Nas Asas Da Escuridão escrita por Nyx


Capítulo 6
Encontro Desagradável


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei muito feliz com os comentários que recebi.
Esta história estava guardada ha mais de um ano.
Gostaria de agradecer a todos vocês que estão lendo e comentando, e também aos que estão lendo apenas.
Isso realmente é estimulante.
Sintam-se à vontade para elogiar, criticar, enviar sugestões...
Ainda não terminei de escrever e de repente posso acompanhar o pensamento de alguém...

Leiam as notas finais!



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Quando chegamos à cachoeira, engoli a vergonha que eu estava sentindo e tirei meu short e minha camiseta. O clima estava meio pesado. Gabriel estava muito sério. Tínhamos feito todo o trajeto no mais completo silêncio. Eu entrei na naquela água que estava muito gelada. Ele não veio atrás de mim. Primeiro mergulhei e deixei meu corpo se acostumar com a temperatura da água. Criei coragem e olhei para ele.

–Você não vem? – estendi a mão pra ele.

Ele parecia estar numa guerra interior. Seu rosto demonstrava dúvidas. A danada da minha avó parecia ter colocado um bloqueio nele.

–O que está acontecendo com você e a minha avó?

Ele me encarou e não disse nada.

–Ela brigou com você por causa de ontem? De nós dois? –Bem, eu tinha que inventar algo.

–Não. Ela não disse nada. – ele tentou ser convincente. Eu fingi que acreditei. Ele não conseguia olhar pra mim.

–Olha Camilla, o que aconteceu ontem, eu queria...

Eu não ia deixar que ele terminasse a frase.

–Está tudo bem. Não aconteceu nada. Nós apenas nos deixamos levar. Não precisa pedir desculpas.

Vi que ele ainda tinha dúvidas sobre o que eu acabara de dizer. Então resolvi começar o meu joguinho, só que do jeito que ele gostava de fazer.

–Mas, se por acaso tivéssemos nos beijado, agora você estaria arrependido?

Acho que tinha funcionado a minha tática, pois ele arregalou os olhos e me encarou.

–Você ia estar arrependido? – insisti.

–Claro que não!

Eu sabia. E aquilo me motivou.

–Porque você não para de se preocupar e vem se divertir comigo? – e abri um sorriso para ele.

Ele começou a tirar a roupa.

–Quer saber? Você tem razão.

Pelo menos, por enquanto, o bom humor dele parecia ter voltado.

Vê-lo tirando a roupa não foi nada desagradável, porque ele tinha o corpo do jeitinho que eu imaginava. Barriga definida. Isso acabava comigo. Se existia perfeição, ele poderia se encaixar nela muito bem.

E ele entrou na água.

–Puxa, mas que água gelada. – ele reclamou.

–Para de ser fresco. A água está ótima. – e joguei água nele com as mãos.

Ele sorriu e jogou água de volta. Então iniciamos uma guerra de água. Nós dois ríamos o tempo todo. Tudo bem que esse não era o plano, mas até que estava divertido.

Ele veio até mim e me pegou no colo e me rodou. Eu gargalhava. Eu... estava... feliz!

Uma felicidade que nunca tive em tanto tempo com Daniel. Eu já tinha estado com ele ali, naquela cachoeira. E as sensações que eu estava sentindo nem se comparavam.

Gabriel me colocou de volta na água, mas não me soltou. Eu o abracei e vi que ele tentou se afastar.

–Você está com medo de mim? – eu sussurrei.

–Não. De você não. Estou com medo de mim. – e ele voltou a ficar sério.

–Minha avó te deixou tão acuado assim, com as ameaças dela?

–Isso não tem nada haver com sua avó. É muito complicado.

–O que é muito complicado? –eu não ia conseguir segurar minha língua. – Pode começar a falar.

– Camilla, existem coisas que vão além da sua compreensão. Coisas que você pode não acreditar.

Eu sabia que ele não ia me entregar de bandeja o que estava acontecendo, e por isso resolvi me armar. Com artilharia pesada.

Fui até ele e o abracei. Bem, me agarrei nele.

–Por que você não tenta me fazer entender? Eu prometo não tirar conclusões precipitadas.

Eu não conseguia ouvir a respiração dele. Ele não me abraçou de volta.

–Camilla... acho melhor eu voltar para casa. – ele não ia falar nada.

–Só para você saber, eu ouvi a sua conversa com a vovó de manhã. E por mais que vocês queiram me esconder o que está acontecendo, eu vou descobrir.

