Bad Luck escrita por Ponycat


Capítulo 11
Bananas, Algemas e “Traição”.


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Decidi postar um novo. O proximo vem chegando por ai! Beijos na bunda.



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Pov. Larissa.

Eu estou nas nuvens. Sem mais. Mark me levou ao paraíso. Um encontro digno de cinco estrelas e uma recomendação do Mac. Primeiro fomos à um iate. Ele não é rico, o que me confunde. Depois, passeamos de Jet-Ski. Ai comemos um negócio de nome estranho muito gostoso. E então, vendo os fogos de artificio no lago Michigan, a gente se beijou pela primeira vez.

Agora estamos a caminho de uma festa cujo a senha de entrada é Bananas de Festa Felizes. Parece com a minha vida? NO. Eu não sei mais quem eu sou. E também não sei de nada. Mark é muito perfeito, disso eu sei.

-Já chegamos? –Pergunta Annie entediada.

-Sim. –Diz James. Ele estaciona na rua e todos descemos.

-É festa! –Comemora ele.

-Sim. Festa. –Fala Mark com sarcasmo. Ele não parece gostar de festas.

-Se anime, vai ter bebida. –Diz Annie.

-Eu não bebo. –Mark diz dando de ombros.

-Você não bebe ou nunca bebeu? –Pergunta Annie.

-Nunca bebi e não pretendo. Não venha com essa. Eu não vou beber. –Ele diz cruzando os braços.

Entramos na casa. Seguimos as instruções. Nos dirigimos à porta de trás, falamos com o Mordomo e entramos no porão mais rápido do que eu pensei.

-Oi! –Diz um cara dos cabelos loiros, musculoso e bronzeado. Não foi o cara que eu tropecei no dia que virei namorada falsa de James?

-Oi Matte. –Responde James. –Esses aqui são os meus amigos.

-Mark e duas garotas lindas! –Ele diz sorridente. –Certo. Kevin vem hoje para a festa, ele vem da Florida e pode chegar a qualquer minuto.

-Eu era da classe do Kevin quando a gente tinha doze anos. –Diz Annie. –A gente já jogou muitos “verdade ou consequência” nesse porão.

-Oh, mais uma? Então você conhece a Janey. –Ele diz apontando para um garota de cabelos castanhos e olhos da cor tão escura que não se podia ver as pupilas. Lindamente enigmática, eu diria. Parecia um filme, ela olhou para nós com desdém e se virou para pegar uma cerveja.

-Janey. –Ela repete com ódio. –Sim, mas não acho educado ir falar com ela.

-Acho que entendi. – Diz Matte em um tom cúmplice. –Aproveitem a festa.

Ele sai delicadamente.

-Eu esperava que ele fosse um chapado. Não um carinha bonitinho e educado. –Eu comento.

-Ele não deve ter bebido ainda. Chegamos no começo da festa. –Diz James.

-Vamos beber? –Pergunta Annie. Annie + álcool= Annie feliz.

-Sim, claro. –James diz. Ele sai com Annie ao lado e se vira para mim. –Você não vem?

-Eu não... –Eu tento dizer que não quero beber. E se Mark não gostar de mim se eu beber?

-Venha, sua careta. Se divirta ao menos uma vez. –Interrompe James me puxando. Olho para Mark.

-Tudo bem. Vai. –Ele diz com um sorriso compreensivo.

Os sigo à uma mesa. James me dá um cerveja. Uma garrafa estranha. Ele abre para mim com um sorriso malvado. Hesito um pouco antes de beber. Então dou um gole. Tem um gosto azedo. Franzo a testa e olho para James que sorria.

-É ruim. –Digo.

-Isso melhora. –Diz Annie bebendo uma garrafa. Ela engole isso como se fosse fácil.

-Bebe outro gole. –James manda.

Hesito de novo, mas respiro fundo e bebo outro gole. Ainda estranho, mas melhor que antes. Continuo bebendo, ou fingindo que bebo. Não gosto muito de beber e não sei o que veem de legal nisso.

