O Desejo Da Alma escrita por Trubluu


Capítulo 19
O cair das máscaras. Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Então povo, segunda parte desse mini-arco. Espero que esteja ao agrado, estou feliz em chegar nessa etapa da fanfic, tenho muitas ideias legais daqui para frente. Pelos meus cálculos, a primeira temporada da fanfic deve terminar em breve. Já estou escrevendo o 20 e devo postar em breve. :D
Ah, comentários me deixariam ainda mais motivado e feliz! Hehe'
Faz o trabalho valer a pena! Nem que seja um simples, "Foi legal" ou "Precisa melhorar!"
As vezes me pergunto o que as pessoas que leem pensam sobre o enredo e minha escrita, mas esses leitores fantasmas não dão nem sinal de vida. O.o
Enfim, nos vemos lá em baixo e boa leitura! ^.^



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[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Matsumoto Hangiku]

Quando eu estava a sair do Sex Shop que mais se parece uma base militar secreta quando se entra no porão da loja, satisfeita por ter conseguido sucesso em minha tarefa a tempo, me surpreendi com a presença de Byakuya. Se ele esta aqui então Yoruichi tinha razão, ele esta trabalhando com Aizen...

Ele passa com o carro a toda velocidade na minha frente, uma BMW verde musgo. Derrapa e desce do carro com um olhar inexpressivo, um andar autoritário e um ar de vitorioso.

–Sei que “Urahara Gostosão Kisuke” lhe deu todos os arquivos que precisa para incriminar a mim e Aizen...

Byakuya me encontrou! Ele sabe sobre o e-mail­ e provavelmente sabe sobre meu encontro com Isshin! O que devo fazer? O que? Mas... Ele esta falando sobre arquivos que possam incriminá-lo, sendo que não possuo arquivo algum! Sei que ele não sabe exatamente sobre as intenções de Aizen, então poderei usar isso a meu favor. Irei me aproveitar e focar a conversa neste sentido, desviando a atenção dele.

Acompanho o caminhar autoritário e decidido dele completamente passiva. O pior dos casos esta acontecendo. Desde que eu recebi o ­e-mail do Urahara passaram-se alguns minutos apenas. A noite invadia a cidade sem piedade, mergulhando-a nas trevas. O pedido de Urahara já fora cumprido, consegui chegar a tempo em seu estabelecimento e o pirralho do Jinta e a querida Ururu já me esperavam. Pude acessar mais uma vez o site secreto do G13 e consegui cancelar toda a movimentação financeira do 6º departamento temporariamente, pelo menos até essa confusão acabar, dessa forma Aizen não poderá pegar mais nenhum centavo do banco com a senha do Byakuya Kuchiki. E pensar que Urahara sempre teve acesso a qualquer informação que quisesse...

Nervosa, ainda não reagi às perguntas de Byakuya, aparentemente ele acredita que o que vim fazer é apenas incriminá-lo por desvio de dinheiro. Mal sabe ele que não tenho prova alguma contra isso. O que pretendo é apenas evitar uma catástrofe maior!

–Não esta comigo. Os arquivos não estão comigo. –Respondo de forma nervosa, dando menção que realmente existam arquivos.

–Não se faça de inocente “mestra da administração”. –Ele da uma pausa dramática. -Vamos ter uma conversa interessante certo?

O motor ainda ligado da BMW parada a minha frente não emitia som maior do que meu nervosismo. Olhei para Byakuya um pouco receosa. “Mestra da administração?” Pergunto-me há quanto tempo não sou chamada assim. Sei que consegui fazer a rede de hotelaria prosperar, mas só foi possível por causa da grande quantidade de investimento que recebemos. Não mereço tanto mérito. A quem quero enganar? Sei que sou incrível... Foi então que mais uma vez, Byakuya me arrancou de meus devaneios.

–Matsumoto. –Ele me chamou, caminhando na minha direção. –Me entregue os seus arquivos e diga-me o que sabe.

Vou precisar confundi-lo. Preciso sair daqui e ir até o G13 terminar o que comecei. Se eu não acessar o sistema de lá, não poderei travar completamente as finanças do 6º departamento.

–Eu não tenho arquivo algum. Não sei de nada. Apenas quero encontrar Hitsugaya!

Faço uma cara de choro, preciso atuar como uma atriz de cinema e despistá-lo. Sei que no e-mail Urahara fez questão de falar sobre Hitsugaya e é justamente isso que me preocupa. Ele provavelmente disse que ele esta bem só para me acalmar. Mas como não o vi ainda, estou preocupada. Aizen pode querer arrancar dele alguma coisa sobre os negócios antigos da família Shiba, os negócios que fundaram a rede de hotelaria como disfarce.

