O Arcade fechara e Vanellope finalmente foi ao encontro de seus novos amigos, mas ficou surpresa ao encontrar apenas James lá.

"Onde está a Pamela?"

"Eu não sei. Eu não sou babá daquela pequena ladra e suas amigas baderneiras."

"Ela foi para lá." Citrusella apontou para a floresta. "Adorabeezle, Megan e as novas meninas estão com ela."

"Quando elas saíram?"

"Logo que a corrida começou." Torvald respondeu.

"O jogo é sempre tão agitado?" James perguntou curioso.

"Tem sido ultimamente."

"E o que vamos fazer sobre a Pamela? Honestamente, eu não me importo."

"Vamos para o castelo, qualquer coisa mandamos os guardas atrás dela. Se ela ainda está no jogo então ela vai ficar bem e vamos encontrá-la. O pior que pode ter acontecido é se ela caiu no poço de Nesquick Sand."

"Areia movediça!" James exclamou chocado.

"Mas as meninas estão com ela. Ela deve estar bem."

Quando chegaram ao castelo, encontraram uma surpresa.

"Elas estão aqui, senhorita Presidente." Sour Bill explicou, quando Vanellope perguntou se alguém as tinham visto. "Elas estão dormindo em um dos quartos lá em cima."

"E você deixou Pamela entrar?!" James exclamou. "É melhor verificar se ela não roubou nada."

"Bobo, não há nada aqui tão valioso para ser roubado." Ou ela achava. Eles procuraram nos quartos até encontrarem as meninas dormindo. "Viu!" no fundo ela estava aliviada.

James também suspirou aliviado.

"Ok, você venceu. Pamela, acorde!"

A menina não se moveu.

"Ei pedra, o Arcade fechou, hora de levantar!" Vanellope chamou.

Mais uma vez não houve resposta. Os dois se aproximaram da menina com cautela.

"Pamela!" James gritou sacudindo-a de leve. Foi quando algo lhe deu um choque.

O menino gritou de dor e medo, enquanto Vanellope caiu na gargalhada junto com Pamela.

"Não foi engraçado!" Ele protestou.

"Você deveria ter visto a sua cara." A ruiva riu. "Foi só uma brincadeira boba."

"Brincadeira boba? Machucou, sabia?"

"Você é muito frágil. Mas deixando isso de lado, o Arcade fechou, finalmente! Pensei que isso nunca fosse acontecer acontecer!"

"Onde você estava?" Perguntou James.

"Explorando. Correndo. Vamos indo então? Não sei se aguento outro dia como esse."

"Preciso mesmo voltar?" perguntou James. "Eu fugi de casa, não tenho nada que me prenda àquele mundo."

"Claro que precisa." Pamela respondeu. "Todo mundo aqui conhece você, sabem que você é do mundo real e isso pode ser perigoso. Você não deveria estar aqui."

"Ela está certa." Vanellope concordou.

"Não que alguém vá sentir sua falta." Pamela comentou.

"E você? Porque quer voltar? Para roubar mais, causar mais confusão, viver uma vida que eu sei que você não quer?"

"Você não sabe nada. Vamos indo."

Os três encontraram Ralph esperando por eles do lado de fora do jogo. Ele disse que se alguém podia ajudar as crianças, esse alguém era Tapper.

O quarteto entrou no Tapper's, Ralph na frente e as três crianças conversando mais atrás.

Ralph se aproximou do balcão e Tapper veio a ele. Nenhuma pergunta foi necessária. Quando o garçonm viu as duas crianças ficou completamente chocado.

"Ralph, o que você tem aqui?"

Pensando que Tapper, como outros, tinha reconhecido James, ele respondeu:

"Eu sei Tapper, eles são humanos, mas...".

"Humanos! Eu vi o garoto jogar aqui antes, mas é impossível! Aqueles colares... Impossível de confundir. E a menina se parece tanto com a mãe. Vai dizer que você não se lembra Ralph?"

Ralph teve que se esforçar um pouco, mas ele se lembrou de uma noite esquecida há nove, uma das poucas especiais que ele tivera antes de sua aventura em Sugar Rush.

Flashback

Tinha sido um dia como todos os outros. O Arcade acabara de fechar quando Ralph deixou o jogo Fix-It Felix Jr. e entrou no Tapper's. Assim que chegou, ele viu um dos seus... Ele não sabia se podia chamá-lo de amigo, talvez apenas conhecido, Kyle Jackson. Ele era um dos vilões em um jogo chamado American's Spy. Estava usando um macacão preto e estava sem sua máscara de costume, tinha cabelos loiros e olhos verdes. Mas o que realmente chamava a atenção era que ele carregava nos braços um embrulho de cobertores cor-de-rosa.

Ao seu lado estava uma mulher com cabelos longos ruivos e olhos azuis, tinha orelhas pontudas e usava uma longa túnica verde. Em seus braços outro embrulho de cobertores, mas estes eram azuis.

"Ei Ralph!" Kyle finalmente o viu e chamou-o. "Veio para participar da festa?"

