O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 83
De volta ao mundo real pela última vez




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Engoli em seco.

–Pensava que tinha lhe perdido de verdade. Ele falou com a respiração abafada.

–Pai, precisamos sair daqui por um tempo...

Ele revirou os olhos.

–Filha, você tem que se aprontar, vamos. Ele me empurrou para dentro de casa.

–Uma pedra? Ele perguntou tirando o objeto da minha mão.

–É... é um presente. Respondi.

–É uma pedra tão comum, tão sem graça, quem lhe daria um presente tão...

–Pai, quantas vezes terei que repetir que é importante para mim?

–E quantas vezes lhe direi para não sair de casa e passar semanas fora sem me contar?

Prendi o ar em minhas bochechas.

–Vamos, eu preciso visitar a vovó e...

–Depois do casamento, tudo bem? Ele perguntou devolvendo a pedra.

–Não pai, temos que ir agora.

Ele revirou os olhos.

–Julie, estou realmente tentando ser melhor, mas você não ajuda.

Senti minha face ficar vermelha.

–Seria muito melhor se ouvisse e acreditasse em mim.

Ele deu de ombros.

–Você vai abrir o jogo ou não? Ele perguntou.

–O que quer dizer?

–Não gosta da Lorraine, tudo bem, mas me impedir de ir no nosso casamento, eu realmente não achava que era capaz de fazer isso.

Revirei os olhos.

–Olha, eu realmente não queria fazer isso, mas se não entrar naquele carro com a Lorraine e o Henrique eu vou lhe mostrar meus novos golpes de nocaute.

Ele deu de ombros.

–É sério. Respondi séria.

Ele riu.

–Por favor pai. O segui enquanto ele se aproximava do espelho e admirava sua imagem.

–Eu vou passar a lhe ignorar agora.

Segurei o ar nas minhas bochechas e o soltei rapidamente.

–Não tem mais nada para fazer? Ele perguntou saindo do quarto e desligando a luz comigo ali dentro.

Não, não me incomodei.

Não mudou o ambiente dentro de mim.

Engoli em seco.

–Isso não vai acontecer.

–Como sempre você diz que algo não vai acontecer e cabum! acontece. Mariana falou sentada no teto.

Me assustei ao vê-la.

–Onde está o Felipe?

Ela riu.

–Em breve num lugar pior.

Revirei os olhos.

–Começou Julie, o começo do seu fim. Ela falou sorrindo.

Não me intimidei.

–Mariana, diga-me, antes do Destino lhe acolher, você estava morrendo... afogada?

Sua imagem começou a clarear como se ela tivesse virado um fantasma, mas logo voltou ao normal e seus olhos mortos e penetrantes se aproximaram dos meus.

–E daí? eu não tenho medo mais de água. Ela respondeu fazendo uma careta.

–Claro que você não tem... mas e se de repente essa linda energia que está à sua volta... puf.. acabar!

Ela tentou não estremecer.

–Você sabe, não sabe? aqui a energia acaba rapidinho. Respondi vendo o quanto aquilo à afetava.

–E daí?

–Daí. - Fiz uma pausa - que eu simplesmente adoro a ideia de te jogar na piscina. Respondi rindo.

Ela sumiu.

Saí correndo de casa, eu precisava dar um jeito nas coisas, imediatamente.

Respirei fundo e toquei a campainha da casa do Mike.

Mike se apoiou no batente da porta e parou de fazer algumas anotações quando resolveu me encarar.

–Julie! Ele sorriu.

–Oi, preciso te falar uma coisa. Me perguntei se mesmo usando fone de ouvidos ele estava me ouvindo.

Ele fez uma careta.

–Pode entrar.

Sorri.

–É o seguinte, eu preciso fazer com que todas as pessoas do bairro saiam daqui por quê tudo isso vai... Parei de falar quando reparei que ele não estava prestando atenção.

–Que foi? ele perguntou revirando os olhos alguns segundos depois.

