Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 30
Perseguição




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Durante a semana, posso dizer que não houve nem tempo para eu pensar em nada do que aconteceu. Uma prova atrás da outra. Fomos até liberados do período integral para termos mais tempo para estudar. Amanhã, sexta feira, seria a última prova e logo depois começaríamos a montar as coisas para a feira que seria no sábado. Última prova, e para mim a pior de todas, Química. Como eu odeio essa matéria.
Eu me encontrava no meu quarto, com milhões de folhas e elementos químicos que pareciam já estar levitando das folhas. Me levantei e desci parar tomar um copo d’água, para depois voltar a luta. Encontrei Bryan sentado no sofá, assistindo TV.
- Você não deveria estar estudando? – eu perguntei baixinho atrás dele, o fazendo levar um susto.
- Nunca mais faça isso. – ele se virou para mim, enquanto eu dava a volta e me sentava no braço do sofá, ao seu lado.
- Mas é verdade, você não deveria estar estudando? – eu olhei para ele de cima.
- Amanhã é prova de Química. Eu não preciso estudar para Química. – ele revirou os olhos. Acho que eu encontrei minha salvação.
- Também? – eu sorri – Ótimo, porque eu vou precisar da sua ajuda.

- Alice, isso é muito simples! – ele disse enquanto analisava as folhas de exercícios.
- Simples para você. Isso não é desse mundo. – eu passei as mãos pelo cabelo em um gesto impaciente.
- Tudo bem, preste atenção... – e então ele começou a me explicar, e por incrível que pareça, eu comecei a entender. Depois de praticamente uma hora, ele falando e mostrando nos exercícios, minha mente começou a clarear.
- Eu acho que você deveria desbancar o nosso professor, sério. – eu disse.
- Quem sabe eu não saio dando aulas particulares por aí. Seria mais vantajoso. – ele brincou.
- E claro que para mim seria de graça. – eu disse.
- E o que te faz pensar isso, Alice Campbell? – ele arqueou uma sobrancelha. Antes que eu pudesse responder, Sebastian apareceu na cozinha, indo diretamente para a geladeira, sem ao menos olhar para nós.
- Podem continuar, não foi minha intenção atrapalhar nada. – ele disse de costas para nós, enquanto mexia com alguma coisa no balcão. – Ao menos que estivessem falando de mim, aí é melhor vocês não continuarem mesmo.
- Não precisa se preocupar em arrumar a garagem, eu já fiz isso. – Bryan falou.
- E porque eu me preocu...Ah, é verdade, nosso pai tinha pedido. – Sebastian estava meio voltado para nós.
- Eu sabia que você iria esquecer, por isso já arrumei tudo.
- Claro que já, você é o menino de ouro, não é mesmo? – ele disse se voltando totalmente para o balcão e pude ver de relance um sorriso sarcástico em seu rosto.
- Não comece Sebastian, por favor! – eu pedi.
- Se acalme, Alice. Só fiz um comentário. O que vocês estão fazendo? – ele observou os papeis espalhados pela mesa.
- Bryan está me ajudando com Química. – eu respondi. Ele puxou uma das cadeiras e se sentou, pegando algumas das folhas.
- Eu odeio Química. – ele disse.
- Somos dois. – eu respondi. – E eu preciso ir bem nessa prova. Olha, vocês por favor agradeçam a Deus por ser o último ano...eu ainda tenho mais um inteiro pela frente. Não sei se vou sobreviver até lá.
- Sobrevive, sobrevive sim. Eu falava isso também, e olhe para mim, ainda estou inteiro. – Sebastian respondeu, se encostando na cadeira e me fitando.
- Você já tem alguma ideia do que quer fazer da vida? – eu perguntei a ele.
- Sim e não. Na verdade eu ainda estou em dúvida. – ele se levantou – Mas para quê ficar pensando no futuro, não é verdade? Deixe as coisas acontecerem. – ele sorriu – Bom, vou para o meu quarto, prometo não atrapalhar mais. – ele se retirou da cozinha e subiu as escadas.
- Sebastian é a pessoa mais imprevisível que eu conheço. – eu comentei – Vocês já estão se falando normalmente?
- Pode-se dizer que sim. A não ser pelas indiretas completamente diretas que ele manda para mim. Como você acabou de ver. Mas eu ignoro, não é como se eu não o conhecesse...eu sei que uma hora ele vai parar. Já estou acostumado. Sempre foi assim. Quando ele vê que não adianta porque eu não vou arranjar briga e não vou dar atenção, ele para e tudo volta ao normal.
- Vocês costumavam a brigar muito? – eu perguntei enquanto organizava as folhas.
- Sempre que possível. – ele respondeu rindo. – Sempre que meu pai não estava por perto, na verdade...porque se ele nos via brigando ele virava outra pessoa. Ele nunca admitiu desrespeito entre nós.
- Seu pai é uma ótima pessoa. – eu comentei – Ele soube exatamente como criar vocês dois.
- No começo, quando você se mudou para cá, eu via o jeito como você tratava Lizzy, como vocês brigavam e a tensão que ficava sempre quando vocês estavam no mesmo ambiente. Confesso que às vezes eu tinha vontade de me meter no meio e mandar você acordar. Que era melhor você ter uma mãe que errou e estava tentando concertar seu erro do que não ter nada. – suas últimas palavras foram ditas em meio ao um suspiro. De repente senti uma vontade incontrolável de confortá-lo, e dizer a ele que Patrick era bom o suficiente para fazer os dois papeis. Me levantei de minha cadeira e fui até ele, me sentando na mesa e passando a mão pelo seu rosto.
- Bryan, seu pai fez um ótimo trabalho. Você e Sebastian são pessoas incríveis. Eu entendo como é você parar e pensar como seria se sua mãe estivesse aqui, mas não é como se você pudesse mudar isso. – ele levantou seu olhar para mim, e seus olhos azuis estavam calmos e vulneráveis.
- Eu não posso mudar minha situação, Alice, mas você pode. Eu percebi que seu relacionamento com sua mãe melhorou, mas ainda não é o suficiente. Acredite em mim, querer ter alguém por perto e não poder, nunca, é uma das piores coisas do mundo. – ele se levantou e ficou de frente para mim, se inclinando e deixando um beijo demorado em minha testa, depois se retirando e subindo as escadas, me deixando sozinha, refletindo sobre suas palavras.

