A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 11
Capítulo XI - Índio


Notas iniciais do capítulo

Capítulo ESPECIAL para vocês Escarlatinos!! ^^ Esero que gostem, pois á partir de agora a coisa vai pegar fogo!! :-D



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XI

ÍNDIO

Índio chegou á sala do Rudji mais uma vez exausto. E quem não ficaria? Depois de subir um bom lance de escadas.

- Pessoal! Espero que estejam preparados, pois hoje faremos mais uma poção. Vou pedir mais uma vez que, em silêncio, formem grupos de quatro pessoas. Para que vocês não tenham muita dificuldade, mas não se acostumem!

Mais uma vez Índio se juntou a Caimana, Viny e Capí. O zelador apareceu á porta chamando Capí. Não entendeu. Talvez fosse levar bronca por ter feito algo. Não entendia como uma pessoa como o Capí vivia levando bronca.

- Foi mal pessoal, mas não vou poder ficar com vocês. – Ele passou pelo professor e saiu no encalço do zelador.

Mas o que chamou a atenção dele foi Viny acenando para alguém no fundo da sala. Quando ele olhou, viu Annie vindo na direção deles, toda feliz da vida.

- Mas que droga Viny! – ele falou baixinho antes dela chegar ao grupo.

- Venha fazer grupo com a gente! – Viny falou.

- Sério? – ela perguntou não acreditando no que acabara de ouvir. – Posso mesmo? – e olhou para Índio que tentou disfarçar olhando para os objetos estranhos ao redor da sala.

- Obrigada. – disse se sentando no lugar que Capí estava.

- Agora que os grupos já estão formados, quero que me digam. Alguém já ouviu falar no Chá de Sumiço?

Muitos alunos levantaram as mãos.

- Muito bem, muito bem. Me fale onde você já ouviu Erik.

Um garoto se levantou para falar. Tinha cabelos negros e a pele em tom moreno, mas um pouco claro. Usava óculos e ele estava sentado do lado de uma garota. Índio teve a impressão de que já tinha visto ela em algum lugar.

- Minha vó mora muito longe de casa e é muito raro visitarmos ela. Quando finalmente a gente vai na casa dela ela fala isso. – e imitou com voz engraçada. – “Meu fío, cêis tomaru chá de sumiço foi?”.

A sala caiu na risada. Até mesmo o professor ria com a mão na barriga.

- Essa foi boa Erik, muito boa! – e se recuperou das risadas. – Vocês entenderam o que a avó do Erik quis dizer? – ele perguntou em voz alta.

Muitos alunos fizeram que sim, mas alguns que não. Índio entendeu também, mas sabia que mesmo assim falaria para a classe.

- Carnem Levare, ou Chá de Sumiço como é conhecido, é usado para a pessoa sumir temporariamente. - alguns alunos se entreolharam. – E quando digo sumir, significa sumir mesmo. Vejam!

O professor foi até sua mesa e pegou um cilindro que borbulhava com uma cor esverdeada. Tomo o conteúdo em um gole só e de repente desapareceu na frente da sala.

- Meu Deus! Acho que o professor levou á sério demais o que eu disse. – Erik falou assustado.

- Será que ele morreu? - a menina do grupo dos Anjos falou.

Annie dava risadas abafadas. Índio não sabia o porquê, mas apostou tudo o que tinha de que ela sabia.

- E agora? – Viny perguntou para ele, que deu de ombros.

- Estão com medo? – A voz do professor disse perto de Índio que se assustou e levantou. Annie agora estava toda vermelha e lágrimas desciam dos seus olhos. As mãos sob a boca, sufocando as risadas.

Ele olhou para os lados, mas não sabia de onde vinha a voz.

- Alguém sabe o que aconteceu comigo? – ele perguntou.

A sala entrou em pânico. Erik começou a chorar nos ombros da menina ao lado falando “A culpa é minha. Eu não devia ter dito aquilo!”.

Annie levantou á mão.

- Esse é o efeito do Chá de Sumiço. Você fica invisível temporariamente. Calma Erik, ele não morreu. – Erik que estava aos soluços se acalmou.

- Isso mesmo Annie! Mas como seu efeito dura apenas cinco minutos, não se preocupem que vocês terão seu professor de volta.

As mãos deles começaram á ficar visíveis flutuando no ar.

