Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 17
Descobrindo Parentes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391954/chapter/17

Entrei no meu quarto novamente e me deitei. Consegui cochilar por mais uma hora, antes de meu sono passar completamente. Desci as escadas pela segunda vez no dia, e encontrei minha mãe sentada no sofá com Patrick.
- Bom dia, filha. – minha mãe começou – Como foi a festa?
- Foi ótima. – eu sorri.
- Que bom que gostou, Alice. – Patrick disse – E no próximo sábado, já teremos outra, não? – olhei para minha mãe, pedindo explicações.
- Pelo visto não teremos nada. Alice não quer festa de aniversário. – minha mãe balançou a cabeça em desaprovação.
- Ah, por favor Alice. Aqui nós nunca deixamos um aniversário passar em branco. – Patrick me olhou.
- Eu realmente agradeço, Patrick, mas eu prefiro não fazer nada.
- Mas porque não? – ele perguntou.
Porque eu não vou ter com quem comemorar. Porque vai ser meu primeiro aniversário longe do meu pai. Porque eu não vou ter meu melhor amigo para me abraçar. Porque eu não vou poder passar esse aniversário com as pessoas que eu amo. E eu não quero comemorar isso.
- Não quero dar nenhum trabalho. – foi tudo o que eu respondi.
- Você não dá trabalho nenhum, Alice. Por favor, não volte a repetir isso. – Patrick disse, sério.
- Desculpe. Eu só não quero comemorar. – eu já ia me retirar quando vi Sebastian descer as escadas, já entrando no assunto:
- Não se preocupem, ela já está comemorando por dentro. – ele chegou à sala, passando as mãos pelo cabelo de minha mãe e dando um tapinha no ombro do pai. – Você sabia, Elizabeth, que eu serei o instrutor de sua filha a partir de semana que vem?
- Instrutor? – minha mãe olhou de Sebastian para mim, e depois voltou para ele.
- Sim. Eu vou ensiná-la a dirigir, para ela fazer a prova sem precisar passar pelas aulas. – minha mãe olhou para mim, claramente chocada.
- Eu prometi, agora não tem como voltar atrás. – eu dei de ombros.
- Mesmo se não tivesse prometido, você não dispensaria esses momentos em minha companhia. – ele disse, sorrindo para mim. Aquele mesmo sorriso devorador da primeira vez em que nos vimos.

Desliguei o computador depois de duas horas numa chamada de Skype com Théo. Contei da minha semana, da festa, de Connor...
Ele me atualizou de tudo que estava acontecendo no Brasil, como estava meu pai, e como eles estavam tentando arranjar um horário para meu pai aparecer em uma das chamadas.
A falta que eu sentia do meu ainda estava lá para me lembrar todos os dias que eu estava longe de casa. Desde que eu tinha me mudado eu não consegui falar com ele nenhuma vez, a não ser pela carta que ele me mandou e que eu respondi com uma alegria que transbordava pelos quatro cantos da casa.
De vez em quando eu ainda tinha esperanças de que um dia eu levantaria, arrumaria minhas malas e voltaria para o Brasil, para vida que eu conhecia. Por mais que eu tenha companhia, e que minha relação com minha mãe tenha melhorado um pouco, ainda nada se compara com o que eu tinha, com o que eu estava acostumada a ter.
Bateram na porta, me tirando dos meus devaneios.
- Alice? – minha mãe chamou, abrindo a porta.
- Sim?
- Sua avó está aqui. Ela quer te conhecer. – eu arqueei minhas sobrancelhas. Minha avó? Eu só havia visto minha avó uma vez na vida, quando eu tinha sete anos, e ela viajou para o Brasil no meu aniversário.
- Já estou descendo. – eu respondi e me levantei, descendo as escadas logo atrás de minha mãe. Ao chegar na sala, quase não a reconheci.
- Deus! Alice? – ela chegou perto de mim e me abraçou forte. Retribuí o abraço. – Quanto tempo, minha querida. – ela disse passando a mão pelo meu rosto. – Como você está linda! – eu sorri, sem saber o que dizer. Minha avó não tinha mudado muito desde a última vez em que a vi. Era uma mulher elegante, fina e cheia de manias. Falava o que vinha na cabeça. Me lembro de ouvir minha mãe falando que a intuição de minha avó era a única que ela realmente acreditava, ela estava sempre certa.
Enquanto minha avó se sentava ao lado de minha mãe e de Patrick em um dos sofás, me acomodei sozinha no outro, mas por pouco tempo. Bryan surgiu da cozinha, trazendo um copo de alguma coisa e entregando para minha avó, e se sentando do meu lado.
