Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 18
Ocupações




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Me virei assustada, levando o dedo à boca em sinal para ele fazer silêncio. Nossos rostos estavam a poucos centímetros um do outro, já que ele tinha me encontrado encostada na parede, e agora tinha se colocado no mesmo cubículo que eu estava, entre a entrada da cozinha e da sala.
- Fale baixo. – eu o alertei.
- Porque você está ouvindo escondida? É sua mãe e sua avó, é só entrar e participar. – ele disse, franzindo a testa. Revirei os olhos.
- Você não entende, não é como se eu simplesmente pudesse entrar ali e começar a conversar como se eu estivesse bem a par dos assuntos da família. Não se esqueça de que eu só vi minha avó uma vez na vida, hoje foi a segunda. – ele assentiu, entendendo o que eu queria dizer. Entendendo que eu ainda não sabia onde me encaixar naquele lugar.
 Seus olhos encontraram os meus por um instante. Era uma escuridão iluminada, como olhar para o céu estrelado no ápice da madrugada.
De repente um silêncio caiu sobre a cozinha, me despertando. Puxei Sebastian pelo braço, o levando silenciosamente até o corredor do escritório de Patrick, antes que minha avó ou minha mãe saíssem da cozinha.
- Essa mulher é uma bruxa. – eu cruzei os braços.
- Como você pode dizer uma coisa dessas? É uma das mulheres mais adoráveis que eu já conheci. – ele disse irônico. Revirei os olhos novamente.
- Me poupe. – eu me virei para ele.
- E o que elas estavam falando que te fez chegar a essa conclusão? – ele perguntou.
- Elas estavam falando de mim. De mim e do meu pai. Sebastian, você não imagina, ela odeia meu pai! Falou horrores dele pra minha mãe. Colocou toda a culpa do que aconteceu nele.
- É normal ela estar ressentida...
- Ressentida? – eu falei um pouco mais alto, mas logo me controlando – Ela nem o conhece! E além do mais, antes de você me interromper – eu disse a ele, dando ênfase nas ultimas palavras – elas estavam falando sobre Patrick.
- Meu pai? Mas o que ele tem a ver com isso? – ele perguntou.
- Eu não entendi muito bem, algo sobre minha mãe e seu pai já serem apaixonados um pelo outro antes dela ir para o Brasil com meu pai. Eu nem sabia que eles já se conheciam!
- Meu pai e Elizabeth? Apaixonados mesmo antes de nós nascermos? – ele arqueou uma sobrancelha – Não é possível. E minha mãe, e seu pai? Não tem sentido!
- Eu sei que não! Sabe Sebastian, eu não aguento mais tantas coisas mal explicadas. – ele deu um passo à frente.
- Então porque você simplesmente não pede toda a verdade para Elizabeth? Não é mais fácil do que ficar brigando com ela e fazendo suposições? Ela é sua mãe! – ele disse.
- Ela pode até ser minha mãe, mas nunca agiu como uma.

