A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 12
Capítulo XII - Capí


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas está aqui pessoal!! ^^ Espero que gostem!



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XII

CAPÍ



Capí ficou horrorizado com o que havia saído do objeto de cristal que Índio deixou cair e quebrar. Anhangá. Era ele mesmo. Só ouvira falar em histórias e em livros, mas tinha certeza de que era ele, pois quando materializou o cajado em uma das mãos, seu tamanho foi diminuindo e uma fumaça verde envolveu seu corpo monstruoso.

- Não irá tocar nos meus queridos!! – uma voz dissera nos fundos.

A fumaça se dissipou e um homem com roupa social, olhos e cabelos em chamas e a pele verde apareceu. Sorrindo com dentes pontiagudos.

Quando ele apontou o cajado para eles, um jato de luz vermelha o atingiu fazendo-o recuar dois passos.

Ele se virara e viram Zoroasta e Atlas correndo ao encontro deles. Ela tinha uma expressão que Capí jurou que nunca viu na vida no rosto de uma pessoa tão calma e divertida como ela.

- Você de novo! Sua Velha! – ele gritou.

- Saiam da frente crianças! – Atlas gritou.

Eles obedeceram e ficaram atrás de Atlas. Capí tremia de medo. As histórias sobre Anhangá não eram boas.

- Nunca mais você irá tocar neles! – Zô falou. Ela vestia o mesmo manto lilás, mas a tiara não estava em sua cabeça cujos cabelos curtos brilhavam sob a luz do luar.

- Vou matar esses garotos para que nunca mais eu volte para aquela bola de cristal inútil, e depois vou matar vocês dois por estarem no meu caminho.

Atlas fez um movimento rápido com a varinha e a água do mar veio para cima do Anhangá como se ganhasse vida.  A água se formou em uma esfera enorme, prendendo-o. Mas ele se transformou em um tubarão e pulou para cima deles, saindo da esfera d’água.

Os Pixies se separaram em dois e Atlas e Zô desviaram do ataque.

O tubarão caiu de frente na areia da praia e pulou por duas vezes, sem ar, antes de se transformar em um dragão enorme. O dragão tinha o tamanho de um prédio de 20 andares.

O dragão rugiu alto. Alguns alunos começaram a sair do pátio para a praia assustados com o barulho. O dragão lançou chamas contra a escola.

Muitos alunos saíram correndo para a praia gritando, apavorados.

Antes que o dragão lançasse mais chamas, Zô fez outro movimento com a varinha e o fogo parou em algum tipo de parede invisível. Capí olhou para ela e viu gotas de suor escorrendo pelo rosto dela. Já era uma pessoa de idade avançada, mas era poderosa, ele pensou.

O dragão recuou e olhou para ela. Os olhos arderam em chamas e ele ficou mais uma vez envolto em fumaça roxa. Parou em frente á ela.

- Você quer um duelo? – ele perguntou.

Zoroasta nada disse, apenas o fitou com os olhos bondosos e brilhantes.

- Afaste-se dela. – Atlas rugiu.

Zô levantou a mão impedindo-o de se aproximar.

- Deixe Atlas! Eu posso cuidar dos meus queridinhos, sozinha.

- Mas Zoroasta!

- Não está ouvindo a velhota? – Anhangá falou.

- Ora, seu...

- O que está esperando Zô? – ele disse. Capí ficou pensando... Como ele sabia o nome dela? E porque a chamava de Zô como se fosse íntimo?

- Não vou duelar com você Anhangá! Sabe que não sou disso. – Zô falou calmamente.

- Ah não? – ele perguntou. – E por que não?

- Porque vou acabar com isso agora mesmo! Vou selá-lo na bola de cristal de uma vez por todas! – ela apontou a varinha para a bola de cristal quebrada e para surpresa de Capí ela não estava quebrada. Uma fraca luz azul incidiu sobre ela e se apagou.

- Desgraçada!! Vou acabar com você! – ele berrou. Seu corpo todo se acendeu em chamas e ele ergueu o cajado para um garoto de óculos, Erik, Capí lembrou o nome dele.