–Eu lhe direi onde Hitsugaya esta e com quem esta se me contar mais sobre Isshin e porque Aizen teme tanto ele. Aizen diz que Isshin tem provas contra mim e contra ele mesmo e por isso tem caçado ele por toda a cidade e o ameaçado por meses, contudo, não acredito em Aizen e sei que ele esta escondendo algo. Sei ainda que você não tem qualquer tipo de prova ou arquivo contra mim e que quer apenas me distrair para fazer algo, então não tarde a dizer e evite possível confronto.

Ele sabe? Como ele sabe que não tenho arquivos que possa incriminá-lo? Certamente esta blefando.

–Existe alguma coisa que Isshin sabe que Aizen não quer que ele me revele. E quero que você me diga!

O que será? O que? Eu não sei, e não adianta fingir que eu sei, posso colocar Hitsugaya em risco dessa forma.

–Certo Byakuya, direi o que sei no momento para você. Mas quero ter certeza da integridade de Hitsugaya!

–Se me contar o que sabe, tem minha palavra que ele ficará bem, caso contrário, não garantirei nada.

–Tudo bem! –Concordo vencida, não posso mesmo colocar Hitsugaya em risco. Olho para a Lua para me concentrar, me acalmo. –O que quer saber de mim Byakuya?

–Em primeiro lugar, preciso saber o que você sabe sobre Isshin.

–Certo. Isshin é chefe de uma poderosa família que fabrica armas. Armas de todos os tipos, mas como deve saber, ele não esta mais trabalhando com isso desde que decidiu fundar a rede de hotelaria. No início a rede de hotelaria era apenas uma empresa laranja para podermos lavar o dinheiro ilegal da venda de armas, mas como o negócio foi crescendo, ele realmente largou a vida da família Shiba de vez.

–Sim. Eu sei isso sobre ele também, parece que nesse ponto Aizen não mentiu. E você como o conheceu?

–Eu trabalhava para a irmã dele. Kuukaku Shiba. Era a contadora das finanças e administrava os lucros. Em algum ponto dos negócios, decidimos fazer alguma coisa com o dinheiro que nos restava, um investimento qualquer que pudéssemos guardar os lucros. Isshin decidiu fundar a hotelaria e fui trabalhar com ele, já Kuukaku iniciou um trabalho disfarce para fabricação ilimitada de pólvora para munição de armas de fogo, fundando assim uma fábrica de fogos de artifício que como sabe, veio a ser alvo de uma investigação policial por ter lucros galácticos. Kuukaku foi presa, porém, por falta de provas concretas foi solta em seguida. Algo mais que queira saber?

Byakuya reforçou o silêncio dramático por algum tempo depois que terminei minhas palavras. Olhou para mim duvidoso e voltou a fazer perguntas.

–O que Isshin sabe sobre mim?

Não sei como responder essa pergunta exatamente, não faço ideia do que Isshin sabe sobre Byakuya que deixe Aizen tão preocupado.

–Não sei.

Ele se mostra insatisfeito. Muito insatisfeito.

–Existe algo, alguma coisa que Isshin sabe sobre meu passado, algo que Aizen não quer que eu saiba. Eu jamais conseguiria saber por que Aizen impede Isshin de falar qualquer coisa com ameaças. Não estou satisfeito com essa situação, apesar de eu mesmo ter o poder de 42% das ações de Las Noches, não me sinto seguro ao lado de Aizen. Não mais...

Alguma coisa que apenas Isshin saiba e que faça com que Byakuya deixe a parceria com Aizen... O que poderia ser? Não sei, não sei!

–Desculpe-me, isso é tudo que eu sei Byakuya!

–Entendo. –Ele diz sem se importar, dando meia volta e entrando no carro. –Hitsugaya surgirá bem, eu garanto. –Acelerou e se foi. Mais rápido do que eu poderia contestar.

O que foi isso? Não importa, apenas preciso ir até o G13 e cancelar de lá as movimentações financeiras do 6º departamento. Depressa, depressa!

[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Isshin]

É... A vida é bastante imprevisível não é mesmo? Tantas escolhas e tantas consequências diferentes... Quem diria que as minhas escolhas me levariam a essa situação hoje e agora?

Dividir um elevador com Aizen Sousuke é inimaginável. E saber que ele esta atrás do poder que posso concedê-lo me deixa ainda mais desconfortável. E o pior é ter que ouvir o que ele diz até que o elevador chegue a seu destino. É irritante. Tentando me persuadir de qualquer maneira. Bem típico do manipulador que Aizen sempre foi. Bem típico.

