O Valor Do Amor escrita por Cate Cullen
Notas iniciais do capítulo
A minha demora é imperdoável.
Espero que gostem
Beijos
É com tristeza que Esme entra na carruagem. Irá viajar na companhia da sua criada, a Leah, exigiu a sua presença, a presença da sua única amiga, apesar de Carlisle lhe dizer que a casa tinha muitos criados. Conseguiu convence-lo com as lágrimas dizendo que não queria ir sozinha, que se podia sentir mal e como sempre ele cedeu. “Só gostava que ele tivesse cedido ao pedido de vir comigo” pensa enquanto entra na carruagem.
Leah acomoda-se no banco em frente.
Esme fica a olhar pela janela enquanto vê a casa afastar-se. Carlisle nem se veio despedir dela.
Encosta a cabeça para trás e deixa as lágrimas cair.
– Minha senhora. – Leah estica-se para lhe tocar na mão. – Não chore. Vai ver que tudo ficará bem.
Para espanto de Leah, Esme agarra-lhe na mão com força.
– Promete-me que nunca me deixas. – pede.
Leah sorri e sente também lágrimas nos olhos.
– Nunca, senhora. Prometo, estarei sempre consigo.
Esme esboça um pequeno sorriso.
– Abraça-me, Leah.
Leah senta-se junto de Esme e abraçam-se.
– Gosto tanto de ti, Leah. – murmura Esme. – Quase tanto como gostei da minha ama.
Leah sorri.
– Também gosto muito de si, senhora.
– É bom saber que alguém gosta.
Esme dá-lhe um beijo na face e encosta-se para trás observando a paisagem. Sabe que a viajem será longa. Coloca a mão sobre o ventre. Inexplicavelmente deseja o seu filho como nunca pensou desejar. Sorri. “É a única coisa que me resta de Carlisle e juro ama-lo e fazer com que me ame.”
...
Carlisle vai à janela quando a carruagem está quase a desaparecer de vista. Uma lágrima escorre pelo seu rosto. Sentirá a falta dela e ama-a, mais do que alguma vez amou alguém. Mas irá esquece-la. Jura a si mesmo que a esquecerá.
...
Esme é recebida por todos os criados em Sheffield. Um homem de meia-idade aproxima-se dela.
– O meu nome é John Smith, sou o mordomo.
Esme sorri.
– Prazer Mr Smith.
John apresenta-lhe os outros criados.
– Mrs Kennedy, a governanta. A Anne, a Juliette e a Rachel, criadas de quarto. Thomas, William e Bernard, criados de servir. E com o tempo conhecerá os outros, incluindo o cocheiro uma vez que o que a acompanhou voltará a Londres.
Esme volta a sorrir.
– Olá a todos. – cumprimenta. – Apresento-vos a minha criada, que desejo manter, Leah. E este é o médico que me acompanha. Espero que também tenham aposentos para eles.
– Claro. – garante Mrs Kennedy. – A Leah pode ficar…
– A Leah fica comigo. – interrompe Esme. – Insisto, ela dormirá no meu quarto.
– Com certeza. – Jane Kennedy faz uma vénia. – Venha, vou-lhe mostrar o seu quarto.
Esme segue Jane que lhe mostra o seu quarto deixando-a sozinha em seguida.
Esme senta-se na cama.
– É uma casa bonita. – diz. – Acho que vou gostar de viver aqui.
...
Na manhã seguinte surpreende todos os criados descendo até às cozinhas.
– A senhora é a cozinheira? – pergunta a uma mulher de meia-idade.
– Sou, minha senhora.
– Qual é o seu nome?
– Helen, minha senhora.
– Prazer em conhece-la. Eu estava sem nada para fazer nos meus aposentos e gostaria de lhe vir perguntar se se disponibilizava a ensinar-me a cozinhar.
Helen abre muito os olhos.
– A senhora quer aprender a cozinhar? – pergunta espantada.
– Gostaria imenso. Ensina-me?
John decide intervir.
– Lamento, mas Sua Graça não gostaria de saber que a mulher cozinha.
Esme reprime as lágrimas e mantém um ar firme.
– Sua Graça não está aqui, nem fez qualquer tenção de vir. Na ausência dele sou eu que mando e desejo aprender a cozinhar, senão for um incómodo a Helen.
– Claro que não. – garante a cozinheira.
– Então começamos amanhã. E já agora, Mr Smith, gostaria imenso de conhecer o resto da casa. Poderia mostrar-ma?
– Mas é claro, senhora.
...
