A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 26
Capítulo XXVI - Capí




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XXVI - Capí

Capí olhava aterrorizado para Dalila. Ele não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Se ela descobrisse que tinha um dedo, ou melhor, o corpo todo do Viny naquela brincadeira, não só Viny mas todos os Pixies estariam encrencados.
– Quem foi? - ela urrou. Seu rosto expressava um ódio mortal. Os alunos estavam com medo do olhar de Dalila, como se só com o olhar, ela fosse devorá-los como um lobisomem faminto.
Os alunos se entreolharam assustados. Alguns estavam saindo da maneira mais silenciosa possível para que não fossem pêgos. Viny olhava radiante sem nem ao menos tentar esconder o sorriso nos lábios.
– Viny! - Capí tentou adverti-lo, mas o loiro era teimoso demais e continuou sorrindo enquanto olhava para a conselheira que analisava cada aluno como um porteiro analisa o crachá de um visitante.
Os olhos dela encontraram o de Viny. Nesse momento uma onda de choque entre a troca de olhares, ultrapassou os alunos e ela sabia quem foi o culpado pela brincadeira de mal gosto. Capí estava tremendo. Á qualquer momento ela os mandaria para a sala do conselho... Não! Ela os expulsaria da escola sem nem mesmo questionar a diretora. Por um momento frio eles ficaram ai, encarando um ao outro e Capí e Caimana apenas observavam juntamente dos outros alunos.
– Eu vou descobrir. - ela disse finalmente. - Eu vou descobrir quem fez isso! E o pirralho vai escolher nunca ter sido bruxo na vida!
Ela se virou no que poderia ter sido uma saida triunfau, porém o ar permaneceu pesado e após alguns segundos, dos quais os alunos ainda escutavam atentamente algum sinal de que Dalila estava voltando, eles voltaram a gargalhar muito.
Alguns vieram cumprimentar Viny com um leve abraço (Um menino chamado Beni deu mais que um abraço nele, mas como Viny olhou de maneira estranha, Capí imaginou que eles não se conheciam, mas que iriam se conhecer.) ou leves batidas no ombro. Erik era levantado no ar por uma pequena multidão de alunos e ele agitava frenéticamente o braço gritando: "Eu sou demais!! Uhuuuuu!"
– Viny! - Capí chamou. - Viny!!
O garoto nao ouviu. Estava ocupado demais recebendo elogios pelo grande ato heróico e corajoso que havia feito.
– VINY!!! - Caimana deu um grito que aquietou todo mundo. Eles olharam espantados e com medo para ela.
– Valeu Caimana. -Capí agradeceu. Mas Caimana já estava se dirigindo á Viny e o agarrou pela orelhas puxando-o com força. O local já estava ficando roxa e Viny estava aos gritos.
– Sua maluca!! Isso dói! Sooooltaa!!!
– Você tá ficando louco?? - ela gritava enquanto arrastava ele para a praia. Quando passaram pelo corredor dos signos, as criaturinhas nem se atreveram a incomodar Caimana, e Capí apenas os seguiu. Ele não julgaria que o que ela estava fazendo era errado, mas bem que Viny mereceu por fazer uma brincadeira maldosa como aquela.
– Aaaaaaiiihhhhh!! - ele protestou.
Quando ela finalmente o soltou, ele caiu na areia e metade do seu rosto ficou branco. Ele começou a acariciar o local dolorido pelo puxão repentino.
– Ah é! - Caimana prosseguiu. - Esqueci que você já era louco desde que nasceu.
– O que deu em você garota? - Agora Viny não sorria mais, pois estava chateado com o puxão de orelha.
– O que eu fiz de errado? Só queria dar uma lição nela! - ele disse.
– Viny, você não precisa humilhar as pessoas para se sentir melhor. Você não precisa fazer esse tipo de coisa como algo com que elas aprendam. Não é assim que se resolve as coisas. - Capí falou. Nesse momento todos os três ficaram quietos. Ele se abaixou na altura de Viny e olhou profundamente nos olhos dele. Viny retribuiu o olhar e Capí prosseguiu. - Você poderia tê-la machucado gravemente com aquela brincadeira, você sabe disso, não sabe?
