Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 25
Reviravoltas de um dia




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Antes que eu pudesse perguntar porque ele disse aquilo, a porta do meu quarto se abriu, revelando a figura de Bryan.
- Alice eu preci...Desculpe eu...devia ter batido. – ele olhou com certo desconforto. Me ajeitei no colo de Théo, sem sair dali.
- Tudo bem, Bryan. O que você queria? – eu perguntei, normalmente.
- Nada que não possa esperar. – ele sorriu sem graça e fechou a porta do quarto.
- Ele percebeu que deveria bater depois que já tinha entrado? Raciocínio rápido o dele. – Théo comentou. 
- Para, Théo. – eu o repreendi.
- Desculpe.
E assim continuamos a conversar sem nenhuma interrupção até que ele foi embora. Ao voltar, encontrei Sebastian na cozinha.
- Pensei que ele iria dormir aqui. – ele comentou. Eu o encarei.
- Apenas não dormiu porque amanhã eu acordo cedo. – respondi.
- Vocês estão acostumados a dormir juntos? Sua mãe não fala nada? – ele perguntou.
- Porque falaria? Nós somos amigos desde sempre. Minha mãe o conhece desde sempre. Não tem o porquê ela ligar.
- Nunca aconteceu nada entre vocês?
- Sebastian...
- Eu só estou perguntando, Alice. Sem ironias. Apenas uma pergunta. – ele me cortou.
- Não. Nunca. Nada. – eu falei cada palavra bem devagar.
- Isso é...interessante. – ele levantou as duas sobrancelhas, logo depois dando de ombros. O encarei, esperando ele concluir o pensamento. Mas não houve conclusão. – Bom, estou subindo, se precisar de mim estarei no meu quarto. Boa noite. – ele passou por mim e subiu as escadas. Fiquei refletindo sobre o que tinha acabado de se passar por alguns instantes, mas logo desisti, dando de ombros.

Quarta-feira. Primeiro dia de reunião do grupo de biologia para a feira. Tocou o sinal de saída e eu já procurei por Ashley. A encontrei me esperando no corredor que dava para o auditório.
- Então, onde estão todos? – eu perguntei.
- Acho que já foram para o auditório. Vamos. – a segui e então entramos em um grande auditório, com cadeiras numeradas, muito parecido com a sala de um grande teatro. Descemos até a beira do palco, onde todos se encontravam. Sentamos nas primeiras fileiras e então senhor Young pediu para que cada um se apresentasse. Quando disse meu nome, pude ouvir alguns murmúrios como: “A irmã de Sebastian”, “a irmã de Bryan” ou até mesmo “a nova filha do Dixon”. Não pude deixar de revirar os olhos.
- Tenho novidades, crianças. – O senhor Young disse com sua voz grave que fez todos ficarem em silêncio. – Esse ano o nosso grupo foi escolhido para decidir o tema da Vigésima Feira da Lakeside High School. Então, podem começar. – então todos começaram a falar de uma vez, dando ideias muito boas, mas senhor Young parecia querer algo mais. Então eu me pronunciei.
- Nós poderíamos sair um pouco do tradicional. – eu disse alto, e todos pararam para me olhar.
- Sair do tradicional? – senhor Young levantou uma sobrancelha.
- Sim. Esse tipo de feira que tem aqui nos Estados Unidos são muito conhecidas lá no Brasil. E bom, eu como brasileira, posso dizer que é muito previsível. Baile de Inverno, Primavera, etc... – todos olharam para mim, assustados. Por um momento eu me arrependi de ter dito o que eu disse, já esperando que o senhor Young fosse me tirar dali a tiros.
- E o que você propõe como inovador, senhorita Campbell? – ele voltou toda sua atenção a mim.
- Alguma coisa que esteja em alta. Coisas que possamos usar fantasias e maquiagens bem feitas. Algo que marque, e que em vinte anos, nunca tenha sido feito.
- Algo que não vemos todos os dias. – Ashley disse, encorajando todos a prestarem mais atenção no que estávamos dizendo. – A última vez que os alunos tentaram fazer uma feira com o tema sobrenatural como vampiros e lobisomens, os alunos pareciam mais ratos do que vampiros.
- Vampiros e lobisomens é uma ótima ideia. – eu disse – Mas isso sempre está em alta. Nunca saiu de moda. Eu estava pensando em algo um pouco mais...diferente. – nesse momento eu tinha a total atenção de todos. – Eu estava pensando em algo como um...Apocalipse Zumbi. Onde alguns pudessem se fantasiar de zumbis, outros daqueles que matam zumbis. Poderíamos enfeitar toda a escola. Como vai ser aberto para o público, nada mais justo que interagir com ele. Imaginem uma casa mal-assombrada, mas ao invés de fantasmas, zumbis. – quando eu terminei de falar, eu percebi o quão ridícula foi essa ideia. Na minha cabeça não parecia tão idiota assim.
Já estava esperando os outros alunos darem risada de mim, ou o senhor Young gentilmente me mandar calar a boca, ou me atirar pra fora do grupo. Mas então eu comecei a ler a expressão de cada um. Eles estavam...sorrindo?
Então para completar meu choque, o senhor Young se pronunciou:
- Acho que nós já temos o tema da Vigésima Feira da Lakeside High School.