"Que festa? Aniversário de alguém? Se eu soubesse eu teria trazido um presente."

Era uma brincadeira, claro, mas Kyle provavelmente entendia.

"Não precisa, Ralph, apenas junte-se a nós. Eu não estou bebendo, mas a primeira rodada é por minha conta."

"Então, qual é a razão para a festa?" Ralph pediu uma cerveja e sentou-se na frente do casal.

"Faz um mês desde que nossos filhos nasceram. Queríamos celebrar com os amigos." Respondeu a mulher.

Ela era Calyssa, rainha elfa, caçadora de dragões e também uma grande feiticeira do jogo Dragon's Hunters.

Os dois haviam se casado fazia um ano. Foi o primeiro casamento que acontecera no Arcade entre personagens de jogos diferentes. As pessoas diziam que não daria certo, mas no final, lá estavam eles, com duas lindas crianças.

A menina parecia com a mãe. Ela tinha cabelos ruivos e olhos azuis, orelhas ligeiramente pontudas, não tanto quanto as de um elfo e trazia um medalhão azul em volta do pescoço.

O garoto também tinha cabelos ruivos e seus olhos azuis, mas ele tinha orelhas arredondadas como as de um humano normal e puxara mais ao pai. Ele também tinha um medalhão, mas era vermelho.

Fim do Flashback

"E é assim que eu conheci vocês." Ralph terminou de contar a história para as crianças.

"Quer dizer que nós somos irmãos?" Perguntou Pamela, aparentemente nada satisfeita. "E os gêmeos? E que nós éramos personagens de um jogo?"

"Sim", disse Tapper. "Vocês, Clarion e Aaron, nasceram aqui. As primeiras crianças nascidas no Arcade, as únicas, na verdade."

"Clarion e Aaron? Foram os nomes que nossos pais nos deram?" Perguntou James.

"Então expliquem como saímos, gênios!" Exigiu a menina.

"Eu não sei." Ralph respondeu. "Alguns meses depois, um vírus atacou o seu jogo de sua mãe. No final, o jogo teve que ser desligado e o vírus impediu todos de sair, incluindo sua mãe, e vocês. Seu pai ficou tão mal que, quando seu jogo foi desligado também, sobre misteriosas circuntâncias, todos saíram, menos ele."

"Quer dizer que eles estão mortos?" James tentou segurar as lágrimas, mas parecia impossível.

"Pare de bancar o bebê, James!" Pamela protestou, cruzando os braços irritada.

"Você não se importa?" Perguntou Vanellope. "Eram seus pais!"

"Escute, eu cresci com essa ideia em mente. Continuo a ser uma órfã sem-teto. Eu odiava aquele lugar e de qualquer maneira estamos presos aqui. Porque eu deveria me importar?"

Todos a encararam em choque, especialmente James, que estava chorando. Vanellope colocou o braço em volta dos ombros do menino.

"Você não tem coração, não é?" Ele perguntou.

"Eu tenho um coração, mas eu penso também. E não era você que não quer ir para casa? Agora não precisa. Mas adivinha? Está sozinho nas ruas agora."

"Assim como você. Isso não importa?"

"Não. Ao contrário de você, eu posso cuidar de mim mesma. Cresça e pare de bancar o bebê. Quanto mais cedo você aprender como o mundo real é cruel, melhor pra você. Ele não dá espaço para as crianças como você."

"Você é má, sabia? Você nunca vai mudar! Não importa se você é minha irmã ou não. Eu odeio você!" E com isso ele correu de volta para Central.

"Meninos". Pamela revirou os olhos e saiu também, seguida por Ralph e Vanellope.

"Ei, Pamela!" Vanellope chamou.

A menina não lhe deu atenção.

"Pamela?" Chamou Ralph.

Nenhuma resposta.

"Pammy!" Gritou Vanellope, atraindo a atenção de muitos personagens ao redor e da própria menina.

"Quantas vezes eu tenho que dizer para não me chamar Pammy?" Ela perguntou com raiva.

"Só queria chamar sua atenção."

"Você está bem?" Ralph perguntou um pouco preocupado.

"Eu disse que eu não me importo. Porque vocês não podem me deixar em paz?"

"Onde está James?" Ralph perguntou.

"Sou babá dele agora?"

Os dois trocaram um olhar preocupado.

"Você não deveria tê-lo tratado daquela maneira." Ralph repreendeu-a.

"Eu não me importo." Ela deu de ombros. "Ele vai ter que aprender a se virar aqui."

"Talvez não. Vocês poderiam vir morar no castelo." Vanellope ofereceu gentilmente.

"Eu não preciso de favores de ninguém. Eu sou perfeitamente capaz de me virar sozinha. E o que eu ficaria fazendo enquanto o Arcade estivesse aberto? Eu vou encontrar uma maneira de voltar e fingir que nada disso aconteceu. Se eu não puder, vejo você em Sugar Rush."

E ela foi embora sem dizer mais uma palavra.