A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 13
Capítulo XIII - Viny Y-Piranga




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XIII

VINY Y-PIRANGA


Viny estava inquieto. Sabia que ainda se arrependeria de se oferecer para ajudar Índio, mas ele era seu amigo. Não o deixaria correr perigo sozinho em uma busca por um espírito do mal.

- Bem... Como eu dizia, á cinquenta anos atrás, eu fui escolhida por uma visão de um grupo de indígenas, que hoje está extinta, para selar o espírito de Anhangá.

- E porque escolheram a senhora? – Viny perguntou.

- Dizia a visão, que eu era uma jovem bruxa poderosa.

- E os índios acreditavam em bruxaria? – Caimana perguntou.

- De início não, mas como viram na visão que apenas uma bruxa poderia selar o espírito do Anhangá, eles acabaram cedendo.

- Nos tempos antigos os índio achava que bruxo era coisa do demônio. – disse Griô. – Foi difícil eles se juntarem aos bruxos nossa causa.

- Mas se você disse que ele era considerado um Deus porque protegia a natureza, porque queriam aprisiona-lo?

- Antigamente ser Mago ou Bruxo era uma coisa do Diabo, do demônio. Além disso ele gostava de fazer o mal não só aos caçadores, mas também aos Índio que caçavam os animas para sobreviverem. – falou Zô.

- E porque seria você á aprisiona-lo? – Índio perguntou.

- Houve boatos de que, antes mesmo de eu nascer Anhangá foi preso sem intenção em uma Bola de Cristal mágica, a mesma que quebrou hoje na praia. – ela disse olhando para cada um deles. – Porém, depois de alguns anos, eu tinha mais ou menos a idade de vocês, meu pai o libertou sem querer e acabou morrendo nas mãos de Anhangá. – ela parou um momento e fitou as mãos com rugas. O sorriso dela vacilou e ela afastou uma lágrima que começou a descer pelo seu rosto.

Todos na sala ficaram em silêncio e Viny ficou desconcertado. Ela era uma senhora tão alegre que a fazia parecer uma jovem, mas naquele momento ela parecia ter mais que cem anos.

- Uma morte horrível. – ela disse. – Então ela ergueu a cabeça e mostrou o sorriso mais belo que Viny já vira em alguém, apesar da idade de Zô.

- Dizia a lenda – ela continuou. – Que o único que pode aprisiona-lo novamente é aquele que o libertou. E como meu pai havia morrido, a tarefa ficou para mim e foi isso que a visão disse quando os índios vieram á minha procura.

- E agora eu devo ir? – Índio perguntou com a voz embargada.

- E quanto á nós? – Viny perguntou. Eles tinham que ajuda-lo de alguma forma. – Temos de ir também!

- Vocês não ouviram o que ela disse? – Índio falou. – Apenas a pessoa que quebrou pode fazer isso! Vocês não quebraram a Bola de Cristal.

- Mas ele acha que sim! – Caimana interviu. – Lembra o que ele falou sobre nós? Que mataria á todos? Ele acha que fomos nós quatro que o libertamos. Todos nós iremos juntos.

- Receio que nenhum de vocês irão á essa jornada queridinhos.

Viny olhou para Zô e os outros fizeram o mesmo.

- Como assim não iremos? – perguntaram em uníssono.

- Não vou deixar meus alunos correrem risco de vida. – ela disse. – Eu lhe dei a tarefa de guardar a Bola de Cristal na caverna. Nada mais óbvio que eu deva aprisiona-lo novamente.

- Não! A senhora não pode fazer isso Zô! – Atlas falou.

- Ele tá certo diretora. Tu num pódi ir no lugar da pessoa. – Griô disse.

- Apenas eles devem ir! – Rudji interrompeu.

- Não! A minha decisão é essa e ponto final. Agora vão para suas barracas.

- Não podemos mudar as visão Zoroasta. – Griô falou. – Si num deixa eles ir, eles irão sozinhos. E será pior.

- Sei o que estou fazendo querido gênio! – ela sorriu.