Viny acenou com a cabeça.
– Mas você viu a injustiça que ela fez com a gente véio! Ela nem nos deixou explicar as coisas! - Viny se revoltou. - Como pode ficar do lado dela depois de ela ter feito aquilo com a gente?
– Viny, eu não estou do lado dela! Mas esse tipo de coisa só vai nos prejudicar de várias maneiras.
– Ah é? Então me fala, que maneiras são essas?
– Primeiro, se ela descobrir que você esteve por trás disso tudo... Apesar que, eu tenho certeza de que ela já sabe, só não tem provas ainda, enfim... Ela vai tornar nossas vidas em um inferno, nãpo só a sua, mas a nossa também, porque somos seus amigos e não vamos te deixar sozinho. Nós corremos o perigo de ser expulsos...
– Você mora aqui Capí, você não vai ser expulso! - Viny cortou.
– Tá, mas e quanto á Caimana e o Índio?
Viny baixou a cabeça e ficou fitando a areia.
– Segundo, nós estamos perdendo tempo fazendo esse tipo de bobagem, temos uma coisa muito mais importante do que vingança para cuidarmos!
– Ele tem razão. - Uma voz disse. Eles procuraram e acharam Índio em um galho alto de uma arvore lendo um livro grosso.
– Anhangá está solto por nossa causa! Precisamos arrumar uma forma de aprisioná-lo de uma vez por todas antes que seja tarde demais. - Índio continuou.
– É, ele já deve estar em São Paulo, mas nós estamos aqui! E se não agirmos rápido, ele vai acabar com o mundo todo! - Caimana disse.
– Mas como vamos encontrá-lo se ele está tão longe?- Viny perguntou.
– Bom... - Capí pensou por um momento. - Nós precisaríamos de uma ajudinha né.
– Mas os professores se reculsam a nos deixar enfrentar Anhangá! Muito menos nos ajudar! - Viny falou. Ele se levantou da areia com ajuda de Capí e continuou. - Além disso, eu não estou preparado para uma luta desse nível! Somos alunos do primeiro ano. Não sabemos nem amarrar os cadarços com magia!
– Tá dizendo que vai cair fora? - Caimana perguntou alarmada. - Nossa Viny, não sabia que você era covarde!
– Eu não disse isso Baby! - ele deu uma piscadela que fez com que Caimana corasse. - Eu quis dizer que nós precisamos treinar para poder lutar!
– Eu... - Índio tomou a palavra. - Acho que ele está certo. Com o conhecimento que nós temos, será praticamente impossível serquer pisarmos fora do Rio de Janeiro sem sermos mortos.
– Eu tenho uma ideia. - Capí disse casualmente. Ele olhava para o horizonte da praia, onde as ondas se quebravam e os alunos se banhavam com a agua do mar. - Mas eu não tenho conhecimento o suficiente.
– Se "conhecimento" pra você significa inteligencia, eu conheço duas pessoas capazes de nos ajudar.
– Viny, não ousa colocar as pessoas no caminho. Nós o libertamos, e somente nós iremos arcar com as consequências! - Índio vociferou.
– Ih, relaxa cara! Eu não vou chamar a doidinha da Annie, até porque seria chato ver vocês dois se agarrando enquanto nós oferecemos nossas vidas em prol da humanidade.
– Aff, eu já falei que aquela garota e eu não temos nada!
– Okay okay! - Caimana chamou a atenção deles. - Quem são essas duas pessoas?
– Oras, o Erik e a Alícia! Eles vivem na biblioteca e como eu disse antes, eles sabem vários feitiços legais que aprenderam com aqueles livros velhos!
– Ótimo! Talvez eles podem melhorar minha ideia! - Capí disse empolgado. - Vamos encontrá-los.
– Vai ser dificil achá-los naquele lugar gigante!! - Viny falou com voz triste. Capí compreendeu, porque após passar um longo tempo limpando livros como punição... é de se esperar que estivesse com trauma da biblioteca.
Eles foram para a biblioteca enquanto os alunos estavam em sala de aula. Capí estava começando a ficar preocupado com o silencio que se instalara na escola. Enquanto subiam as escadas eles pararam em frente á uma porta dupla de madeira firme e polida com os dizeres "Biblioteca do Korkovado" entalhados.
