Ich Bin Nicht Ich escrita por seethehalo


Capítulo 10
Você não é o meu travesseiro


Notas iniciais do capítulo

Oi povo! Mals não ter postado ontem, vcs devem saber que o nyah tava fora do ar (¬¬°). Mas taí.
=D



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     Acabou aí a conversa. Coloquei o fone no ouvido e fiquei olhando pro céu. Me deu sono, desliguei o mp4 e afofei o meu casaco pra acomodar a cabeça nele.

     Dormi. O soninho tava tão gostoso! Então eu acordei com uma chacoalhada, bem leve, embaixo da cabeça. Ainda de olhos fechados, me espreguicei e virei achando que estava deitada no colo da minha mãe. Mas não estava: ao abrir os olhos depois de um bocejo, vi Bill sorrindo para mim.

     Quase como que num impulso, levantei do colo dele me segurando pra não rir da situação, constrangedora tanto pra ele quanto pra mim. Pela expressão dele, era evidente que também tava morrendo de vontade de rir da nossa cara, e quando eu consegui murmurar um “desculpa”, rimos os dois e ele me perguntou:

     - Dormiu bem?

     - Eu? Ah... mais ou menos. – respondi tentando fazer cara de desdém.

     - Ah, fala sério, vai. ‘Cê tava tão confortável aqui.

     - Eu tava, é? Desculpa, eu não queria deitar em você. É que eu durmo como pedra, perco completamente a noção do mundo em redor. – Que fiaaaaasco!

     Eu rezava, em pensamento, pra não ter pagado de afobada depois dessa. E a resposta de Bill me arrancou um suspiro de alívio:

     - Quê isso. Você não teve culpa.

     - Mesmo assim, desculpa. Você me oferece o ombro e eu deito no seu colo! E aqui nem tem um buraco pra eu entrar dentro!

     Meu comentário o fez dar risada. Olhei pras poltronas de trás a fim de ver como estava a Paula e me deparei com ela e Tom, dormindo, sentados; quase agarradinhos um com o outro. Não pude deixar de interromper a diversão do Bill:

     - Ei, Bill – eu o cutuquei – Olha só essa cena.

     Na mesma hora ele olhou pra trás e cochichou:

     - Meu irmão não perde tempo mesmo! – e então voltamos a sentar nas nossas poltronas sorrindo maliciosamente entre nós.

     Depois disso, acabou o assunto e o silêncio no avião era tão grande que dava pra ouvir o barulho das turbinas.

     - Que fome. – eu disse.

     - É, né. Já faz um tempão que a gente almoçou. Que horas são?

     - Não sei, meu celular tá desligado. E mesmo que não estivesse, já devemos ter mudado de fuso horário.

     - Isso é.

     Novamente caímos no silêncio. Aquela quietude sepulcral já tava me dando aflição quando Bill puxou assunto.

     - Então. Acho que como fã você deve saber tudo da minha vida. Me conta um pouco da sua.

     - OK. – comecei – Bom, eu nasci em 1994, com cinco anos meus pais se separaram e eu morei só com a minha mãe. Ela casou de novo, me deu uma irmã quase onze anos mais nova, nunca dei problema em escola, mas surtei quando mudei no 1º ano, e é isso.

     - Só isso? Conta alguma história de infância.

     - Tipo a daquela vez com seis anos, que eu fui pra Bahia e destruí o jardim da minha avó junto com a minha prima e fabricamos um perfume?

     - Caramba! Você já fez um perfume?

     - Várias vezes, mas essa primeira foi a única que deu certo. – disse já rindo.

     - Que mais?

     - Que mais o quê?

     - Mais história!

     - Curiosinho, você, hein. Essa já acabou, mas eu conto outra. Bom, minha tia tinha uma amiga que tinha um daqueles aparelhos de Videokê, sabe? E essa amiga emprestava o troço pra minha tia quando ela fazia festa de aniversário. Daí toda festa dela ou da filha dela, meus primos e eu fazíamos competição de duplas: eu e a Lu cantávamos Lua de Cristal e os meninos cantavam Pão de Mel. Como eu sempre ficava no primeiro microfone, acabava garantindo lá uns 98 ou 99 pontos; a gente sempre ganhava dos meninos.

     - Então o mundo não estava totalmente privado do seu talento?

     - Nas festinhas não. Mas eu nunca tinha me apresentado, assim, ao vivo, abertamente, antes do sábado. E essa frase é minha.

     - Qual frase?

     - A do “mundo não pode ficar privado desse talento”. Eu falei isso pra Paula depois de ler que se você não tivesse feito uma cirurgia poderia ter corrido o risco de perder a voz pro resto da vida. Aí eu disse pra ela “imagina o que seria do mundo se fosse privado desse talento?”

     - Ah, tá. Mas eu não tinha escutado você falar.

     - Não mesmo.

     - Ah, e obrigada pelo elogio.

     - Que elogio? – me fiz de boba.

     - Bom, você acabou de dizer que eu sou muito talentoso – já disse ele se gabando.

     - Ah, tá. De nada. Eu não me lembro do “muito” mas tudo bem.

    Estávamos dando risada quando notei que tinha alguém debruçado na minha poltrona.

 


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Notas finais do capítulo

*Essas histórias de infência são minhas!!
Até amanhã!!