Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 28
28: Show de Horrores


Notas iniciais do capítulo

Agora eu estou lutando nessa guerra
Desde o dia da queda
E eu estou me agarrando a tudo desesperadamente
Mas eu estou perdida, estou tão perdida

*Within Temptation



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A cada pequeno grito agudo, a cada arranhão profundo que minhas unhas faziam em seu rosto de boneca, a cada maldito cabelo que se enrolava em meus dedos e eu sentia todo o vazio escuro dentro do meu peito ser preenchido.

Notei pelos cantos dos olhos, enquanto eu segurava Kizzy no chão frio, que seus “fiéis” seguidores, encaravam tudo com temor nos olhos avermelhados. Eles não iriam me impedir de mata-la, eles não tinham coragem de vir até mim e me encarar no olhos, pois a cada gota de sangue que Kizzy derramava, ela saia fora de cena e eu entrava com força total.

- Lilith! -alguém gritou, mas sua voz parecia estar muito longe, meu foco estava na garota pálida, que parecia uma boneca de pano, enquanto eu batia sua cabeça de encontro ao chão escuro de mármore. Alguém me segurou pela cintura, me levando para longe do corpo quase sem vida de Kizzy. Grunhi, enquanto Casper me arrastava para longe, mesmo eu me debatendo com força contra si.

- O que está fazendo!-gritei parando a sua frente, empurrando suas mãos para longe, estava muito furiosa e não me senti mal em descontar tudo em si -Seu traidor! Eu deveria arrancar seus olhos! Sempre esteve ao lado dessa garota e agora este tentando salva-la, desculpe mas tenho o direito de arrancar o coração da vadia!

- O que diabos está falando? -ele não estava gritando, sua voz era baixa e até mesmo  assustadora em certo ponto, mas estava cansada de me assustar, apenas sustentei seu olhar enquanto ele suspirava de forma desesperada –Como pode se quer pensar que estava ao lado de Kizzy!

Sua foz soava quase ofendida....ora eu deveria me sentir ofendida!

- Pelo simples fato de ter se voltado contra mim, ao invés de me ajudar se transformou em um monstro repugnante! Agora me diga, durante a lua azul onde você esteve! Se não atrás de mim para me aniquilar de vez, o que estava fazendo hen?

Ele suspirou, cerrando os olhos e de uma forma ameaçadora chegando muito próximo, por um momento esqueci que estava a ponto de querer esgana-lo e me perdi em seus olhos, mas ele emitia ondas de ódio e isso me fez recuar.

- Tirando o fato de que tentei salvar sua pele de almas condenadas, apenas tentando localizar Penélope e Julian -então suspirou se afastando, arcando as sobrancelhas em minha direção -Acho que você deveria saber, que Kizzy pode camuflar qualquer ser, até mesmo a mim, então se o que viu lhe assustou ou de alguma forma lhe machucou, saiba que não era eu, como poderia Lilith! Pensei que confiava um pouco mais em mim.

Engoli em seco, enquanto a raiva dava lugar a desolação e tristeza, minha boca estava seca e o sentimento de culpa era esmagadora. Pisquei as lagrimas para longe, olhando melhor ao redor, notando estar em um conhecido salão de janelas com cortinas vermelhas e pilastras brancas, com o corpo murcho de Penélope caído em um canto escuro.

- Casper...

- Não se preocupe, darei um jeito em Kizzy -ele me deu uma última olhada, com uma escuridão crescente nos verdes infinitos de seus olhos -Você não tem sangue em suas mãos  e não irei deixar que agora você mate, isso não é de sua natureza.

Então em um silêncio arrepiante se caminhou até o corpo meio morto de Kizzy, fechei os olhos sentindo minhas energias serem drenadas enquanto me arrastava até Penélope. Seus olhos estavam abertos, arregalados em desolação enquanto seu corpo permanecia frio.

Chorei sobre seu cadáver, agradecendo por ela ser essa pessoa maravilhosa, que me ajudou desde do primeiro momento, recolhendo em sua velha mansão uma total desconhecida, saída de um sanatório.

- Pobre criança, não chore sobre um corpo já morto. Ela deve estar feliz agora, sua alma está junto a pessoa que ela mais amava, seu filho.

Olhei para cima, onde Ilanda Inviskin sorria de forma triste para mim, segurando um cajado com uma bola de cristal vermelha brilhante logo acima. Ela tocou sobre a cabeça de Penélope, enquanto falava em uma língua estranha as palavras que conduziam as almas para o outro plano, as almas bondosas ao chamado paraíso.

- O que...o que acontece agora? -perguntei me sentindo miserável, sentindo que nada daquilo havia acabado -Onde está Julian!

- Pergunte aos seus...companheiros.

Me levantei, deixando o corpo de Penélope ao chão com delicadeza, enquanto caminhava até um pentagrama gigante no centro do salão. Olhei ao redor encarando com frieza as criaturas de olhares mórbidos e assustados.

- Aparecem! -gritei sentindo o vento frio da noite me rodear. Aos poucos seres estranhos, bizarros, assustadores e mortais foram dando as caras. Eles eram variados, algumas apenas sombras, outros apenas esqueletos, ou apenas bestas gigantes com olhos vazios. Me agachei ao chão pegando o amuleto e o colocando de volta em seu devido lugar, em meu pescoço.

- Saldem Lilith! Senhora...

- Se cale -disse entre dentes para a garota esquelética que fechou a boca no mesmo instante, eu não tinha medo deles, eles tinham medo de mim -Não vou nem mesmo comentar o que tive de passar naquele sanatório, em certo ponto a culpa fora total de Kizzy é claro, mas em parcial de vocês também -minha voz não era irritadiça, era normal e fria -Seus seres pútridos, os tirei do vale mais profundo dos inferno e como me agradecem, se passando para o lado daquela garotinha, como podem ser assim tão baixos?

- Senhora...-tentou falar um ser grande, de cabelos desgrenhados e olhos amarelos, ergui meu dedo em sua direção, negando no ar.

- A única coisa que quero que façam é me trazerem o garotinho, me tragam Julian!

Uma das mulheres esqueléticas se assustou e correu para os fundos da torre, enquanto eu apenas passava meus olhos sobre esses seres que um dia juraram ser fiéis a mim. Quando ouvi o choro leve de Julian, fui em correndo em sua direção e ele se jogou em meus braços, ele soluçava e seus olhos estavam vermelhos.

Odiei a todos por fazerem isso a ele.

- Eles mataram Penélope...eles quebraram seu pescoço -chorava ele apertando meus braços, afaguei seus cabelos tentando de uma forma patética dizer que tudo ficaria bem.

- Hey...Julian -sorri para seu rosto em lagrimas -Acredite, ela está em um lugar melhor agora...com sua família.

Ele fungou, enquanto acenava em positivo, então se afastou um pouco me abrindo um pequeno e brilhante sorrisinho.

- Você agora é do mal -sussurrou baixo, eu sorri grande me levantando e segurando suas mãos.

- Só para quem merece Julian, apenas quem mereçe -então passei meus olhos para Ilanda que cuidava do corpo de Penélope e assentiu em meio a escuridão em positivo, olhei de relance para Julian e disse baixo -Feche os olhos pequeno.

Ele obedeceu e eu sorri, enquanto sentia o poder do amuleto dançar sobre mim. Estava na hora de ser má! Estava na hora de mandar todos esses seres traidores de volta para o inferno.

Lugar de onde nunca deveriam ter saído.


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