O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 35
Trabalho de Ciências




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Entramos na escola, como normalmente, juntos, mas não realmente juntos como eu gostaria que fosse... Talvez em algum momento da minha existência eu deveria admitir.. admitir que ele é a pessoa que me faz sentir bem só de saber que ele existe... Mas e se... não, minha mãe sempre disse que ‘e se...’ não é um jeito de pensar temos que pensar estreito, temos que agir, talvez eu só não tenha certeza das coisas ainda, acho que ainda preciso de tempo.

–E se não houver muito tempo? ouvi uma voz falar perto de mim.

Virei- me para procurar a pessoa que invadiu minha mente, mas não vi ninguém só Mike andando e olhando para o teto.

Voltei para meus pensamentos tentando pensar no que aconteceria caso eu falasse pro Mike que gostava dele. Caos e destruicao da minha amizade de mais de 10 anos.

Passamos pelo corredor, como sempre, mas quando abrimos a porta não fomos recepcionados com um abraço ou um olhar engraçado da Laura, o que me fez ficar mais triste e me encolher no meu casaco ao notar que os outros tambem ja esavam sentindo faltad da Laura.

E como normalmente, quando entramos na sala, o Mike vai por um lado e eu vou para o outro, mas sempre nos encontramos no mesmo lugar no final. Afinal, ele senta na minha frente.

–Hey, Julie! falou Felipe que parecia estar com um humor melhor que ontem.

–Oi, Felipe. cumprimentei sem esboçar qualquer sentimento além de tristeza e perfeito desanimo.

–Não fique triste, Julie. falou Felipe me surpreendendo com uma mao em cima dos meus ombros me puxando para um abraco.

–Oi, Julie, sua perna melhorou? Perguntou Amanda se aproximando de mim depois que Felipe me soltou.

–Sim, eu tirei o gesso na Sexta. Falei como se ela não soubesse e como se eu não suspeitasse que Amanda estava gostando do Felipe e até isso passar ela ia ficar me seguindo e me perturbando para estar próxima dele.

–Que bom. ela falou como se realmente estivesse feliz por mim.

Mike e eu ficamos nos encarando para passar a mensagem de ‘longo dia a frente’ ‘com toda certeza’.

–Então, cadê a Laura? ela perguntou piscando de um jeito muito irritante para parecer meiga.

Nos três ficamos nos entreolhando esperando que alguém bolasse a melhor resposta.

–Ela está... está de férias. Eu respondi rapido demais quando lembrei de um filme qualquer.

Amanda pensou um pouco.

–Mas ainda estamos em Outubro. Ela respondeu.

–A Laura mudou de escola. respondeu Mike.

–Sério, qual? Perguntou Amanda pouco interessada.

–É em outro país, você não iria saber onde fica. falei.

–Claro que saberia.- Â Falou Amanda desta vez mais interessada em se defender. - Eu já fui para os Estados Unidos. Então ela ajeitou o cabelo castanho claro que estava com uma mecha roxa, deu meia volta e foi embora. Felipe acompanhou Amanda com o olhar até ela chegar no seu grupo de amigas.

A professora entrou e Felipe foi sentar do outro lado da sala.

–Bom dia! ela falou tentando alegrar a sala com cara de ‘não perturbe, estou tentando dormir’.

Michael deitou a cabeca na carteira e encarou a lousa, pelo jeito ele não dormiu muito de noite. A verdade é que estavamos todos afetados, até mesmo Felipe que parecia uma parede que nada atingia, ele sempre ficava com aquele rosto de “Sou perfeito, não sinto nada”.

–Hoje temos muitas coisas para ajeitar. a Professora falou escrevendo ‘Feira de ciências’ na lousa.

Eu olhei para o ventilador entediada e com certeza de que meu amigo imaginario tinha sumido para sempre. Michael se virou e sorriu pra mim, então eu voltei a prestar atenção no que a professora falava e gestículava na frente da sala.

–Quero que façam grupos para fazerem um trabalho sobre o nosso tema este ano ‘Coisas que mudariam o mundo’... duplas ou trios.

–Laura. Murmurei.

Mike se virou e me encarou, depois concordou e segurou minha mão, sorri diante do gesto, mas ele não viu porque voltou a encarar a professora enquanto segurava minha mão embaixo da mesa.

–Então? Como serão os grupos? A professora perguntou ansiosa.