Voltamos para Mark, que estava sentado em um sofá empoeirado.

Sento ao lado dele, mas não o beijo porque sei que estou com bafo de cerveja. Me limito à o dar um selinho.

-Oi. –Eu digo.

-Oi, linda. –Ele diz. Parece feliz por eu ter voltado.

-Estou ficando com ciúmes. –Diz Annie.

-De quem? –Pergunta James com um ar meio assustado.

-Da minha prima, que grudou nesse italiano. –Ela aponta Mark.

-Ah! Vai dizer que você não grudava? –Pergunto cruzando os braços.

-Pior que sim... –Ela diz frustrada. –Certo, calei. James está com ciúmes. –Ela aponta James.

-Eu? Claro que não. –James diz dando um passo atrás.

-Sua voz te entrega. Você é louco pela minha prima. Sou do time Jarissa, desculpa Mark.

-Pois enquanto formos do time Lamark, nada vai mudar. –Mark diz.

-Lamark? –Digo sorrindo.

-É fofo, não é? –Pergunta Annie. –Lamark... Mas parece marca de leite, por outro lado.

-Jarissa parece nome de puta mal paga. –Rebato.

-Essa é a graça. O amor cafajeste de vocês. Quem nem uma puta mal paga procurando vingança... –Annie diz olhando para o lado esquerdo.

-Annie, você viajou demais agora. –James diz batendo no seu ombro.

-Sim, eu sei. –Ela diz olhando para baixo. Ela olha para o lado esquerdo de novo e dá um tchauzinho com um sorrisinho.

Em menos de um segundo ouço cornetas de festa. Maldição, cornetas de festas são um trauma grave meu. Tapo os ouvidos como uma verdadeira louca e penso em coisas como unicórnios até que o barulho cesse.

-Larissa? –Pergunta Mark.

-O barulho parou? O barulho parou! –Me animo.

-O que é isso? O que ela tem? –Pergunta James passando as mãos no meu cabelo.

-Nada. Foi só o barulho que me assustou. Para... –Digo tirando sua mão do meu cabelo.

-Menos mal. –Dizem James e Mark em coro. Eles parece se livrar do peso do mundo.

-Uia, vocês ficam tão fofos preocupados. –Annie diz dando pulinhos. Annie e seus pulinhos.

-Pra que foi tanta corneta? –Pergunto.

-Kevin. –Responde Annie.

-Quero conhecer esse cara. E talvez esmagar a cara dele. –Digo.

-Se prometer que não vai esmagar a cara dele eu vou contigo. –Diz Annie.

-E eu também. –Diz James.

-E eu. –Diz Mark.

-Certo, vamos.

Chegamos a Kevin. Cópia fiel do tal do Matte, só que um pouco mais velho. Ele está sentado em um sofá com uma bebida e Matte está do lado.

-Oi, Kevin. –Diz Annie. Ela parece que está jogando charme. –Essa é minha prima, Larissa, o ex da minha prima e o atual da minha prima. E o ex é o futuro atual.

-Calada. –Diz Mark com raiva. Nunca o vi assim.

-Wow...Muita informação. Ouvi falar de você, Larissa. Não tem outro assunto na Coupen.

-Como assim?

-Não é você que deu para o time de futebol da Coupen e da St Pierre High? –Pergunta com um sorriso malicioso.

-Não. Quem disse isso? –Pergunto.

-Alexia. –Diz James serrando os punhos. –Ela deve ter ouvido esse acéfalo falando de você! -Ele amassa a lata de cerveja em sua mão.

Ele se vira para Mark com raiva, eu quase podia ver fogo saindo do nariz dele.

-Desculpa. –Mark diz se encolhendo. Nada romântico

-Não foi culpa dele! –Defendo-o. –Você simplesmente culpa quem está mais perto de você, não é? Pois eu odeio essa sua técnica de sair da confusão. Você é um completo idiota. E eu não ligo para o que pensam de mim, uma semana e todo mundo esquece disso. O importante é que eu não dei para time de futebol de escola nenhuma! –Brigo. Não alto, mas alto o suficiente para não se misturar ao barulho da música da festa e James possa ouvir.