- Não espero que consigam produzir a Carnem Levare hoje. Mas, quem sabe? Algum de vocês pode ter nascido para isso. – ele olhou para Annie que sorriu satisfeita. - Abram seus livros na página 246 e vamos ver quem consegue fazer desaparecer ao menos o dedo mindinho.

Os alunos começaram a abrir os livros. Annie foi rápida e já mandou Índio pegar os ingredientes. Ele não gostou nada de ela mandar nele, mas como ele sabia que ela era muito inteligente para fazer isso, obedeceu sem questionar.

Até que não era ruim ficar com ela no grupo. Ela explicava como deveria ser mexida a poção e por que. Após meia hora, o relógio do braço do professor que quase estava totalmente visível alertou o término do tempo.

- Vamos ver quem conseguiu fazer? – ele passou calmamente os quinze minutos finais da aula de grupo em grupo, parando no ultimo grupo. O deles.

- Vejo que a poção está perfeita Senhorita Annie! Parabéns! Vocês são sortudos de escolherem ela para o grupo. – ele disse falando para os outros.

- Como você sabe tanto assim? – Viny perguntou para ela.

- É que eu fui adotada por uma família azêmola, e o único contato que tive com alguma coisa que mais se aproximava de “magia” foi a ciência azêmola. Quando descobri que era bruxa, por parte de mãe biológica, acabei me apaixonando pela química bruxa.

- UAU! –Caimana falou. – Parabéns! Você é demais!

- Obrigada. – Ela falou se encolhendo. Olhou para Índio que não teve alternativa senão dizer.

- Eh... Parabéns!

Arrependeu-se no exato momento que viu os olhos dela brilharem intensamente e a boca abrir em um “O” cômico.

- O ÍNDIO ME AMA! – ela gritou. A sala toda olhou para ela e para um Índio totalmente vermelho e perplexo. Ela lhe agarrou pelo casaco e lascou-lhe um beijo na boca.

Viny e Caimana olharam a cena impressionados. Caimana com a mão na boca sufocando um riso.

Quando Annie soltou ele ela saiu correndo pela escada gritando.

- ELE ME AMA! ELE ME AMAAAAAAAAAA!

- E eu aqui na seca. – Erik disse com a cara emburrada.

Índio olhou para o professor suplicante.

- Faz todo mundo esquecer. Por favor. – a voz dele saiu quase como um chiado. Não podia deixar as pessoas lembrarem. Como ficaria sua reputação?

- Eu... – o professor olhou para a sala que ria muito e se voltou para Índio, ainda com expressão suplicante.

- Tudo bem, mas não digam á ninguém viu... Crianças. – a ultima palavra ele disse mais para si mesmo.

- Gbabe Akangatu! – Rudji acenou com a varinha para todos os alunos na sala, até mesmo Índio, Caimana e Viny. Todos se esqueceram do que acontecera nos últimos cinco minutos.

Alguns ficaram tontos. Perguntando o que aconteceu.

- Fica me devendo essa hein! – o professor falou para Índio, mas ele não entendeu. Deve o quê? Olhou para o lado e Annie não estava mais ali.

- Cadê a Annie?

- Se soubesse ficaria feliz de ela não estar aqui! Agora vão para a próxima aula!

Antes que eles saíssem da sala, uma velha com uma verruga na ponta do nariz os parou. Pelo jeito estava muito nervosa.

- Acharam que eu não ia perceber? – ela resmungou.

Eles foram levados para a Biblioteca no mesmo instante. E não iriam para aula alguma se não terminassem ao menos o que haviam deixado pela metade.

Eles ficaram em corredores separados uns dos outros. E após limparem vários livros, Índio viu uma pessoa passando pelo corredor detrás do que ele estava. Achou estranho, pois já era noite e todos os alunos estavam dormindo.

Ele verificou até o corredor de onde poderia ver os andares debaixo. Nada.

Quando se voltou para continuar a limpeza dos livros levou um susto imenso que quase o fez gritar, mas se segurou.

Erik apareceu na sua frente repentinamente, com o óculos refletindo a luz. Ao seu lado estava a mesma menina que o consolava, quando ele achou que matara o professor.

- Quem são vocês? – ele perguntou. Mas a pergunta estava direcionada para a garota, já que sabia que o garoto era Erik.