Todos os alunos começaram a conversar, eu não precisava, desde sempre eu e o Mike fazemos juntos... Mike, Laura e eu...

– Ja decidiram? A professora perguntou para sala e eu senti a mão de Michael apertar a minha com mais força.

Então Mike se virou.

–Só nos dois. Ele determinou.

Pensei por um instante que aquilo fazia sentido, mas depois me virei para encarar o lugar vazio de Laura e Felipe me encarava ansioso.

Mordi o lábio.

–Mike, não, o Felipe vai fazer o trabalho conosco.

Mike fez que não.

–Julie, não vai dar certo, sabe que não nos damos bem.

–Por que não querem, vocês dois são meus melhores...

–Só por quê somos seus melhores – Ele parou um minuto e franziu a testa, depois me encarou e voltou a falar – amigos não quer dizer que temos que nos dar bem.

–Podiam se respeitar. Falei tentando pensar no que falaria para Felipe.

–Julie, é sério, coloque a Amanda no nosso grupo, pode colocar até Destino, mas o Felipe não.

O encarei incrédula.

– Qual seu problema com ele?

– Ele é um idiota – Michael olhou entediado para outro lado – Eu... eu só estou pedindo... por favor, não o coloque no nosso grupo.

Mordi o lábio e concordei. Michael antou nossos nomes num papel e passou para trás.

~~~~~~~///~~~~~~~~~

Felipe parecia um pouco chateado já que ele queria fazer conosco, mas acredito que não seria bom o Mike, ele e eu na mesma casa fazendo o mesmo trabalho (eles iriam discutir muito), mas não falta gente que não queira fazer com ele, por exemplo a Amanda e as amiguinhas dela que vão fazer varios trios, mas vão se reunir na mesma casa e fazer um trabalho complementar o outro ou os outro 14 meninos da sala.

–Vamos começar hoje? perguntou Mike virando- se para falar comigo.

–Pode ser. Respondi coçando a cabeça incerta.

–Na minha casa? Ele perguntou já que sabia que eu não queria estar na minha.

–Perfeito. falei sem realmente achar que estava perfeito, queria fazer o trabalho com a Laura e queria tirar a culpa de ter concordado em não colocar o Felipe no nosso grupo da minha cabeça.

–Podemos fazer uma maquete de uma casa que use energia solar.

–Fizemos isso no segundo ano. Falei olhando para qualquer outro canto que seus olhos não estivessem.

–Uma energia produzida pelo calor da lava? Ele perguntou inclinando a cabeça e aparencendo no meu campo de visão.

–Eu não vou fazer um vulcão outra vez. Respondi lembrando da feira de alguns anos atrás.

–Um clone? Ele levantou o olhar para me mostrar seu sorriso.

Olhei para ele com cara de ‘Qual é o seu problema?’.

–Era só uma ideia. Ele falou como se fosse realmente possível dois jovens do primeiro colegial fazerem um clone.

Passamos a aula inteira pensando em um projeto, mas estávamos sem ideias, continuava pensando que se Laura estivesse lá nós teríamos uma ideia. Mas, de repente tive uma ideia que achei estranho ser minha.

–Vamos fazer um portal sem fim!

Foi Mike que desta vez me olhou com cara de ‘Qual é o seu problema?’

–Nós conseguiremos! falei animada.

–Como?

–Vamos pesquisar, bolaremos um projeto bom.

Mike pensou um pouco.

–Não custa tentar. Ele falou encolhendo os ombros e sorrindo.

Ele já sabia por quê eu queria construir um portal, o portal poderia ser a solução para mandar o Destino embora, no infinito ele não pode me prejudicar.

Depois de algumas explicações e um pouco de aula com o tempo que sobrou saímos pro recreio.

–O que vocês pretendem fazer? perguntou Felipe.

Eu ia começar a falar, mas Mike me deu um leve empurrãozinho e respondeu.

–Nós vamos fazer um vulcão só que este vai ser diferente dos de mais.

Felipe segurou- se para não rir.

–Muito original.

–O que você vai fazer?perguntei.

–A Amanda vai...

–Você vai mesmo fazer o trabalho com a Amanda? perguntei.

–Vou, talvez você deveria conhece- la melhor, ela é muito legal. ele falou inocentemente.

Mike e eu nos entreolhamos e começamos a rir.

Felipe fez uma Careta e foi embora.

–Como é mesmo a música?Mike perguntou rindo.