-Não foi culpa minha. –James diz.

-Eu sei... Eu... –Pouso a mão na cabeça. Me acalmo. –Não foi culpa de ninguém.

-Agora podemos parar de estragar a festa com o momento melodrama? E, gatinha, mesmo que você não tenha dado para o time de futebol, me liga. –Ele sorri, posso ver rugas nos seus cantos dos olhos- Brincadeira, não quero acabar na cadeia. Se bem que por você... –Kevin brinca tentando descontrair.

Sorrio um pouco para ser educada. Kevin é um amor de garoto... quer dizer, homem? Universitário. Ele é um amor de universitário. Eu não quero pensar muito no fato de Annie não merecê-lo, afinal, ela vai dar o bote cedo ou tarde.

-Tchau, Kevin. –Digo.

-Tchau Larissa. E tchau Annie. As primas mais gatas de Chicago.

Saímos todos de perto de Kevin sem rumo. Nosso sofá empoeirado estava ocupado por um casal se comendo. Agora paro para prestar atenção na festa. É legal. Um porão enorme com sofás e mesas repletas de bebidas alcoólicas. Tem algumas luzes, mas em geral é meio escuro. A música é alta. Reconheço o pop chiclete estupido que as pessoas da minha idade escutam.

-Vamos fazer o quê? –Pergunto.

-Não sei sobre você, mas eu vou dançar. –Diz Annie

-Tchau. –Digo. Não sei dançar

-Vamos, Larissa. Olhe para todos esses menores de idade gostosos... –Annie aponta

-Não, obrigada.

Procuro-me um sofá, mas não parece ter um desocupado.

-Vamos. –Diz James no meu ouvido. Me arrepio com a voz dele e a boca dele tão perto da minha... Ele ainda está bebendo. Parece ter bebido bastante.

-Certo, vamos. –Concordo.

Vamos todos juntos para o meio do porão, onde a música soa mais alta. Mark me segue, mas quando chegamos na pista ele some do nada. Foi no banheiro, acho. Annie desaparece no meio da multidão.

-Você fica linda assim. –James diz dançando. É engraçado o ver dançando. Me sinto assistindo Teletubbies. Não me mexo.

-Assim como? –Pergunto.

-Toda apaixonadinha... –Ele diz me contornando enquanto dança. Acho que não prestei atenção no quanto ele bebeu, mas pelo jeito ele já está ficando bêbado.

-Eu não estou apaixonada. –Minto.

-Por mim e por Mark. Assim como eu estou por você e por Claire. Mas não é claro? –Pergunta.

-Você bebeu muito? –Pergunto.

-Você nem deve ter me visto bebendo. –Ele diz chegando mais perto. –Que imprudente!

-James... Não. –Digo quando ele chega mais perto. Ele se afasta.

-Para com isso e me beija. –Ele briga.

-Não! Você está bêbado. –Grito.

-Ei! O que é isso? Paz, amigos. –Diz um cara que dançava por perto. Fantasiado de policial. Ele pega as nossas mãos e junta em algemas que parecem reais. Ele sai antes que eu possa pensar.

-Ele nos algemou. Não é um máximo? –Pergunta James.

-Oh não. Me lembre de não te deixar beber de novo. –Digo irritada. –Vamos sair da pista.

-Por você, tudo. Eu vou largar Claire. Ok? –Ele diz.

-Não, esqueça essa história. –Eu digo com as bochechas coradas. Mesmo que não seja verdade e ele esteja bêbado, é fofo.

-Cadê meu Iphone? –Pergunta.

-Não sei. –Digo tentando o arrastar para fora da pista, mas ele se recusa a se mover.

-Eu tenho que ligar para Claire! Tenho que terminar com essa vadia controladora. –Ele grita.