- Eu sou Erik. Lembra? Da aula do Rudji hoje! E essa é minha irmã Alicia. – ela acenou um “oi”.

- E o que estão fazendo aqui? Vão para os dormitórios.

- Nós dormimos aqui. – Alicia disse.

- O quê? – ele perguntou. Agora entendia. A garota que pensara ser uma ilusão e que havia visto alguns dias antes era ela.

- É que somos apaixonados por livros. – ele começou.

- Aí quando descobrimos esse paraíso... – ela disse e os dois falaram juntos em seguida.

-... Decidimos viver aqui!

Isso não é normal, pensou Índio. Caimana e Viny vieram pegar panos com Índio e os viram aqui. Explicaram para eles que decidiram ficar ali por causa de sua paixão pelos livros.

- Uau! Demais! – disse Viny.

- Não, não é! – Índio cortou. – Temos que limpar três prateleiras ainda.

- Nós podemos ajudar! – Erik e Alicia disseram juntos. Eles falavam como se fossem gêmeos e liam os pensamentos um do outro.

- Não, se nos pegarem com vocês ajudando estamos ferrados. – ele disse.

- Mas vocês podem se divertir enquanto limpam ou coisa do tipo. – Alicia disse.

- Como? – Viny perguntou. – Porque isso aqui não é nada divertido.

- É simples. A cada livro que vocês pegarem, dê uma olhada nele!

Índio fechou a cara pra ela.

- Tá de brincadeira comigo! Aff! – Ele abriu o livro que estava nas mãos e leu.

Goitacá: Faz o alvo não conseguir se equilibrar, como se cascas de banana estivessem presas aos seus pés.

Seria engraçado, pensou. Os Pixies se separaram para os outros corredores.

PUFF. O negro de vestes africanas apareceu ao lado de Índio que, impressionantemente, não se assustou com a súbita aparição do gênio. A fumaça ao redor dele era a mesma fumaça verde.

- Ocê ainda num mudo di lugá!

- Já falei que está seguro! – ele retorquiu.

- É milor ocê mi iscutá!

Índio vacilou enquanto limpava um pesado livro.

- Um aviso vô ti dá! Eles sabem! – Índio olhou estupefato para ele. – Eles sabe i vão querê robá!

- Quem sabe? Quando ele vai roubar?

- O destino do mundo tá nas tuas mãos!

- O que? Quem é...

PUFF. Ele desapareceu em fumaça verde que subiu e se dissipou.

- Amanhã nós fazemos isso! – ele ouviu Caimana falar. Ela estava vindo para o seu corredor junto dos outros. – Já estamos quase terminando e eu quero ir dormir.

- O que foi Índio? – Viny perguntou. – Parece que viu fantasma!

- Não é nada! Vamos acabar logo com isso.

Após mais meia hora, ele conseguiram terminar de limpar os livros com a ajuda de Erik e Alicia, apesar dos protestos de Capí e Índio.

Capí olhou no relógio e exclamou.

- Nossa! Já são meia noite e meia.

- Vamos dormir. – Viny falou.

- Não, primeiro vamos guardar isso. – ela mostrou os panos e balde de poção de limpeza.

Foi a brecha que Índio precisava.

- Eu vou terminar aqui. Vão à minha frente.

- Tudo bem, mas anda logo hein! – Viny falou.

Índio não pensou duas vezes. Largou seu pano e frasco de poção de Limpeza no chão e saiu correndo para a floresta, descendo pelas escadas e passando pelo pátio.

Chegou à clareira e se lembrou de que não saberia qual era o caminho sem ajuda.

- Ai, ai, ai... – ele ouviu. Reconhecia aquela voz de algum lugar.

- Dói, dói muito... – outra voz falou.  Sabia exatamente quem eram.

Ele se virou e deparou-se com Mandy e Óka. Mas eles estavam machucados. Era possível ver alguns arranhões neles e um líquido roxo, que ele supôs ser “sangue”.

- O que houve com vocês?

- Uns garotos nos baterão. Garotos muito malvados. – disse Óka com dor na voz.

- Se eles fossem do meu tamanho iam ver só! – resmungou Mandy.

- Escutem, vocês precisam me levar até onde está aquele negócio que escondi. É urgente, alguém vai querer roubá-lo.

Mandy e Óka se olharam.

