Sentindo o peso da corda mudar, Ralph puxou a menina de volta e ficou chocado ao vê-la inconsciente.

"Clar" Ele chamou, mas ela não respondeu, seu medalhão estava escuro, apenas as bordas piscaram levemente em azul. Não sabendo o que fazer com ele voltou para a estação, de volta aos amigos.

Vanellope e James vieram correndo alegremente para ele.

"Ralph! Não vai acreditar no que aconteceu!"

Mas então o menino viu sua irmã inconsciente.

"Não me diga que ela fez o que eu estou pensando!" Ele exclamou chocado.

"O quê?" Perguntou Ralph.

"Esqueça isso. Ele não seria tão louca. Seria?"

"Eu não sei do que está falando," respondeu Vanellope "mas racho que ela seria, certo?"

James teve que concordar. Parecia exatamente o tipo de coisa que Clarion faria.

"Posso vê-la?" Ele perguntou.

Ralph colocou-a em um banco e James se aproximou e descobriu que ela ainda estava viva. Ele invocou esferas de energia e lhe deu um choque, mas não parece ter muito efeito. Ele tentou de novo e de novo, até que sentiu a sua energia se esgotar e a esperança desaparecer.

"O que há de errado com ela?" Ele perguntou finalmente derrotado.

"Você está fazendo errado." Calhoun, que agora parecia completamente curada, empurrou-o gentilmente par o lado. E para a surpresa de todos ela puxou sua pistola e atirou contra a menina.

Mas, para surpresa ainda maior, o medalhão dela se apagou totalmente, seu corpo piscou por um momento, depois voltou a brilhar intensamente, qualquer sinal do tiro desaparecendo e ela sentou-se atordoada.

"Jay." Ela resmungou "Eu não acredito que você tentou algo tão estúpido."

Clarion tinha seu sorriso habitual. Para sua surpresa, seu irmão acertou-lhe um soco.

"Nunca mais me assuste assim! "Ele queixou-se, antes de abraçá-la.

"Eu não posso prometer nada."

"Eu esperava por isso. Mas valia a pena arriscar."

Dessa vez ela o abraçou. Agora sim tudo terminara bem. Melhor do que ela esperava, na verdade.

"E a máscara?"Ela perguntou, olhando em volta.

"Eu coloquei no antigo esconderijo da Kitty."

"Eu guardei o cajado também." Vanellope acrescentou. "Pra mim chega de magia. E tudo está de volta ao normal agora."

"Bom trabalho crianças." Tamora felicitou-os.

Antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa Clarion a abraçou.

"Eu só fiz o meu dever." A pequena respondeu, embora fosse claro que não era o que ela queria dizer.

"Obrigado!" Ela finalmente desistiu e abraçou a menina de volta.

"Eu tinha que salvar vocês."

"Eu não estava falando sobre a batalha."

"Eu também não." a menina murmurou docemente.

Calhoun colocou-a no chão.

"Do que você está falando?"

A menina ficou em silêncio por um momento, seu olhar caindo no chão nervosamente.

"Qual é o problema torrão de açúcar?" Perguntou Felix .

"Problema?" Clarion tinha um sorriso divertido. " Quem disse que tem um problema? Tudo acabou bem. Melhor do que eu acho que nenhum de nós jamais esperaria. Por que haveria algum problema? "

"Por que você está agindo tão estranha?" Perguntou James.

"Estranho? Acho que isso é apenas o fato de que eu estou me sentindo melhor do que nunca, tudo isso está acabado, nós sete sobrevivemos e..."

"Espere. Disse sete?" Perguntou James. "Eu sabia que você nunca tinha ido à escola, mas não que era tão ruim de matemática.

"Eu sabia que você podia ser tão inocente como uma criancinha, mas não que era tão lento pra entender..."

"Crianças, não briguem!" Pediu Felix. "E Clar, seu irmão está certo, somos seis."

Ela revirou os olhos e sorriu.

"Não por muito tempo." Ela murmurou.

"Você não está dizendo que..." Calhoun começou

Clarion a cortou com um aceno afirmativo e antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa a menina disse:

"Descobri por acaso durante a minha missão de resgate. Então... Surpresa!" Ela soltou uma leve risada.

Ela tinha razão. Tudo terminara melhor do que eles esperavam. Surpresos? Podem apostar que estavam, mas também não podiam estar mais felizes. Ralph sorriu e Calhoun puxou Felix para um beijo, mas Vanellope e James ainda encararam Clarion confusos.

"Do que você está falando?" O menino perguntou.

"E sempre que eu digo alguma coisa eu tenho certeza." Ela riu, revirando os olhos, mas talvez a culpa não fosse de James, talvez ela realmente soubesse de mais para uma menina tão pequena. "Bem... Odeio estragar o momento feliz, mas James e eu estamos vazando." Ela disse alto.

"O quê?!" Todos se voltaram para ela.

"Vazando?" Vanellope perguntou confusa.

"Isso. Dando no pé, desaparecendo, caindo fora, entendeu?"

"Eu sei." Ela respondeu sarcasticamente."Mas por quê?"

