Capítulo 8

O concurso começou. As candidatas a Miss Mystic Falls iam descendo enquanto Caroline anunciava os seus nomes e quem as acompanhava. April era a última e pude observar o quanto estava nervosa. Tão jovem e tão inocente.

O jovem Jeremy não estava lá para a acompanhar e eu própria olhei para todos os lados procurando-o, mas Matt salvou-a de uma situação embaraçosa. Enquanto a dança começava, Caroline saiu do seu posto nada discretamente e foi até Elena. Aproximei-me das duas, interessada no desaparecimento de Jeremy.

—Ei. Onde está o Jeremy? – indagou Car.

—Não sei, estou a ligar-lhe agora – respondeu Elena, colocando o seu telemóvel perto do ouvido. Começou a chamar, mas parecia que ninguém ia atender. Eventualmente, acabou por cair no voicemail e Elena desligou. – Ele não atende.

—Façam a matemática – Damon interveio. – Adolescente emo, bar aberto. Está tudo bem.

Elena suspirou.

—Matt contou-me que ele anda a ter pesadelos sobre matar vampiros e anda a esconder isso de mim.

Matar vampiros não era bom e ter pesadelos sobre matar também não era algo bom. Algo se estava a passar.

—Relaxa, tenho a certeza que está tudo bem – Damon encolheu os ombros, mas ele também não estava descansado em relação a isso.

—Não sei, tenho um mau pressentimento em relação a isto – Elena negou com a cabeça.

—Se eu não estou preocupado tu também não devias de te preocupar. Deixa estar. Eu vou procurá-lo – garantiu Damon.

—Está bem – concordou Elena, enquanto Damon se afastava de nós.

—Elena, vai para casa, eu vou começar a perguntar por aqui se alguém o viu – disse.

—Talvez o Damon esteja certo; talvez ele tenha pegado uma garrafa do bar e tenha-se escondido na floresta.

—Não – negou Caroline. – Damon nunca está certo. Damon gosta de se esgueirar e de ser manipulativo e rude, mas ele nunca está certo. Como é que não podes ver isso?

—Não sei, mas por que é eu acho que tu não vais hesitar em contar-me?

Caroline suspendeu a respiração e quase revirou os olhos.

—Tudo bem! – exclamou. – Intervenção de amiga: acho que o que tu chamas de “sentimentos pelo Damon” estão a cegar o teu julgamento e só de pensar em ver-vos juntos tenho vontade de vomitar!

Algumas pessoas olharam para Caroline, julgando-a e pensando o que se estava a pensar com a Miss Mystic Falls do ano passado.

—Querida, calma – Kol aproximou-se. – Estás a fazer uma cena.

—Uau! Obrigada, Caroline por tornares este momento difícil tão mais fácil – Elena ergueu o queixo e afastou-se de nós, com passos determinados e bastante zangados.

Klaus olhou para mim, confuso. Ele tinha assistido a tudo mas como mero espectador.

—Como é que eu virei a vilã? – indagou-se Caroline.

—Vamos pegar uma garrafa de champagne – sugeriu Kol. – E eu dir-te-ei tudo sobre ser um vilão.

Caroline olhou para mim, furiosa com a situação e furiosa com o seu par.

—Vai – assegurei. – Eu vou fazer algumas perguntas por aí, tentar perceber se alguém viu o Jeremy.

—Obrigada – murmurou ela e afastou-se com Kol.

Calmamente, aproximei-me de Klaus.

—Jeremy anda a ter pesadelos?

—Sim – acenei. – Sobre matar vampiros. Acho que ouviste essa parte da conversa.

—Isso não é bom. Se isso estiver de alguma forma conectado com o facto de que ele retornou dos vivos…

—Achas que podemos estar a olhar para um possível Caçador? – perguntei, olhando-o diretamente.

—Eu não sei como é que eles se revelam, mas ele está a sonhar sobre matar vampiros. Isso não é um sonho que muitos humanos costumam ter – acenei, entendendo a situação. Klaus observou-me mais atentamente, inclinando a cabeça para o lado. – Tu já te encontraste com um.

—Talvez – desviei o olhar. – Tive que sair da cidade naquele mesmo momento. Foi um momento bastante aterrador.

—Onde estavas?

—Em Itália – murmurei. – O seu nome era Alexander.

Flashback ON

A festa era no exterior, devido ao bom tempo que se fazia sentir. Era nova naquela população, não conhecia ninguém, tinha acabado de saber que me tinha aproximado demasiado da localização de Klaus e tinha decidido afastar-me mais um pouco. Dessa forma, tinha ficado mais próxima da localização de Kol, mas conhecia-o demasiado bem para saber que ele não se iria aventurar numa pequena aldeia para satisfazer as suas necessidades de vampiro.

Um par de olhos castanhos-escuros prendeu-me a respiração. Levantou a caneca com uma bebida lá dentro para mim, e eu sorri. Ele deu um gole e depois seguiu na minha direção. Vi-o caminhar, com a sua pose de quem sabe o que quer e está bem com isso na vida.

Era bastante alto, só me apercebi disso quando parou de frente para mim.

—Alexander – apresentou-se, estendendo-me a mão.

—Lily – respondi com o meu nome falso para não causar suspeitas. Não queria que ninguém soubesse quem eu era.

Ele sorriu.

—Nova por aqui? – acenei com a cabeça. – De onde é que vens?

—Roma – respondi. Era uma cidade bastante ocupada na altura e dessa forma ele teria muito que investigar se realmente quisesse saber das minhas origens.

—E qual é o motivo para alguém de Roma quiser viver nesta pequena aldeia? – os seus olhos semicerraram-se quando abriu mais o seu sorriso.

—Preciso de um pouco de silêncio.

Gargalhou baixo. Alguém o chamou e ele olhou para trás. Um homem, um pouco mais novo que ele, acenou com a mão, para Alexander ir ter com ele. Virou-se para mim, ainda com o seu sorriso estampado na minha cara.

—Se precisares de alguma coisa, é só perguntares pelo Caçador.

—Caçador? – inquiri, confusa. – Caçador de quê?

—De criaturas da noite – piscou o olho para mim e foi embora.

Flashback OFF

©AnaTheresaC