O Valor Do Amor escrita por Cate Cullen


Capítulo 19
Sheffield


Notas iniciais do capítulo

A minha demora é imperdoável.
Espero que gostem
Beijos



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É com tristeza que Esme entra na carruagem. Irá viajar na companhia da sua criada, a Leah, exigiu a sua presença, a presença da sua única amiga, apesar de Carlisle lhe dizer que a casa tinha muitos criados. Conseguiu convence-lo com as lágrimas dizendo que não queria ir sozinha, que se podia sentir mal e como sempre ele cedeu. “Só gostava que ele tivesse cedido ao pedido de vir comigo” pensa enquanto entra na carruagem.

Leah acomoda-se no banco em frente.

Esme fica a olhar pela janela enquanto vê a casa afastar-se. Carlisle nem se veio despedir dela.

Encosta a cabeça para trás e deixa as lágrimas cair.

– Minha senhora. – Leah estica-se para lhe tocar na mão. – Não chore. Vai ver que tudo ficará bem.

Para espanto de Leah, Esme agarra-lhe na mão com força.

– Promete-me que nunca me deixas. – pede.

Leah sorri e sente também lágrimas nos olhos.

– Nunca, senhora. Prometo, estarei sempre consigo.

Esme esboça um pequeno sorriso.

– Abraça-me, Leah.

Leah senta-se junto de Esme e abraçam-se.

– Gosto tanto de ti, Leah. – murmura Esme. – Quase tanto como gostei da minha ama.

Leah sorri.

– Também gosto muito de si, senhora.

– É bom saber que alguém gosta.

Esme dá-lhe um beijo na face e encosta-se para trás observando a paisagem. Sabe que a viajem será longa. Coloca a mão sobre o ventre. Inexplicavelmente deseja o seu filho como nunca pensou desejar. Sorri. “É a única coisa que me resta de Carlisle e juro ama-lo e fazer com que me ame.”

...

Carlisle vai à janela quando a carruagem está quase a desaparecer de vista. Uma lágrima escorre pelo seu rosto. Sentirá a falta dela e ama-a, mais do que alguma vez amou alguém. Mas irá esquece-la. Jura a si mesmo que a esquecerá.

...

Esme é recebida por todos os criados em Sheffield. Um homem de meia-idade aproxima-se dela.

– O meu nome é John Smith, sou o mordomo.

Esme sorri.

– Prazer Mr Smith.

John apresenta-lhe os outros criados.

– Mrs Kennedy, a governanta. A Anne, a Juliette e a Rachel, criadas de quarto. Thomas, William e Bernard, criados de servir. E com o tempo conhecerá os outros, incluindo o cocheiro uma vez que o que a acompanhou voltará a Londres.

Esme volta a sorrir.

– Olá a todos. – cumprimenta. – Apresento-vos a minha criada, que desejo manter, Leah. E este é o médico que me acompanha. Espero que também tenham aposentos para eles.

– Claro. – garante Mrs Kennedy. – A Leah pode ficar…

– A Leah fica comigo. – interrompe Esme. – Insisto, ela dormirá no meu quarto.

– Com certeza. – Jane Kennedy faz uma vénia. – Venha, vou-lhe mostrar o seu quarto.

Esme segue Jane que lhe mostra o seu quarto deixando-a sozinha em seguida.

Esme senta-se na cama.

– É uma casa bonita. – diz. – Acho que vou gostar de viver aqui.

...

Na manhã seguinte surpreende todos os criados descendo até às cozinhas.

– A senhora é a cozinheira? – pergunta a uma mulher de meia-idade.

– Sou, minha senhora.

– Qual é o seu nome?

– Helen, minha senhora.

– Prazer em conhece-la. Eu estava sem nada para fazer nos meus aposentos e gostaria de lhe vir perguntar se se disponibilizava a ensinar-me a cozinhar.

Helen abre muito os olhos.

– A senhora quer aprender a cozinhar? – pergunta espantada.

– Gostaria imenso. Ensina-me?

John decide intervir.

– Lamento, mas Sua Graça não gostaria de saber que a mulher cozinha.

Esme reprime as lágrimas e mantém um ar firme.

– Sua Graça não está aqui, nem fez qualquer tenção de vir. Na ausência dele sou eu que mando e desejo aprender a cozinhar, senão for um incómodo a Helen.

– Claro que não. – garante a cozinheira.

– Então começamos amanhã. E já agora, Mr Smith, gostaria imenso de conhecer o resto da casa. Poderia mostrar-ma?

– Mas é claro, senhora.

...

