Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 43
Tudo de novo




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Eu estava boquiaberta.
Patrick? Era ele seu namorado? – eu perguntei, sem reação. Eu estava tão pasma, e ainda absorvendo a história toda, que essa foi a única coisa que eu pude perguntar.
– Sim, ele era. Quando nós nos casamos, Bryan e Sebastian estavam com 14 anos, e me aceitaram muito bem. E tudo ocorreu como eu esperava, e então eu disse para o seu pai que era hora de você tentar algo novo. E então você veio para cá. – meus olhos nesse momento se arregalaram, e eu senti uma raiva crescer dentro de mim que eu nunca pensei que eu poderia sentir. Uma raiva do meu pai.
– Então você quer dizer que todo esse tempo, meu pai sabia? Ele sabia que você estava planejando me levar para longe dele? E ele simplesmente concordou? – as lágrimas começaram a rolar, e eu, mais uma vez, sentia o que era decepção de verdade.
– Seu pai também sabia o que era melhor para você. Ele nunca pensou em se casar de novo, então era bem mais viável você ter uma família completa do que viver apenas você e ele. Não seria nada bom para você, pois nós sabemos que seu pai nunca se conformou com a minha partida.
Eu me sentia traída. Essa era a palavra, traída. Tudo que eu defendi todo esse tempo simplesmente não era nada do que eu pensava. A raiva dava lugar a um vazio, e então a uma tristeza. E então esse bolo de sentimentos foi se dissipando, porque finalmente eu entendia. Tudo o que eles fizeram, foram nas melhores intenções, mas eles estavam errados. E eu paguei pelo erro deles. E essa mágoa permaneceria para sempre. Mesmo que eu entendesse, isso nunca iria embora.
– O problema foi que vocês nunca perguntaram o que eu queria. Eu não tenho culpa que você era atraída por certas loucuras, ou que meu pai tem dificuldades de superação. E mesmo assim eu paguei pelos defeitos de vocês. Isso sim é imperdoável, mãe. – eu olhei para ela e respirei fundo. – Agora, por favor, me deixe sozinha. Eu tenho muita coisa pra digerir.

A semana de provas começou, e eu não tinha tempo de pensar em nada além de provas, e depois, férias. E é claro, as últimas revelações que me foram feitas.
O clima em casa tinha pesado entre mim e minha mãe depois daquela conversa, mas nada com que nós já não tivéssemos acostumadas. Bem, pelo menos eu estava.
Era sexta-feira, o último dia, e eu tive duas provas. Sabia que tinha ido bem nas duas, então estava despreocupada, mas mesmo assim estava cansada.
Quando bateu o sinal, Sebastian estava me esperando no corredor. Os alunos estavam descontrolados, ninguém aguentava mais olhar um para cara do outro e o que todos queriam eram o mês que teriam para passar os feriados de fim de ano sem fazer absolutamente nada.
– Finalmente! Achei que você iria ficar para sempre na sala. – ele disse enquanto nós andávamos até o estacionamento.
– Precisava ter certeza que iria fechar o ano com chave de ouro. – eu respondi. As pessoas passavam e acenavam para nós. Pessoas que eu nunca havia nem olhado durante o ano letivo.
Acho que eu nunca vou me acostumar com isso. – Tudo o que eu quero é ir embora e dormir a tarde inteira! – estávamos chegando ao estacionamento quando Bryan gritou nossos nomes. Nos viramos e ele veio correndo em nossa direção.
– Eu estou indo para casa de Connor agora. Se nosso pai perguntar diga a ele que eu não tenho hora para voltar. – ele sorriu para nós e eu sorri também. Era tão bom ter Bryan de volta.
Depois que eu contei a eles a verdadeira história por trás da minha vinda a Seattle, ele pareceu deixar o orgulho de lado.

– E então foi isso, eles sabiam de tudo desde o início. Meu pai e minha mãe. E depois, Patrick. – nós estávamos sentados nos fundos do auditório, enquanto eu contava tudo para ele e Ashley. Eu tive que me segurar várias vezes para não chorar ao pensar em como eu tinha sido enganada. Olhar para Bryan enquanto eu contava tudo isso só piorava minha situação, ele não demonstrava nenhuma emoção no olhar, e isso me matava, pois até ali, ele tinha sido uma parte importante de toda minha estadia em Seattle. Mas então ele fez uma coisa que me surpreendeu. Ele se levantou, me puxando pela mão me levantando também, e então me abraçou forte. E eu comecei a chorar.
Ali eu finalmente estava sentindo que eu o tinha de volta, aquele que sempre se esforçou para me fazer bem, o Bryan que eu...o Bryan que eu amava.”

Não era nem um pouco fácil admitir para mim mesma o quanto eu tinha me apegado a ele, a Ashley...a Seattle. Desde que eu cheguei aqui, eu fiz de tudo para odiar esse lugar, odiar as pessoas daqui. Olhando para trás, eu vejo que eu realmente era uma das pessoas mais difíceis de conviver no mundo. Mas nada disso deu certo. Hoje meu carinho por esse lugar e pelas pessoas que vivem aqui é muito grande, e eu consigo dizer que esse lugar é minha casa, mas em momento algum eu consigo esquecer qual era a sensação de estar no Brasil. Aquela rotina desleixada, aquele aspecto que só o Brasil tem. Meu pai está lá, meu melhor amigo está lá. Boa parte da minha história está lá.
Talvez eu só não me aceite completamente por aqui pelo fato de eu ter vindo obrigada. Isso ainda me atormenta muito.
Mas a verdade já estava clara. Eu amava todos eles. Até Sebastian que, de todos, foi o mais complicado, nutria em mim um sentimento caloroso.
E eu tinha certeza de que todos eles também me amavam de volta, e eu estava muito bem protegida naquele lugar.

Quando chegamos em casa, o carro de Patrick não estava lá, o que eu achei estranho, pois ele afirmou com toda certeza que estaria em casa com a minha mãe esta tarde. Fui para o meu quarto e tentei ligar para minha mãe, mas ela não atendia. Desci as escadas e me virei para Sebastian:
– Por acaso Patrick avisou que não estaria em casa?
– Não. – ele respondeu – Achei que ele tinha dito que iria ficar por aqui hoje. Talvez eles tiraram o dia para eles e todas aquelas coisas de casal que vai ter filho. – ele deu de ombros. Eu sorri.
– É verdade, eu não tinha pensado nisso. – estava prestes a me virar quando o celular de Sebastian tocou.
– Falando no velho... – ele sorriu e atendeu – Muito obrigado por avisar... – de repente ele parou de falar, e depois seu rosto ficou pálido. – Tudo bem, estamos indo. – ele desligou o celular e me fitou. Seus olhos negros perdendo todo o brilho, sua expressão séria.
– Sebastian? – eu dei um passo à frente – O que aconteceu? – ele engoliu em seco.
– Alice...meu pai e Elizabeth estão no hospital. Nós precisamos ir para lá agora.


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Notas finais do capítulo

Estou sentindo que vocês estão me abandonando :( Por favor, não parem de comentar! Os comentários são muito importantes para mim!



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