Vanellope deixou Sugar Rush sentindo-se bem melhor. O Arcade abriria em duas horas e ela tinha que encontrar James e Clarion para a corrida de seleção, além de descobrir porque seus amigos a tinham deixado sozinha e desaparecido.

Ela logo os encontrou, reúnidos na Central. Clarion não estava com eles, o que definitivamente era estranho.
"Olá pessoal! Onde está a Clar?"

"É bom ver que está melhor pirralha! Clar está dormindo no castelo." Ralph respondeu.

"Não está não. Eu revirei o castelo inteirinho e ela não estava lá. Nenhum de vocês estava."

"Então eu não sei." James deu de ombro e se aproximou. "Você está melhor?"

"Estou me sentindo ótima para uma corrida! Então, encontraram algum sinal da criatura?"

"Não." Respondeu Calhoun, ainda olhando em volta atenta.

"Ela desapareceu quando chegamos aqui." Ralph explicou.

"Nós vamos correr e vocês continuam procurando, que tal?" Sugeriu James. Ele não estava mesmo à fim de encotrar aquela coisa.

"Tudo bem, mas cuidem-se!"

Mas o Arcade não abriu na hora de costume. Quase uma hora se passara quando os cinco finalmente desistiram de esperar e logo estavam juntos novamente na Central.

Na mesma hora, Clarion apareceu correndo e sorrindo.

"Olá galera! Já tão sabendo da novidade?"

Todos voltaram-se para ela. Apesar de animada a menina não parecia ter dormido direito.

"Que novidade?" James perguntou desconfiado. Vindo de Clarion, não podia ser coisa boa.

"O Arcade vai ficar fechado essa semana. Vocês parecem ser os únicos que ainda não ficaram sabendo."

"Porque?" Vanellope perguntou.

"Investigação."

"Que tipo de investigação?" Ralph perguntou.

"Nada com que tenham que se preocupar."

Todos esperaram pelo resto da explicação, mas Clarion permaneceu calada os observando.

"Explique isso de uma vez, soldado." Exigiu Calhoun impaciente.

A menina riu.

"Tá legal! Só testando a paciência. Algum de vocês conhece a lenda do Jogador Fantasma?"

"Meu pai sempre tentava me assustar com essa história." Falou James. "Mas o que tem a ver?"

Clarion continuou, como se não o tivesse ouvido.

"Diz a lenda que era um jogador tão viciado que passava o dia todo jogando, ia embora à força na hora de fechar, com o passar do tempo ele não voltava mais pra casa, começava a passar a noite em frente ao Arcade, até que uma noite ele invadiu o Arcade..."

"Como você?" James a interrompeu.

"É. Como eu. Mas no meio de uma tempestade. Ninguém nunca mais o viu e dizem que ele rouba a vida de qualquer um que entrar no Arcade durante à noite. Pelo visto é só uma lenda humana boba, mas a verdade é que vão manter o Arcade fechado essa semana e plugaram alguns aparelhos para rastrear e talvez até capturar fantasmas. A história que contam é que duas crianças foram pegas pelo fantasma."

"Isso quer dizer nós?" James perguntou.

"Foi o que eu pensei também."

"Acha que existe mesmo um fantasma?"

"Acho que não. Deve ter uma explicação lógica para o porque viemos parar aqui. Mas, o importante é que temos uma semana inteira de folga. Só tem uma coisa errada."

"Qual?"

"Eles."

Clarion apontou para um trio de policiais que vinha na direção do grupo.

"Quem são eles?"

"São os guardas que vieram em um dos aparelhos de vigilância instalados e estão simplesmente procurando por atividades suspeitas no Arcade. Eu me pergunto quanto nós" ela apontou para si e para o irmão "somos considerados suspeitos nessa história." Ela soltou um longo bocejo e lançou um olhar nada amigavel aos policiais.

"Vocês pertencem ao Arcade agora, e não fizeram nada de errado. Eles não tem nada a provar contra vocês." Respondeu Calhoun.

Os policiais volta e meia cercavam um personagem e provavelmente faziam um interrogatório, porque um deles trazia uma arma na mão e outro um pequeno bloco de notas, no qual constantemente anotava alguma coisa.
Naquele momento, um dos personagens barrados apontou para o grupo e o trio veio na direção deles.

"Bem que eu gostaria de dizer que sim, mas eu não teria tanta certeza disso." Clarion murmurou de volta.

"Acho que agora seria uma boa hora para dar no pé." James sugeriu, mas antes que pudesse se afastar a irmã o segurou.

Vanellope tiltou para o ombro de Ralph, Felix segurou a mão da esposa com força e James meio que se escondeu atrás da irmã, dava pra sentir que algo estava errado ali, e Clarion parecia saber de alguma coisa a mais do que queria contar.

"James William Robert!" Um dos policiais chamou.

Clarion lançou um olhar de 'Pensei que era comigo' para os policiais, depois voltou-se para o irmão com um olhar surpreso de 'O que você fez?!' e novamente voltou-se para os policiais com aquela expressão de 'Se tocarem no meu irmão estão mortos!', mas simplesmente não disse nada.

"Eu?" perguntou o menino um pouco inseguro, mas ao olhar em volta para os amigos ele criou coragem de se adiantar e perguntar "Algum problema policiais?"

"Senhor Robert, o senhor está preso!"

"Espera aí, a ladra é ela!" ele respondeu surpreso, apontando para Clarion.

"Dessa vez eu tenho que concordar com ele."

