Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 19
Dia de Aniversariante




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A semana passou mais rápido do que eu esperava, e quando me dei conta, estava acordando no sábado de manhã, no dia do meu aniversário.
Estava prestes a virar para o lado para dormir de novo, quando ouço a porta se abrir e a figura de Bryan invadir meu quarto.
- Acordada? – ele encostou a porta atrás de si.
- Agora sim. – respondi sonolenta. Ele riu e andou até o outro lado do quarto, abrindo as cortinas e iluminando tudo.
- Levanta, vai se trocar, porque você precisa estar pronta antes do almoço. – ele disse, se sentado no pé da cama.
- Pode deixar, mãe. – eu respondi, me sentando na cama e me espreguiçando. – Quem vem aqui dessa vez? – eu perguntei.
- Você não faz nem ideia. – ele respondeu, saindo do quarto e deixando a porta entreaberta.

Antes do meio dia eu já estava na sala, sentada no sofá, esperando alguém me explicar o que estaria acontecendo. Mil coisas passaram pela minha cabeça, e uma delas foi que talvez eles estivessem fazendo uma festa surpresa, mas não havia nada na casa, e bom, eu não queria uma festa, e eu todos eles sabem que eu não conseguiria disfarçar minha decepção caso eu tivesse uma.
- Alice? Está pronta? – minha mãe apareceu, com as chaves do carro na mão.
- Estou. Só falta eu saber para quê. – eu respondi.
- Logo você saberá. Vamos, vou te levar para dar uma volta.
- Dar uma volta? – eu arqueei uma sobrancelha.
- Vem comigo, Alice. – ela respondeu e saiu andando, eu revirei os olhos e a segui.
Entramos no carro e a viagem inteira eu importunei minha mãe com perguntas como: “para onde você está me levando?” ou “quem vamos encontrar?” e ela sempre me respondia muito vagamente, o que sinceramente estava me irritando.
Ao passar por determinados lugares, comecei a reconhecer. Eu já tinha passado por ali.
- Mãe...esse não é o caminho...mãe! – eu me sobressaltei e me virei para ela. – Porque você está me levando para o aeroporto? – ela apenas sorriu e nem se deu ao trabalho de me olhar.
 