– A entrada da biblioteca era assim? - Viny olhou desconfiado.
– Não sei, não gosto de lembrar dos dias que ficamos aqui limpando aqueles livros poeirentos. - Caimana respondeu.
Capí sabia que a entrada da biblioteca sempre mudava. Mas isso não era problema nenhum.
Eles abriram as portas com cautela e um rangido quebrou o silencio em um momento muito tenso. Uma gota de suor desceu pelo rosto de Capí e pingou no chão. Eles se entreolharam tensos quando um rugido preencheu a biblioteca. Caimana deu um pulo no colo de Viny que a agarrou e deu um passo para trás. Capí segurou o braço de Índio que não se incomodou pela situação em que estavam.
– O.. o que foi isso? - Viny perguntou.
– Eu não sei. - Capí respondeu. Ele estava tremendo. O rugido não parecia nada amigável.
– Venham. - Viny colocou Caimana no chão de pé e prosseguiu por entre as prateleiras.
– O quanto antes acabarmos com isso, melhor. - Índio disse. - Só quero ver como faremos para ir até São Paulo.
– Quieto Índio. - Caimana falou e índio fechou a cara.
Enquanto passava por entre o mar de livros e revistas velhos, Capí vislumbrou um vulto correndo por entre as prateleiras.
– Pessoal! - Capí chamou-os. - Acho que tem alguém aqui.
– Você tá brincando né véio? Quem vai querer vir num lugar desses? Além do mais, tá todo mundo em aula agora, não podem sair das salas.
– Mas eu juro...
– Para de graça que eu to morrendo de medo desse bicho que rugiu. Vamos logo.
Capí engoliu em seco e ficou monitorando o lugar. Mais uma vez o vulto passou. Dessa vez estava mais perto, do corredor ao lado deles.
Capí levantou a mão para cutucar Viny e alertá-lo, mas foi tarde demais. Alguém apareceu na frente do corredor onde eles estavam e o rugido soou mais alto do que nunca. Capí ahcou que iriam morrer. Todos eles se encolheram com os braços cobrindos os rostos com medo de morrerem ao olhar para a tal coisa. Até que, a coisa falou.
– Índio querido! Não vai me chamar para ir com vocês?
– O quê? - Índio levantou com raiva.
Capí tirou a mão da frente dos olhos e viu Annie parada no início do corredor com um aparelho azêmola no braço.
Viny olhou para o Índio com cara de deboche.
– Quer dizer que já estão assim é?
– Cala a boca senão dessa vez EU vou tacar um desses livros na sua cara. - Índio disse entre os dentes.
– Okay, foi mal. - Viny ficou quieto.
– O que você está fazendo aqui sua maluca? - índio perguntou se dirigindo á Annie.
– Olha, eu não estava com ninguém, eu juro! Não precisa ter ciúmes! - ela disse.- Na verdade eu vim ajudar a Alícia e o Erik com um projeto que eles estão fazendo. Eles querem fazer com que os celulares funcionem aqui dentro da escola. Eu já avisei á eles que não vai funcionar por conta dos feitiços que causam interferência no satélite, já que os feitiços lançados servem como uma proteção, um escudo, contra o mundo de fora. Mas eles não me escutam e dizem que querem tentar de tudo e pediram minha ajuda como uma exímia Alquimista.
– E o que é isso no seu braço? - Viny perguntou.
– Ah, isso? - ela apontou para o aparelho. - É um rádio que ganhei da minha avó. Ele funciona de vez enquando aqui no Korkovado e por isso eles querem usá-lo como cobáia.
O rugido surgiu denovo e eles se espantaram olhando para todos os lados.
– Meu Deus, não estou gostando nada disso. - Viny choramingou.
– Mas gente, não precisam ficar com medo. É uma interferência que está fazendo o rádio emitir esse som.
– Tá brincando que o rugido veio desse treco. - Viny disse.
– Não. - Annie deu de ombros. - Mas então... Eu ouvi direito? Vocês vão mesmo para São Paulo para destruir o Anhangá?
– Claro que não! Fique fora disso Annie! - Índio falou.
