Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 5
Chance ao Recomeço




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Subi para o meu quarto e liguei o computador. Eu precisava falar com o Théo.  Fiz a chamada e esperei ansiosamente por ele atender. Um toque, dois toques, três toques. Enfim ele atendeu.
- Théo. – inconscientemente um sorriso apareceu no meu rosto. Ele devolveu o sorriso. Como eu queria ver aquele sorriso pessoalmente.
- Alice! – percebi que ele segurou o celular com as duas mãos e ficou me encarando. Olhando para o rosto dele, me lembrei de como foi dar a noticia de que eu iria me mudar.

Flashback ON
- O que aconteceu? – ele entrou em casa e parou atrás de mim enquanto eu fechava a porta e me virava para ele.
- Eu vou me mudar para Seattle. – cuspi as palavras antes que elas fechassem minha garganta.
- O quê? – ele levantou as sobrancelhas.
- É isso mesmo, eu vou morar com a minha mãe. – eu abaixei a cabeça, não conseguindo encará-lo sem que as lágrimas viessem inundar meus olhos.
- Não. Isso não é verdade. Não pode ser. – ele se aproximou, levantando meu rosto pra ele e olhando fundo nos meus olhos – Me fala que é uma brincadeira. – Não pude impedir das lágrimas escorrerem. Eu o abracei e afundei a cabeça em seu peito.
- Como eu queria que fosse brincadeira... – sussurrei entre os soluços.

Flashback OFF

- Théo, me tira daqui, por favor! – eu disse baixo.
- O que aconteceu? Eles não estão te tratando bem? – ele perguntou, claramente preocupado – Eu posso falar com seu pai e...
- Não, não é nada disso. – o interrompi – É só que...esse não é o meu lugar! Apesar de tudo, eu ainda sentia que me encaixava aí, porque eu tinha você, eu tinha meu pai. Aqui eu não tenho ninguém. E hoje eu tive uma briga feia com a minha mãe. Nós gritamos uma com a outra, fiquei até com vergonha. E eu fico receosa porque o Patrick não tem culpa disso...mas eu também não tenho! Eu não sei viver nesse lugar Théo, não dá! – eu soltei tudo, controlando o nó que subia pela minha garganta.
- Ali, eu...Eu me sinto um merda por não poder fazer nada por você. Eu não sei como é viver sem reparar suas cagadas. – ele riu, e eu o acompanhei – Tá um saco aqui sem você. Eu não também não tenho mais ninguém.
- Você pode me ajudar...é só não me esquecer. Nunca. Eu sempre vou dar um jeito de entrar em contato com você. E... – fui interrompida pelas batidas na minha porta. – Entra! – gritei e me virei para ver quem era. Bryan colocou a cabeça pra dentro do quarto, logo depois entrando.
- Alice, meu pai... – ele parou, olhando para a tela do computador observando Théo. – Desculpe, não quis atrapalhar nada.
- Não, tudo bem Bryan. O que você estava dizendo? – eu arrastei a cadeira para o lado, ficando na frente do notebook.
- Não, é que meu pai disse que talvez você quisesse sair um pouco, conhecer a cidade. Mas sem adultos. – ele riu – Se você quiser, eu posso te levar para um passeio. Te mostrar alguns lugares...enfim. – ele colocou as mãos nos bolsos da calça e sorriu de lado. De alguma forma, eu absorvi o pedido com mais aceitação. Talvez fosse pelo fato de que ele estava me convidando, e não mandando eu sair.
- Ah...acho que tudo bem. Agora? – eu perguntei.
- A hora que você quiser. – ele respondeu.
- Tudo bem, eu...eu te chamo.
- Vou estar no meu quarto. – ele sorriu e saiu. Me virei para frente e encontrei o Théo com uma sobrancelha arqueada.
- Esse é o Bryan, um dos filhos de Patrick. Foi uma das pessoas que mais bem me recebeu por aqui.
- To vendo mesmo, até querendo levar pra passear. – ele disse.
- Isso soou como se eu fosse um cãozinho domesticado.  – eu disse, séria.
- Desculpe. – ele riu. – Mas você disse um dos filhos, tem outro, não tem?
- Sim, tem o Sebastian. Mas eu não gostei muito dele, muito badboy pro meu gosto.
- E a casa, como é? – ele perguntou, acabando com o tom irônico em sua voz.
- É gigante. Mas tipo, muito gigante... – comecei a descrever a casa para Théo e também descrever o que eu tinha feito até então. Conversamos por mais quarenta minutos.
- Théo, é melhor eu ir, não quero dar mais motivo pra confusão. Vou fazer um esforço e fingir gostar da cidade. – eu disse rindo.
- Tenta ocupar a mente com outras coisas, vai ser melhor. E qualquer hora que você quiser ligar, eu vou atender.
- Vou tentar. Obrigada Théo, eu te amo.
- Eu também te amo. – e assim eu desliguei.
Troquei de roupa e saí do quarto, andando até o quarto de Bryan. Bati uma vez. Logo o ouvi gritando para eu entrar. Entrei no quarto e o encontrei vazio, mas logo Bryan saiu do banheiro.
- Ah, oi Alice. – ele disse surpreso e procurando por algo no quarto, provavelmente sua camiseta, que ele não estava vestindo – Eu pensei que você tinha desistido de ir. – ele tirou uma camiseta do guarda roupa e a vestiu, deixando o ambiente bem mais confortável.
- Não, eu...eu pensei bem. Acho que vai ser bom eu conhecer os redores. – eu sorri.
- Ótimo – ele sorriu – Então vamos. – ele disse e então saímos.

- Então, - ele começou enquanto andávamos pela orla da Alki Beach, uma das praias rochosas de Seattle. – Está gostando?
- Sim, - eu respondi, respirando frio enquanto a brisa passava por nós – é tudo bem calmo. Bem diferente de São Paulo.
- Bom, me conta um pouco sobre sua vida em São Paulo. Como é lá?
- Ah...São Paulo é linda, sabe? Apesar de tudo, é linda. Eu gostava de observar a cidade à noite da sacada do meu quarto. Era uma das poucas coisas que me acalmavam.
- E seus amigos? Seu pai?
- Eu nunca fui uma pessoa de ter muitos amigos. Ainda mais depois da minha mãe...enfim. Eu tenho só o Théo, que é o menino que você me viu conversando por Skype. E meu pai, isso pode soar meio clichê, mas meu pai é meu herói. Não tem muito que falar, - eu dei de ombros – essa basicamente era minha vida. Interessante, não? – eu ri. Ele acompanhou. Ouvimos barulho de pessoas rindo logo à frente, Bryan parou e olhou, e pareceu reconhecer as pessoas.
- Bom, se você quer começar a ter uma vida nesse lugar, eu recomendo que comece por aquelas pessoas.


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