–Amanda pega um, pega dois, pega três, pega quatro... Comecei a rir.

Sentamos em um dos bancos do pequeno bosque Onde os outros alunos não vão por quê eles preferem lanchar na cantina.

–Vai ser legal construir um portal. Falei animada.

–Vai sim. Falou Mike comendo um sanduíche o que o faz parecer uma criancinha.

–Onde será que está o Destino? Perguntei como uma boba olhando os lados.

–Julie? Você está bem? Mike perguntou.

–Destino? Onde está você? Continuei agora me levantando do banco.

Em um movimento rápido agarrei o Livro que estava embaixo do banco.

O Livro se mexia fazendo- me sentir dor nas mãos.

Mike olhava a cena ainda assustado.

–Pode ajudar- me?perguntei olhando para o Livro.

–Desculpe. ele falou colocando o sanduíche no banco e levantando- se.

O Livro começou a jorrar sangue. Comecei a gritar, o sangue caía como uma cachoeira.

Mike pegou o Livro que já não parecia ter capa, pareciam vários papeis cheios de sangue.

–O que é isso? perguntei.

–Sangue. falou Mike.

–Sim, mas de onde vêm? perguntei apavorada.

–Não sei, Julie, mantenha a calma.

–Manter a calma? perguntei desesperada.

Olhar aquilo era horrível e eu sabia que não era geleia ou sangue falso era sangue de alguém, alguém de verdade.

A roupa do Mike estava toda ensanguentada (pelo menos bem mais que a minha).

–Faz parar. gritei tampando os olhos.

–Eu não sei como. falou Mike levantando o Livro.

–Faz parar pelo o amor de Deus. gritei.

–Sabe do que eu tinha medo quando pequeno? perguntou Mike me deixando confusa.

–Do quê?

–De chuva, chuva com tempestades enormes, acho que ainda tenho.

Entendi o que Mike estava fazendo.

O Livro parou de sangrar e o céu que estava lindo foi ficando cada vez mais escuro e mais escuro, nunca vi um céu tão escuro, começou a chover muito forte e um relâmpago passou do nosso lado, fazendo Mike largar o Livro e me puxar.

O Livro antes de atingir o chão sumiu.

Olhamos para o céu, haviam vários indícios de relâmpagos, fomos correndo para voltar ao pátio.

–Você estava brincando quando disse que tinha medo de relâmpagos, né?perguntei quando o vi olhar assustado que Mike dava ao olhar para cima.

–Não. ele falou segurando minha mão.

–E era assim que você planejava? eu perguntei.

–Não. ele respondeu correndo ainda mais rápido e obrigando- me a correr também.

Corremos muito, o bosque não parecia ter fim, os relâmpagos chegavam cada vez mais perto de nós fazendo- nos pensar se sairíamos vivos dali.

–Julie! Falou Mike correndo.

–O quê? perguntei.

–Talvez...

Era agora aquele momento que eu estava esperando...

–Cuidado. ele falou empurrando- me antes que um relâmpago me acerta- se.

–Talvez fosse melhor ter ficado no sangue. ele falou com toda certeza brincando.

–Você deve estar brincando? estamos fugindo da morte e você fala uma coisa dessas.

Mike começou a rir e eu comecei a rir da risada dele.

Conseguimos chegar ao pátio e notamos que não havia ninguém lá além de uma professora extremamente preocupada.

–Onde vocês dois estiveram? ele perguntou brava.

–Estávamos no bosque e...

A professora olhou para nossas roupas ensanguentadas e nós olhou com espanto.

–Os dois para a diretoria, já!

Não entendemos, mas quando a professora de geografia lhe manda algo é bom para sua vida não contrariar.Cambaleamos até chegarmos na diretoria onde sentamos na mesma sala que houve o julgamento entre a princesa da bobolândia e eu.

–Vocês dois serão expulsos. Falou a diretora sem rodeios.

–Por quê? perguntei.

A diretora me olhou com raiva.

–Não é a primeira vez que vêm aqui não é, Juliette? Falou a diretora com fogo nos olhos.

–Não, mas...

–Chega! ela interrompeu.

–O que fizemos? Mike perguntou.

A diretora nos olhou séria.

–O que é isso no seu casaco, mocinho?

Mike olhou para o casaco e ficou pálido.

–San...san...sangue. ele falou apavorado.

–E onde vocês estavam? perguntou novamente a diretora.

–No bosque. falei.