– Queo ver quem vai me obrigar. - ela disse simplesmente sorrindo por estar deixando Índio nervoso.
– Que menina insuportável. - ele resmungou.
– Vamos Índio, não podemos perder tempo.
Annie os guiou até uma prateleira enorme com a escultura de dois dragões, um de cada lado, e entortou o nariz do dragão da esquerda. Ela deu um passo para trás, e a prateleira se abriu mostrando um túnel largo e de aparência assustadora.
– Não acredito que eles vivem aih dentro! - Caimana disse.
– É ideia do Erik, mas eles só vem aqui para as... os "Planos Infalíveis" deles. - Annie respondeu.
– Sinistro. - Viny disse.
Capí olhou para a caverna e um luz forte brilhou lá no fundo. Eles seguiram e se depararam com uma caverna cheia de bugigangas azêmolas. Enquanto Alicia estava deitada em uma poltrona lendo um livro, Erik estava em uma mesa suja de gracha, com um daqueles óculos que piltoso de avião usam na cabeça. Ele estava com um celular que mais parecia um tijolo na mão e com a varinha apontada para o celular na outra. O lugar tinha cheiro de garagem velha misturada com o cheiro dos livros. Haviam umas janelas parecidas com as de prisões, e delas vinham a luz de fora, iluminando tudo.
Capí viu bicicletas com asas nas paredes, e várias outras coisas malucas, mas Erik tirou sua atenção aos objetos.
– Eae Annie! Trouxe o que te pedi? - ele se virou e viu os Pixies parados e boquiabertos. - Falae galera! Como estão?
– Achava que você e a Annie viviam se esbofetando. - Índio disse carrancudo.
– É, mas de vez enquando ela até que é legalzinha e ela era a única ue podia me ajudar, então... - ele deu de ombros.
– Erik, vou direto ao assunto. - Capí falou. - Nós precisamos da sua ajuda também. Eu tenho um plano, mas só com você iremos aperfeiçoar esse plano.
– Pode falar! - ele disse com a varinha na mão. seu rosto estava sujo mas ele tinha uma expressão feliz e sonhadora.
– Eu queria criar um Clube de Duelos entre nós, para treinarmos para... - ele olhou para os Pixies.
– Capí, é melhor falar logo, ele vai descobrir de qualquer forma. - Annie advertiu-o.
– Okay, nós queremos nos preparar para lutar com Anhangá!
Erik olhou impressionado para ele.
– E como eu vou poder ajudá-los? - Alícia se aproximou deixando o livro de lado e se interessando pelo assunto.
– Vocês podem ser nossos professores, afinal, sei que vocês conhecem muita coisa e podem então nos ensinar.
– Nosssaa!!! Mnao, vai ser sensacional!!! - ele virou para Alicia e deu um abraço forte nela. - Viu maninha!! A gente vai ser professor!!! Uhuuuuu
– Tá Erik, mas a gente tem que treinar com feitiços que não machucam.
– Vocês podem usar Luzes! - ele sugeriu com um sorriso enorme no rosto. - Depois parte para algo mais realista, tipo feitiços de soco ou tapa ou empurrão... tanto faz.
– Luzes? - Viny perguntou curioso. - Sim, são feitiços que parecem feitiços, mas não machucam. Olhem.
Ele lançou um feitiço em Caimana que pulou pro lado tão rápido que o feitiço acabou atingindo Índio no rosto em cheio. Índio pareceu não gostar nada, mas Erik nem se importou.
– Machucou Índio? Não né! Viram!?
– Uau!! - Viny comentou. - Isso é demais!
– Pronto, então nosso clube será o Clube das Luzes. - Capí disse resoluto. Ele olhou para os amigos que acenaram concordando com o nome. - As aulas começam amanha á noite então, encontro vocês na floresta tudo bem?
– Tudo bem!- Erik e Alícia responderam em unissono.
– Não podemos mais perder tempo pessoal! Com as minhas habilidades e com as suas, nós vamos conseguir! É agora ou nunca! - disse Capí triunfante. Agora eles estavam se preparando para algo que não sabiam o resultado. Estava começando a se preparar para uma batalha inimaginável com o mago das trevas Anhangá.


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