Uma semana depois...

Havia passado pouco tempo. Percy e eu nunca mais nos falamos como antes, e tentávamos ao máximo fingir que nada demais havia acontecido. Mas, deuses, era impossível.

Eu não sei bem como, mas Percy tinha voltado com a Rachel. Sinceramente? Isso não ajudou em nada. Parecia que ela não se contentava em ter ele, tinha que estar mostrando isso frequentemente se agarrando em frente de toda a escola. Mas eu sei que Percy não gosta dela, então nem sinto ciúmes.

Pra falar a verdade, eu sinto um pouco. Mas só um pouquinho.

Ok, eu sinto muito ciúmes.

Ah, quer saber? O que eu queria mesmo é sair puxando aquela menina pelos cabelos. Falo mesmo.

Eu e o Paul? Bem, eu simplesmente resolvi dar um tempo. Eu não podia ficar brincando com os sentimentos dele dessa forma. Ele ficou afirmando insistentemente que eu tinha terminado com ele pelo acontecido, mas eu falei que não tinha nada a ver com aquilo, afinal, Paul havia sido drogado.

E aqui estamos nós, tentando passar mais um dia normal.

Se estamos conseguindo? É, pode-se dizer que sim.

- Não fiquem tristes, dulzuras, aqui estou eu para alegrar seu dia. – Leo chegou à mesa da cantina onde estávamos sentados com seu almoço dentro de uma bandeja em mãos, e logo sentou também.

- Oi, Leo. – Jason cumprimentou, assim como o resto das pessoas da mesa.

Continuamos conversando sobre coisas banais e eu tentei ao máximo não olhar para a cena pornográfica que acontecia na minha frente: Percy e Rachel pareciam duas enguias se engolindo. Mas então, durante um dos beijos, pude ver que Percy deu um olhar desafiador em minha direção. Aquilo foi o cúmulo. Ele estava fazendo aquilo só para me irritar.

Bruscamente, me levantei e bati minhas mãos com força na mesa.

- Será que é possível – disse, tentando controlar minha raiva ao máximo. – que os dois pombinhos fossem se comer em outro lugar?

A mesa no mesmo instante silenciou-se.

- Essa batata tá boa, não é? – Leo tentou tirar o clima tenso. Digamos que isso não funcionou muito bem.

Percy me encarou e depois pude perceber um sorriso sarcástico se forma em seu rosto.

- Isso tudo é ciúmes, Annie? – ele perguntou, na maior cara-de-pau.

- Não, NÃO É! – gritei.

- NÃO É O QUE PARECE! – Ele gritou de volta, agora se levantando também. – POR QUE VOCÊ NÃO ADMITE DE UMA VEZ QUE GOSTA DE MIM?

- PORQUE EU NÃO GOSTO DE VOCÊ! – menti.  – SÓ ACHO QUE VOCÊ DEVERIA TER UM MÍNIMO DE RESPEITO E PARAR DE SE ATRACAR COM ESSA SUA PEGUETE NA FRENTE TODO MUNDO!

Ele riu desdenhoso.

- Você me ama, - ele me encarou nos olhos. – mas não é corajosa o suficiente para admitir isso.

- Ah, jura? Seu pai também não foi muito corajoso quando deixou você e sua mãe, não é?

E na hora que eu disse isso, me arrependi amargamente.

Com Percy você poderia tocar em qualquer assunto, menos o seu pai. Pai entre aspas, porque ele já havia me dito antes que um homem que abandona a mulher e o filho na maternidade não pode ser considerado pai.

Percy me encarou com fúria. Pela primeira vez, achei que ele realmente ia me bater. Bater não, espancar.

- Percy, eu...

Mas ao invés disso ele simplesmente me lançou um olhar de desprezo e saiu.

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- Percy? – eu disse, mas saiu mais como um sussurro.

Eu estava me sentindo culpada desde a hora do intervalo. Tentei de várias maneiras falar com ele, mas não conseguia de forma nenhuma. A única saída que eu tinha encontrado foi ir até a casa dele.

- O que você quer?

Ele estava deitado, sem camisa, apenas com uma bermuda, olhando para o teto. Percy era realmente lindo. Seus músculos definidos na medida certa, seu cabelo preto desgrenhado que, ele não sabia, mas era um charme, e os olhos... Ah, os olhos. Aquele verde passava uma calmaria...

- Eu... quero falar com você.

- Falar? – ele arqueou as sobrancelhas, finalmente me olhando. – Você não acha que já falou demais por hoje, Annabeth?

- Olhe, desculpe, tá legal? – fechei a porta com as minhas costas e me escorei nela. – Eu estava com raiva. Não queria falar sobre seu pai, eu sei que esse é um assunto delicado para você. Por favor, Percy...

Ele olhou novamente para o teto e deu um longo suspiro.

- Você tem razão. – ele continuava a encarar o teto do quarto. – Esse realmente é um assunto delicado pra mim. Você me humilhou, e vai ter que fazer algo para compensar isso.

- Ahn, o que exatamente? – perguntei confusa.

Ele se levantou da cama e ficou de frente pra mim, em uma distância razoável.

- Você sabe que eu gosto de você, certo? – ele me encarou. – Tipo, não aquele gostar, mas o outro, no sentido de querer ser muito mais do que amigo. – Eu hesitei, mas confirmei com a cabeça. – E você também gosta de mim, certo? – Hesitei novamente, mas afirmei com a cabeça de novo. – Pois bem, já que é assim, o que eu vou pedir vai ser benéfico para ambos.

- O que você quer? – eu disse, já impaciente. – Diz logo!

- Um último beijo.

- Como assim?

- Depois da nossa última briga, nós nem pudemos nos despedir.               E eu estou com uma vontade enorme de te beijar.

Senti meu rosto esquentar. Percy estava bem mais perto agora. O que eu podia fazer? Eu queria isso, ele também. Talvez funcionasse.

- Tudo bem. – eu disse, encarando seus lábios.

Bastou isso para que Percy me cercasse na parede com os dois braços e me beijasse. O beijo foi leve, suave, chegou até a ser um pouco fofo. Quando ele terminou, Percy me encarou de novo.

- Eu quero mais um.

Não respondi nada, as palavras simplesmente não saíam.

Ele deu de ombros.

- Bem, eu vou te beijar agora, sabe.

Dei de ombros também, e ele pareceu entender como um “tá legal”. Dessa vez, enquanto me beijava, Percy deslizou uma mão pela minha cintura, me puxando para mais perto. A outra mão estava agora na minha nuca, de onde ele deslizou até os meus cabelos e puxou meus lábios para mais perto, aprofundando o beijo. As mãos dele agora deslizaram para debaixo da minha blusa, onde ele ficou acariciando minha cintura de leve.

Sem parar o beijo, Percy foi me guiando para a cama. Ele foi me deitando, eu já estava tirando sua blusa e...

Toc toc.

Ele se separou de mim bruscamente.

- Percy? – ouvimos a voz da mãe dele detrás da porta. – Grover está te esperando lá fora.

- Já estou indo, mãe! – ele respondeu e passou a mão pelos cabelos, em sinal de nervosismo.

Constrangida, eu fui me levantando e arrumei minha blusa, que se encontrava um pouco amassada.

- Tenho que ir. – eu disse, rapidamente, e fui em direção à porta.

Antes que pudesse sair, Percy me puxou pelo braço e me deu um selinho.

- Tchau. – ele sorriu de lado.

Com o rosto queimando, saí apressada pelos corredores.

Quando já me encontrava fora da casa dele, toquei meus lábios, tentando relembrar aquela ótima sensação.

Sorri de leve.

Eu amava aquele garoto.