O Livro Do Destino escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 26
Meus medos




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Fiquei muito feliz de estar ali com o Mike, me deu vontade de ficar lá para sempre, sentir aquilo me deixou um pouco confusa. Talvez desta vez fosse realmente eu. Descobri que nem eu, nem o livro podemos escrever meu destino, só os outros, e como o livro estava no castelo, provavelmente era o que iria acontecer mesmo, nunca pensei nisso, que um dia talvez eu começasse a gostar do menino que viveu minha infância comigo, será? não sei.

-Vamos voltar? ele perguntou me tirando dos meus pensamentos confusos.

Tentei disfarçar minha cara de "quero ficar aqui" e concordei com a cabeça.

-Está se sentindo melhor? ele perguntou.

-Muito. respondi, havia me esquecido por completo do labirinto, mesmo que, se olhasse para qualquer direção era a única coisa que via.

Ele levantou e me ajudou a levantar.

-Onde estão os outros? perguntei.

-Eles estão lá dentro tentando imaginar um jeito de passar pelo labirinto, eu queria ajudar, mas não aguento estar perto do Feli..- Ele pensou um pouco antes de continuar - Bom, eu prefiro estar aqui. ele falou rapidamente e depois de pensar no que havia falado notei que suas bochechas ficaram com um tom avermelhado.

Nos encaramos por um tempo, esperando por algo, que eu não sei direito o que seria, mas acho que nem eu, nem ele teríamos coragem de falar algo.

depois de um tempo descemos do telhado e fomos ajudar os outros no que quer que estivessem fazendo, olhei para meu quarto, a caixinha havia sumido, fiquei feliz por isso, me senti aliviada.

Quando entrei na sala com Mike todos ficaram me olhando, minhas primas me olharam como se aquilo fosse normal, Felipe me olhou como se aquilo fosse totalmente estranho e Laura me olhou com cara de "Julie está namorando!''. Por isso no momento que vi a cara dela eu retribui com meu olhar gentil de "continua me olhando com esta cara, menina, que eu te dou um tapa." e caso você tenha dúvidas ela entendeu e me retribuiu com um sorriso e o olhar de "Vai me dar um tapa e eu vou contar pro mundo" é isso mesmo, Laura joga sujo. Eu e Laura conversamos por caretas o que é muito interessante e útil já que ela trata de certos assuntos em momentos errados e na frente das pessoas erradas. Eu já ia retribuir com outro olhar, mas fui interrompida.

-Julie, o "mapa" está ilegível. Falou Lavínia mostrando o papel com os símbolos todos quase todos apagados por culpa de uma cor roxa escura.

-Desculpe, Julie. falou Mary triste.

-Tudo bem. falei pensando em como estávamos perdidos.

-Não precisamos sair daqui, Julie, podemos ficar aqui dentro. Falou Laura.

-Gostei desta ideia. falei pensando em como seria bom não ter de passar pelo labirinto.

-Não podemos ficar aqui para sempre. Falou Mike.

-Eu não quero enfrentar este labirinto. Protestei.

Mike deu um suspiro procurando paciência com meu modo de ser.

-Então vamos ficar aqui. Ele falou pouco interessado e voltando a jogar naquele joguinho que ele não consegue ficar sem jogar.

Quem deu um suspiro em busca de paciência desta vez fui eu.

Passamos um tempo tentando nos distrair, para ser exata, eu passei por quê os outros ficavam do lado de fora admirando o labirinto enorme e sombrio com curiosidade. Queria ceder, queria mesmo, mas morria de medo de labirintos e sabia que o destino não faria as coisas serem tão simples.

Antes que tivesse outra ação comecei a sentir o chão tremer, os móveis estavam sendo arrastados em minha direção, consegui abrir a porta e sair da casa ainda a poucos centímetros do chão, um furacão estava levando tudo embora, não havia vizinhança, só o labirinto.

-Vamos para o Labirinto! Gritou Felipe. enquanto o Furacão se aproximava de nós.

Todos foram correndo e entraram, mas quando me aproximei do labirinto tudo ficou preto, eu não conseguia enxergar nada, mas escutava o barulho ensurdecedor do furacão, resolvi ir me guiando pelo tato, mas assim que encostei no labirinto senti várias agulhas na minha mão, que bom que estava cega e não conseguia ver o monte de sangue que escorria pela minha mão.