–Mike, está me ouvindo? Perguntei apontando para os fones.

Ele riu.

–Eu não estou ouvindo musica. Ele respondeu sorrindo.

Fiz uma careta.

–Por quê está com fones se não os usa?

Ele fez uma careta e deu de ombros.

–Enfim, precisamos convencer as pessoas daqui, vai tudo explodir!

Ele suspirou.

–Como? como vamos fazer isso?

Pensei um pouco.

–Meu pai não acredita em mim, vão todos morrer. Falei olhando para o chão.

Ele inclinou a cabeça para encontrar meus olhos.

–Quer saber, não importa como.

Sorri.

–E se tiver somente um minuto entre tudo isso eu queria lhe dizer que eu já sei que o Felipe me enganou e eu repito que eu ainda amo você e que...

Sorri.

–Eu também, mas em meio de tudo isso acho que... espera! sua pistola!

Ele sorriu.

–Brilhante!

Sorri.

–Você já a acabou? perguntei brincando com os dedos.

Ele fez que sim animado.

–Mike isso é ótimo! Falei abraçando-o.

Ele riu.

–Só que ainda não a testei e...

–Quanto tempo você irá demorar para testa-la?

Ele suspirou.

–Eu... não a acabaria hoje...

Mordi o lábio.

–Então teremos que tentar sem testar.

Ele fez que sim.

–Só precisamos estar no lugar exato das bombas. Falei distante.

Ele concordou.

–Julie... talvez eu deva fazer isso sozinho.

–Por quê? perguntei.

Ele sorriu.

–O Felipe passou e falou o lugar exato das bombas, ele disse que você não deveria ir...

Fechei os olhos, escuridão total, ótimo...

Senti meu coração batendo com força.

Sempre começo a chorar nesta parte... nem quando a conto consigo evitar sentir algo me perfurando, perfurando minha alma...

Sim, perfuro, olhei me ante braço.

–Mike, tenho um plano ainda melhor, vamos para o casamento.

–Mistérios de protagonista. Ele falou revirando os olhos e descendo as escadas.

Ri.

Corri até minha casa e tomei um banho rápido e coloquei o vestido que Lorraine havia deixado em cima da minha cama.

Você consegue, Julie.

–Afinal, a Julieta morre no final. Mariana falou enquanto eu escovava meu cabelo.

Revirei os olhos.

–Não sei o que planeja, mas vai dar muito errado.

–Por quê se importa? Perguntei dando de ombros.

Ela riu.

–Por que você é tão burra que eu tenho pena de você.

Revirei os olhos.

–Está pronta? Lorraine perguntou abrindo a porta.

Suspirei.

Lorraine entrou e se sentou na cama da Letícia.

Senti seu olhar pesar sobre mim.

Ela suspirou.

–Eu sinto muito... Falei me aproximando dela.

Mike tinha razão não era a Lorraine, era um fantasma, parecido com o tom de pele de Felipe e os olhos que mesmo cor de mel pareciam cair no abismo.

A abracei.

Ela se assustou, mas logo fez carinho na minha cabeça.

–Eu estou totalmente sozinha.

Suspirei.

–Não está sozinha, tem meu pai e eu. Respondi me afastando dela e calçando os sapatos.

–Não quero ir para o casamento.

–Vai desistir? perguntei intrigada.

Ela não levantou o olhar.

–Sabe... quando a minha amiga morreu eu realmente fiquei abalada, mas você não pode ficar triste por algo que não pode prevenir.

Ela não respondeu.

–Vai deixar de cumprir seus sonhos? Perguntei esperando que ela levantasse o olhar.

Ela suspirou.

–Tem razão... encontrei outras razões para ser feliz, obrigada. Ela correu para o quarto dela.

Saí de casa e olhei o quintal, tudo decorado com orquídeas brancas, algumas cadeiras da mesma cor e o pequeno coreto arrumado.

Respirei fundo.

O por do sol já começará.

Tem que dar certo Julie, precisa mesmo.


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