Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 4
4:O Circo Lacrimosa e seus ilustres participantes


Notas iniciais do capítulo

Entre na Terra da Aventura
Trapaceiros, feiticeiros vão te mostrar tudo que é real
Malabaristas descuidados, encantadores de serpentes em seu rastro,
Magia de um momento
Abracadabra

* Nightwish


A música perfeita para esse capitulo seria "Malina" da banda Lacrimosa.



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Havia algo que Penélope me disse que me deixou em um silêncio profundo. Ela estava animada, enquanto se arrumava para sua “cabulosa” noite como mesmo comentou. Eu lhe fazia algumas perguntas, tentando saber do porque ela ter me chamado para vir até essa cidade, o que ela me disse foi simplesmente.


– Você tem olhos de vidro -então, voltou a cantarolar enquanto fazia um penteado gigante e enchia de plumas azuis. Me arrastei, até onde era o meu quarto provisório e fiquei vendo as nuvens escura da noite tomar conta do céu, era algo singular, pois mesmo parecendo um tempo revolto e de chuva, havia brilhantes estrelas e até mesmo uma lua fina em meio a brumas do céu.

– Kizzy -pisquei meus olhos, saindo da minha letargia e me virei para Julian -Penélope está lhe chamando.

Me levantei, seguindo para onde era seu “canto de luzes” um lugar parecido com um camarim, cheio de roupas e maquiagem teatral, sem contar as paredes forradas de noticias sobre ópera e concertos. Ela era uma pessoa muito interessante e também misteriosa.

– Então Kizzy, está pronta, sinto que hoje será uma noite gloriosa!-Penélope estava em um vestido delicado, que lhe deixava parecendo uma boneca de porcelana. Quando se virou para mim fez uma careta-Não pode ir assim.

Olhei para mim mesma em seu enorme espelho e dei de ombros.

– Já estive bem pior.

– Ora, essa é uma noite para conhecer pessoas, saiba que aqui em Egerver conhecer pessoas não significa amizade e sim proteção -isso me fez arrepiar, tudo nesse lugar parecia perigoso -Venha, tenho algo esplêndido para você.

Logo que tomei um banho e ela quase arrancou os fios do meu cabelo, Então sorriu com gosto dizendo que agora eu estava perfeita para uma noite em Egerver. Usava um vestido de manga rendada, que batia nos meus joelhos, era escuro assim como as sapatilhas e a meia calça que ela me fez usar, nos cabelos deixou-os soltos com uma fita de cetim sobre eles, fiz uma careta.

– Não acha isso um pouco...luto de mais.

– Por isso disse que é perfeita para uma noite em Egerver, agora vamos não quero chegar atrasada.

Uma carruagem escura, sendo puxada por dois cavalos de aparência cansada, estava nos esperando na frente de sua casa. Nem mesmo perguntei, como eles foram parar ali ou quem os estava guiando, apenas entramos e a deixamos praticar sua musica em devido silêncio.

Olhei para as casas escuras e fortemente fechadas, enquanto trotávamos sobre as ruas de pedras, a cidade parecia banhada em escuridão. Uma música soou ao longe, se parecia com um órgão, seguindo de vozes assombrosas.

– O canto da noite -sussurrou Julian apertando seu casaco como se estivesse com frio -Eles venerem a tribo do norte.

– O que são a tribo do norte?-perguntei sabendo que já tinha ouvido isso antes.

– Eles cuidam do portal para o submundo, são praticantes de magia negra, ceifadores ou até mesmo caídos...certamente alguém que você não gostaria de encontrar.

– Vocês dois! -nos viramos para Penélope que estava com um olhar duro -Não falem sobre isso, causa muito azar e a última coisa que necessitamos é azar.

Não era nada com azar, era algo...algo mais além que ela temia e isso me deixava ainda mais curiosa.