Os dias vão-se passando em Sheffield. Esme passa as manhãs na cozinha usando avental como uma criada e com o cabelo apanhado num carrapito, nas horas mais quentes da tarde senta-se no quarto ou numa sombra do jardim a ler e ao final da tarde passeia pelos jardins com a Leah apreciando as flores e ouvindo os pássaros.

Esme tenta a todo o custo não pensar em Carlisle que está em Londres e nem sequer lhe escreve para saber como está, uma vez que espera o filho dele. Às vezes, quando vê uma carruagem ou um cavalo passar na estrada ao fundo, pensa que pode ser uma mensagem de Carlisle ou ele próprio, mas logo a ilusão desaparece quando vê a carruagem ou o cavalo continuar em frente em vez de virar no cruzamento que vem dar à casa. E chama-se estúpida a si própria por ter pensado que alguma vez ele viria.

...

Ao fim de um mês a fazer almoços e jantares para pôr no lixo, ou porque ficavam queimados, ou demasiado duros, ou moles, ou tinham mau aspeto, ou ficavam praticamente crus, consegue finalmente fazer um bolo comestível, bonito e com bom aspeto.

– Está bom? – pergunta aos criados que provam na cozinha.

– Maravilhoso, Madam. – diz William sempre muito simpático.

– Nem imaginei que cozinhasse tão bem. – diz Bernard.

– Ainda bem que gostam. – diz com um sorriso.

– Prove. – incentiva Anne.

Esme tira uma fatia e dá uma dentada.

– Nem acredito que fui eu que o fiz. – murmura fazendo os criados abafarem gargalhadas. – Podem rir. – diz. – Estamos só nós aqui, convém divertirmo-nos uns aos outros. Vocês têm-me divertido bastante.

John mantém-se um pouco à parte. Acha esquisito uma mulher tão importante dar-se com a criadagem.

– Já fui assim. – diz Esme para John. – Já fui como está a pensar que devia ser. Na verdade, era uma patroa muito autoritária e rude às vezes. Mas a Leah fez-me passar a gostar dos que nos servem que têm tanto direito a um bom tratamento como aqueles que são servidos. Na verdade, pessoas simples como vocês, são os únicos a não me julgarem pelo que fui. – estende o prato ao mordomo. – Prove, senão ficarei ofendida.

John tira uma fatia e faz um ar maravilhado.

– Podia dizer que tem mão para a cozinha, mas não fica bem o mordomo dizer isso à sua senhora.

Esme ri.

– Para mim é um elogio. Amanhã faço o vosso jantar. E não adianta protestar Mr Smith, vou fazer e não se fala mais nisso.

...

O médico observa Esme numa manhã.

– Aparenta estar tudo bem. – diz. – E Vossa Graça está com melhores cores. Parece que o campo lhe faz bem.

Esme sorri.

– Acha que o meu filho está bem?

– Basta sentir os pontapés que ele dá. – diz o médico sorrindo também. – É um rapaz forte.

Esme acaricia o ventre já um pouco grande com carinho.

– Acho mesmo que é um rapaz. O próximo Duque de Somerset.

O médico sorri.

– Tenho a certeza que é isso que o vosso marido mais deseja.

Esme não responde, mas o sorriso desaparece.

O médico sai depois de fazer uma vénia.

– O meu marido. – murmura olhando pela janela. – Nem me escreve perguntando como estou.

– E se lhe escrevesse, senhora? – pergunta Leah. – Talvez ele gostasse de saber como está.

– Se quisesse saber escrevia-me a perguntar. – sente um pontapé do seu filho e passa a mão na barriga. – É um pai muito desnaturado este teu pai.

Sente um novo pontapé.

– Acho que ele discorda. – diz fazendo Leah rir.

– Sabes uma coisa? Até estou feliz por estar grávida. – confessa sorrindo. – Nunca quis ser mãe, mas sentirmos o bebé a mexer dentro de nós é tão maravilhoso que acho que seria capaz de ter uns quantos filhos.

Leah sorri.

– E terá, minha senhora. O suficiente para encher esta casa.

– Nem digas isso, senão não faço mais nada a não ser estar grávida.

Leah ri.

Esme levanta-se para voltar a vestir o vestido. Leah ajuda-a a aperta-lo.

Esme sorri ao sentir novo pontapé.

– Olha. – pega na mão de Leah e coloca-a sobre a sua barriga. – É tão forte.

Leah sorri ao sentir o bebé.

– É realmente forte, um rapagão.

Esme sorri.

– É o meu menino. – murmura docemente. – Que eu amo tanto.


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