Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 29
Você é realmente melhor que isso?




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- E então, quem vai começar a explicar porque vocês dois estavam agindo como dois animais dentro do quarto de Alice? – Patrick perguntou. Ele estava sentado ao lado de minha mãe em um dos sofás. Sebastian estava sozinho em outro e de frente para ele eu estava sentada ao lado de Bryan. Percebi que minha mãe tinha cuidado do rosto de Sebastian, pois também estava limpo e com alguns curativos.
Ninguém disse nada.
- Eu cometi um erro, Patrick... – eu comecei, mas Sebastian me interrompeu.
- Ah, por favor, Alice! – ele me olhou, e depois olhou para o pai dele – Bryan não conseguiu se conformar que perdeu a namorada para mim. – senti o corpo de Bryan ficar tenso e ele se impulsionar para frente, e minha mão automaticamente voou sobre a dele. Olhei para ele como se dissesse: Não.
- Sebastian. – eu o repreendi.
- E eu estou mentindo? – Sebastian ia continuar a falar, mas Patrick o interrompeu.
- Eu não acredito que vocês estavam agindo como dois animais selvagens por causa de uma garota. – ele balançava a cabeça negativamente. – Eu não criei os dois para isso! – ele aumentou o tom de voz. – Céus! Vocês são irmãos! Deveriam proteger um ao outro! – ele olhou de Sebastian para Bryan. – Quem é a menina? É a Taylor?
- Sim. – Bryan respondeu olhando para baixo.
- Eu disse a você, Bryan, eu disse. Você deveria ter se afastado dessa menina quando eu te avisei. Você acha que uma menina criada naquelas condições, com uma família toda desestruturada como aquela, poderia te oferecer algo de produtivo? – ele esperou a resposta de Bryan, que não veio. – E quanto a você, Sebastian? Já não bastava seu irmão, agora você também? Eu não criei vocês dois para serem dois cachorrinhos atrás de quem não merece. Se for para brigar por uma mulher, briguem por uma que valha a pena. – e dizendo isso, ele se levantou. – Eu não quero mais ver nenhum de vocês perto ela. Isso serve para você também, Alice. – eu o olhei. – Essa menina não é boa companhia. Por favor, tente colocar um pouco de juízo na cabeça desses dois. – e assim ele se retirou da sala. Minha mãe se levantou logo em seguida, mas antes colocou a mão no ombro de Sebastian, mas olhou para os dois:
- Meninos, prezem o que seu pai lutou para dar para vocês. Vocês tem uma família tão linda, não deixem um motivo tão bobo como esse estragar o que vocês são. – e ela também se retirou da sala.
Foi só então que eu percebi que minha mão ainda estava sobre a de Bryan. E ele a apertava. A acariciei de leve e me levantei, passando por Sebastian e parando ao seu lado. Ele não levantou o olhar para mim, continuou a olhar fixamente para o chão. Estiquei a mão para afagar seu ombro, mas de última hora e por um motivo que eu desconheço, desisti.

Segui pelo corredor que levava até o quarto de minha mãe e Patrick. Bati na porta uma vez e ele disse para eu entrar. Ao entrar, me deparei com minha mãe sentada na ponta da cama, uma expressão um pouco abatida. Patrick saiu do closet, andando em minha direção.
- Alice, por favor, não deixe que esses meninos se percam. Qualquer coisa que você vir de errado, me diga. – ele se sentou ao lado de minha mãe.
- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa para vocês virem embora mais cedo? – eu perguntei.
- Não, está tudo bem, querida. – minha mãe respondeu, mas Patrick a desmentiu.
- Sua mãe não estava passando bem, Alice. Ela quase desmaiou no escritório. – eu me senti empalidecer.
- Mãe! O que você sentiu? – eu corri até ela, me ajoelhando em sua frente.
- Nada demais, meu amor. Foi apenas uma tontura, mas já passou.
- Apenas uma tontura que se não fosse por mim teria resultado em um grande corte na testa. – ele disse. – Ela não anda se alimentando muito bem ultimamente, eu já pedi a ela inúmeras vezes para ir a um médico, mas ela não me dá ouvidos.
- Não acredito! Porque você não procurou um médico ainda? – eu perguntei.
- Porque eu não preciso de um médico! – ela respondeu – É só estresse, filha. Nós estamos passando por um momento um pouco delicado no escritório, querida. Que requere muito de nós. Isso vai passar, é só deixar essas negociações que estão nos atolando se resolverem. – ela disse olhando para Patrick e depois para mim.

Nem preciso dizer que o final de semana não foi dos melhores. Patrick tentou praticamente o sábado inteiro fazer com que Sebastian e Bryan trocassem ao menos uma palavra, tudo em vão.
Mas foi apenas no domingo à noite, quando eu me encontrei deitada em minha cama pensando que por mais que eu não quisesse que isso tivesse acontecido, foi por parte culpa minha, indiretamente, mas foi. Me levantei e fui até o quarto de Sebastian. Bati na porta duas vezes e ele me mandou entrar. O encontrei deitado na cama, encarando o teto, com uma das mãos por baixo da cabeça, brincando com uma bola de basquete, que ele jogava pra cima e pegava antes que ela caísse em seu peito.
- Sebastian? – eu o chamei enquanto fechava a porta atrás de mim. Ele me olhou, e como se eu não estivesse ali, voltou a brincar com a bola. Ignorando o pouco caso, continuei – Eu não sei exatamente porque eu vim falar com você, mas é que de alguma forma eu me sinto culpada pelo que aconteceu.
- E você veio aqui para ouvir de mim que você pode ficar despreocupada porque a culpa não é sua? – ele segurou a bola com as duas mãos e se sentou, me encarando diretamente nos olhos.
- Não... – eu comecei, ainda processando suas palavras – Eu...eu só queria me desculpar por ter começado essa briga. Por mais que tudo que eu te disse seja verdade, eu não tenho nada a ver com isso.
- Então você realmente acha que eu sou um cretino? – ele perguntou.
- Suas últimas atitudes confirmaram isso. – eu respondi.
- Então quer dizer que você já desconfiava? – ele arqueou uma sobrancelha. Eu suspirei.
- Porque, Sebastian? – eu dei um passo à frente.
- Porque o que? – ele perguntou.
- Você fez isso. Você sabia que ela estava com Bryan, e que ela não vale nada. Ele é seu irmão. O que te passou pela cabeça? Como você pôde?
- Simplesmente podendo, Alice. Essa é a questão. Eu posso. Eu vou e faço, sem remorso.
- Mesmo sabendo que ele nunca faria isso com você? – eu perguntei com a voz vacilando.
- Será que isso realmente importa agora? Já está feito. – ele disse.
- Você não precisa agir assim, Sebastian. Você pode ter tudo o que quiser, não precisa chamar atenção dessa maneira. Eu sei que você não é assim.
- E como você sabe disso? – ele se levantou e em poucos passos já estava diante de mim, seus olhos negros me encarando de cima, a poucos centímetros.
- Porque esse não é o Sebastian que me abraçou enquanto eu contava o que um dia me fizera sofrer, esse não é o Sebastian que perdeu uma tarde ajudando a família na minha festa de aniversário, esse não é o Sebastian que fez questão de me desejar parabéns. Esse não é o Sebastian que passou minutos gargalhando dentro de um carro porque nós quase tínhamos batido. Eu sei que esse não é você. Você é melhor que isso. Muito melhor. – dizendo isso, me inclinei e deixei um beijo em sua bochecha, me virando para a porta e a abrindo – E, bem, não precisa me esperar para irmos para a escola amanhã. E quanto a volta...eu acho que já tive aulas suficientes de direção.


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