Ich Bin Nicht Ich escrita por seethehalo


Capítulo 23
Tchau, povo


Notas iniciais do capítulo

Eeita, tá acabando também!!
Fim de ano e fim de fic!



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     Então acabou. Uma brisa gelada oriunda do desconhecido desselou nossos lábios e abriu nossos olhos. Não houve necessidade de palavras. Cada um entrou no seu quarto, e não sei quanto a ele mas eu realmente dormi. O sol já estava nascendo, mas não importava... Eu simplesmente dormi e depois acordei. E por incrível que pareça, não acordei com a sensação de que tudo fora um sonho.

     As imagens da madrugada anterior passavam nitidamente na minha cabeça quando acordei. Ignorava que horas eram, só sabia que estava tão faminta que poderia comer um boi. Pensava nisso quando a Paula saiu do banheiro me apressando.

     - Ju, se você vai tomar café com a gente levanta logo daí. Gustav e Georg já estão tentando tirar o Tom e o Bill da cama.

     - De novo? – eu ri, já de pé.

     - Aham. E você também está me saindo bastante preguiçozinha.

     - É... eu sei. Quase não dormi essa noite.

     - Vamos, já são quase 10h.

     - Caramba! Como é tarde! – me apressei. – Vamos logo, daqui a uma hora a gente...

     - A gente?

     - Embarca de volta pro Brasil. – completei, pensativa.

     - É mesmo... vou sentir falta de tudo isso aqui.

     - De tudo mesmo, né, e do Tom.

     - Claro. – ela disse com malícia. – E você do Bill.

     - Besta! Vam’bora.

     O café foi silencioso, parecia que estávamos de luto. Todos demos um bom-dia geral e não houveram mais palavras. Eu comi o meu pão de queijo (achei pão de queijo em Londres!) e tomei o meu cappuccino olhando pra mesa, e só abri a boca pra comer mesmo.

     Tom saiu da mesa rápido, disse que ia dar uma volta por aí. Se despediu de mim com um abraço e da Paula com um beijo e se foi.

     Quando todos terminamos, Bill perguntou se já tínhamos feito as malas.

     - Só falta fechar. – Paula respondeu.

     - Eu vou com vocês, ok?

     Isso me fez levantar a cabeça num impulso, e olhei direto nos olhos dele. Enigmas.

     - Aham – eu disse.

     Pedimos licença e saímos também.

     - E então? – Paula me perguntou assim que adentramos o quarto.

     - E então o quê?

     - O que aconteceu pra esse café ser uma brincadeira do silêncio sério?

     Não respondi. Peguei um papel e uma caneta e comecei a escrever. Ela atiçava:

     - Hein? Responde. Não é só por causa da nossa despedida. Você e o Bill nem pareciam estar na mesa!

     Larguei o meu papel e satisfiz a curiosidade:

     - Quer saber? Bom, sua conspiração deu certo. A gente se beijou.

     - Hã? O que, quando, quem, como, onde, quantos, por quê? Eu ouvi direito?!

     - Ouviu sim, Paula de Paula. É exatamente o que você ouviu.

     - Me conta isso.

     Contei da noite anterior; a falta de sono, o vigia, o “lanchinho da madrugada” e enfim do beijo.

     - Bem que ele disse que eu dormiria – contei -, e talvez ele próprio se condene por essa atitude.

     Voltei a escrever no meu papel. Alguém bateu na porta, e eu fui atender. Era o Georg.

     - Vocês vão precisar de mais alguma coisa? O Bill já vai descer e fechar a conta.

     - Não, nada... pode fechar. Obrigadinha!

     - De nada... tchau.

     Acenei com a mão e fechei a porta.

     - Vou recolher as nossas coisas no banheiro, depois você arruma as suas. – Paula me avisou e entrou no banheiro.

     - Tá bom então.

     Disse isso, peguei meu papelzinho e saí no corredor. Deserto, pra variar. Andei até o quarto ao lado e pensei em passar o bilhete por baixo da porta. Obviamente eu teria feito isso, se eu não tivesse girado a maçaneta de curiosa e visto que a porta estava destrancada.

     Entrei no quarto e examinei-o rapidamente. Andei até um criado-mudo e colei o bilhetinho perto de um abajur, onde pudesse ser visto facilmente. Voltei ao meu alojamento e a Paula ainda não tinha terminado de recolher as coisas no banheiro.

     - Quer ajuda aí? – perguntei.

     - Por favor!

     Ajudei-a a tirar e guardar o que estava no banheiro: escovas de dente, pasta e fio dental, shampoos, condicionadores, pentes, cremes; enfim, coisas de banheiro. Isso teve que ser feito rápido; um carregador do hotel veio buscar as nossas malas e avisar que Bill estava nos chamando.

     Descemos os seis andares e entramos no táxi com Bill.

     - Então, vamos? – ele disse, animado.

     - É... vamos. – respondi.

     Antes de chegar no aeroporto, paramos para que eu ligasse pra minha mãe duma cabine de “telephone” de novo, avisar que estava voltando e, claro, matar a saudade.

     Bom, chegamos no aeroporto e após 15 minutos de espera nosso voo foi anunciado. Nós três demoramos mais uns 5 minutos pra achar o portão; e antes mesmo de entrar no avião já decidimos quem sentaria na janela. A fim de evitar discussões desnecessárias, Bill anunciou a sentença:

     - É o seguinte: nossas passagens são para três poltronas enfileiradas assim – ele fazia o gesto enquanto falava – e quem vai na janela sou eu.

     - Posso ir no corredor? – Paula perguntou animada. Bill e eu demos de ombros e fomos entrando no avião.

     Eu estava triste, pensativa e muda. Triste por estar – literalmente – embarcando de volta à terra, ou seja, meu sonho-realidade em algumas horas chegaria ao fim. Pensativa porque ainda estava tentando encontrar e encaixar as partes da história que me fizeram chegar a esse ponto. Um problema complicado, tudo começou com uma euforia fanática de fã mesmo e foi parar num beijo (irreal) no escuro. E muda porque estava esperando alguma reação pós impulso vinda do Bill.

     Mas não houve.


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Notas finais do capítulo

Poxa, fiquei triste de não ter recebido um mísero review nos dois últimos capítulos que eu postei.
Até amanhã.