Capítulo 7

—Samantha – cumprimentou Klaus quando me viu a descer as escadas da Mansão Lockwood.

—Chegaste mesmo a tempo – anunciei, com um sorriso. – Mayor Lockwood está a convidar todos a juntarem-se no jardim das traseiras.

—Eu sabia que vinha em boa altura – o seu sorriso iluminaria a sala toda, se isso fosse possível. Porém, também estava lá o seu lado demoníaco e calculista. Amar Klaus era amar os dois lados que ele possuía.

—Sim – concordei e deixei-o pegar na minha mão e conduzir-me para o jardim das traseiras.

Havia uma banda de músicos a tocar cordas. Caroline aproximou-se deles e murmurou:

—Isto é um concurso, não um funeral.

Imediatamente, as notas que tocavam passaram a ser mais rápidas e felizes. Havia imensas pessoas, toda a Mystic Falls estava presente para ver quem seria a Miss Mystic Falls este ano.

—A Mayor Lockwood não te convidou para fazeres parte do grupo de jurados? – indaguei para Klaus, que pegava duas taças de champagne de um garçon.

—Não, a família Mikaelson não está registada nas famílias fundadoras da cidade. Irónico, não concordas?

—Absolutamente – acenei, sorrindo enquanto ele me entregava uma taça de champagne. -Quem é que achas que será a vencedora? – estava a manter a conversa, não podia discordar isso. Eu não seria um daqueles pares que aceita de má vontade a oferta e depois fica de mau humor o tempo todo. Para além disso, eu tinha que sorrir e parecer amigável, já que fazia parte da organização da festa.

—Eu nem sei quem são as concorrentes – piscou o olho. – Mas tenho a certeza que se estivesses a concorrer, serias a eleita de todos.

Não sabia como responder áquilo. Estávamos separados, ele não podia flertar mais comigo. Então, porque é que continuava a deixar-me sem chão com aquelas afirmações?

Felizmente, Mayor Lockwood aproximou-se de nós e impediu que o silêncio que se tinha instalado entre nós se tornasse embaraçoso.

—Klaus – cumprimentou ela, dando-lhe um beijo no rosto.

—Carol – sorriu ele. – Linda festa, muito obrigado por me ter convidado.

—Oh, de nada, Klaus. É sempre um prazer ver-te. Samantha, querida, Caroline estava a perguntar por ti no andar de cima.

—Vou ter com ela – disse. – Com a vossa licença.

Deitei um olhar de relance a Klaus que, apesar do seu sorriso, não ficou feliz com a minha partida.

Quando cheguei ao quarto onde Caroline estava, April e Elena também lá se encontravam.

—Samantha! Oh, tão bom teres vindo! Diz à April que o azul é o mais bonito.

April olhou para mim, com os olhos azuis demasiado abertos. A sua maquilhagem já estava feita, o cabelo preso atrás e só faltava mesmo o vestido. Numa mão tinha um vestido vermelho, e na outra um vestido azul.

—Vermelho – discordei de Caroline e ela abriu a boca de espanto. – Os teus olhos já são azuis, não vais querer que o azul do vestido os ofusque.

Caroline fechou a boca e Elena baixou a cabeça para disfarçar um sorriso.

—Samantha tem razão – Damon surgiu atrás de mim e eu afastei-me automaticamente.

—Sai daqui, espião! – Caroline atirou-lhe uma caixinha de veludo.

—Ouch. Onde está o Professor Shane?

—Procura na mesa dos jurados – disse Caroline, fechando a porta na cara dele, mas ele voltou a abri-la.

—Só para corroborar com a linda e estonteante Samantha, – revirei os olhos. – Elena usou azul o ano passado e não venceu.

—Ninguém aqui quer saber da tua opinião – acusou Caroline.

—Eu quero – April encolheu os ombros.

—Vês? Ela importa-se. Usa o vermelho, definitivamente. Elena, o vermelho, certo?

Elena olhou para ele e depois para o vestido.

—O vermelho é… bonito.

—E o meu trabalho aqui acabou – Damon sorriu e virou-nos as costas.

—O que aconteceu à tua opinião à 30 segundos atrás, quando tínhamos dito que o vermelho era muito chamativo? – Caroline semicerrou os olhos e eu também. Algo não estava bem com a Elena, como é que ela podia ter mudado de opinião tão rápido? – O que aconteceu com o “seguro é bom”?

Elena ficou sem resposta. Então, para fugir ao assunto, olhou para April.

—Veste o que tu quiseres, April. Desculpem-me – e saiu do quarto, quase a correr, para ir ter com Damon de certeza.

—O que aconteceu?

E eu percebi: Kol podia fazer o mesmo, mas ele nunca se atreveria a isso. Para além disso, tive mil anos para criar uma personalidade e uma forma de pensar que tornaria a ligação, a esta altura, apenas uma questão de retórica na minha mente. Mas Elena era uma jovem vampira e Damon era muito mais velho do que ela, o que o tornava um vampiro poderoso.

Damon e Elena tinham uma ligação.

—Opiniões mudam, Car – menti. – Mas conta, já viste o Kol?

Ela revirou os olhos e April riu.

—Para além de ser um Original irritante, ele também veio bem vestido.

Foi a minha vez de rir.

—Ele é charmoso, não podemos negar – concordei. – E afinal, para que servem os amigos?

Caroline tentou, mas não conseguiu deixar de sorrir.

—Assumo que a fúria de ontem já passou? – ergui uma sobrancelha.

24 horas atrás:

—Caroline, por favor! – implorei.

—Tu só podes estar a brincar comigo! Eu não vou com ele!

—Sim, tu vais. E sabes porquê? Porque és minha amiga – eu sabia que Caroline não era do Original Club, mas eu não estava à espera de uma reação tão explosiva da sua parte.

—Isso é chantagem e manipulação – Caroline fitou-me furiosa.

—Kol não é má companhia. Garanto-te.

—Está bem! Mas ficas a dever-me uma! – exclamou ela.

—Não. Mas… ele não é má companhia.

©AnaTheresaC