-Não. Não tem. Vamos. –Digo apressada. Agora estou presa ao meu melhor amigo bêbado.

Ele desiste e anda comigo até o outro lado do porão, onde tinha menos gente. Tento avistar Annie ou Mark, mas esses dois parecem ter desaparecido. Paro no meio da festa e tento tirar as algemas com a mão, tentando quebrar.

-Não vai conseguir. Estamos presos para sempre, docinho. –Ele diz. –Isso era para acontecer, eu e você.

-Calado. A gente sai dessa coisa hoje. –Digo ainda tentando quebrar essa porcaria.

-Jura? Pelos meus bêbados cálculos, vai dar meia noite.

-E você ficou bêbado em menos de uma hora. Nossa! –Digo sem tirar os olhos das algemas.

-Você roubou meu Iphone por ciúmes? Você não precisa ter ciúmes dele! Eu te quero. –Pergunta.

-Não. É provável que você tenha deixado em casa. –Eu digo irritada.

-Você está suspeita. Para de ser criança e devolve Joaquim, o Iphone! –Ele diz batendo o pé

-Devolvo se colaborar. –Minto.

-Certo. –Ele diz como uma criança.

para casa. São quase duas da manhã e a polícia normalmente chega antes das cinco. Além de todos aqui já estarem acabados. E sobre a menina... Me desculpa. Eu fui beber um suco e acho que jogaram um ecstasy. Eu vi a primeira que apareceu e BAM.

-Entendo. Vamos pegar Annie. –Digo. –Você é o motorista da vez.

Pegamos Annie dividindo o peso. James se recusa a ajudar porque alega que a Annie é malvada. Nos arrastamos com Annie até o carro, onde o dilema começa:

-Me dá a chave do carro, James! A gente tem que ir embora. –Diz Mark irritado.

-Mas meu pai mandou não deixar ninguém dirigir. –Ele diz infantilmente.

-James, a gente vai dormir junto depois disso. Mas o que você precisa fazer é dar a chave para ele. –Digo. James tira a chave do bolso e entrega para Mark sem pensar duas vezes.

-Certo, motorista da vez. –Digo entrando no carro. Annie está posicionada no banco da frente sentada dormindo, e eu e James estamos no banco de trás ainda amarrados.

Tiro o celular do bolso, que eu mantive desligado. Ligo o celular e a tela se ilumina. Vinte ligações perdidas da minha mãe. É hoje que eu

morro. Retorno a ligação pensando na mentira que vou contar.

Um engarrafamento? Fiquei presa no elevador de algum lugar? Ela não pode me ver algemada com ele, afinal, ela vai pensar que fiz uma besteira.

-Alô? Larissa!? –Pergunta raivosa. –Você sabe que horas são? Você saiu com esses meninos e não voltou!

-Eu sei. E agora deu um contra tempo e só volto de manhã. Annie sumiu, relaxem, achamos ela. Passamos a noite toda para achar ela em um bar já caída. –Minto. –Eu vou dormir pela casa do James com ela porque não tem como voltar agora, quartos separados, juro. Mark também está com problemas, a comida do restaurante que fomos o deu náuseas. Juro que volto de manhã com uma Annie intacta. Eu vou para a escola, okay?

-Certo. Eu confio em você, não me desaponte. –Ela diz. Doeu agora, mas não tenho escolha. Desligo o celular. Como eu menti para minha mãe?

-Quem te ensinou a mentir tão bem? –Pergunta Mark em um tom surpreso.

-Ninguém. Eu nunca pensei que ia ter que inventar algo cabeludo assim. –Respondo.

-É, claro.

O silencio reina por um tempo, o suficiente para ficar esquisito.

-Eu quero te beijar. –James diz quebrando o silencio. Ela tenta se inclinar para mim.

-Cala a boca, bebum. –Digo tentando me afastar dele

-Você pode tentar fugir de mim, mas nunca vai escapar das algemas. –Ele diz.