Agarrou-o, mas parecia que as chamas não pegavam fogo nele. Mas ele apertava o braço contra a garganta dele e o cajado tocava a sua têmpora.

- E agora Zô? Não vai me aprisionar? – ele soltou uma gargalhada horrivelmente assustadora que fez todos os alunos que estavam á volta se arrepiassem e recuassem um passo. A escola ardia em chamas e Capí pôde ver alguns professores usando suas varinhas para cessar o fogo. Seu pai com certeza estava no meio deles, mas não podia sair dali... Não... Ele não conseguia sair dali. Uma catástrofe estava para acontecer, se é que já não já estava acontecendo. O grande Mago Anhangá estava solto. O espírito de um Mago das Trevas que já existiu no Brasil.

Zoroasta não pensou duas vezes e baixou a varinha.

- Me dê isso! – ele ordenou, apontando para a bola de cristal na mão de Zô. – Me dê ou eu mato ele!

Erik se retorce em agonia. A ponta do cajado emitia uma fraca luz verde.

Zô estendeu a mão, mas recuou.

- Primeiro solte-o.

- Ele vacilou por um breve momento, mas soltou Erik, jogando-o para onde estavam os Pixies. Ele tropeçou e caiu nos braços de Viny.   

- Você está bem? – Viny perguntou.

- Sim! Só senti uma dor no pescoço. Uma dor horrível!

- Me deixe ver! – Viny falou. Capí se aproximou para olhar também e Viny passou a mão por cima de uma mancha vermelha.

- O que é isso?

- O que? – Erik perguntou, mas Capí desviou o olhar para as mãos de Anhangá que se apossava da bola de cristal.

Zoroasta lançou um feitiço, porém não foi rápido o bastante, pois Anhangá desviou com um movimento de seu cajado.

- Vou me vingar desse planeta e de todos os seres humanos que o deixaram imundo. Começando pelo local onde vivi! – ele rodopiou no ar e desapareceu. Antes de desaparecer por completo, Capí pode ver o ódio nos olhos em chamas dele.

Por um breve momento ficaram ali os Pixies, Atlas, Zô e alguns outros alunos que viram a partida do Anhangá.

- Professor! Diretora! – um garoto veio cambaleando. Os cabelos estavam queimados e o rosto sujo de fuligem. – Precisamos da ajuda de vocês! Os professores não estão conseguindo dar conta do fogo!

Como se despertassem de um transe, Zô ordenou aos alunos que mantivessem os outros o mais longe possível das chamas e em seguida chamou Atlas que correu para ajudar com o incêndio que adentrava mais a escola.

Os Pixies ficaram imóveis.

- Parece que criamos uma grande confusão. – Capí disse consigo mesmo.

- Não foi culpa de vocês! A culpa foi minha. – Índio falou com a cabeça baixa. – Não segurei direito a bola de cristal e também não prestei atenção no caminho.

- A culpa não foi sua, Índio! – Caimana falou. Nós vimos o Abelardo correndo atrás de você! A culpa é dele!

- Vamos ajudar os outros antes que não tenhamos mais escola. – Viny falou.

Eles correram e viram vários professores e alunos jogando jatos de água com a varinha. Capí ouviu o que um professor dizia e repetiu a palavra para os amigos.

- Pessoal, o feitiço é Movety!

Eles falaram e jatos de água saíram de suas varinhas também. Quando o fogo se extinguiu, deixando só uma fraca fumaça cinzenta subir eles pararam.

Sentaram-se na areia da praia e ficaram olhando o sol que nascia no horizonte. Zô veio na direção deles. Estava calma e com uma expressão serena. Abriu um largo sorriso e disse:

- Queridos, podem me acompanhar?

Eles caminharam pela praia na direção contrária da escola. No caminho Capí viu alguns alunos sendo instruídos pelos professores, pois iriam dormir fora já que a maioria dos dormitórios foi incendiada. Armaram várias barracas na areia da praia onde dormiriam um grupo de cinco pessoas.

As barracas eram enormes por dentro então não teriam com o que se preocuparem. Quanto ao espaço e o clima era sempre agradável, outro ponto positivo.

