Ich Bin Nicht Ich escrita por seethehalo


Capítulo 5
E eu fiz isso.


Notas iniciais do capítulo

Oi?



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     Caí sentada no chão. A respiração estava ofegante e eu suava. Estava com sede, podia beber um balde d'água e pedir mais, mas só ganhei um copinho, que foi pelo menos suficiente para que eu voltasse a respirar.

     Recebi uma toalha branquinha pra secar o rosto, a puxei com força e senti o cheirinho bom na fibra felpuda. Ergui o braço para devolvê-la, resmunguei "obrigada" em português mesmo e, quando me levantei, percebi que quem tinha me dado a toalha era o Bill - aliás, era dele; e ele não tinha me dado, só estava segurando na mão quando eu puxei. Ao perceber o mico, ao invés de me fazer de besta ou me beliscar de novo, subi numa caixa de som num canto do palco e pedi desculpas pela gafe da toalha.

     Então quem se fez de desentendido foi ele, me deu parabéns e me perguntou se eu não queria cantar mais.

     - Tem certeza de que não tá incomodando?

     - De jeito nenhum! Anda, fala, o que mais você quer cantar?

     Eu ia dizer "Beichte", "Wir Sterben Niemals Aus" ou "An Deiner Seite" mas achei as letras pessoais demais e acabei pedindo pra cantar "Jung Und Nicht Mehr Jugendfrei". Pela cara que ele fez, era óbvio que havia uns dois anos que ele não cantava aquela música, pelo menos não ao vivo, porque a letra ele (ainda?) sabia todinha.

     Estava um pouco mais calma do que em Ich Bin Nicht Ich, porém a surrealidade, o delírio do público e o cansaço depois foram os mesmos.

     Ginásio do Ibirapuera, por fora, parece uma redoma; mas por dentro é enorme e eu não tenho noção de por que reuniram 300 num lugar desse. Acho que é frescura porque tem gente famosa, mas, sério, a Via Funchal já seria mais do que suficiente.

     Enfim. Parece doideira mesmo, o povo acompanhou a letra TODINHA de Jung Und Nicht Mehr Jugendfrei. E quando acabou, Bill me ofereceu a toalha, mas eu fiz o sacrifício de recusar, a fim de evitar pagar de afobada fanática bobona. E outro mico.

     Uma música, tá, era pouco; mas duas já tava bom pro gasto. No provérbio bobo, o "demais" queria dizer "bom demais" ou "exagero"? Acho que na cabeça do Bill queria dizer "bom demais", porque pela terceira vez ele me interceptou e pela terceira vez eu contestei. Ele me deixou falando sozinha e foi cochichar com Tom. Um minuto depois estava de novo na minha frente, e com aquele (já básico) sorrisinho malicioso estampado na face. Estalou os dedos e Tom começou a tocar o solo mais lindo que existe, parando aos 5 segundos.

     Isso me fez hesitar: estava tocando An deiner Seite, simplesmente a melhor música da banda.

     - Canta essa comigo agora? - ele me perguntou.

     A única forma de expressão que me saiu naquele momento foi a carinha do gato do Shrek, mas depois não resisti à ironia:

     - Tá legal, você lê pensamentos ou como sabe que An Deiner Seite é minha música preferida?

     - Ou eu li a sua blusa. - disse ele já rindo da minha (outra) brisa.

     Olhei pra minha blusa, preta, com um pedaço da letra da música escrita em glitter vermelho ("ich bin nur hier um dir zu sagen / du bist nicht alleine / ich bin an deiner seite) na frente e atrás, perto da barra, estampei "TOKIO HOTEL FÜR IMMER". Tenho um monte dessa.

     Minha única reação foi levar a mão ao topo da cabeça, dar um sorriso de tacho e declarar:

     - Eu sabia disso.

     Depois dessa, eu tinha tirado diploma de Doutorado em Fiasco na Frente do Bill Kaulitz. Acho que ele pensou a mesma coisa, porque não conteu a gargalhada, e quando se recuperou, disse:

     - Você ainda não respondeu a minha pergunta.


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Notas finais do capítulo

Ah, esse capítulo acabou errado, mããs... Deixa pra lá, a curi de vocês fica pro próximo capítulo.
Muahahahaha.