Quando finalmente parecemos chegar, o uivo do vento foi o que nos recebeu. Havia um caminho de pedras roxas que nos levava até um enorme e comum tenta de circo, listrada de preto e branco, o caminho era vigiado por muitas lanternas a gás que balançavam penduradas nas árvores. Havia muitas pessoas, todas elas olhando para frente com devido interesse nos olhos.


Penélope sorriu para si mesma, como se a visão do circo cercado por luzes brilhantes lhe trouxesse boas lembranças.

– Venham, agente entra pelos fundos.

A seguimos enquanto a mesma levantava a barra do seu vestido, ao pisar na grama de aparência úmida. Havia uma cortina que flutuava como um fantasma irritado, entramos pela abertura e um cheiro de rosas me cercou, rosas e velas.

Havia um corredor bem iluminado, com rosas gordas em vasos de cristais e velas penduradas como sem em fios por todo um corredor, que nos fazia passar por um emaranhado de cortinas coloridas e de listras diferentes. Ouvi algo sendo tocado em um violino animado e segui o som, nem mesmo sabendo onde estava Penélope ou Julian.

Então eu me via refletida, muitas “eu” de olhares assustados, outras sorrindo e outras dançando sozinhas, enquanto o vestido rodava a minha volta, parecia estar flutuando enquanto meus pés ainda estava no chão, gostaria de dançar daquele tipo...mas para ser bem sincera, nem mesmo sei se danço.

– Parem! -disse uma voz suave, fazendo todos os espelhos voltarem a ser cortinas coloridas que se mexiam sozinhas. Olhei ao redor procurando pela voz, então notei uma garota com as mãos na cintura vindo em minha direção -Vejo que está um pouco perdida.

– Na verdade sim -disse um pouco confusa com a minha própria voz -Estava com Penélope...

– Há claro, venha siga-me.

Notando melhor agora, ela se parecia com uma arlequina de cabelos verdes. Trazia consigo em mãos um tipo de amuleto que ficava rodando, enquanto cantarolava uma melodia animada, que combinava em sincronia com o som do violino que parecia ficar cada vez mais perto.

– Zora! -alguém gritou enquanto entravamos em um lugar sombreado, cheio de cartazes de antigos espetáculos pendurados em fios de seda azuis. Havia ali um garoto de aparência nervosa, trajando um conjunto de roupas que o deixavam parecendo um arlequim sombrio enquanto brincava com varias bolinhas de cristais, cheias de uma névoa dentro -Estava lhe procurando, estamos quase na hora de entrar e...quem é essa?

– Não sei, estava perdida nos espelhos- comentou ela ficando de ao lado do garoto que em encarava curiosa -Como se chama, somos Zora e Enid...malabaristas.

– Kizzy -foi a única coisa que disse, eles se entreolharam e deram de ombros juntos , acho que eram gêmeos.

– Muito bem Kizzy, siga reto esse corredor e logo estará junto aos outros.

Assenti para Enid e segui o caminho que mandou, mesmo sabendo que os olhos deles ainda queimavam nas minhas costas. Passei por uma garota de pele escamosa, que tinha duas cobras dourada em torno do pescoço e parecia muito tranquila com aquilo, um jovem que parecia afiar uma longa espada e enfiar em seu próprio estômago, dois jovens que seguravam tochas de fogo e passavam pelo corpo, e riam quando as chamas dançavam sobre suas peles.

Balancei a cabeça, me sentindo em um mundo estranho. Meio que em uma rápida corrida, consegui chegar até a plateia, que estava já lotada. Notei Julian sentada em uma das cadeiras de veludo da frente e me juntei a ele. Antes de me sentar, olhei para o teto, onde muitas velas se balançavam sobre nossa cabeça, deixando um brilho mórbido em todo lugar.

– Onde se meteu? -perguntou Julian virando seu olhar para mim, suspirei nem mesmo eu tento uma resposta direito.

– Vendo algumas coisas estranhas -foi o que disse por fim, enquanto o silêncio pairou sobre a tenda e uma música assombrosa começou a tocar.

Enfim, que o espetáculo comece.













































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































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