Come To The Dark Side, We Have Cookies! escrita por Tia Cafira


Capítulo 5
Letras de Músicas, estupidez


Notas iniciais do capítulo

Saudade de vocês. Postem em todos os capítulos, tá? Beijos



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Mãe, me fala mais do sonho. - sabia que estava tocando numa ferida semi-aberta. Mas me falam tanto que o sexto sentido de uma mãe era infalível e imbatível, que eu estava curioso. Ela disse que havia sonhado com ele, e que ele estava queimando. Bom, eu não sei como está o psicológico de Lúcio, mas sei que ele estaria queimando se não fosse a morte.

—Ah... - ela fez como se não valesse a pena.

—Mãe. Eu quero saber.

—Seu irmão estava de terno... - ela chorava - coisa que eu... Nunca imaginei ele vestindo... Coisa que ele nunca vestiu!

—E...?

—E ele... Ele estava... Queimando - ela chorou mais forte com a lembrança que eu desconhecia. Imagino que foi horrível. Ver seu filho morto, provavelmente queimando no inferno não pode ser uma coisa boa.

—E mais o que?

—Ele se erguia! Se erguia, Jacob!

—Como, mãe?

—Ele agarrou uma mão... Que seja a mão de Deus! - ela fez uma prece e ouvi ela rezar baixinho um Pai nosso.

—Mãe. - chamei-a.

—Sim? - ela enxugava o rosto.

—Ele estava queimando, e se ergue?

—Sim... Usava um terno, e estava se erguendo. Saindo de perto das outras almas que queimavam... Jacob - ela chama meu nome e recomeça à chorar.

Eu estava impressionado. A fé, te leva a uns lugares inacreditáveis. Mas eu sou agnóstico, para desgosto de minha mãe.

Chegamos no apartamento e eu resolvi ligar para algum restaurante trazer uma comida. Minha mãe com certeza estava sem apetite, mas ela tinha de comer algo.

—Mãe, estou pensando em maria isabel, mãe!

Maria Isabel, é um prato brasileiro, do Mato Grosso, até onde sei. Minha mãe fez trabalho voluntário lá. Agora, onde haveria maria isabel pronto pra viagem? Acabei indo comprar os ingredientes e pegar a receita na internet. Maria isabel sempre deixava minha mãe feliz.

No mercadinho, coloquei os fones de ouvido, e pus numa rádio fora do ar, só para ouvir aquele ruído branco. Era como estar prestes a entrar no tranco.

Peguei milho, arroz, azeite, óleo, cebolas... E peguei um chocolate que ela ama: Lindit. Com castanhas.

Resolvi enviar uma mensagem para Nicole:

então, a indomável está presa em casa?

Quando fui para o caixa, a resposta:

cale a boca, hater.

e apenas me tire daqui.

Eu gostava desse tom, desse espírito dela. O que eles dizem nessas músicas, sobre fazer tudo o que quiser, numa noite. Fugir... Todos eles estão certos. Eu só queria que eles pudessem realmente sentir. Queria que eles pudessem realmente saber o que é fugir, com uma garota, na calada da noite. Parar num rave qualquer e dizer que seremos eternamente jovens.

ué, de megera domada, foi pra princesa em perigo?

Foi meio inevitável, responder isso. O gostinho de superioridade ridículo estava na minha boca.

cale a boca!

você está gostando né? finalmente vai ter uma desculpa para finalmente foder por cima, parabéns ;)

Ela tinha um humor ácido. Eu amo isso. A ideia que ela é só uma gatinha com presas retráteis me encanta... Seus sorrisinhos estavam presentes até mesmo à distância. Alguns se fingem de diferentes, se dizem anti-sociais, e que as pessoas não te entendem. Eu queria que todos vissem que isso é desnecessário. Olhe pro lado, há uma pessoa do seu lado, ninguém é normal. Todos temos segredos e apenas esperamos algum interesse para ganhar uma leitura mais profunda de nós mesmos. Que graça tem dizer que você não gosta das pessoas? Eu me sinto envergonhado.

Sabe, sempre dizem que pessoas são perigosas, que as palavras das mesmas machucam... Mas que graça teria se não fosse assim? Ninguém teria desilusões, vinganças seriam impossíveis, e grande literaturas não teriam fundamentos. Puxa, eu podia escrever uma música sobre isso.

Cheguei em casa, e minha mãe havia posto um DVD, eu fui cozinhar.

—Está cozinhando, querido? - ela perguntou. Seu tom de voz me surpreendeu. Lembrei-me da época de papai. Sabe, ele era um homem bom.

—Sim. - disse meio zumbi.

—Isso é...?

—Maria Isabel! - disse da cozinha. Ela cantou um pedaço de sua música favorita: I Try de Macy Gray. Ela sempre canta quando está feliz. Então, ela pôs na MTV e foi me ajudar na cozinha. Dava uma música estranha, de uma boy band. Acho que era P9. Sei lá, eu odeio boy bands. Eles tiram o respeito e a dignidade de meninos da minha idade. Sabe, em certos lugares, se você não usa calças jeans rasgadas e caídas, com um boné aba reta, você é um idiota, e eles pregam que os meninos de 1D e JB são babacas. Eu? Não entendo nada. Apenas rio.

 

Depois, deu uma banda cantando Everytime We Touch, e eu cantei com a minha mãe. Essa música era legalzinha. Proteu e Nereu já se encontravam na cozinha esperando um milagre: algo cair. Eles são especialistas nisso. Minha mãe dá pedacinhos de carne crua, o que eu sempre achei perigoso. Deu intervalo, e eu pus um CD que queria mostrar pra minha mãe, uma coletânea de músicas antigas, que eu sou fã. São de bandas que ninguém conhece. Deu Come on Eileen e minha mãe cantou bem alto. Eu cantei com ela:

—Poor old Johnny Ray... sounded sad upon the radio... - ela cantou.

—Come on Eileen i swear (well he means) - eu cantei.

—At this moment, you mean everything! - ela cantou.

—Ah! Come on Eileen! - cantamos juntos, e os cachorros latiam com os movimentos dos braços de mamãe.

A comida ficou pronta, e comemos vendo Revenge. Depois, minha mãe pegou um quebra-cabeça velho:

—Era do seu irmão. Quero montá-lo.

Montamos o quebra-cabeça, e ela ficou com sono. Coloquei-a na cama e Jill chegou. Pedi para ele tomar conta dela, e saí.

Parei no muro de Nicole:

ruiva, to em frente a sua casa.

Alguns minutos e nada.

Subi em cima do muro, e sua moto não estava lá.

aonde vc foi?

E mais uma vez, nada.

Me chamei de idiota, e trouxa, e voltei pra casa chutando algumas pedras. Queria eu, entender aquelas letras de músicas.


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