Os dias vão-se passando em Sheffield. Esme passa as manhãs na cozinha usando avental como uma criada e com o cabelo apanhado num carrapito, nas horas mais quentes da tarde senta-se no quarto ou numa sombra do jardim a ler e ao final da tarde passeia pelos jardins com a Leah apreciando as flores e ouvindo os pássaros.
Esme tenta a todo o custo não pensar em Carlisle que está em Londres e nem sequer lhe escreve para saber como está, uma vez que espera o filho dele. Às vezes, quando vê uma carruagem ou um cavalo passar na estrada ao fundo, pensa que pode ser uma mensagem de Carlisle ou ele próprio, mas logo a ilusão desaparece quando vê a carruagem ou o cavalo continuar em frente em vez de virar no cruzamento que vem dar à casa. E chama-se estúpida a si própria por ter pensado que alguma vez ele viria.
...
Ao fim de um mês a fazer almoços e jantares para pôr no lixo, ou porque ficavam queimados, ou demasiado duros, ou moles, ou tinham mau aspeto, ou ficavam praticamente crus, consegue finalmente fazer um bolo comestível, bonito e com bom aspeto.
– Está bom? – pergunta aos criados que provam na cozinha.
– Maravilhoso, Madam. – diz William sempre muito simpático.
– Nem imaginei que cozinhasse tão bem. – diz Bernard.
– Ainda bem que gostam. – diz com um sorriso.
– Prove. – incentiva Anne.
Esme tira uma fatia e dá uma dentada.
– Nem acredito que fui eu que o fiz. – murmura fazendo os criados abafarem gargalhadas. – Podem rir. – diz. – Estamos só nós aqui, convém divertirmo-nos uns aos outros. Vocês têm-me divertido bastante.
John mantém-se um pouco à parte. Acha esquisito uma mulher tão importante dar-se com a criadagem.
– Já fui assim. – diz Esme para John. – Já fui como está a pensar que devia ser. Na verdade, era uma patroa muito autoritária e rude às vezes. Mas a Leah fez-me passar a gostar dos que nos servem que têm tanto direito a um bom tratamento como aqueles que são servidos. Na verdade, pessoas simples como vocês, são os únicos a não me julgarem pelo que fui. – estende o prato ao mordomo. – Prove, senão ficarei ofendida.
John tira uma fatia e faz um ar maravilhado.
– Podia dizer que tem mão para a cozinha, mas não fica bem o mordomo dizer isso à sua senhora.
Esme ri.
– Para mim é um elogio. Amanhã faço o vosso jantar. E não adianta protestar Mr Smith, vou fazer e não se fala mais nisso.
...
O médico observa Esme numa manhã.
– Aparenta estar tudo bem. – diz. – E Vossa Graça está com melhores cores. Parece que o campo lhe faz bem.
Esme sorri.
– Acha que o meu filho está bem?
– Basta sentir os pontapés que ele dá. – diz o médico sorrindo também. – É um rapaz forte.
Esme acaricia o ventre já um pouco grande com carinho.
– Acho mesmo que é um rapaz. O próximo Duque de Somerset.
O médico sorri.
– Tenho a certeza que é isso que o vosso marido mais deseja.
Esme não responde, mas o sorriso desaparece.
O médico sai depois de fazer uma vénia.
– O meu marido. – murmura olhando pela janela. – Nem me escreve perguntando como estou.
– E se lhe escrevesse, senhora? – pergunta Leah. – Talvez ele gostasse de saber como está.
– Se quisesse saber escrevia-me a perguntar. – sente um pontapé do seu filho e passa a mão na barriga. – É um pai muito desnaturado este teu pai.
Sente um novo pontapé.
– Acho que ele discorda. – diz fazendo Leah rir.
– Sabes uma coisa? Até estou feliz por estar grávida. – confessa sorrindo. – Nunca quis ser mãe, mas sentirmos o bebé a mexer dentro de nós é tão maravilhoso que acho que seria capaz de ter uns quantos filhos.
Leah sorri.
– E terá, minha senhora. O suficiente para encher esta casa.
– Nem digas isso, senão não faço mais nada a não ser estar grávida.
Leah ri.
Esme levanta-se para voltar a vestir o vestido. Leah ajuda-a a aperta-lo.
Esme sorri ao sentir novo pontapé.
– Olha. – pega na mão de Leah e coloca-a sobre a sua barriga. – É tão forte.
Leah sorri ao sentir o bebé.
– É realmente forte, um rapagão.
Esme sorri.
– É o meu menino. – murmura docemente. – Que eu amo tanto.
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