- Taylor já foi? – perguntei, levantando meu olhar para ele.
- Sim, ela foi um pouco depois que você voltou a dormir. – ele respondeu, abaixando a cabeça para me olhar. Encarei seus olhos por alguns segundos, tentando decifrar porque ele cismava em se aproximar de mim dessa maneira.
- Alice, querida, me diga, está gostando de tudo por aqui? – minha avó perguntou, me tirando do transe que os olhos de Bryan me colocaram.
- Estou sim. É tudo bem diferente. – eu sorri, tentando passar o máximo de verdade possível em minhas palavras.
- É claro que está! Estamos em Seattle, oras! Bem melhor do que aquele lugar que você praticamente fugiu para casar, Elizabeth. – eu olhei para minha mãe e depois voltei o olhar para minha avó. Claramente ela estava falando de São Paulo.
- Mamãe, por favor. – minha mãe a repreendeu.
- Só estou dizendo a verdade. – ela deu de ombros. – Mas olhe, Alice, não há nada aqui que você possa não gostar. Bryan, você está ajudando Alice a se enturmar, não esta? – ela virou seu olhar para Bryan. Ele olhou para mim, e depois para ela.
- Claro, senhora Campbell. Alice já está bem acostumada com todos aqui. – É, nem todos.
Sebastian apareceu descendo as escadas e cumprimentando minha avó, e para deixar o ambiente um pouco mais estranho, sentou do meu outro lado, me deixando entre ele e Bryan.
Ela passou o resto do dia em casa. Quando chegou perto das 18h, subi para tomar um banho rápido, e quando desci, encontrei a sala vazia, estava prestes a entrar na cozinha, quando ouvi minha mãe abaixando o tom de voz para falar:
- Mil perdões, mamãe, mas dessa vez eu não vou guardar o que a senhora está dizendo. – minha mãe disse, em resposta a algo que minha avó havia dito.
- Queria que você tivesse herdado de mim minha intuição, Elizabeth. – minha avó falou, em um tom desgostoso – Você sabe que eu sempre estou certa.
- É claro que sei, mas nesse caso...é muito difícil de acreditar. – minha mãe respondeu.
- Pois preste atenção, então. Aos meus olhos nada escapa. – minha avó fez uma pausa – Eu não coloquei muita confiança quando ela disse estar gostando de Seattle. O que será que Miguel disse a ela antes de vir? Deve ter falado horrores sobre nosso cotidiano. – Miguel, no caso, era meu pai. Minha vontade era de entrar naquela cozinha e desmentir tudo! Meu pai nunca tinha dito nada de ruim sobre Seattle, era eu mesmo que não gostava desse lugar.
- Não creio que isso seja verdade. Alice ainda guarda ressentimentos, foi ela mesma que criou uma barreira contra qualquer mudança que a tirasse do núcleo que ela viva em São Paulo. Miguel não tem nada a ver com isso. – pelo menos nesse caso, odeio admitir, minha mãe estava certa.
- Você é muito inocente, Lizzy. Depois que desse homem te fazer infeliz por tanto tempo, você ainda o defende dessa maneira? – meu sangue ferveu. Que minha avó nunca gostou de meu pai, para mim não era novidade, mas dizer esse tipo de coisa? Como se a culpa fosse só dele.
- Não estou defendendo ninguém, mamãe. Mas eu conheço a filha que eu tenho. E se ela ouvir a senhora dizendo essas coisas sobre o pai dela, vai ser mais um motivo para ela querer ir embora. Tente, por favor, não falar de Miguel perto dela.
- Tudo bem, tudo bem. Mas sinceramente, Lizzy, ainda não consigo entender porque você largou a vida que você tinha aqui para ir para o Brasil e se casar com aquele homem. Você poderia ter casado com Patrick há muito tempo, nós duas sabemos que ele sempre foi apaixonado por você, e você por ele. – fiquei boquiaberta ao ouvir aquelas palavras, então quer dizer que minha mãe já conhecia Patrick?
- Que coisa feia, ouvindo a conversa dos outros. – ouvi a voz de Sebastian atrás de mim, grudada ao meu ouvido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, eu to sentindo que vocês estão me abandonando :( Eu preciso dos comentários pra saber se vocês estão gostando! QUALQUER dúvida, eu troquei meu user no twitter, agora sou @tvdwayland Podem me perguntar o que quiserem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Family Portrait" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.