"Qual a acusação?" Calhoun se adiantou e perguntou.

"Fomos informados dos seguintes problemas: Um vírus misterioso atacando personagens e parecem que duas cfituras felinas estão causando o problema; Foram dadas várias queixas de objetos roubados e duas de personagens desaparecidos, tudo isso nesta mesma noite. Então começamos a investigar e, apesar de não termos pistas ou provas, ao menos cinquenta personagens nos informaram que esse garoto é um invasor do mundo real. Não temos nada que possa relacioná-los com os problemas que estão acontecendo, mas de acordo com a lei, é proibido jogadores dentro dos jogos, de acordo com a lei ele seria preso, mas fomos também informados que ele foi semi-oficializado como corredor do jogo Sugar Rush Speedway, portanto ele será mantido em prisão domiciliar até o término da investigação. Ele será agora mesmo escoltado de volta ao seu jogo e não poderá sair até segunda ordem."

Ninguém tinha como negar aquela acusação. Eles e Tapper eram os únicos que sabiam a verdadeira história das crianças, todos os outros apenas conheciam James como o grande Hunter, o maior jogador que o Arcade já vira. Era difícil contestar uma afirmação geral sem provas.

"Ele esteve conosco o tempo todo. Não pode ter feito nada." Ralph tentou defendê-lo.

Mas não era bem verdade. Eles tinham se separado durante as investigações mais cedo, o que significava que o menino tinha passado um bom tempo sozinho.

"Não foi essa a situação de que fomos informados. Cada um de vocês foi visto separadamente em vários jogos nas últimas doze horas, exceto a presidente Vanellope - sobre a qual fomos informados estar em seu próprio jogo se recuperando de um ataque do mesmo vírus que anda se espalhando por aí - e o senhor Robert aqui."

Porque ele não mencionara Clarion? E pelo visto eles trabalhavam bem rápido, mas de onde vieram tantas informações em tão pouco tempo?

Todos esperavam alguma objeção da parte de Clarion, mas ela sequer estava prestando atenção, ela sequer parecia acordada.

"Tudo bem." James resolveu não discutir. "Se isso for ajudar, vou ficar no Sugar Rush. Tenho certeza que tenho muito o que fazer e vou ficar em segurança. Vejo vocês mais tarde pessoal!"

"Espera! Eu vou com você!" Vanellope se ofereceu. Ficar longe daquela gata maluca lhe parecia uma boa ideia.

Ninguém percebeu a cor dos olhos de Clarion mudar e um sorriso maldoso se formar em seus lábios.

"Algum problema, Torrãozinho de Açúcar?" Perguntou Felix, notando algo errado.

Ela começou a rir, assustando os amigos. Havia algo muito errado ali, seus olhos estavam vermelhos e era difícil definir onde sua máscara começava ou terminava, era como se fizesse parte de seu rosto agora.

"Está tudo muito bem." ela respondeu em uma voz assustadora que com certeza não era a dela. "Com Robin fora do meu caminho está tudo perfeito."

"Você não é a Clar." Murmurou Ralph.

"Bidu."

"Quem é você?"

"Kitty Jackie, A Dominatrix. Aquela que nasceu para comandar os mundos, ou a versão em personagem de jogo dela. A única versão de meu jogo criada foi um desastre para os humanos. A verdadeira Kitty era uma pirata espacial que dominou e destruiu milhares de mundos antes de ser banida por seu irmão. A primeira vez que nosso jogo foi plugado, eu espalhei o caos pelo Arcade onde estávamos, nós batalhamos e um dos feitiços dele que saiu errado nos trouxe para cá, para um jogo chamado Dragon's Hunters. Uma de suas feiticeiras conseguiu nos aprisionar em duas máscaras, mas era tarde de mais para o jogo deles, quando o jogo foi desligado, nós não podíamos ser destruídos, acabamos banidos para o mundo real, juntamente com as crianças."

"Porque as crianças?"

"Eu e Cat Robin somos irmãos gêmeos, separados por alguns segundos, poucos segundos que nos fizeram nascer sob diferentes astros. Gêmeos do crepúsculo, como essas raras crianças são chamadas, destinados a uma batalha entre o bem e o mal. Eu amaldiçoada pelo sol, ele abençoado pela lua, eu com a força, ele com a magia. Clarion e James também são gêmeos do crepúsculo. Quando acabamos naquele jogo, nossos destinos se entrelaçaram e agora nós voltamos, mas ainda dependemos deles. Mas Clarion tem um espírito forte e resiste contra mim enquanto está acordada, mas ela está cada vez mais fraca, cada vez resistindo menos e agora com Robin fora do meu caminho, nada pode me deter." Ela soltou uma gargalhada sinistra.

"Não! Me deixe em paz!" gritou Clarion, sua voz sobressaíndo-se a de Kitty. "Você não vai machucar ninguém!"

"Acha que pode resistir." Kitty perguntou. "Acha que pode fazer alguma coisa para me deter? Robin é o único que conhece o antídoto para o meu veneno, ele é o único que sabe o feitiço para selar meu espírito de volta no sono eterno. Acha mesmo que você ou um de seus amiguinhos podem fazer alguma coisa?"

Um sorriso se formou novamente nos lábios dela, parte de seu rosto estava normal outra vez, um de seus olhos novamente azul.

"Eu vou tentar. Enquanto eu viver eu vou lutar contra você."

Ela piscou e tudo pareceu voltar ao normal. Ela fitou os amigos completamente assustada antes de sair correndo.