Eu estava sentada, encarando a prova, mas minha cabeça não estava ali. Estava nas palavras de Bryan no dia anterior, e no trabalho que eu iria ter pela frente montando tudo para a feira. Deixei minha cabeça tombar em cima da prova, mas fez um barulho maior do que eu imaginava.
- Senhorita Campbell? – o professor chamou. Levantei a cabeça.
- Sim? – eu perguntei. Ele arqueou uma sobrancelha.
- A senhorita está bem?
- Sim, é que...assim eu...eu me concentro melhor. – eu disse, sorrindo completamente sem graça. Ele me olhou, e depois se direcionou a sua mesa. Balancei a cabeça. Foca, Alice.
Comecei a fazer a prova e percebi que eu não iria tão mal assim. Eu sabia. Comecei a lembrar de tudo que Bryan tinha me ensinado.
Depois de tudo feito, entreguei a prova com tudo feito. O professor sorriu e eu me retirei da sala, indo direto para o auditório onde o grupo iria terminar de rever as coisas para a feira que seria amanhã.
Duas horas depois, tudo resolvido. Saí com Ashley e estávamos andando pelos corredores quando ela começou:
- Bryan me contou sobre tudo o que tinha aconteceu semana passada. Estou querendo falar com você há tempos, mas nós nunca temos uma brecha.
- Nem me diga, Ash. Pelo menos agora eles já estão se falando normalmente. Ver aquilo me tirou do sério, foi como se eu estivesse sendo traída, entende? Eu acho que de primeira já tomei as dores de Bryan porque, bem, eu sei como é ser feita de idiota. Eu já estive no lugar dele uma vez. Eu não sei...apenas fiquei muito brava. Já estava bem claro que ela nunca valeu nada. Ainda bem que todas as vezes em que eu a vi foram de longe ou dentro da sala, onde eu não posso perder a... – estava entrando na sala quando dei de frente com alguém. O pedido de desculpas ficou preso em minha garganta no segundo em que eu vi quem era. – Ótimo. – eu revirei os olhos.
- Bom dia para você também, Alice. – Taylor disse, cínica.
- Na verdade, eu não estou em um dia muito bom, Taylor. – eu respondi, passando por ela e entrando na sala.
- Mas isso não te impede de me responder como Bryan está, impede? – eu me virei para ela, não acreditando naquilo que estava ouvindo. Vi o corpo de Ashley se endireitar ao meu lado. - Eu ainda estava meio abatida por ele ter terminado comigo...então Sebastian veio atrás de mim, me reconfortando e...
- Espere, o quê? Sebastian foi atrás de você? – eu perguntei, dando um passo a frente.
- Sim. E o que eu pude fazer, não é mesmo? É bem difícil resistir ao charme de Sebastian...você sabe como é. – ela deu de ombros e sorriu.
- Taylor, por favor, vá fazer o que você tem que fazer e nos deixe em paz. Vá. – Ashley disse a empurrando para fora da sala e fechando a porta. Eu não conseguia me mover. Eu ainda olhava para a porta, chocada. Ashley se encostou na mesma e olhou para mim.
- Será que...será que é verdade? – ela perguntou.
- Eu não sei, Ashley, mas eu vou descobrir. E vai ser agora. – tirei Ashley do meu caminho e comecei a andar para qualquer que fosse o lugar que Sebastian estava.


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