"Somos um perigo para este lugar. Mesmo sem Cat e Kitty somos perigoso, e também vão procurar por nós lá fora. Mesmo querendo ficar, nós temos que ir."

Clarion foi até o fundo da estação e abriu um portal para sair.

"Jay, hora de ir!" Ela chamou o irmão.

O garoto suspirou.

"Por mais que eu odeio isso, ela está certa. Nós realmente temos que ir."

Ele deu a cada um abraço em cada um e um beijo suave na bochecha de Vanellope antes de correr para alcançar Clarion.

Olhando para o céu, Clarion inspirou fundo o ar fresco da manhã.

James, ao seu lado, cruzou os braços sentindo um pouco de frio. Ele nem sabia o que estava fazendo ali para começar.

"Vamos logo. Temos muito o que fazer."A menina comandou.

"Onde estamos indo?"

"Você, vem comigo!" Ela o puxou até uma grande mansão que parecia parte de um filme de terror. "Você vai me esperar lá dentro. Se tudo correr bem eu volto em uma hora."

"Por que? Onde você vai?"

"Apenas confie em mim."

"Tem uma hora."

"Pode contar comigo."

Ela não gostava de enganá-lo, mas se contasse o que estava prestes a fazer ele não ia concordar, ele ia fugir e aquele plano era crucial para o fim de tudo.

A primeira coisa que ela fez foi correr para o que antigamente era o seu refúgio e recolher as poucas coisas que ela podia chamar de suas, o que não incluía mais que uma pasta de desenhos, algumas roupas apenas para não sair vestida de doces pelas ruas e uma certa quantidade de dinheiro.

Depois ela correu para loja/oficina de eletrônicos de Jhon.

"Cara, preciso de um serviço!" Ela entrou gritando, assustando o único cliente que já estava na loja àquela hora.

"Pam, agora eu não posso. E largou daquela coisa felina e assustadora?"

"Sim. Tudo terminado, e é sobre isso que vim falar, cancele a vigilância."

"Antes da data marcada?"

"Libere tudo para amanhã. Só deixe o sistema antivírus ligado. E eu sugiro que não volte a me procurar. Você vai saber porque mais tarde. Sinto muito."

"Pelo que?"

Mas ela já tinha deixado a loja. Tinha uma missão a terminar.

Sabendo onde James morava antes, ela chegou silênciosamente e atirou um avião de papel pela janela antes de sair correndo. Agora tinha meia hora para terminar alguns detalhes e voltar para James.

O menino estava sentado no jardim malcuidado, esperando pela irmã. Ele estava assustado com todo o mistério que ela estava fazendo. Também estava pensando em tudo o que tinha acontecido, em como sua vida tinha mudado drasticamente, em como ele tinha quase morrido, nos amigos que tinha feito e em como Clarion tinha estragado tudo aquilo, infelizmente por um motivo justo e ele sabia disso.

Foi quando ele a havistou, acenando para ele do portão, mas ela trazia uma porção de coisas com ela.

"O que você vai fazer?"

"Apenas sente aqui e espere."

Maluca, era isso que ela era. Ele apenas sentou-se e esperou, quando ele viu um bando apareceu no portão, ele tratou de se esconder atrás de uma árvore e observou-os ir para a casa.

Ele estava para ir atrás dele quando ouviu as sirenes de um carro de polícia e para sua surpresa seu pai e outros policiais vieram correndo e James notou a mansão em chamas. O que estava errado?

Ele sentiu uma mão no sou ombro e voltou-se assustado mas era apenas Clarion.

"Hora do gran finale." Ela sussurrou.

Então, todos começaram a se afastar da casa em chamas, foi quando ele sentiu Clarion puxá-lo.

Os adultos os chamaram, mas Clarion não lhes deu atenção. Continuou a correr para a casa, levando um totalmente assustado James com ela.

"O que está fazendo?"Ele perguntou.

"Esqueci uma coisa!"Clarion respondeu.

"Foi você que pôs fogo na casa. Por que?"

"Apenas vem comigo!"

Mas ao invés de ir procurar o que precisava, ao alcançar o centro do primeiro andar da casa a menina parou.

"O que estamos esperando? Vamos pegar o que você esqueceu e sair daqui!"James gritou com urgência.

"Eu não esqueci nada Jay."

"Como não? Então por..."

"Nosso mundo foi destruído Jay."A menina o abraçou. Tinha os olhos marejados de lágrimas."É hora do game over."

"Por que?"

"Confie em mim. Vai ser melhor pra nós James. Vai ser o fim dos nossos problemas e todas as dificuldades."

"Pra que exagerar? Não podemos simplesmente começar uma vida nova?"

"Queria que a vida fosse simples assim."Ela sussurrou.

"Está muito quente."James murmurou.

"Vai ficar tudo bem docinho, agora durma." Ela sentou-se e James deitou com a cabeça apoiada no colo dela. Ele sabia que devia fugir, mas a confiança e a voz doce da irmã, junto com todo aquele calor e aquela fumaça estavam deixando ele sonolento e atordoado.

Clarion sentiu as lágrimas rolarem e o medo invadí-la, mas era a única coisa que daria certo, eles tinham perdido tudo mais o que tinham.