Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 24
Sebastian quase provoca um acidente




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No fim, acabamos discutindo feio. Eu saí de lá pisando duro e soltando fumaça pelos ouvidos. Ele também não fez questão de vir atrás de mim. Ótimo, uma preocupação a menos.
Depois do fim do período da tarde fui direto para o estacionamento, procurando pelo carro de Sebastian, até que eu encontrei e entrei no banco do passageiro, fechando a porta com força e cruzando os braços. Só depois percebi que ele já estava dentro do carro.
- O que aconteceu? – ele perguntou.
- Nada. Só vamos embora. – eu respondi.
- Mas quem vai nos levar pra casa é você, esqueceu? – ele disse já abrindo a porta do motorista, saindo do carro e dando a volta, abrindo a minha porta.
- Sério? Hoje eu não estou no clima, por favor! – eu resmunguei.
- Vamos lá! Eu prometo que eu consigo te distrair de qualquer coisa que esteja te incomodando. – eu olhei para ele, um pouco relutante, mas depois cedi, saindo do carro e trocando de lugar com ele.

- Se você não parar de falar no meu ouvido eu não vou conseguir me concentrar! – eu disse enquanto fazia uma curva. Ele começou a rir.
- Você tem que se acostumar com as pessoas falando enquanto você dirige, a atenção precisa estar em todo lugar.
- Sua voz me irrita. – eu soltei, sem querer. Mesmo sem olhar para ele, pude vê-lo arqueando a sobrancelha pra mim.
- Mas é agora que eu não vou parar de falar mesmo. – e então ele começou. Qualquer movimento que eu fazia ele dizia que estava errado, mesmo sabendo que estava certo, apenas para me irritar. Se uma pessoa passava a nove metros do carro, ele dizia para eu prestar atenção, apenas para me distrair. O vermelho do farol piscava diretamente para mim, e ele insistia em avisar que era pra eu parar no sinal vermelho. Eu já tinha gritado com ele umas dez vezes, e tudo que ele fazia era rir.
Finalmente entrei na rua de nossa casa, que por sorte era uma rua bem sossegada. Bom, até o momento que um animal não definido passa em frente ao carro e você é obrigada a parar bruscamente. E eu não sei se eu freei bruscamente pelo fato do susto que o animal me deu, ou o susto que o grito do Sebastian me deu.
- PRESTA ATENÇÃO! – ele gritou. E eu afundei o pé no freio, nos jogando para frente.
- SEBASTIAN! – eu gritei de volta.
- Desculpe! – ele disse, um pouco assustado ainda – Eu achei que você não tinha visto!
- Eu vi, é claro que eu vi! – eu estava com as mãos grudadas no volante, apertando com força. – NUNCA MAIS FAÇA ISSO! Você quase me matou de susto. Que merda! – eu ainda estava me recuperando, respirando rapidamente. Ele afundou o rosto nas mãos e demorou alguns segundos antes de eu perceber que ele estava soluçando...de rir.
- O que é tão engraçado?! – eu perguntei, querendo parecer brava, mas o riso estava preso em minha garganta.
- Você! – ele jogou a cabeça para trás, rindo mais alto. Então eu não consegui mais segurar e comecei a rir de leve, ainda meio sem entender o motivo pelo qual nós estávamos rindo.
- O que foi que eu fiz? – eu perguntei, começando a rir um pouco mais, observando-o.
- Nada, você não fez nada! – ele puxou o ar – É só que... – ele não terminou, e passou a mão pelo rosto, se recuperando. – Você tomando esse susto foi engraçado, você precisava ter visto sua cara! – ele olhou para mim, rindo. – SEBASTIAN! – ele imitou meu grito.
- Não tem graça nenhuma! Nós podíamos ter batido! Seu carro amassado com certeza não seria engraçado para você. – eu olhei para ele, revirando os olhos.
- Você nem estava em alta velocidade, não teria amassado. – ele olhou para mim, sorrindo. Involuntariamente sorri de volta.
- Você é ridículo. – eu comentei rindo e revirando os olhos.
- Você já me disse isso. – ele respondeu, me olhando de canto de olho – Agora vai, liga esse carro e tenta entrar na garagem sem matar ninguém.

Entramos em casa e eu subi direto para o meu quarto, me joguei na cama e peguei o celular, ligando para o Théo. No fim, combinamos que ele viria em casa ficar por um tempo comigo. Alguns minutos depois ele estava subindo as escadas atrás de mim e entrando no meu quarto, fechando a porta atrás de si.
- Esse quarto é a sua cara. – ele comentou enquanto olhava em volta. Dei de ombros. – Um quarto espaçoso para uma pessoa espaçosa. – ele se sentou na cama, rindo para mim. Revirei os olhos para ele.
- O que é isso? – ele perguntou, se levantando e indo até meu quadro de fotos, onde estava pendurado o desenho de Seattle. – São Paulo?
- Não, Seattle. – respondi.
- Alice, - ele começou, me olhando – faz tanto tempo que eu não vejo um desenho seu.
- Deixe isso aí, Théo. Você não veio aqui para falar sobre meus desenhos. – eu comecei, antes que entrássemos em um assunto mais delicado. Ele hesitou, e logo devolveu o desenho ao quadro. E então ele viu o pequeno quadro que ele tinha me dado com as nossas fotos em cima de minha cômoda, ao lado da cama.
- Então foi ali que você colocou. – ele apontou.
- Sim. Um lugar que esteja sempre em minha vista. Você que pediu. – eu olhei para ele e me sentei ao seu lado. Ele sorriu para mim, passou o braço pelo meu ombro e deixou um beijo em minha bochecha. – Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou passando a mão pelo meu cabelo. Antes de eu responder, ele me puxou para si, se encostando à cabeceira de minha cama e eu me ajeitando em seu colo.
- Você sempre sabe. – eu murmurei.
- Sim, eu sempre sei. – ele respondeu.
- Connor. Nós brigamos. – eu disse em um sussurro.
- Porque?
- Por sua causa.
Ele parou de passar a mão pelo meu cabelo por um instante.
- Por minha causa?
- Sim... – então expliquei para ele toda a história, toda a briga. Ele ficou alguns segundos em silêncio, antes de me perguntar:
- Alice...você realmente gosta dele?
Eu suspirei.
- Gosto. Se não gostasse não estaria com ele, Théo. Mas às vezes eu sinto como se alguma coisa não estivesse se encaixando. Como se algo estivesse faltando. Às vezes não parece certo. – eu desabafei.
- Talvez seja hoje de você parar e olhar para si mesma, Alice.


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Notas finais do capítulo

Bom, mais uma vez, me perdoem a demora. Por favor, não deixem de comentar, é muito importante!