No dia seguinte, meu celular despertou cedo.
E mais uma vez, peguei carona com Sebastian. Chegando no estacionamento, o grupo já estava lá, Connor encostado em seu carro, Bryan abraçado em Taylor e todo o resto da turma. Chegamos perto e Sebastian foi cumprimentando todo mundo, e eu fui direto à direção de Connor, que me abraçou pela cintura e me deu um beijo rápido nos lábios. Ele me acompanhou até a porta de minha sala, e então eu entrei, observando que todos viraram a cabeça para me olhar me despedir de Connor, e quase todos ficaram em silêncio, exceto pela Taylor e suas amigas, que cochichavam alguma coisa uma para outra enquanto me acompanhavam com o olhar até minha carteira.
- Se a sala ficar desse jeito toda a vez que o senhor Carter te acompanhar até a sala, senhorita Campbell, te peço que o traga todos os dias até aqui. – o senhor Young brincou, observando o silêncio que todos faziam. Carter era o sobrenome de Connor. Sorri, revirando os olhos. Pessoas fúteis. Pensei, e o senhor Young pareceu ter entendido meu pensamento, pois assentiu, sorrindo também.
A aula passou rápido. Preciso confessar que a aula de Biologia do senhor Young era a melhor de todas.
Quando bateu o sinal, eu estava me retirando da sala, quando ouvi:
- Senhorita Campbell? – eu me virei, e o senhor Young olhava para mim enquanto arrumava alguns papéis.
- Sim? – eu me aproximei, passando por todos que saíam da sala.
- Eu queria conversar com você por um instante. Algum incômodo? – ele perguntou. O que o senhor Young podia querer comigo?
- Incômodo algum. – eu respondi e parei em sua frente, enquanto a sala esvaziava.
- Bem, eu venho reparando no seu interesse por Biologia, e também fui atrás de seu histórico. Suas melhores notas estão nessa matéria, e eu queria lhe fazer uma proposta. – eu não respondi, e ele continuou – Você gostaria de ingressar no grupo que eu estou formando para apresentações na feira escolar que acontecerá aqui no próximo mês? – eu o encarei por alguns segundos, minha cabeça trabalhando a mil.
- Eu...eu adoraria, senhor Young. – eu respondi, sorrindo.
- Ótimo! Já começamos semana que vem. Você será liberada das aulas de período integral nas quartas-feiras para poder se reunir comigo e com o resto do grupo no auditório. Eu tenho certeza que você vai gostar. – ele disse e eu o agradeci, me retirando. Vi Connor passar pela minha sala, e ao me ver lá dentro, voltou e ficou me esperando. Ele olhou para o senhor Young e sorriu para ele, os dois se cumprimentando.
- Eu estava te procurando. – Connor disse enquanto me abraçava pelo ombro, eu abraçando sua cintura.
- O senhor Young me convidou pra fazer parte de um grupo para a feira do mês que vem. Não sei ainda o que vamos fazer, mas eu vou ser liberada do período integral das quartas. – eu olhei para ele e sorri.
- Fingindo que gosta de Biologia só para fugir das aulas. E eu achando que você era comportada. – ele olhou para mim, se fingindo de incrédulo.
- Achou errado, Connor Carter. – eu respondi e logo depois ri, minha risada ecoando pelo corredor vazio.

O dia passou e chegou a hora do almoço. Como era segunda feira, teríamos hoje tempo integral. Almoçamos no refeitório mesmo, e depois saímos andando pelo campus da escola, até um jardim. O sol estava forte, e conseguimos um lugar em baixo de uma árvore enorme que fazia sombra suficiente para todos nós. A sorte é que temos duas horas de almoço.
Nos acomodamos no chão, e eu me encostei no ombro de Connor, enquanto esperava Ashley dar sinal de vida. Alguns minutos depois ela apareceu, se jogando do meu lado e começando a reclamar de tudo um pouco.
- Senhor Young me convidou para o grupo da feira. – eu disse para ela, enquanto conversava com Théo pelo celular.
- Ah, que ótimo! Vai me aturar as quartas a tarde também! Fui convidada para o grupo também. – ela me olhou.
- Eu estava gostando da ideia, até agora. – eu disse, e depois ri.
- O que você tanto faz nesse celular? – Connor me perguntou, enquanto depositava leves beijos em meu pescoço.
- Estou falando com Théo. – eu respondi despreocupadamente. Ele parou, levantando a cabeça devagar.
- Théo? – ele arqueou uma sobrancelha.
- Sim, meu melhor amigo. Que eu deixei no Brasil. Eu já te falei sobre ele. – eu levantei meu olhar para ele, e me aproximei e deixei um beijo em seus lábios. Ele sorriu e segurou meu rosto, aprofundando o beijo.
- Pode parar! Ninguém é obrigado a ficar vendo as intimidades de vocês! – ouvimos Sebastian gritar, jogando uma bolinha de papel que me pergunto até agora de onde ele tirou.
- Larga de ser insuportável, garoto! – eu joguei a bolinha de volta.
Todos nós nos dispersamos em conversas. Apenas Bryan e Taylor que ficavam em seu mundinho separado, sem conversar com ninguém mais. Ashley tentava de todas as maneiras trazer Bryan para dentro do círculo, mas Taylor sempre dava um jeito de tirá-lo. Eu podia ver que ela estava cansada de tentar. E eu não tirava sua razão.


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