-Eu sei. Mas eu não quero ser assediada sexualmente por você, então é melhor você calar a boca antes que eu te chute no meio das pernas até você se arrepender. –Explico detalhadamente a minha vontade.

-Desculpa, princesa. –Ele diz encostando a cabeça na janela. –De manhã eu vou estar menos tonto?

-Vai sim. Eu vou ter que procurar algo pra te ajudar com a ressaca, assim a gente vai tentar ir para a aula.

-Aula? -Pergunta manhoso.

-Aula. Não queremos repetir o segundo ano. Não é? –Pergunto.

-Não. –Ele nega enquanto assente com a cabeça. –Eu comecei a escola atrasado. Perder um ano não é legal. Amigos de berço ficam para trás.

-Você já tem dezessete? –Pergunto assustada.

-Faz um tempo que sim. –Ele diz com uma voz fraca. Ele não diz mais nada. Eu percebo que ele também, assim como Annie, caiu no sono.

-Oh, que ótimo. –Murmuro encostando a cabeça em seu ombro. Agora percebo que estou ficando som sono. Minhas pálpebras estão pesadas.

-Chegamos! –Diz Mark antes que eu caia no sono. Estamos na porta de uma mansão fantástica. Isso não é uma casa!

Mark estaciona o carro na frente da mansão/casa.

-James, acorda. –Digo enquanto o sacudo. –Vamos para a cama, estou morrendo de sono. Acorda logo!

-Não. –Ele murmura sem abrir os olhos. –Mais dez minutos.

-Vamos, James! –Digo tentando o puxar.

-Chata. –Ele diz abrindo os olhos.

Seguimos juntos para a casa, mas nos damos conta que esquecemos Annie no carro à tempo. Quase que ela passa a noite ali dentro.

Arrastamos Annie o melhor que podíamos escada à cima para um quarto que o semiacordado James apontou como o de hospedes.

-Acho que isso é só. –Mark diz. –Te vejo outro dia, Larissa.

Ele vira de costas e sai sem nem dizer ou fazer nada, simplesmente some.

-Vamos dormir! Onde é o seu quarto? –Pergunto à James.

Ele não diz nada, só me empurra contra a parede e me beija. Eu deixo sua língua passar e ficamos na batalha eterna por alguns segundos, até eu me dar conta do que estou fazendo. O gosto de bebida ainda está na sua boca. Ele está bêbado e eu estou me aproveitando dele!

-Não... –Digo baixinho o empurrando. –Você tem namorada. Vamos dormir.

Ele bufa frustrado e me guia até o quarto sem dizer uma palavra. O quarto dele é quase como o de Bob. É gigante, tem uma super cama, uma super tela e um super computador. Mas ai as semelhanças acabam. É repleto de pôsteres de bandas nas paredes, três guitarras fantásticas penduradas em suportes, armários com CDs de todos os tipos, caixinhas com discos... Eu não conhecia o lado musical de James. Ele nunca me falara disso. Tem também toda a bagunça, mas não tanto quanto eu imaginava. Papeis em bolinhas transbordando da lixeira, papeis de bala, umas roupas pelo chão... Mas o quarto é tão grande que nem se nota isso.

Nós nos jogamos na cama. Ele aperta, em um controle na mesa de cabeceira, uns botões e liga o que penso que é o ar condicionado. Deitamos propriamente. Eu me afastei um pouco, o máximo que as algemas deixavam.

-Ei, não faz isso. –Ele diz me puxando de volta. –Se a gente está sozinho, é uma oportunidade.

-Oportunidade? Não vou fazer sexo com você à essa hora, nem nessas condições... Seu sujo!

-Não é sobre isso. Me abraça? –Pergunta docemente

Me comovo com a inocência dele. Não entendo como um ser de olhos tão malvados pode se comportar assim. Chego mais perto dele, ele coloca os braços em minha volta. Me sinto segura aqui, agora.