- Mas diretora... – Atlas tentou falar, mas ela levantou a mão para silenciá-lo.

- Já disse que está é minha decisão.

- Só espero que nós não soframos com sua escolha Zoroasta. – Dalila falou. O conselho continuava em absoluto silencio, como se eles não fossem ninguém ali.

Viny viu que Índio ficou quieto. Sabia que ele estava planejando algo. Mas não teve tempo para perguntar. A diretora os mandou para suas barracas.

No caminho eles continuaram em silêncio, até que Viny não aguentou e perguntou.

- E agora? Temos que fazer alguma coisa!

- Não iremos fazer nada. Eu irei fazer! – Índio respondeu.

- Nada disso queridinho. Nós iremos com você.

- Parecia a Zô falando “queridinho”. – Viny disse.

Capí soltou uma risada.

- Acho que a bondade dela contagia. – e riu. Índio continuou sério.

- Vamos lá índio. Nós queremos te ajudar.

- Mas eu não quero a ajuda de vocês! – protestou.

Estavam chegando à parte da praia onde muitas barracas ocupavam um grande espaço, como um enorme acampamento.

- Tudo bem. – Caimana falou dando uma piscada para Viny. Ele não entendeu direito. – Nós não iremos com você, mas vai precisar saber o que fazer! Não pode simplesmente ir para São Paulo.

- Como assim? – Viny perguntou.

- Amanhã discutimos isso! – Caimana disse. – Boa noite pra vocês!

E saiu para uma barraca de garotas. Algumas emitiam luzes por detrás da lona. Índio se afastou e entrou em uma barraca da direita. Viny entrou na da esquerda e Capí disse que iria para casa. Viny ficou pensando, onde aquele menino mora?

O céu estava lindo, cheio de constelações brilhando. Ele entrou na barraca e viu que era como a que tiveram a reunião á alguns momentos atrás. Dividida em vários cômodos. Só não havia cozinha. No beliche um garoto bonito dormia na parte de cima, a parte debaixo estava desocupada.

No outro beliche um garoto dormia com a boca aberta. Uma baba escorria pelo pescoço.

- Eca!

Agradeceu á Deus por ter que dormir no beliche do garoto bonito. Ao menos ele não babava.


* * *


Viny acordou na outra manhã com o Sol que passava pela brecha da lona da barraca, que chegava até seu rosto. Ele se levantou ainda sonolento e foi para o refeitório tomar café da manhã.

Caimana e os outros estavam lá á espera em uma das muitas mesas. Muitos alunos tinham a expressão tensa. O que era compreensível, já que o que aconteceu na noite anterior foi terrível.

Ele se juntou aos Pixies e se espantou pelo café aparentemente normal. Pão, bolo e café com leite.

Todos estavam tristes e falavam sobre alguns alunos estarem machucados.

- Quase que o fogo chegou à biblioteca! - Sorte que fizemos uma proteção anti-chamas.

 – Viny ouviu Erik falar com um garoto de cadeira de rodas chamado Lucas.

- Caramba! – ele comentou. E olhou para Viny. – Viny, hoje ás 16:00 horas OK?

- Hã... – Viny falou. Não entendeu direito, mas devolveu a piscada com um sorriso.

- Coitada da Julia! Ela estava passando bem onde aconteceu o acidente. Sorte que não foi nada grave e ela está bem agora. – ele viu Annie comentar com outra garota enquanto passavam com suas bandejas com café da manhã.

- Caramba! Não sabia que pessoas haviam se machucado ontem á noite. – Viny comentou.

- Pois é. – disse Capí. – Espero que estejam bem. – Nesse momento o zelador a apareceu e Capí teve que sair.

- Onde ele sempre vai?

- Ajudar o pai dele é claro! Aquele homem cruel que só sabe aproveitar do coitado. – Caimana falou.

- Quem? – Viny perguntou.

- O zelador é claro. Fausto! Não sabia? Ele é pai do Capí!

- Você tá querendo dizer que aquele homem é pai do Capí? – Viny perguntou. – Não é possível! O Capí é tão legal!

