PERCY P.O.V.

Toda aquela situação já estava me cansando. Hora parecia que  Annabeth me queria mais do que como um simples amigo, e hora parecia que ela me queria o mais longe possível. Chega um tempo que você simplesmente cansa. E, sinceramente? Não estava tão longe de essa hora chegar pra mim.

Terminei de abotoar minha camisa, peguei a chave do carro e me despedi da mamãe antes de finalmente entrar no carro. Rachel e eu tínhamos combinado de sair hoje de noite.

Sim, eu ainda estou tendo um rolo com ela. Mas pretendia acabar com isso de vez.

O fato era que eu não era do tipo que ficava com garotas, muito menos do tipo que brincava com os sentimentos dela. Mas com Rachel foi meio que inevitável. Ela realmente gostava de mim, e não fazia esforço para esconder. Então eu pensei que se eu me envolvesse com Rachel, Annabeth finalmente perceberia que gostava de mim. Mas aí surgiu Paul, e o meu plano foi por água abaixo. Quando isso aconteceu, eu quis terminar logo com Rachel, mas sempre acontecia alguma coisa que atrapalhava.

Sem falar que ela beijava bem.

O que foi? Eu sou homem, oras!

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- Posso ajudar? – o garçom veio até a nossa mesa.

- Hum... – eu disse pensativo. – Que tal um filé com fritas, Rachel?

- Tá louco? – ela olhou pra mim como se eu fosse um alienígena. – Isso deve ter umas 1.000 calorias!

Bufei.

- Me vê essa salada aqui, então. – apontei para o cardápio.

O garçom apenas fez um sinal de afirmação com a cabeça e saiu em direção à cozinha.

Suspirei. Eu odiava salada. A Annabeth provavelmente teria pedido o prato mais gorduroso daqui sem se importar se tinha mais de 1.000 calorias ou não.

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- Percy, para. – Rachel disse, quase com tom de urgência quando já estávamos comendo o prato.

- Ah, Rcahel, vamos lá, essa salada nem é tão calór...

- Não, não é isso. – ela me interrompeu e ficou me encarando. – Olha, eu sei que você não queria estará aqui, tá bem?

A fitei confuso.

Ela suspirou e continuou:

- Ah, por favor, como você pode ser tão lerdo? Já cansei do seu joguinho. Pensei que você poderia terminar logo com essa nossa relação de um jeito amigável, como um homem de verdade. Todo mundo sabe que você gosta da Annabeth.

- Rachel, eu...

- Tudo bem, tudo bem... Eu não te culpo! – ela levantou os braços em sinal de rendição. – A Annie é bonita. Não, bonita não, ela é gostosa mesmo. E olha que eu sou mulher!

Nós rimos juntos. Logo em seguida abaixei a cabeça constrangido.

- Ahn... – eu tentei dizer. – Desculpe. Não queria que isso se desenvolvesse desse jeito.

- Ah, tudo bem. Eu já estava ficando enjoada dos seus beijos mesmo!

- Ei! – exclamei divertido.

- Brincadeirinha! – ela riu e se levantou da mesa. – Já vou indo. Acho que eu não preciso dizer o que você deve fazer agora, não é? – e deu uma piscadela. – Ah, e por mais que nós tenhamos terminado, você ainda é o homem da relação, então vai pagar a conta.

Eu ri e nós nos despedimos.

Era ótimo ter a Rachel como amiga.

Como amiga.

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ANNABETH P.O.V.

A campainha tocou. Olhei pro relógio e lá marcavam exatamente 23:30h. Quem seria a essa hora? Pausei o filme que estava vendo.

Abri a porta meio hesitante e me surpreendi com a cena à minha frente.

Percy estava encostado na parede vestindo uma calça e um par de sapatos pretos, juntamente com uma blusa social branca com os dois primeiros botões soltos, e em uma mão ele carregava uma rosa. Como alguém poderia ser tão fofo e tão sexy ao mesmo tempo?

- Oi. – ele disse e estendeu a rosa em minha direção meio envergonhado. – Pra você.

Saí do meu transe e peguei a rosa desconfiada.

- Por que está me dando isso? – perguntei divertida.

- Eu não sei. – ele deu de ombros. – Apenas queria fazer uma surpresa.

- Hum, sei... – disse desconfiada. – Você não tinha um encontro com Rachel? – perguntei seca.

- Na verdade, eu já tive. – ele desviou o olhar. – Nós meio que terminamos.

- Terminaram? – tentei esconder minha felicidade. – Oh, que pena... Por quê? – cara, como eu sou falsa.

- Ahn... Não sei bem, não nos gostávamos mais. Foi uma “separação amigável”. - Ele fez aspas com as mãos. – Eu, ahn... Posso entrar?

- Ah, sim, claro.

