Saímos os seis para o aeroporto. Ainda bem que todos os horários estavam em ordem, senão quem teria tido um treco era eu.

     13h30. Hora de entrar no avião. Eu nunca tinha viajado de avião na vida, então o nervosismo era inevitável. Liguei para mamãe avisando que ia desligar o telefone, ela me mandou “boa viagem” e eu desliguei. Foi entrar no avião e eu e a Paula começamos a discutir pela poltrona da “janela”, daquele nosso jeito doido, e a situação foi resolvida com a ideia do Tom:

     - Faz assim: você – apontou pra Paula – senta nessa aqui e você – apontou pra mim – senta nessa da frente. Daí o Bill vai do seu lado e eu vou do seu – disse isso sentando ao lado da Paula, que ficou rosa.

     Então Bill sentou do meu lado e ficamos conversando vagamente.

     - E então – ele começou -, você tá nervosa?

     - Meio difícil não ficar nervosa nessa situação, ‘cê não acha?

     - Pois é. Mas não precisava tanto! Você tá tremendo. – disse isso e pegou na minha mão. – Você não tava tremendo quando cantou comigo.

     - Ah, aí é diferente, né. Não era a primeira vez que eu tava subindo num palco, e o palco é fixo no chão... Não que eu tenha medo de altura, mas isso dá um medinho...

     - Não precisa ter medo. Eu tô aqui, do seu lado.

     Abaixei a cabeça e sorri. Olhei para ele de novo e respondi:

     - Obrigada.

     - Disponha. É só por um tempinho. Nem vai sentir o tempo passar se você dormir.

     Ih... achou o meu ponto fraco: dormir viajando! Eu só consigo dormir sentada se for debruçada na mesa, na escola, porque em ônibus (ou, nesse caso, avião) eu deito no colo da minha mãe.

     - Vem cá, quanto tempo demora pra ir daqui a Londres? – perguntei.

     - Umas 8 ou 9 horas.

     - É, eu já vi que eu vou mesmo precisar dormir um pouco... só não sei como, mas vou.

     - Não consegue dormir sentada?

     - Isso é o de menos. Eu simplesmente não consigo dormir de tarde, aqui então...

     - Se você encostar em mim você consegue?

     A resposta ficou presa na garganta.

     - Ooi. Você tá aí?

     - Han? Tô... tô sim. O que você disse?

     - Perguntei se você encostar em mim você consegue dormir.

     Pensei “aí é que eu não vou conseguir nem pescar!” Mas a resposta foi outra.

     - Ah, quê isso.. não se preocupa, eu consigo.

     - Isso é um sim ou um não?

     - É um obrigadinha negativo mas muito grato.

     - Tuudo bem. Mas a oferta tá aberta.

     Acabou aí a conversa. Coloquei o fone no ouvido e fiquei olhando pro céu. Me deu sono, desliguei o mp4 e afofei o meu casaco pra acomodar a cabeça nele.