8 anos depois...

– Annie? Será que dá para ir mais rápido?

Ai, droga, pensei. Era a primeira vez que eu iria viajar com Percy e não queria me atrasar logo agora. Eu já estava quase pronta, só faltava... Ah, achei. O pacote de preservativos.

Não me chame de tarada; já faziam quase 8 anos que eu namorava Percy, e nós já havíamos feito amor diversas vezes, e dessa vez não iria ser diferente. Eu e ele dormiríamos no mesmo quarto por 2 semanas, óbvio que ia acontecer.

As coisas mudaram muito de uns tempos pra cá. Eu entrei na faculdade de Arquitetura, e Percy faz Biologia Marinha. Nossa vida nos estudos estava melhorando cada vez mais. E nosso namoro então, nem se fala: hoje seria muito difícil me imaginar numa vida em que o Percy não me mandasse todo dia à 00h em ponto um "boa noite", ou que ele não entrasse de mansinho no meu apartamento e mordesse meu pescoço por trás, me fazendo levar um susto e começar a estapear ele, ameaçando-o de morte.

E agora eu estava com um bom pressentimento. Não só porque amanhã eu e ele completaríamos 8 anos de namoro. Eu simplesmente não consigo evitar essa sensação... de que algo muito certo vai acontecer.

– Pronto. - eu disse, trazendo comigo minhas malas. Tentei dar o meu sorriso mais cativante afim de que ele não demonstrasse irritação pela minha demora. Não funcionou muito bem.

– Você está linda... mas demorou pra caramba, hein? - ele dizia, tentando conter a raiva, mas eu o conhecia bem o suficiente.

Comecei a rir.

– Qual é a graça? - ele resmungou, agora claramente irritado. - É engraçado deixar o namorado esperando por 1 hora no sol quente agora, é?

– Não, não é isso. - apertei meus lábios tentando conter o riso. - Eu só estava tentando imaginar qual seria sua reação quando eu explicasse que eu me atrasei porque estava procurando as camisinhas.

Percy rapidamente se endireitou e me encarou com um olhar malicioso. Dessa vez não pude conter o riso.

– Bem, - ele disse, tentando soar sério. - nesse caso... - então se aproximou lentamente de mim, pousou suas mãos em minha cintura e me virou lentamente, até que eu estivesse encostadas de costas no carro e ele estivesse entre minhas pernas. - Acho que vou perdoá-la por seu atraso, senhorita. - Ele terminou, com ar divertido, me puxando para mais perto e roubando meus lábios para si.

Algumas pessoas dizem que depois de certo tempo com alguém, você acaba enjoando as carícias dela. Mas isso definitivamente não acontecia com nós dois. Nós estávamos juntos há vários meses, mas toda vez que Percy me beijava eu sentia as mesma correntes elétricas percorrendo todo o meu corpo. E eu tinha a leve sensação de que eu ia continuar a senti-las por muito tempo ainda.

Depois de guardarmos as malas no bagageiro e dirigirmos até o aeroporto, Percy e eu paramos para um lanche e depois fomos até a sala de embarque. Nós íamos para Londres

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– Percy, você tá legal?

Fazia algum tempo que tínhamos entrado no avião e Percy parecia totalmente inquieto com alguma coisa. Não parava os dedos quietos e ficava frequentemente olhando de um lado para outro.

– Ahn? - ele pareceu despertar de um devaneio. - Ah, não. Quer dizer, sim, eu tô legal.

Eu o encarei desconfiada, mas ele acabou desviando o olhar. Eu resolvi dar de ombros e colocar os fones de ouvido novamente, para me desligar do mundo de vez.

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No dia seguinte...

Dei uma última olhada no espelho para conferir se estava tudo em ordem e fui procurar minha bolsa no gurda-roupa.

Confesso que tinha ficado um pouco decepcionada quando Percy disse que iríamos comemorar nosso aniversário de namoro no cinema, porque 8 anos não é qualquer coisa, e nós íamos diariamente ao cinema. Mas logo em seguida fiquei grata, afinal depois de 8 anos qualquer lugar estaria bom para mim, contanto que eu continuasse ao lado dele.

– Está pronta? - Percy perguntou, abrindo a porta do quarto lentamente?

– Estou.

Ele se aproximou de mim e me deu um beijo na testa.

– Então vamos. - e saiu me puxando pela mão.

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Não foi difícil achar lugar na sala do cinema porque não havia NINGUÉM lá. E quando eu digo ninguém é ninguém mesmo. Estranhei. Percy e eu havíamos chegado até um pouco atrasados, não é possível que ninguém quisesse ver aquele filme! Ele devia ser realmente ruim.

– Já volto, vou comprar um refrigerante. - Percy sussurrou e depois saiu.

Bufei. Agora eu estava totalmente sozinha naquela sala de cinema. Vários documentários que eu assisti sobre lugares mal-assombrados vieram a minha mente, e eu comecei a me sentir desconfortável.

O filme começou. Ele se passava em Nova York, onde Percy e eu morávamos, então reconheci logo de cara. Olhei para os lados e não achei Percy. O filme já estava começando e ele ainda não tinha chegado. Quanto tempo é preciso para comprar um refrigerante?

"Grover, vire a câmera para mim."

Eu desviei minha cabeça sem demora para a tela do cinema em menos de um segundo. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Percy.

Ele estava sentado na cama do meu apartamento. Mas que merda é essa?

"Annie, oi? Ah, oi, meu amor. Meu Deus, não acredito que eu estou fazendo isso. Mas vamos lá.

Eu quero fazer isso há muito tempo, mas você sabe o quão tímido eu sou, então eu acho que acabaria estragando tudo e começasse a gaguejar.Mas ok, vamos direto ao ponto: Há 8 anos, eu venho vivendo os melhores anos da minha vida, e tudo isso porque eu tenho a melhor namorada do mundo ao meu lado. Eu quero primeiramente agradecer a você por tudo o que você tem feito por mim, o que não é pouco. Desculpe por todas as vezes que eu agi como um zé mané (Zé mané, Percy? Quem é que ainda usa essa expressão nos dias de hoje? Minha avó?) Cale a boca Grover! Caham... Eu sei que eu saí há um bom tempo dizendo que ia comprar um refrigerante, mas a verdade é que isso é só uma desculpa... Grover, pare de tremer a câmera!... Ok, muito bem... Annie, o que eu quero dizer é que eu quero poder acordar todos os dias e olhar do meu lado e ver você dormindo lá, como você sempre dorme. Quero almoçar com você, jantar com você... Fazer amor com você toda hora. Tudo bem, isso pode não parecer tão romântico, mas ainda sim é a verdade. Enfim, Annie, quero pedir uma coisa para você: olhe para o lado."

E eu olhei. E lá estava Percy, claramente tímido, de joelhos e com uma caixinha com uma aliança em mãos.

– Quer... casar comigo? - ele perguntou, e abriu um sorriso.

Minha boca agora encontrava-se totalmente tampada pelas minhas mãos. Eu estava em estado de choque. Ele tinha feito isso. Ele tinha mesmo feito isso. Eu olhei para a caixinha. E olhei para Percy.

E então eu percebi.

Eu queria as mesmas coisas que ele. Queria acordar todo dia com ele do meu lado. Queria que ele fosse o pai dos meus filhos.

– Sim. - eu disse. As mãos não tampavam mais minha boca. Agora eu tinha um sorriso de orelha a orelha estampado no rosto. - Eu aceito, Percy.

"Lembrei-me do que ela dissera em Nova York sobre construir algo permanente e pensei que... talvez... estivéssemos a caminho de um bom começo."

– O Último Olimpiano

FIM