Senti de repente algo me puxar. Me senti a salvo pois já não ouvia mais o barulho do furacão, mesmo ainda não conseguindo ver nada.

-Julie, o que aconteceu? perguntou uma voz doce e calma, era Laura.

Minha mão doía muito e eu não estava em estado emocional para falar. acredito que Laura viu minha mão por quê alguns minutos depois senti que ela estava enfaixada.

-Obrigada- falei mais calma por não sentir as gotas de sangue caindo no pé descalço- não consigo enxergar nada.

Ouvi Laura cochichar algo para alguém.

-Julie, melhor alguém ir ajudando você. falou Laura.

-De jeito algum. falei brava. odiava ter ajuda, me senti incapacitada de fazer algo.

-Julie, você terá que ceder. falou Mike.

-Já falei que não. falei cruzando os braços.

-Ok. falou Felipe.

Mas acho que aquele foi um "OK" inronico, por quê no outro momento eu estava sendo carregada por alguém.

Dei um suspiro de raiva bem alto para que todos ouvissem o quão brava eu estava.

-Eu posso andar! falei.

-Você vai acabar ferindo seu pé. falou Felipe que era provavelmente quem estava me carregando.

Ouvia Laura rindo do meu lado, claro que foi ideia dela.

-Tudo bem, Julie, depois o Mike leva você. falou Laura.

Eu não acreditei que ela falou aquilo alto, mexi minha mão com o objetivo de lhe dar um tapa, mas não sabia onde ela estava.

-Não! falei.

Laura riu mais alto.

-Julie, os espinhos do labirinto estão cheios de veneno, é perigoso. falou Mary tentando justificar.

-Veneno? perguntei.

-Sim, mas você não está com veneno no seu corpo graças aos meus cuidados médicos. falou Laura ainda rindo e desta vez ouvi Mike rindo com ela. Meus amigos chatos, mas o que seria de mim sem eles?

-Chegamos a uma bifurcação. falou Laura narrando tudo que estava acontecendo. 

-Vamos nos separar. falou Lavínia.

Tentei fazer cara de "Não aceite essa ideia, Laura" mas eu preciso ter certeza do que estou fazendo e naquele momento eu não tinha certeza de nada.

-Não! falei antes que alguém concordasse com aquela ideia.

-Mas, Julie, como faremos? perguntou Mary.

-O labirinto é cheio de bifurcações se fomos nos separar em cada uma vamos nos perder um dos outros rapidinho e mesmo assim não chegaremos no fim. respondi inteligentemente.

E ficamos ali, um bocado de tempo pensando no que fazer, até que voltaram a andar sem me falar nada.

-Onde estamos indo? perguntei em tom bravo.

-Julie, para com isso, não é só você que tem que se responsabilizar com tudo, eu sei o que estou fazendo. falou Laura calma e também nervosa.

-Tá. falei ainda em tom desconfiado.

-Não fique desconfiada, Ju, o Mike tá ajudando também, já que você confia tanto nele. falou Laura.

-Laura! falei.

Laura começou a rir de novo, ela sempre fazia estas brincadeirinhas, o Mike não se importava, nem eu, mas ela estava fazendo de mais.

-Ei, Felipe, quer que eu vá andando um pouco? perguntei.

-Não, não estou cansado. ele respondeu.

-então tá. respondi.

Queria tanto não estar cega para escolher os caminhos e ver o que estava acontecendo e provavelmente dar uns tapas na Laura.

-Ju, não temos uma noticia boa. falou Laura.

Senti todos pararem de andar.

-O que foi? perguntei.

-O chão, ele está todo coberto de escorpiões.- falou Laura provavelmente pegando um para a coleção de bichos dela- E são venenosos.

-ótimo. falei ironicamente.

O destino acertou em cheio, Labirintos, Veneno, Sangue, Escorpiões, Cegueira. queria saber o que faltava para deixar tudo ainda pior.


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Notas finais do capítulo

hahaha, achei legal este capítulo, se puderem comentar agradeço até o próximo!



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