Ich Bin Nicht Ich escrita por seethehalo


Capítulo 26
Segunda dose


Notas iniciais do capítulo

Capítulo em homenagem às leitoras pervertidas.
Maandi tirou 3% da minha pureza e eu pude escrever isso.



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     Fiz um gesto de “deixa eu pensar” e depois um de “ué, demorou”.

     Nos olhamos por uma fração de segundo e nos jogamos um para o outro ali mesmo onde estávamos. Nos beijamos tão doce e sinceramente quanto da primeira vez, mas desta foi muito mais quente, apaixonante, sagrado e real.

     Nos beijamos, meio escondidos, sem o menor pudor. Bill era calmo e certo, sua mão me enlaçou pela cintura e me trouxe até seu colo, o que me permitiu passar minha mão por trás do seu pescoço e acariciar seus cabelos.

     Depois de tanto fogo nos soltamos e nos repomos cada um na sua poltrona.

     - Que fique bem claro que somos apenas amigos – ele avisou.

     - É. Bons amigos.

     Mas nos olhamos de novo, e não nos contemos em repetir a dose. Estávamos loucos um pelo outro e nada poderia nos impedir de cometer uma loucura.

     Ele me beijava pelo rosto, depois passou para o pescoço e o seu piercing gelado na minha pele fez com que eu me arrepiasse até o sangue, enquanto eu o abraçava e acariciava seu corpo – por baixo da camisa.

     - Opa – ele disse – acho melhor a gente se comportar. A gente tá numa poltrona de avião e eu não sou o Tom.

     A observação me fez rir. E me lembrou da Paula.

     - Faz quanto tempo que a Paula tá naquele banheiro?

     - Sei lá. Mas foi tempo suficiente pra “colorir” nossa amizade. – Bill fez sinal de aspas e carinha maliciosa. – Quer colorir mais um pouquinho?

     - Ixi... Você não é o Tom, mas ele tá me saindo uma péssima influência pra você.

     - Isso é um não?

     - É evidente que isso tá na cara sem sombra de dúvida. – Interrompi só pra ver a reação (carinha do gato do Shrek) – Que não! Mas só mais uma vez. A gente deu sorte de não termos sido vistos até agora.

     - É... última vez. – Bill disse isso e me beijou outra vez. – Sinceramente eu não tô nem aí se virem a gente...

     - Amizade colorida. – eu lembrei – E que isso fique aqui dentro e depois de agora não vai acontecer nunca mais.

     Continuamos nos beijando quando senti uma lágrima que não era minha tocando no meu rosto.

     - Bill... tá chorando?

     - Nunca mais! – ele se limitou a dizer.

     - Por que ‘cê tá chorando, Bill?

     - Porque nunca mais... a gente nunca mais vai se ver, não é?

     Aquilo me doeu como um soco no estômago.

     - Por que tá dizendo isso?

     - Porque é verdade, Julia! Essas são as últimas horas das nossas vidas que se passarão juntas!

     - Pára, claro que não! Você tem meu telefone, eu tenho o seu, mesmo você sendo muito ocupado com gravações, entrevistas, shows e o escambau, uma hora você para um segundo pra fazer uma ligação... ou você mata sua mãe de saudade cada vez que sai da Alemanha?

     - Não... eu ligo pra ela.

     - Então. E outra, você não planeja voltar pro Brasil em turnê oficial? Eu garanto que estarei lá na área vip. Pelo menos mais uma vez a gente vai se ver.

     - Vem cá. Me dá um abraço.

     Ele me abraçou tão forte que me deu falta de ar.

     - Bill! Eu não tô respirando!!

     - Aah... desculpa. – disse me soltando e enxugando o rosto.

     - Para de neura, tá bom?

     - Tá bom. Obrigado, Ju. Você me faz sentir melhor.

     - Não tem de quê.

     Silencinho básico. A Paula voltou.

     - Que demora! Você não ia retocar a maquiagem? – eu disse.

     - E fui. Por quê? Tinha fila pra usar o banheiro.

     - Ah, tá, e você ficou uma hora em pé?!

     - Er... e por que você tá descabelada? – Bill entrou na conversa.

     - Eu tava sentada numa poltrona vaga lá no fundo. Acabei cochilando de novo. Quando acordei, não tinha mais fila.

     - E por que não veio dormir aqui? – indagou Bill.

     - E você não se olhou no espelho? – eu aticei.

     - Afe, pra quê tanta pergunta? – ela disse arrumando o cabelo – Deixa pra lá.

     Não tinha motivo pra desconfiar, mas a história tava mal contada... Resolvi fingir que engoli a desculpa – talvez depois ela me conte o que houve.

     As horas que se seguiram foram mais animadas. Conversamos, brincamos, cantamos. Bem feliz.

     De repente anunciaram que possivelmente pousaríamos na pista molhada (a essa altura já estávamos sobrevoando o território brasileiro) e eu quase entrei em pânico. Lembrei do acidente de dois anos atrás, do avião da TAM que bateu no prédio da mesma companhia e matou 199 pessoas e comecei a suar frio.


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Notas finais do capítulo

Aai, aquele acidente!!
Tava bem no "aniversário" dele quando eu escrevi isso.
'Té mais, povo.