Sexta-feira. Estávamos todos animados para começar a organização feira. Eu estava responsável por coordenar a decoração. Eu estava indo de um corredor para o outro, descendo e subindo escadas.
Em um momento logo depois do horário de almoço, me sentei no fundo de uma das salas onde não tinham muitas pessoas para ter alguns minutos de sossego.
Foram apenas alguns minutos mesmo.
Vi Bryan passando em frente a sala e pensei que ele iria passar direto, mas de última hora ele olhou para dentro e me viu, parando e entrando.
- O que você está fazendo aí? – ele perguntou.
- Descansando. Isso é muito cansativo, Bryan! Ficar andando de um lado para o outro, repetindo milhões de vezes onde vai ficar isso ou aquilo. – ele se sentou na carteira ao meu lado.
- E olha que hoje são só as marcações...sexta feira que vem vamos começar a decorar de verdade.
- Nem me fale! Isso tem que sair perfeito, Bryan, perfeito! – quando eu terminei de falar, alguém passou em frente à sala gritando “por um acaso você viu a Alice?” para outra pessoa. Por sorte ninguém olhou para dentro da sala.
- Você está sendo requerida. – ele me olhou.
- Prefiro ficar por aqui por mais algum tempo. – eu sorri.
- Tem algo que eu quero te contar. – ele se ajeitou na carteira, ficando tenso de uma hora para outra.
- Pode falar. – eu olhei em volta para ver se não tinha ninguém prestando atenção em nós.
- Eu...eu rompi com Taylor. – ele disse me olhando por entra seus cílios. Segurei a vontade de sorrir e gritar “aleluia”. Ao invés disso apenas endireitei minhas costas e disse:
- Nossa...
Ele sorriu.
- Pois é. Mas eu acho que foi o melhor para mim, sabe? Eu percebi que ela estava me afastando de vocês.
- Nós? – eu perguntei.
- Sim. Ashley, você, meu irmão...Eu mal conseguia conversar com Sebastian. Nós nunca fomos assim.
- Fico feliz que você tenha percebido. – eu sorri.
- Alice! – ouvi alguém me chamando da porta. Era Brianna, uma das meninas que estavam me ajudando na coordenação do evento. – Ainda bem! Todos estão loucos atrás de você! – Bryan se virou para ela, e ela olhou para ele. Quando ela percebeu que era ele, seu rosto passou de branco para vermelho. – Ah, desculpe, eu não vi que...
- Tudo bem, Brianna, já estou indo. – eu sorri para ela. Ela devolveu o sorriso um pouco sem graça e saiu da sala. – Olha as coisas que você faz Bryan! A menina quase teve uma parada cardíaca só de ver que era você! – eu ri enquanto me levantava.
- O que eu posso fazer? A culpa não é minha. – ele se levantou atrás de mim.
- Convenhamos, você adora ter essas meninas todas suspirando por você. – eu olhei de relance para trás, enquanto ele me seguia para fora da sala.
- Eu me divirto, para falar a verdade. Mas as vezes é estranho você querer falar com a pessoa e ela só de te olhar já ficar nervosa. Isso me estressa de vez em quando. – ele sorriu para mim
- Bryan, meu dever me chama, preciso ir.
- Tudo bem, se precisar de mim pode pedir para alguém me procurar.
- Obrigada. – eu sorri para ele e corri até onde estavam me esperando.

Finalmente o período da tarde havia acabado. E eu estava procurando Sebastian há algum tempo. Segui pelos corredores olhando em todas as salas, e nada. Parei algumas pessoas para perguntar se elas tinham o visto, e ninguém tinha. Encontrei Bryan no fim de um dos corredores e corri até ele.
- Bryan! Onde está seu irmão?
- Não sei. A última vez que eu o vi estava arrumando as coisas na sala 15. – ele disse. Eu assenti e sorri, agradecendo. Estava prestes a voltar correndo quando ele segurou meu braço e me puxou de volta.
- Você precisa de carona para ir embora?
Eu fiquei sem saber o que responder. Eu não queria parecer mal educada recusando sua carona, mas eu não podia também deixar Sebastian me procurando para irmos para casa.
Mas quem estava o procurando era eu.
- Preciso sim. Não saia daqui, por favor. – eu sorri e me virei, indo em direção à sala 15.
No caminho algumas pessoas me paravam para perguntar sobre a feira, como eu se fosse eu que estivesse organizando tudo. Péssima hora em que o senhor Young foi dizer que eu tinha dado a ideia do tema. Consegui me esquivar da maioria das pessoas e quando estava no corredor da sala 15, Brianna veio em minha direção, seu rosto um pouco pálido, como se ela tivesse visto algo assustador.
- Você está bem? – eu perguntei a ela, e ela assentiu sem dizer nada.
- Você está procurando alguém, Alice? – ela perguntou com aquela voz calma e bem fina.
- Sebastian. Por um acaso você viu se ele estava na sala 15?
- Sim, ele está. – ela disse, com os olhos um pouco arregalados. – Mas...Alice...eu não sei se você deveria ir até lá.
Eu a analisei, e sem pensar duas vezes, comecei a andar até lá, deixando uma Brianna assustada e nervosa atrás de mim.
A sala 15 não era uma sala de aula. Era um depósito de carteiras e livros que a Lakeside High School deixava a disposição dos alunos. Quando cheguei na porta da sala, vi que ela estava fechada.
Não esperei para abrir. E por um momento desejei ter seguido o conselho de Brianna. Eu não deveria ter vindo até aqui.
- SEBASTIAN! – eu gritei, sem me importar se alguém no corredor ouviria. Ele se virou todo desajeitado, e então eu pude olhar melhor para a pessoa que estava em sua frente. Taylor.
Ele a prensava contra a parede, suas mãos nas coxas dela. Os dois ofegantes. – Que merda! – eu senti uma raiva inexplicável subir por mim. Minha vontade era de entrar naquela sala e desfigurar o rosto dela.
- Alice, espera! – ele gritou enquanto eu saía e seguia pelo corredor, cega de raiva. Eu não quis olhar para trás, porque eu sabia que se eu olhasse, eu voltaria e brigaria com ele. E eu não tinha motivos para isso. Ele era Sebastian, e fazia o que bem entendesse de sua vida. – Alice! – mas já era tarde, eu já estava no fim do corredor, saindo de seu campo de visão.
Cheguei onde Bryan estava, e corri até ele.
- Bryan, vamos embora, agora. – eu disse e continuei andando, ouvindo Bryan atrás de mim.
- Alice, o que houve? – ele me alcançou.
- Você não vai querer saber. – eu apenas continuei andando, indo em direção ao estacionamento. Quando cheguei perto do carro, Bryan já desligou o alarma para que eu pudesse entrar. Eu fechei a porta e esperei que ele desse a volta e entrasse ao meu lado.
- Você vai me contar o que aconteceu? – ele perguntou enquanto estava com a mão na chave que já estava na ignição.
- Agora não. Vamos embora antes que eu saia desse carro e faça alguma besteira. – eu respondi enquanto ele arrancava com o carro.