E eu desfiz o meu abraço. Mas desta vez, ele me segurou junto dele.

–Você sempre tão dona de si.

E ele segurou meu rosto e me beijou. E ele me pegou de surpresa. Senti minhas pernas ficarem bambas e meu coração acelerar. Eu ia ter um ataque cardíaco. Mas nunca que ia interromper este momento.

Me agarrei nele como se minha vida dependesse disso. Será que era disso que a Kelly falava quando dizia que na minha vida faltava fogo? Porque se fosse isso, eu tinha virado um incêndio.

De repente eu ouvi um barulho que parecia com palmas. Nos assustamos e olhamos ao redor.

Todo o meu sangue pareceu congelar quando vi quem tinha dado o ar da graça. Daniel. E a cara dele não estava nada boa.

–Agora posso entender o tempo que você estava precisando Camilla. – eu não sabia o que falar.

–Vejo que ficou muda! Mas você, - ele apontou para Gabriel – novamente no meu caminho. Você não se cansa?

–Como assim novamente? Vocês se conhecem? – Gabriel mantinha sua mão entrelaçada na minha. E não falava nada. Só observava.

–Mais uma vez você não consegue aceitar. Sempre impondo sua presença. Sempre se metendo no meu caminho. Isso vai durar todo nosso tempo?

Daniel parecia uma fera enjaulada. Andando de um lado para o outro.

–Só que dessa vez não vai ser tão fácil assim. Eu não vou abrir mão dela.

Gabriel apertou a minha mão.

–Abrir mão de quem? Ela nunca foi e nunca vai ser sua. Você sabe muito bem disso.

Que conversa bizarra era aquela. O que Gabriel estava dizendo. Nem parecia que estavam falando de mim.

–E você também sabe que ela não pode ficar com você.

– Isso está além de você e eu.

–Sempre obedecendo a ordens. Isso já deu pra mim há muito tempo. A Camilla é minha e eu vou leva-la comigo agora.

–Não vai mesmo!

Gabriel se colocou na minha frente. Os dois pareciam que iam se enfrentar. De verdade.

Saí da água e me preparei para falar.

–Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas eu não sou de ninguém. Eu não sou uma mercadoria.

Eles me olharam.

–Ele não te contou, não é? – Daniel me perguntou tranquilamente.

– Me contar o que? – Eu olhei para ele e depois para Gabriel.

Daniel sorriu. Ele sabia que tinha uma vantagem sobre Gabriel.

–Se você vier comigo, eu posso te contar toda a história.

–Daniel, cale a boca. -Gabriel gritou.

Ele tinha ficado nervoso. Me senti tentada a aceitar a proposta do Daniel, mas algo se acendeu em mim.

–Se você sabia que Gabriel viria atrás de mim e estava informado desta confusão toda, porque não disse nada durante estes dois anos que ficamos juntos?

Ele não soube o que me responder.

–Tecnicamente você mentiu pra mim. –Olhei para os dois. – Os dois mentiram. E estão querendo me enrolar. Eu estou cansada disto!

Daniel segurou minha mão.

–Venha comigo meu amor. Vai ficar tudo bem.

Gabriel segurou minha outra mão.

–Não. Fique aqui comigo. Não vá com ele.

Por alguns minutos eu fiquei confusa, mas não durou muito. Eu não ia com nenhum dos dois! Aquilo era uma palhaçada com a minha cara. A minha vontade era que os dois sumissem da minha frente. Eu fiquei tão irritada que senti um calor subindo pelos meus pés, atravessando todo meu corpo e se dividindo por meus braços. Eu só percebi o que estava acontecendo quando as minhas mãos se iluminaram e Gabriel e Daniel foram lançados para longe de mim.

Gabriel caiu dentro da água e Daniel bateu no tronco de uma árvore que estava ali perto. Eu me assustei e saí correndo desesperada. Comecei a chorar. E minha avó nem estava ali. Eu entrei no meu quarto e tranquei a porta. Será que eles estavam bem?

Eu não estava entendendo nada. O que foi aquilo que saiu das minhas mãos? O que tinha acontecido comigo? Me sentei no chão e abracei minhas pernas. E chorei descontroladamente.


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Notas finais do capítulo

Meninas, obrigada pela força!

—Zakuro Sakura;
—Laladhu;
—Laryssa;
—Amanda;
—Lia.

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