-Eu te amo. –Deixo escapar em um murmuro. Não estava nos meus planos, mas meu cérebro partiu em férias e só volta depois. Estou caindo no sono junto com ele. Ele está certo, é uma oportunidade rara. Ele não vai nem poder falar comigo na escola.

-Eu sempre soube que sim. –Ele sussurra na minha orelha.

As algemas me complicam, mas fazer isso parecer bem mais certo com elas.

Dormimos juntos como dois bebês.

Acordo com um grito na porta.

-James Geears! Claire está aqui, acorde ou vai chegar atrasado. –Grita uma voz masculina do outro lado da porta. James abre os olhos.

-Certo, pai! Mas acho que não vou para a escola hoje. –Ele grita de volta mandando fazendo um sinal, acho que ele mandou eu me esconder debaixo dos lençóis.

-Como assim? –Pergunta o Mr. Geears. Me escondo a tempo, o velho abre a porta e encontra James todo coberto.

-Oi, querido. –Fala Claire, suponho que a intrometida entrou do nada no quarto.

-Estou com dor de cabeça. Vou ter que faltar. Mas eu juro que vou tomar um remédio. Acho que ando meio sobrecarregado com a escola e tudo mais. –Ele diz dramaticamente.

-Certo, filho. –O diretor diz. –Tem remédios para dor de cabeça no banheiro perto da sala.

-Obrigado, pai.

-Oh, amor. Tem certeza que não pode ir agora? –Pergunta Clarisse manhosamente.

-Talvez depois da hora do almoço. –Escuto.

-Certo, lindo. Te vejo mais tarde. O aplicativo de rastreamento está funcionando super bem! Hoje eu vi que Mark te mandou uma linda foto da Larissa perto do Lago Michigan. Tem algo à declarar? -Ela diz.

-Não, mas eu disse que ela estava em um encontro com Mark. Provavelmente ele só queria me mostrar onde foram. –Ele rebate.

-Certo! Mas eu já disse que quero essa vaca fora da sua vida. –Ela fala indignada

-Eu vou pedir para que ele mantenha o romance deles fora do meu conhecimento. Agora eu posso aproveitar minha dor de cabeça em paz? –Pergunta já irritado.

-Eu te amo, querido. Tchau!

Consigo ouvir um “smack” de beijo e depois uma porta se fechando. James me descobre de repente.

-Descobri uma mina! –Ele diz baixinho. Provavelmente mantendo o tom baixo porque ainda tem gente na casa.

-Nossa, você já pensou em pedir para ela ver o psicólogo? Ela é meio obcecada.

-Eu sei, mas me acostumei com isso. –Ela diz. –Vamos pegar um refrigerante, eu preciso curar essa ressaca antes que isso me mate.

-Não foi legal ela me chamar de vaca. –Resmungo.

Nos levantamos juntos. E andamos lentamente por causa de James. Chegamos à cozinha e pegamos um refrigerante para James e um copo de suco para mim. Ainda complicados pelas algemas.

-Eu disse muita besteira ontem? –Ele pergunta entre goladas na sua Sprite.

-Sim. –Respondo.

-O que eu disse? –Pergunta intrigado.

-Me recuso à repetir. –Digo sorrindo. Eu acho que nunca vou esquecer.

-Tanto faz. Como a gente vai sair desse treco?

-Tem uma serra? Um alicate super poderoso? –Pergunto.

-Deve ter disso pela garagem. Okay, eu não me aguento. O que eu disse? –Pergunta James

-Você disse muita coisa idiota. –Respondo.

-Sério? Disso eu sei, só quero saber se disse algo grave.

-Um pouco. Graças à meu bom Deus você não levou o seu Iphone. Você ficou procurando ele dizendo que ia terminar com Claire, chamou Claire de vadia controladora e disse que queria ficar comigo. Mas nada que eu tivesse levado à sério.

-Eu fiz isso? Nossa. Nem se compara com as outras festas que fui, eu não lembro de nada, mas as fotos na internet não me deixam esquecer.