- O que faremos amanhã diretora? – Capí perguntou.

- Amanhã cuidaremos da restauração dos dormitórios e também das salas de aulas que foram atingidas. Os alunos ficaram algumas aulas sem lição amanhã! – e deu uma piscada para Viny, que retribuiu com um sorriso.

- E quanto ao Anhangá? – Índio perguntou. – O que posso fazer para concertar o meu erro?

- Logo veremos querido. – ela respondeu com um sorriso gentil.

Ela os levou pela praia e chegaram á parte que ligava á orla da floresta, onde os membros do conselho montaram uma barraca. Ela fez sinal para eles entrarem e eles obedeceram.

O lugar era enorme, como uma grande sala de museu, apesar das paredes serem de lona. Era dividida em cômodos, e na sala, havia dois sofás de quatro lugares e uma mesinha de centro.

Em um sofá estavam sentados Griô, Atlas e Rudji. Em algumas cadeiras parecidas com poltronas de reis, estava o conselho.

Zoroasta fez indicou o sofá vazio para eles se acomodarem e se sentaram Capí em uma ponta, Viny e Caimana no meio e Índio na outra ponta. Aguardaram um minuto até que Índio falou.

- E então?

- Eu lhe avisei garoto. Tu num mi iscutô! – Griô disse.

- Se você tivesse explicado talvez eu escutasse. – protestou Índio.

- Calma Índio, ficar nervoso não nos levará á nada. – Capí falou tentando acalmá-lo. Deu certo, pois Índio cruzou os braços e ficou quieto.

- Estamos aqui reunidos porque uma coisa muito grave aconteceu e vocês, crianças, presenciaram isso.

- Quem era aquele? – Viny perguntou.

- Ele é Anhangá! – Atlas respondeu. – O espírito de um mago de tempos antigos.

- Nem tão antigos assim, professô. – Griô interrompeu. – Anhangá existe desde os tempos onde os índios eram os únicos aqui no Brasil. – em sua cabeça apareceu um cocar.

- Ele era temido por algumas tribos. Mas era considerado como o Deus da Caça e do Campo, pois ele protegia os animais dos caçadores e ás vezes fazia trato com eles em troca de tabaco. – Zoroasta falou. – Ninguem sabe como ele surgiu, mas diziam que ele era um mago poderoso que protegia a natureza. Após sua morte ele ganhou poderes estranhos, como mudar a sua forma, vocês viram está noite.

- Sim, mas ele continua protegendo a natureza, apesar de usar meios nada bons. – Rudji falou.

- E como ele estava preso naquela Bola de Cristal? – Índio perguntou. – E porque me deram a tarefa de esconder naquele lugar?

- Meu querido, nós o escolhemos porque vimos em você algo de especial. E também porque a visão que tivemos sobre tudo isso que está acontecendo cita um garoto indígena. Achamos que fosse você.

- Isso não importa agora Zô. – Atlas falou.

- Tudo bem, mas e como ele foi preso? – Índio repetiu.

- Cinquenta anos atrás. – Zô começou a falar. - Eu fui escolhida por...

- Chega! Não estamos aqui para falarmos de fatos que aconteceram no passado! – Dalila falou alto.

- Eu preciso saber! – Índio se levantou. – Fui eu que levei aquele monstro. Fui eu que corri perigo e sou eu quem deve concertar o que fiz! Devo ao menos saber!

- Ora seu... – Dalila falou.

- Por favor Zô! – Capí também se levantou. – Conte o que houve á cinquenta anos! Nós precisamos saber!

- Como assim precisam saber? – Índio perguntou virando-se para ele.

- Nós iremos ajuda-lo é claro.

- Não, vocês não vão! – Índio relutou.

- Vamos sim! Estamos juntos nessa! – Caimana disse.

- Verdade! E, além disso, nós te atrapalhamos enquanto corria. Foi nossa culpa você ter tropeçado. – Viny disse.

- Pessoal... Eu...

- Tudo bem! – Dalila o cortou. – Conte logo para que possamos dormir!










                                           



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