eu preciso falar com você. Estive tentando fazer isso o dia todo. E o nosso tratado de sinceridade?

–Você não parecia lembrado disso quando a ruiva com boa comissão de frente e de trás apareceu hoje lá no Café. – Despejei com um gole só.

Você não entende.

–A parte da ruiva ou o tratado de sinceridade? Alias... Nem venha falar comigo de sinceridade, porque não sei se você sabe, meu chapa, mas isso é uma grande e enorme hipocrisia da sua parte. Espero que você faça um bom uso da ruiva e da sua hipócrita sinceridade e enfi...

Eu deveria saber que gritar ao telefone enquanto caminha não deveria ser aconselhado pelo Ministério da Saúde, mas eu sempre fui meio teimosa. Então não foi lá surpreendente quando eu tropecei em algo e me esparramei no chão.

Ai droga. Isso era duro.

Vida?!

Meu celular estava a dois palmos de distância agora.

–Ah porra. – O tal Algo resmungou e no segundo seguinte eu estava sendo erguida com toda a delicadeza do mundo do chão. – Você é cega, garota?

–Vá catar coquinho no Polo Norte você também! – Afastei-me cambaleante e a procura do meu celular. Eu tinha pagado uma pequena fortuna por ele, não poderia me dar a esse luxo de perdê-lo.

–Bêbada. – Muxoxou o Algo.

Minha cabeça pulsava, provavelmente tinha dado um jeito no meu tornozelo, tinha tido um dia não muito favorável e agora tinha um idiota tirando uma com a minha cara.

Cerrei os olhos e girei nos calcanhares. Não liguei se eu parecia uma criança na frente do sujeito, espichei meu dedo indicador no seu peito duro e gritei como uma louca, para quem quisesse parar e ouvir:

–Eu não ingeri uma gota de álcool, seu idiota!

–Uou. – Ele recuou, as duas mãos erguendo-se. – Calma aí, rabiosa.

–Vá chamar sua vovozinha disso. – Bufei e com as mãos passando pelos cabelos, voltei a procurar meu celular. – Reze para meu celular não estar no céu dos eletrônicos.

Era a deixa dele para ir embora, mas ele não foi. Ficou parado ao meu lado enquanto eu mancava de lá pra cá procurando desesperada pelo meu aparelho. Reprimi um grito de frustração quando alguém cutucou meu ombro hesitantemente.

Exibi meu olhar zangado e lá estava lá, o idiota que eu tinha atropelado.

–Acho que você está procurando por isso. – E me estendeu o telefone. – Sujeito legal seu namorado.

–Oh Droga. – Puxei o telefone dele, mas Jeff já tinha desligado.

–Posso te pagar uma bebida enquanto seu namorado não chega? – Franzi o cenho para o cara a minha frente.

–Do que você está falando?

–Ele perguntou o endereço e eu disse. – Ele estava brincando comigo. – E disse que me paga 50 paus se eu não deixá-la fugir.

–Você não está falando sério.

–Nunca ganhei uma grana tão fácil na minha vida. – Segurou meu cotovelo e sorriu-me um sorrisinho nojento.

Eu odiava Jeff tanto quanto quintas-feiras.


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Notas finais do capítulo

Quero pedir a vocês me desejem boa sorte nas provas :/
Postando aqui rapidinho. Vi que o Nyah voltou e esse capítulo só tava faltando o finalzinho.
Vocês são os melhores leitores, vocês sabem, certo?
Beijo e queijo.
Tenham uma boa semana.



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