Cheguei em casa cansada e subi direto para meu quarto. Sebastian tinha me feito dirigir toda a volta mesmo depois de eu ter implorado para ele dirigir dessa vez, pois eu já tinha me desgastado demais por ter praticamente montado o roteiro inteiro da feira só nessa tarde de reunião.
Tomei um banho rápido e quando saí enrolada na toalha, procurando meu pijama, ouvi alguém gritar meu nome do primeiro andar.
- Calma, já estou descendo! – gritei de volta e, depois de finalmente achar meu pijama, desci as escadas. Era Bryan que estava gritando meu nome.
- Théo está aí. – ele disse – Está entrando. – ele sorriu rapidamente para mim e subiu as escadas. Logo depois observei Théo entrando pelo corredor e vindo em minha direção.
- Pensei que você não vinha hoje, já que eu falei que tinha período integral. – eu disse enquanto abria os braços e era envolvida em um abraço que me tirou do penúltimo degrau da escada e me colocou no chão.
- Prefiro você mais baixa que eu. – ele falou enquanto deixava um beijo em minha bochecha.
Subimos para o meu quarto e ele se jogou na cadeira em frente a escrivaninha e começou a perguntar milhões de coisas sobre meu dia. E eu tinha certeza que ele queria chegar em um ponto, mas estava esperando que eu tocasse no assunto.
- Não falei com Connor hoje, se é isso que você quer saber. – eu disse enquanto me sentava no centro da cama.
- O evitou o dia inteiro? – ele levantou as sobrancelhas.
- Sim. Não foi tão difícil, já que hoje é o dia em que nós só nos vemos no intervalo e no horário de almoço. – eu dei de ombros.
- Alice... – antes que ele pudesse terminar a frase, meu celular vibrou ao seu lado, ele olhou para o visor, depois riu.
- Não morre mais. – ele estendeu o celular para mim, e pude ver de relance o nome de Connor no visor. Eu o olhei hesitante. Ele balançou o celular. – Atende logo. – Peguei o celular e levei à orelha.
- Oi, Connor. – atendi, séria.
- Oi, Alice. Será que poderíamos conversar? – ele perguntou.
- Sim, poderíamos. – eu respondi – Pode falar.
- Bom, eu estou te ligando agora porque você me evitou o dia inteiro na escola. Eu queria ter ido falar com você mas...eu estava com medo de você ainda estar brava.
- Eu ainda estou brava. – eu respondi rápido e firme – Se eu não estivesse eu teria te procurado.
- Mesmo assim...eu queria me desculpar. Eu não sabia que esse menino era tão importante para você. Eu me exaltei e...enfim. Eu gosto de você, Alice. Eu não quero que algo se perca entre a gente. – olhei assustada para Théo. Queria cochichar “ele disse que gosta de mim”, mas eu precisava pensar rápido em como respondê-lo.
- Olha Connor, eu entendo. Mas será que poderíamos resolver isso amanhã? Eu prefiro conversar pessoalmente. – eu disse.
- Ah, claro. Tudo bem. – a decepção estava clara na voz dele. Ele esperava uma resposta totalmente diferente. – Ahn...Alice?
- Sim?
- Ele está aí, não está? – isso definitivamente me pegou de surpresa.
- Sim, ele está aqui Connor. – eu respondi em um suspiro. E então, não ouvi nenhuma resposta, apenas o barulho da ligação sendo encerrada.


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