–- Srta. Black! Srta. Black!

Acordei com uma voz feminina chamando-me a meu lado e empurrando-me levemente com mãos cheias de aneis.

Abro meus olhos, incomodada com a intensa claridade que entra pelas janelas de paredes inteiras. A luz quase me cega por um momento, mas depois que me acostumo a ela consigo distinguir quem me acordara.

–- Professora Samantha! – sento-me rapidamente, ficando tonta com o gesto, puxando junto as cobertas para evitar que ela veja meu pijama um pouco curto demais. Ela era, além de professora de Artes Mágicas Diversas, a vice-diretora da escola.

–- A senhorita está sentindo-se bem? Já passa do meio-dia, todos começaram a comentar o seu desaparecimento – a voz dela soava preocupada.

Preparei-me para mentir dizendo que não estava muito bem, mas achei que poderia acabar sendo pega na mentira se ela decidisse que eu devia ir à ala hospitalar. Decidi falar a verdade. Ou uma parte dela.

–- Sim, professora, estou bem, só não estava conseguindo dormir à noite, devo ter conseguido pegar no sono perto do amanhecer, por isso perdi a noção das horas. Sabe como é... muitas coisas na cabeça – deixei de mencionar o fato de que parte dessa minha “insônia” deveu-se a eu estar quebrando as regras da escola. Para desencargo de consciência resolvi acrescentar: - Desculpe-me.

Ela me olhou com compaixão.

–- Claro, eu entendo. Na verdade, eu só vim vê-la para ver como estava e também porque tenho novidades para você – olhei inquisitivamente para ela. A professora abriu um leve e rápido sorriso. – É sobre o Torneio. Em uma semana teremos o primeiro dos bailes comemorativos, teremos três, e acho que você conhece a tradição. Os campeões entram primeiro na pista de dança, então sugiro que você arranje logo um par para sábado que vem.

Pisquei. Uau. Que bela maneira de se começar um dia. Acho que preferiria que Bohrstrueid tivesse me acordado pessoalmente.

– Ahn, OK. Tentarei arranjar um par – minha voz transparecia incerteza. Eu não estava nada confiante sobre isso, até porque tinha certeza absoluta de que Draco não iria querer aparecer comigo em um baile de estudantes. Esse pensamente trouxe uma nuvem de depressão que ficou pairando acima de minha cabeça.

–- Sugiro que realmente tente. Não deve ser nada agradável ser um dos campeões Tribruxo e não ter companhia para os bailes – ela sorri amavelmente para

mim. – Mas não é só isso que eu tenho para falar. Instruções para a primeira tarefa serão dadas amanhã a todos os campeões. Normalmente teriam sido revelados alguns dos detalhes no mesmo dia em que vocês foram selecionados, mas devido às circunstâncias... – ela hesitou por um momento. – Bom, devido às circunstâncias isso precisou ser adiado. Então esteja na sala de Feitiços e Feitiçarias do quarto andar, às 14 horas. Não se atrase – ela franziu o cenho, parecendo genuinamente preocupada com alguma coisa. Eu não fazia ideia com o quê.

–- Sim, claro, não me atrasarei.

–- Ótimo – ela agora sorri radiante e eu me senti imediatamente mais segura. Por isso era minha professora favorita. Ela tinha o dom de iluminar um ambiente quando entrava nele.

Comecei a levantar-me, ainda puxando junto comigo os cobertores, cobrindo meu pijama relativamente indecente, mas ela põe uma mão em meu ombro, impedindo-me de completar o movimento.

–- Não, fique na cama por hoje. A partir de amanhã você não terá nenhum segundo de descanso, então será bom para você ter uma folga por hoje – ela piscou para mim e acenou com sua varinha em direção ao meu criado-mudo ao lado da cabeceira de minha cama. Pratos absolutamente cheios das mais variadas comidas apareceram ali em cima. – Pronto. Quando quiser comida, qualquer uma, somente peça em voz alta, o prato se encherá ou somente trocará seu conteúdo – sorriu para mim mais uma vez e virou-se para sair, mas deteve-se no meio do gesto e voltou-se para me olhar de novo. – Ah, já ia me esquecendo. Você terá um quarto particular a partir de amanhã. Todos os campeões terão. É mais confortável e proporcionará um bom lugar para treinos. O seu quarto fica perto da Torre Astronômica, amanhã, após a reunião, eu a levarei lá. Portanto, arrume suas coisas. E pode levar os pratos – dizendo isso, sorriu uma vez mais e deixou-me sozinha.

Eu estava super animada. Dia de folga? Comida na cama? E, ainda por cima, quarto particular?

Parecia tudo muito bom para ser verdade.

Comecei a comer, sem nem levantar-me para trocar de roupa, ainda sentada em minha cama e sorrindo comigo mesma. Nada poderia dar errado.

Então uma forte batida soou pelo quarto e, sem esperar nenhuma resposta, a porta abriu-se deixando entrar Santaro, Potter e os outros membros da Armada de Dumbledore.

Senti meu sorriso desmanchando-se imediatamente.