- Vamos rápido! – eles correram. Índio foi atrás deles, mas desta vez acendeu a ponta da varinha. Eles não reclamaram.

Após entrarem cada vez mais pela floresta eles chegaram á caverna onde Índio escondeu a esfera.

Abelardo e seus comparsas estavam lá. Quando iam tocar na esfera, Índio gritou.

- Não toque nela! – os Anjos olharam para ele.

- Ora, ora! Se não é um dos Pixies! – disse Abelardo.

Como ele sabia sobre os Pixies?

- Pois é. As notícias voam.

- O que estão fazendo aqui? – ele ignorou o que Abelardo disse.

- Nós ficamos curiosos com o que você andava fazendo na floresta e decidimos vir ver pessoalmente o que era. – Os outros Anjos empunhavam suas varinhas como espadas e Índio preveu o momento em que empunharia a sua e duelaria com todos eles.

- Não podem vir aqui! É proibido! – ele falou com raiva na voz. – E perigoso também.

- Se fosse você não estaria aqui.

- Como chegaram aqui? O caminho é longo e só...

- Aquelas plantas estúpidas nos trouxeram. – ele cortou Índio. – Tivemos que força-las á nos trazer aqui, depois fugiram. Mas não tem problema,  nosso amigo aqui – ele apontou com a cabeça um garoto gordinho. – ele sabe como encontrar o caminho na mata. Viajava com os pais para lugares bem piores.

- Não estou interessado no que vocês fazem. Deem-me a esfera.

Abelardo havia pegado a bola de cristal e rolava entre as mãos.

- Ataquem! – Abelardo gritou de repente. Índio pegou avarinha das veste num movimento ágil e jogou três feitiços contra os Anjos, correndo ao mesmo tempo para desviar dos feitiços que jogaram.

Abelardo ficou sozinho. Os outros três correram e sobraram apenas ele e Abelardo que estava apavorado.

- O que foi Abel? – Índio zombou. – Seus amiguinhos o deixaram?

- Cala a boca! – e jogou um jato verde nele que desviou pulando para o lado.

- Goitacá! – gritou após se lembrar do feitiço do livro.

Abelardo perdeu o desequilíbrio e começou á escorregar como se estivesse dançando. A bola de Cristal escapou de suas mãos e Índio o ouviu cair. Correu para pegar a bola e conseguiu. Agora Abelardo o encarava com muita raiva.

Saiu correndo pela caverna e viu Mandy e Óka lá parados.

- Rápido! Levem-me de volta!

Eles correram na frente e Índio os seguiu. Percebeu que Abelardo vinha logo atrás correndo também. Começou a jogar feitiço no Índio, mas como estavam dentro de uma floresta o feitiço batia nas árvores.

Quando finalmente chegaram á clareira, as plantas indefesas se esconderam e deixaram Índio por si só.

- Índio! Onde você estava? – ele ouviu alguém gritar. Mas não deu atenção, tinha que fugir e se esconder do Abelardo. Já chegava á praia quando ouviu alguém gritar.

- Índio! Espere!

Ele olhou para o lado e se deparou com Viny, Capí e Caimana correndo na direção dele. Arrependeu-se muito de ter desviado os olhos do caminho, pois tropeçou em algo e caiu no chão. A cena ocorreu em câmera lenta para ele. A bola de Cristal se soltou de sua mão e voou á dois metros de altura, se espatifando no chão.

Uma fumaça grande e roxa se ergue cada vez maior de dentro da bola de cristal quebrada. Uma risada horrível ecoou pela praia e a fumaça começou á ganhar forma. Cada vez maior.

Caimana estava ajudando ele á levantar. A fumaça virou uma criatura estranha. Chifres enormes na cabeça, olhos vermelhos e brilhantes, dentes afiados e a pele de um verde bem escuro. Asas enormes de morcego tomaram forma e se abriram. Seu corpo tinha muitos músculos.

Parecia um gênio, pois a parte debaixo era apenas fumaça roxa.

- Quem me libertou? Foram vocês crianças. – Ele se agachou e índio sentiu o sangue congelar de medo. Medo não, pavor! Imaginou que seus amigos também, pois eles não disseram uma única palavra. – ótimo! Vou mata-los aqui e agora!

Ele materializou um enorme cajado.

Estamos mortos. Índio pensou, mas ainda não, pois alguém gritou á suas costas.


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