Quando minha mãe estacionou, próxima à entrada do estacionamento, nós descemos do carro e eu a encarei, e ela me encorajou com o olhar. E então eu corri. Corri como se não estivesse nada para trás, corri como se minha vida dependesse de minhas pernas. Passei por carros e pessoas que chegavam ou partiam. Cheguei no interior do aeroporto e olhei em volta, ninguém que eu pudesse reconhecer. A última vez que eu estive nesse aeroporto foi um grande pesadelo. Meu coração martelava, como se algo grande estivesse prestes a acontecer, e eu sei que estava. Olhei em volta novamente, e observei uma figura conhecida, e eu sabia quem era antes mesmo de olhar o rosto.
Comecei a correr novamente, desviando de pessoas com suas malas e grupos de pessoas que se despediam ou se encontravam. As lágrimas começaram a correr livres pelo meu rosto, e eu não me preocupei em limpá-las. Eu só queria chegar perto dele o mais rápido possível.
Ele levantou seu olhar para mim e no mesmo momento soltou suas malas, e um sorriso se escancarou em seu rosto, seu braços se abriram e eu me encaixei neles, como eu fiz minha vida inteira. Senti ele me apertar contra si e afagar meus cabelos.
- Feliz aniversário, meu amor. – ele disse entre meus cabelos. As lágrimas se transformaram em soluços abafados.
- Eu senti tanto sua falta. – eu respondi, depois que consegui me recuperar – Eu não aguentava mais, pai. – eu olhei para ele, enxugando as lágrimas.
- Isso não importa mais, agora eu estou aqui, não estou? – ele passou a mão pelo meu rosto e sorriu, logo depois olhando para alguém que estava atrás de mim. Não acompanhei seu olhar, deduzindo que seria minha mãe se aproximando, mas a voz eu ouvi definitivamente não era de minha mãe.
- E a minha falta, você sentiu? – eu olhei para trás e explodi em lágrimas e soluços novamente, enquanto me encaixava no abraço de Théo. Ele me abraçou forte. Como eu senti falta daquilo.
- Eu não acredito. – eu sussurrei contra seu peito. – Mal completei 16 anos e vocês já querem me matar!
Consegui me recompor, enquanto via minha mãe chegar, dando um breve abraço em Théo e apenas sorrindo para meu pai. Para mim já tinha se tornado normal o clima pesado entre os dois, e então eu tentei não ligar para isso, e focar no momento de felicidade que me invadia.
Entramos no carro e eu comecei a perguntar como tinham sido essas semanas no Brasil, o que estava acontecendo por lá, e todas as novidades possíveis. Contei para eles sobre as pessoas que eu conheci, e sobre tudo que era possível contar. Como era bom poder falar em português e as pessoas não te olharem estranho.
- E vocês vão ficar até quando? – eu perguntei.
- Até quarta. – meu pai respondeu.
- Mas é pouquíssimo tempo!
- Eu sei, querida. Mas infelizmente foi isso que nós conseguimos. A empresa só me liberou por esses dias e o Théo também tem a escola.
Chegamos em casa e minha mãe entrou na garagem, perto dos outros três carros que tinham ali.
- Pra quê tanto carro assim? – Théo perguntou, olhando todos eles boquiaberto.
- Aqui todos são muito individualistas, sabe? Minha mãe tem o dela, Patrick tem o dele, Bryan tem o dele e Sebastian tem o dele.
- Ah, finalmente vou conhecer os famosos irmãos. – Théo falou baixo, apenas para mim, enquanto me abraçava de lado. Abracei sua cintura e olhei para ele, sorrindo. – E tem ainda o tal de Connor, que eu também quero conhecer, e aprovar. – ele me olhou, sério.
- Uma coisa de cada vez. – eu respondi, rindo.
Entramos na casa e levei Théo pela mão pelo corredor até chegar na sala, e quando entrei, paralisei.
A sala estava toda decorada com bexigas e pequenas fitas caíam do teto. Os sofás tinham sido arrastados e bem no centro da sala havia uma pequena mesa com um bolo de dois andares. Uma pequena bonequinha estava no topo do bolo, pisando nos dizeres “Happy Birthday, Alice!”. E o do outro lado, encostados na parede, se encontravam Bryan, Sebastian, Connor e Patrick.
Em qualquer outra ocasião, eu teria ficado brava, muito brava. Mas naquele momento, eu podia ver que eles fizeram tudo de coração, e esperando colocar um sorriso no meu rosto.
- Vocês fizeram tudo isso enquanto eu estava no aeroporto? – eu apontei em volta.
- Trabalho em grupo. – Bryan respondeu, rindo. Levei minhas mãos à boca, observando tudo.
- Ah, meu Deus! Não sei nem o que dizer! Obrigada, muito obrigada! – eu corri e dei um abraço em Patrick, que se encontrava mais perto de mim.
As apresentações foram devidamente feitas. Foi mais fácil enturmar Théo do que eu pensei. Percebi que Connor foi o mais bem receptivo com ele, e estranhei, pois pensei que seria o único que ficaria meio afastado por motivos óbvios.
Não desgrudei de meu pai nenhum segundo, mesmo sabendo que teria até quarta na companhia dele. Pude ver minha mãe observando meu pai e Patrick conversarem sobre alguma coisa. Foi ótimo saber que eles eram adultos o suficiente para deixarem as diferenças de lado.
E pela primeira vez desde que eu tinha chegado ali, eu me senti inteira. Feliz. Não só pelo fato de ter meu pai e Théo comigo de novo, mas por todos que estavam ali. Reunidos.
Eu sabia que aquilo nunca poderia permanecer, as diferenças eram muitas, os objetivos eram completamente diferentes.
Mas tudo o que eu poderia fazer, era aproveitar o que eu tinha naquele momento, porque eu não fazia a mínima ideia de quando isso se repetiria, ou se até mesmo algum dia voltaria a se repetir.


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Notas finais do capítulo

Por favor comentem!!!!! Eu só posso postar a fic aos sábados, por isso eu não atualizo durante semana!



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