Minhas lágrimas e eu não tivemos paz por muito tempo.

Havia conseguido chegar, aos tropeços e soluços, ao meu quarto cerca de dez minutos antes de eu começar a ouvir batidas fortes e vozes chamando meu nome lá de baixo. Da porta que conduzia à escada.

Suspirei.

Eu devia estar horrível. Mesmo se eu lavasse o rosto, livrando-me das lágrimas, ainda restariam evidências. Desde os olhos vermelhos até o rosto inchado.

Fui tentar parecer apresentável, de qualquer jeito. Entrei no enorme banheiro e parei diante da pia, antes analisando meu estado.

Assustador, como previsto.

Lavei meu rosto com água fria. De algum modo, parece que o frio chegou à boca de meu estômago. Uma sensação horrível me tomara, mas eu não sabia o porquê dela estar sendo gerada.

Saí do banheiro e fui ver quem tanto me chamava. Eu continuava com uma aparência lamentável, mas foi o melhor que pude fazer.

Os chamados cresceram em volume e desespero.

– Já vou! – Minha voz estava rouca, como imaginei que estaria, mas precisava usá-la para acalmar quem quer que estivesse atrás da porta, antes que a derrubassem, preferencialmente.

Corri, descendo os degraus que restavam, e abri a porta.

Do outro lado estavam Lola e Hermione.

Tentei esconder minha surpresa ao ver a segunda garota ali, com minha melhor amiga.

– Olá.

Elas pareciam assustadas, estavam brancas, embora claramente houvessem corrido até ali.

– Sophie Malfoy Black, você quer nos matar de susto? – A voz de Lola estava esganiçada, os olhos arregalados em apreensão e alívio.

– Não! Por quê? – Eu não estava entendendo nada. Os últimos acontecimentos haviam varrido tudo de minha mente.

– Porque nós fomos atacados, querida – disse Hermione, gentilmente. – Todos achávamos que haviam conseguido sequestrar você depois de toda a confusão, já que procuramos você em todos os lugares, sem sucesso. Você sumiu, ficamos todos preocupados e... há algumas novidades – concluiu ela, relutante.

Finalmente entendi o impacto que meu sumiço temporário deve ter causado. Eu não havia pensado nas consequências de sair correndo atrás de Draco. Em nenhuma delas.

Eu, não verdade, não havia pensado em nada, infelizmente.

– Oh, me desculpem – eu estava sendo sincera, meu tom de voz deixava isso claro. – Eu realmente sinto muito, não havia pensado que vocês poderiam ficar preocupados. Fui egoísta, precisava... de um tempo sozinha e simplesmente vim para cá.

Elas se entreolharam, então olharam para mim novamente.

– Você está bem?

Era o que eu temia. Lola me conhecia muito bem para se deixar enganar facilmente. Mas eu não queria falar do ocorrido na frente de Hermione. Sabia que ela não gostava de Draco. Draco. Maldito nome.

Suspirei e apertei minhas têmporas com os dedos, fechando os olhos. Dor de cabeça. Decidi permanecer com a verdade.

– Estou, na medida do possível – então lembrei-me de algo que Hermione havia mencionado hesitantemente. – Mas quais são as novidades que vocês disseram que tinham?

Elas entreolharam-se novamente. Agora eu estava ficando preocupada. Uma ideia repentina formou-se em minha mente.

– Quem se machucou?

– É melhor vir com a gente – Hermione falou delicadamente, mas suas palavras aumentaram o frio em meu estômago, espalhando-o pelo resto do corpo, e meu coração ficou apertado.

Elas começaram a andar. Eu as segui.

Alguns minutos mais tarde, adentrávamos na ala hospitalar.

Lá dentro estavam muitas pessoas. Cada uma das macas estava ocupada por estudantes, visitantes e alguns professores e funcionários.

Mas uma maca e as pessoas em volta dela chamaram minha atenção.

Santaro e Cristal estavam um de cada lado da cabeceira. A Armada de Dumbledore e a família de Gina Weasley estavam ali perto também.

E na maca estava minha mãe.