Não leve isso a mal. Percy sempre vivia no meu apartamento antes de... bem, antes de eu começar a namorar com Paul e ele a sair com Rachel. E sim, eu moro sozinha. Meus pais trabalham no interior, mas me mandaram para Nova York por conta das escolas aqui ensinarem melhor. E é por isso que eu estudo tanto: quero que no futuro eu possa compensá-los por tudo o que eles fizeram por mim. Inclusive comprar esse apartamento.

Tive uma ideia.

- Ei! – o chamei e ele me encarou. – Que tal relembrarmos os velhos tempos? – tirei de dentro da gaveta do rack um DVD do Shrek.

- Oh, nossa! – ele exclamou rindo, e tirou o DVD da minha mão. – Já faz um bom tempo que não assistimos isso juntos!

- Né? – eu disse animada. Realmente fazia muito tempo. – Quer que eu peça uma pizza?

Ele me fitou pensativo e então me perguntou:

- Pizza? Mas isso não deve ter umas 1.000 calorias?

- Não, deve ter bem mais... – respondi. – Mas quem liga? – sorri e deu de ombros.

Por algum motivo, Percy sorriu. Um sorriso de orelha à orelha.

- Sim, eu quero pizza. – ele respondeu.

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- Coitada da Fiona. – eu disse.

- Por quê? – Percy perguntou.

Eu estava sentada no sofá ao lado de Percy, com seu braço em volta de mim. Ambos estávamos comendo pizza.

- Ela passou esse tempo todinho esperando um príncipe, e aí um ogro salva ela. – respondi dando de ombros.

- Ué, o que você tem contra ogros? – ele perguntou divertido.

- Nada. Até porque o único que teve coragem de enfrentar aquele dragão enorme pra tirar ela da torre foi o Shrek.

Passamos mais um tempo calados apenas assistindo o filme.

- Sabe, eu enfrentaria aquele dragão se fosse você que estivesse presa na torre.

Senti meu rosto queimar.

- Você tem que parar com isso. – eu disse.

- Parar com o quê?

- De dizer coisas que me fazem ficar com vontade de te beijar.

Ele abaixou a cabeça e olhou para mim com cara de bebê.

- Você está com vontade de me beijar? – fiz que sim com a cabeça. – Então por que você não me beija?

- Pra falar a verdade... – fiz uma cara pensativa. – Eu não sei.

Ficamos por mais alguns segundos em silêncio.

- E onde nós ficamos? – ele me perguntou finalmente.

- Bem, essa é parte em que nossos rostos, romanticamente, se aproximam, e nós nos beijamos. E aí começamos a dar amassos no sofá.

- Hum... Então vamos logo com isso porque eu estou doido para chegar na parte dos amassos no sofá.

Eu ri e ele segurou meu rosto delicadamente, e nós fomos nos aproximando cada vez mais, até que nossos lábios se tocaram. Primeiro o beijo foi suave, delicado, até mesmo fofo. Depois acabou se tornando algo mais urgente aos poucos, e Percy foi me deitando vagarosamente em cima do sofá. Suas mãos desceram do meu rosto para minha cintura, onde ele deu um leve aperto. Minhas mãos foram parar no cabelo dele, onde eu dei um leve puxão.

Então, quando o clima estava realmente começando a esquentar, eu me lembrei de uma cena, e empurrei o Percy delicadamente, nos separando. Me sentei de modo desconfortável à frente dele.

Ele me fitou confuso e pensativo por um tempo, então passou as mãos pelo cabelo.

- Você lembrou de Paul, não foi?

Abaixei a cabeça.

- Desculpe. – eu quis dizer, mas saiu mais como um sussurro.

Não tive coragem de encará-lo, e quando ia levantar minha cabeça, senti seus braços fortes me abraçarem.

- Tá tudo bem, eu espero você.

Tentei ao máximo não segurar o choro, mas não consegui. Odiava chorar na frente de alguém, eu me sentia fraca.

- Desculpa, Percy. Não estou te comprando à ele, é que...

- Tá tudo bem. – ele repetiu, me abraçando mais forte. – Não precisa se explicar, só quero cuidar de você, Annie...

- Obrigada. – me aconcheguei melhor no seu abraço.

- Sabe... – ele se separou do abraço e me encarou. – Eu poderia cuidar melhor de você se nós namorássemos.

- Isso... – o fitei de volta. – Isso é um pedido?

- Depende. – ele me encarou divertido. – Você vai aceitar?

- Talvez sim. – entrei na brincadeira. – Isso você vai ter que descobrir.

Ele gargalhou, desceu do sofá, se ajoelhou e pegou minha mão.

- Annie... – ele me olhou. – Sua garotinha exigente... Quer, ahn, namorar comigo?

Eu ri e desci do sofá também, me ajoelhando à frente dele.

- Se você conseguir me aguentar... – ele riu e nós nos beijamos. Não um beijão, mas sim um simples beijo, só prqa mostrar o quanto nós nos gostávamos.

Ou até mesmo nos amávamos.

E aí eu me dei conta de que seria bom recomeçar. E seria melhor ainda recomeçar com Percy.