–Só por quê o bosque não é muito movimentado e não tem câmeras não quer dizer que vocês podem se vingar de alguém. falou a diretora com toda a certeza não querendo ser clara.

Nos entreolhamos.

–Por quê vocês mataram a Laura?

Achei que ia desmoronar, me apoiei em Mike.

–Nós não matamos a Laura. Falou Mike firme.

A Diretora chamou uma das secretárias.

–Esperem um minuto aqui, por favor. falou a diretora saindo da sala com a secretária nos deixando sozinhos.

–Mike, isso não está acontecendo, diz que não está. falei ainda apoiando- me nele e com a outra mão massageando minha testa.

Mike ainda estava pálido (mais do quê ele já é) e boquiaberto.

–Eu não sei, Ju, eu...

A diretora abriu a porta.

–Venham, e me dê este casaco, garoto.

Mike tirou o casaco e entregou à diretora. Fiquei com pena por quê estava muito frio e ele estava mal agasalhado.

–Onde estamos indo? perguntei.

–Ver a Laura. falou friamente a diretora.

–Não! - gritei imaginando a cena.- Â Por favor, não. falei e comecei a chorar.

Mike parou de andar.

–Julie?

Não olhei para ele, estava com muita dor de cabeça.

–Julie?

A diretora já estava a certa distância.

–Julie, você sabe que não lhe peço nada sem realmente precisar.

Eu continuei olhando para baixo.

–Eu preciso que você seja forte, não somos culpados, você sabe disso.

–É só que eu não vou aguentar, Mike, eu não vou aguentar ver minha amiga morta e saber quem foi e saber que eu não vou conseguir para- lo.

–Ju. - Ele falou levantando meu rosto para que eu olhasse seus olhos- Â Você vai conseguir para- lo, e quanto a isso, não olhe.

–Venham! gritou a diretora.

Fomos andando de mãos dadas.

A diretora foi andando e fomos entrando no bosque, onde havíamos lanchado.Mas desta vez o ar estava sombrio e o banco no qual lanchamos estava com várias pessoas ao redor.

–Vamos, venham ver. falou a diretora abrindo caminho.

–O que passa na sua cabeça? perguntou Mike.

A diretora olhou para Mike com raiva.

–Acusar- nos de matar uma amiga, nos trazer para ver um cadáver. ele falou com ódio.

A diretora começou a discutir com Mike, e eu com minha curiosidade totalmente desnecessária fui me aproximando, até que vi o horror.

Laura estava deitada na grama esfaqueada.

Eu quis gritar as lágrimas caíam sem parar.

–Não! minhas pernas começaram a ficarem bambas e eu caí, não conseguia me mexer.

A diretora olhou assustada para a cena.

–Tudo bem, querida. falou minha professora de português aproximando- se de mim e afagando meus cabelos levemente ondulados.

–Quem fez isso? perguntou a diretora com raiva.

–Sra. acho que por hoje chega. - Falou minha professora passando em minha frente como se estivesse me protegendo- Â Mike, por favor, leve Julie para casa. falou a professora.

Tentei levantar- me, mas eu não conseguia, já não dominava minhas pernas.

–Vamos, Ju. falou Mike dando- me a mão.

Eu não conseguia mais falar, o choro engoliu todos meus sentimentos.

Mike pegou- me no colo e foi andando, como se eu fosse uma criancinha, mas eu nunca me senti tão bem em ser uma criancinha.

Chegamos na secretaria onde me sentei em uma das cadeiras.

–Vou ligar para minha mãe vir nos buscar. ele falou pegando o telefone.

Pouco tempo depois a mãe do Mike chegou na escola apavorada, ele não contou o que aconteceu, mas só pelo fato de ele estar indo mais cedo ela se assustou.

–Oi, Julie. ela falou me dando um abraço.

Mike estava pegando nossas mochilas.

–Michael! o que você aprontou? ela perguntou vermelha.

–Mãe...

–Entre no carro, vamos conversar.

Mike ficou vermelho e nós três entramos no carro, desta vez o Mike foi no banco detrás para não levar uns tapas da mãe dele.

–O que aconteceu? perguntou a mãe dele assim que viu a diretora olhando feio para nós.

–Nós somos acusados de assassinato. Falei direto e no tom mais ridículo possível.

Elizabeth parou o carro tão bruscamente que achei que íamos sair voando do carro.


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