- Pra você ver. Ele sempre está ajudando ele e os professores.

- Que injustiça. – um ódio cresceu dentro de Viny.

Ele olhou chateado para as pessoas do refeitório. Apenas alguns professores estavam á mesa. E o conselho estava lá, apesar do que aconteceu na noite passada, isso aumentou ainda mais a raiva que Viny sentia. O conselho, principalmente Dalila agiam como se nada houvesse acontecido.

- Eles merecem uma boa lição, para saberem que não somos zé-ninguéns.

- Do que está falando? – Caimana perguntou.

- Observem isso. – ele pegou a bandeja de bolo e subiu na mesa. – Ei pessoal! – ele gritou para todos no refeitório. Os alunos pararam seus copos á caminho da boca e alguns, que estavam de pé pararam e o fitaram.

O conselho fulminou Viny com o olhar e ele esboçou um sorriso. Não dava a mínima para o que aqueles velhos pensavam.

- O que aconteceu ontem foi terrível, eu sei. Mas não vamos manter as cabeças baixas por isso né!

Alguns se entreolharam sorrindo um pouco e dizendo alguns “É verdade.”.

- Aqueles que deviam ter ajudado, não moveram uma palha! – ele apontou para os membros do Conselho. Dalila se pôs de pé.

- O que pensa que está fazendo garoto?

Ele não deu ouvido.

- Vamos nos divertir um pouco? Mostrar para eles que não precisamos da ajuda deles e que assim nós nos divertimos mais.

- Viny, isso não faz sentido. – Caimana cochichou.

Ele não deu ouvido para o que ela havia dito também e tacou a bandeja de bolo no ar. O bolo acertou, em cheio a cara de Erik que protestou.

- Ei! – ele pegou um pudim roxo da mesa que estava e jogou na direção de Viny.

Porém, Viny foi rápido e se agachou bem na hora que o pudim se aproximava. O pudim acertou Índio, e de repente Annie apareceu e gritou:

- Meu namorado não!

Índio nem se importou com Annie gritando que ele era namorado dela. Estava bravo com o pudim que lhe acertaram e, juntos, ele e Annie atiraram café da manhã acertando outros tantos alunos. A bagunça foi geral.

Em meio aos alimentos jogados de um lado para o outro, o Conselho gritava para parar até que Viny tacou uma torta na cara de Dalila que saiu enfurecida se protegendo contra eventuais ataques de café da manhã.

Em meio á guerra de comida, eles saíram do refeitório agachados e deixaram as risadas e protestos para trás.

- Você está maluco? – Capí disse encontrando eles na praia. – Vi o que aconteceu. Um garoto me disse que você que começou tudo. Tem noção da encrenca em que se meteu?

- Tenho. – Viny respondeu.

Eles se olharam por um momento e logo os quatro davam ótimas gargalhadas. Até índio, que estava muito sério nas ultimas horas, se desatou á rir. Quando as risadas cessaram Caimana falou.

- Acho que está na hora de bolarmos um plano para irmos... – índio lançou um olhar reprovador para Caimana que mudou o que iria falar. - Digo, para o Índio ir atrás de Anhangá!

- Tem razão. – Capí disse. – No que está pensando?

- Não sei ainda, mas será difícil índio chegar até São Paulo.

- Como assim? – Viny perguntou.

- Não falei antes? – ela perguntou.

Eles negaram com a cabeça.

- No dia em que estávamos na biblioteca, eu encontrei a tal de Alicia, irmã do Erik, me disse para dar uma olhada nos livros enquanto os limpava.

- E daí?

- E daí, que achei um livro que falava sobre a lenda do Anhangá.

Eles se entreolharam.

- Você gosta de ler livros? – Viny perguntou rindo disse.

- Bom, eu não sou Nerd! Mas eu li... achei interessante. Enfim, no livro dizia que a origem do nome do Rio em São Paulo é o nome do Anhangá!

- E que rio é esse? – Índio perguntou.

- O Rio Anhangabaú.












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