-Você tentou me beijar várias vezes... –Digo omitindo a hora em que a gente realmente se beijou e o jeito em que fomos dormir.

-Eu lembro um pouco. Se eu não me engano eu te beijei. –Ele diz coçando a cabeça.

-É. –Admito olhando para baixo. Não consigo parar de recordar isso. –Mark meio que me “traiu. –Digo fazendo aspas no ar. –Ele estava beijando uma menina, já Annie, estava deitada dormindo em uma mesa. Foi um trabalho para te fazer dar a chave para Mark, que era o único que podia dirigir.

-Nossa. Mark não é disso. Ecstasy? –Adivinha.

-É, eu acho. E eu não sei o que senti. Mas acho que não senti nada quando ele beijou a menina. Eu não me sinto nem um pouco traída. É quase como se eu não ligasse para ele. –Desabafo.

-Vai ver ele não é o cara que você quer. –Ele diz –Talvez ele não seja o certo para você, não foi aquela coisa magica que você esperava. Isso te frustrou, mas passou despercebido, porque na verdade você nunca gostou dele.

-Talvez seja isso. Não sinto mais como se eu quisesse ele também. Antes eu queria, mas além disso, nada mudou. –Levanto a cabeça –E as coisas com Claire?

-Ela é muito complicada. Acredita que a gente também foi no lago Michigan? Mas não avistamos vocês. Ela me pediu um beijo inesquecível, mas não é mais como antes. Ela ficou mais mimada, mais irritante. Não sei se quem mudou fui eu ou se foi ela. –Ele também desabafa.

-Eu ainda acho ela obsessiva. Eu não acho certo ela grampear seu celular. E ela não deveria ter o direito de me apagar da sua vida, eu te amo... –Falo atropelando minhas próprias palavras –Como amigo, claro... –minto.

-Sim, eu também te amo. Mas ela mandou eu esc... Esquece! –Ele diz. Ele está me escondendo algo depois do “esc”.

-Fala logo o que ela mandou você “esc”. –Digo colocando meu copo na pia.

-Ela mandou eu escolher. Eu sei que você é importante, mas ela vive fazendo isso quando se tratam das minhas amigas. Sempre tenho que escolher. Então, eu tive que escolher ela. Eu ainda te adoro.

-Eu não dou a mínima se você não me escolheu. –Digo sorrindo. Ele pensou que ia me magoar com isso? Foi isso o que pareceu.

-Eu espero que não me arrependa da minha escolha. Já estou cansado de tanta loucura da parte dela! –Ele diz jogando a garrafa de Sprite na reciclagem. –Vamos atrás da porcaria da serra?

Fomos andando até a garagem, que é uma bagunça. Tem caixas para todos os lados, reviramos várias caixas até desistir. Aparentemente, só tem coisas estranhamente inúteis que todo mundo quer ter. Afinal, quem não queria uma fábrica de pirulitos quando se pode comprar um por menos de um dólar? Ou uma caixa registradora quando não se tem nada para vender? Ou uma caixa de música muda com uma bailarina que dança de verdade? Enfim, reviramos o lugar. Nada de serra.

-Ugh! –Digo chutando uma parede. –Eu preciso largar de você.

-É? E eu preciso fazer xixi. –Ele diz em um tom preocupado.

-Oh, não! –Eu digo chutando a parede de novo. –Você não precisa.

-Pior que sim.

Seguimos até o banheiro. Entro junto com ele. É impossível ficar do lado de fora, a privada fica muito longe e o banheiro é gigante.

Fecho meus olhos, não quero me traumatizar.

-Sério, eu não ligo se olhar. –Ele diz em um tom de voz cafajeste

-Eu ligo. –Digo ainda tapando os olhos. Sinto um pouco de curiosidade e vontade de abrir os olhos, mas os mantenho fechados até escutar o barulho do zíper da calça dele.

-Terminei. –Ele diz pressionando a descarga. – Vamos ligar para algum ferreiro?

