Feelings


I'll keep the light from fading
If the clouds blind your way
And the wind sways your faith


O dia passou, Yoshiki trancado em casa.
"Onde ela está?" Se perguntava a cada cinco minutos. As horas se arrastavam, e não havia passado de meio-dia. Não sabia mais o que fazer para que o tempo passasse mais rápido.
Mas por quê? Era ela quem estava atrasada!
Acabou indo novamente para o escritório no segundo andar de sua casa. Barras musicais no computador.
Acabou por sofrer mais, pois o tempo passou tão lentamente quanto antes, e a melodia da música na qual estava trabalhando era dolorosa, assim como a letra que havia composto para tal melodia.

*

Era final da tarde.
Estava preocupada com o baterista. Sabia que tinha que ter chegado de manhã, mas não foi sua culpa.
Ao entrar na casa do músico (sempre encontrava a porta aberta...), passou-lhe pela cabeça todo o dia.


     [Quick Flashback]


Ao sair de casa de manhã, rumo à casa do seu amigo, pegara um engarrafamento pequeno na avenida principal.
Ao entrar em uma rua estreita, acreditando ser um atalho, foi fechada por dois japoneses armados, que lhe assaltaram.
Levaram o carro, celular, bolsa e alguns documentos.
Foi o mais depressa possível para uma delegacia. O atendimento demorou horas, e pela dificuldade em falar e entender japonês, o processo demorou três vezes mais.
Com o estresse e a correria, nem se lembrou de avisar o pianista do ocorrido.
Até fazer o Boletim de Ocorrência, Retrato Falado dos criminosos (pois conseguiu ver seus rostos), etc, demorou o dia todo.
Só saiu da delegacia no final da tarde, quando finalmente pôde dirigir-se a casa do homem.


     [/Quick Flashback]


Teve um pouco de vergonha ao bater à porta do escritório, onde com certeza Yoshiki estava trancado.
Tinha medo de como ele estaria...
Preocupava-se com ele.

- Só agora? - Perguntou o músico, ao abrir a porta.
- Me perdoe... - Disse ela, dirigindo seus olhos ao chão. - Não pude vir mais cedo...
- Ah...
- Fui assaltada, tive que ir pra delegacia, e... - Tentou explicar, mas falara tão rápido que o outro só entendeu a palavra "assaltada".
- Meu Deus! Você está bem? - Ele indagou, visivelmente preocupado.
- Sim! - Sorriu ela, voltando seus olhos pra ele. - Me preocupei com você...
- Só o tempo, que demorava... Foi meio... doloroso... - disse, enquanto tentava impedir uma lágrima de escorrer pelo seu rosto.
- Vem comigo... - Disse Teh, pegando-o pelo pulso e puxando-o para a sala.

Levava-o cada vez mais para mais perto do piano. Quando lá chegaram, fez com que ele se sentasse no banco, e sentou-se ao seu lado.
Começou a tocar qualquer coisa. Nunca tinha ouvido aquela melodia na vida. Estava criando-a naquele momento...
Yoshiki não entendeu, e ficou a intercalar seu olhar entre a moça e suas hábeis mãos no piano.
Vendo isso, Teh parou.

- Relaxa, tá? - disse ela colocando-se atrás do baterista.
Posicionou suas mão por cima dos olhos do homem, e fez com que ele fechasse seus olhos.
- Não veja... - por cima dos ombros dele, pegou suas mãos e colocou-as em cima das teclas do piano, enquanto seu rosto estava praticamente encostado no pescoço do homem. Suavemente, acariciou-o com a bochecha, de olhos fechados. Passou suas mãos pelos braços do baterista, parando em seus ombros. - Não fale... Apenas escute... Sinta...
Voltou para sentar-se ao seu lado, e recomeçou a tocar, dessa vez, uma melodia diferente.
- Só toque quando quiser... - disse num sussurro, enquanto continuava a tocar.

Saía uma melodia muito bela do piano, que logo foi complementada pelos movimentos dos dedos do outro por cima das teclas.
Enquanto tocava, com seus olhos fechados, lágrimas escorriam de seus olhos, caindo por sobre as teclas do piano.
Tocaram por quase quinze minutos, sem parar.
Yoshiki chorava, e a moça, chorava por vê-lo tão triste.

Ao parar, Teh observou-o por mais um tempo.
Lágrimas caíam de seus olhos sem cessar; cada gota era uma dor em seu próprio coração.
Finalmente, depois de um tempo Yoshiki parou, exausto. Abriu seus olhos, vermelhos, e olhou para a moça.
Sorriu, e se jogou nos braços dela.

- Obrigado... - Disse sussurrando, e ainda chorando. - Obrigado...
A moça sorriu, e o abraçou forte.