– Sophia, chegamos! - Ouvi a porta sendo aberta por Melody e Charlotte. Salva pelo gongo! Nunca fiquei tão feliz pelas duas terem chegado.

Me encolhi na cama e Shane afastou-se de mim, se ajeitando ao meu lado. As duas me olhavam desconfiadas.

– Então... - Charlotte começou e pigarreou. - Interrompemos algo?

– Si... - Shane começou.

– Não. - Eu disse séria, o cortando.

Eu ainda estou assimilando o que acabou de acontecer. Eu simplesmente não consigo acreditar que Shane tentou me beijar! Ele sabe que eu sou namorada do irmão dele e mesmo assim ele tentou! Idiota! Noah tentou me avisar, e eu briguei com ele. Parabéns Sophia.

– Então... - Melody começou, percebendo o clima tenso que tinha se estabelecido. - Quem quer bolo? - Ela perguntou animada.

Comemos muito, engordei uns dois quilos. Shane passou a festinha inteira conversando com Charlotte, sobre livros, é claro. Eu não tinha esquecido o que havia acontecido, mas olhando assim, ele parece tão inocente, ele e Charlotte se dão muito bem, espero que ela dê um jeito de atrair ele, pra ele largar do meu pé.

No outro dia, lá estava eu, tranquila na cantina, literalmente, comendo um belo de um sanduíche, quando o Shane querido aparece.

– Posso me sentar? - Disse ele sentando em minha frente.

– Você já sentou. - Respondi sem um pingo de delicadeza. Vi ele mostrar a língua e rir em seguida.

– Calma aí. - Ele balançou as mãos em frente ao corpo. - Só quero conversar.

– Sobre o quê? - Perguntei fria e cruzei os braços.

– Você sabe. - Ele baixou a cabeça. Ah, sim, eu sei muito bem. - Queria pedir desculpas, eu não consegui me controlar.

Ah tá bom, idiota, só não chamo de filho da puta porque a mãe é minha sogra também. Eu estava com raiva, mas não ia descer do salto, em nenhum momento.

– Não se preocupe. - Falei e levantei para sair, quando já estava indo, senti uma mão em meu pulso. - O que foi? - Perguntei, ligeiramente incomodada.

– Sabe, apesar de tudo, eu não menti sobre o que disse. - Ele disse. Eu temia isso.

– Do que está falando? - Resolvi me fazer de desentendida.

– Eu gosto de você. - Ele disse, bem direto. Eu não sabia se saía correndo, ria, chorava.

Optei pela segunda opção, e ri. Ri mesmo, ri muito, como uma gazela velha, sou escandalosa mesmo.

– Shane, querido... Você me conhece há uma semana! UMA SEMANA! - Falei gritando e mostrando o dedo indicador na cara dele.

– E daí? - Ele perguntou. - Eu conheço você muito mais em uma semana do que Noah em todo o seu tempo de namoro. Falando nisso, faz quanto tempo que namoram mesmo? Uns meses? - Ele perguntou, todo inocente. Eu queria dar uma bica na cara desse imbecil.

– Dois anos, seu idiota! - Falei e dei um tapa na cara dele, bem dado. - E Noah me conhece mais do que eu mesma, a distância não impede nada! - Falei e puxei meu pulso de sua mão. Ele continuava de cabeça baixa. - Não saia por aí falando o que não sabe, abaixe esse seu nariz antes de conversar com alguém! - Terminei e saí andando.

– Sophia, espera! - Ele gritou. - Eu posso te fazer mais feliz do que ele faz! - Aí foi a gota d'água.

– Você é desprezível! Ele é seu irmão, como pode fazer isso com ele?! - Eu praticamente cuspi as palavras. - E eu não sou como as menininhas que você pega, desista. - Falei por fim, e saí de novo.

Ouvi ele murmurando um "droga!" e indo embora.

Agora só preciso acertar as coisas com Noah, espero que ele me perdoe.