-Não conheço nenhum número de ferreiro. –Respondo.

-Então vamos desistir, vamos manter as algemas, nos casamos, temos três filhos e uma casa na montanha... –Ele diz sorrindo

-Vamos procurar por um ferreiro! –Grito

-Certo, ferreiro. –Ele diz me puxando.

Não entendo para onde ele quer me levar, subimos as escadas meio esquisitamente. Eu ando em um ritmo e de uma forma e ele anda completamente diferente. Paro no meio da escadaria por me sentir troncha.

-Não. –Digo enquanto paro.

-É complicado, não é? Você baixinha, eu alto... –Ele concorda –Sabe como ficaria melhor? Se a gente desse as mãos.

-Pode ser. –Digo incrivelmente empolgada por nenhuma razão

Sinto o toque da sua mão na minha. Busco o ar, mas não consigo. Olho para ele, mas rapidamente desvio o olhar. A subida das escadarias enormes parece ser eterna. Meu coração bate mais forte. O que tem de errado? Tudo, talvez.

Chegamos ao fim da escada sem tropeçar.

-Finalmente.

Solto sua mão e limpo uma gota de suor que sinto brotar na minha testa.

James aponta uma sala, a terceira porta do enorme corredor à esquerda. Entramos em um ENORME escritório com um computador fantástico, livros o suficiente para passar a vida lendo, uma máquina de café e um tapete que aparenta ser demasiadamente caro.

-Lista telefônica... –Ele murmura pensando alto me arrastando bruscamente até a estante ao lado do telefone no canto da parede, eu mal a havia notado ali. –Achei!

-Certo, agora falta o número. –Digo puxando a lista das mãos brutas dele.

Procuro o número, mas é difícil de achar. A lista telefônica dos ricos é diferente?

-Me dá isso aqui. Você demora demais. –Ele diz puxando a lista da minhas mãos.

Ele acha em menos de meio minuto.

-Eureca! –Ele sussurra animado. Sem avisar e completamente esquecendo que ele está amarrado em mim, ele se vira rapidamente me arrastando junto.

-Ai! –Grito. Ele quase quebrou meu braço!

-Desculpa. Tudo bem com você? - Pergunta se virando para mim.

Assinto com a cabeça e ele se vira imediatamente de volta para o telefone sem fazer mais perguntas.

-Aqui quem fala é James. Eu preciso de um ferreiro o mais rápido o possível na rua 1450, número 553. Uma casa enorme, não tem erro. Eu preciso que ele venha muito bem equipado.

-...

-Certo. O problema? Digamos que estou preso em uma garota e preciso de alguém capaz de fazer ela largar de mim.

-...

James começa a rir. Franzo a testa.

-Essa é a segunda ligação essa semana que fazem por causa de algemas. –Ele sussurra tapando o buraco do telefone com os dedos para que quem estivesse do outro lado não escutasse. Ele volta para a ligação. –Certo. O troco vai ser para notas de cem, pode ser?

Desliga o telefone.

-A gente sai dessa hoje! A não ser que você queira grudar em mim mais um pouco... –Ele diz pousando o telefone no gancho.

-Não, obrigada. Prefiro morrer comida por aranhas movidas por carne seca.

A campainha toca. Meio cedo para o ferreiro chegar.

-Mas já? -Pergunto confusa.

-Serviço de qualidade é assim. –James diz sorridente. Descemos as escadas para abrir a porta, ainda seguro a mão dele com força enquanto desço.

Abrimos a porta. James parece ansioso para largar de mim, mas eu ainda estou desconfiada com a rapidez do serviço. É impossível que depois de dez segundos, o ferreiro esteja na nossa porta com o material requerido.

Escuto barulho de criança, mas não olho para quem está na porta, James está na minha frente.

-Você. –James diz assustado. Olho com atenção afastando James, tem uma mulher loira na porta. Uma bela mulher com malas, um homem que deveria ter seus 50 anos também com malas, e duas crianças. 


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