Tento me distrair com a música de elevador que toca, olho para os detalhes elegantes entalhados nas paredes e me pergunto por que Aizen ainda quer tanto o poder da minha família. Pergunto-me ainda qual interesse ele tem em minha pessoa individualmente. Mas enfim o elevador abre. Chegamos à sacada, o último andar. Assim que a porta se abre corro para a liberdade, tentando esquecer que Aizen esta em meu encalço. O vento corre livre pelo andar vazio, marcado apenas por uma marca pintada no chão sinalizando um heliporto. As grades de proteção são altas e bem seguras. Nada ao redor. Estou livre de câmeras, pessoas, telefones, tudo. Só eu e... Aizen!

–Certo! Diga-me Aizen, o que quer realmente?

–Quero trazê-lo para o meu lado! Você é deveras necessário para meu plano ser infalível!

–Não vou me unir a você Aizen! Todo esse tempo você tem me ameaçado com os poderes da família Kuchiki, mas não vai funcionar mais. Você não pode mais me persuadir, nem me controlar. Mas você sabe que já não posso fazer nada contra você! Porque continua atrás de mim?

–Isshin... Isshin... Você sabe bem o que quero da sua família. Porque simplesmente não me da o que quero da forma fácil?

Dou um sorriso desafiador. Aizen não passa de um retardado mesmo. Um gênio retardado.

–Não cara. Não vou te dar nada!

Ele caminha até próximo à grade de proteção, olhando a cidade por cima, com um ar superior, vitorioso. Alguns pontos de fumaça ainda subiam pelo céu, marcando o terror que havia acontecido.

–Você é o único que sabe sobre meus planos. E o único que realmente sabe sobre Byakuya. Você realmente sabe o que eu fiz! E por isso preciso que fique ou calado ou do meu lado. –Ele olha para mim e mexe nos óculos, mas seu rosto mostra desconforto.

–Aizen, você esta usando o Byakuya. Você o manipulou. Mas... Se você tem a favor todo o dinheiro da família Kuchiki a seu dispor, porque ainda assim se preocupa em conseguir o que a família Shiba tem a oferecer? Não me diga que não confia plenamente em Byakuya, não me diga que tem medo de ele não estar realmente do seu lado! Não me diga que esta tentando ter poder para, caso Byakuya se revolte, possa aniquila-lo.

Dou um sorriso. Acho que acertei na mosca.

–Talvez... –Ele sorri enigmático. Mesmo que ele estivesse perdido e acuado, eu jamais na vida saberia. Aizen é um poço manipulador. Não posso confiar em qualquer sentimento que ele demonstre ter. –Você viu o que eu fiz na Alemanha, mas não tinha certeza e por isso não disse nada, não é mesmo? Mas agora sabe que o que aconteceu com a Hisana não foi acidente. Sabe que eu a usei. E sabe que quero o poder da sua família. Se não usou isso contra mim até agora, é porque minhas ameaças a seus filhos ainda lhe preocupam, certo?

–Se ousar tocar em um único fio de cabelo de meus filhos seja ele qual for eu juro que só pararei de atirar quando seu corpo se transformar em uma peneira.

–Sabe que Kaien já esta comigo, sabe que ele trabalha para mim! Mas parece não se importar com ele...

Não posso deixar ele me irritar. Não posso deixar ele me fazer ficar nervoso. Calma, ele é só um idiota manipulador...

–Como pode largar seu filho a mercê da crueldade deste mundo capitalista e desigual?

–Aizen! Já chega!

–Oh! Tem medo da verdade Isshin? Posso lhe contar algo ainda mais surpreendente?

Não posso ouvir mais nenhuma palavra desse cara...

–Se você sabe que eu usei a Hisana a meu favor, o que lhe faz pensar que eu também não usaria a Masaki?

O QUE? A MASAKI? Esse cara merece morrer. Mas tenho certeza que não devo me exaltar. Manter a calma. Manter a calma. Manter a calma.

Olho para ele com um pingo de desespero na minha face, ele sorri, vendo que suas provocações surgiram efeito.

–A sua grandiosa família é a maior fabricante de armas desse planeta Isshin! Eu preciso dessas armas!

O que ele pretende com armas? Formar um grupo militar rebelde de extermínio em massa?

–E as armas da sua família me darão o poder necessário para o que pretendo fazer futuramente. Não acredito que você achava que eu não sabia que a rede de hotelaria era só um negócio disfarce para lavar o dinheiro da família com a venda das armas. E pensar que você e sua irmã ainda trabalham com isso!

–Eu não trabalho mais com armas desde a fundação da hotelaria. Apenas minha irmã continuou e você sabe que ela parou por um tempo depois do incidente com a fábrica de fogos de artifício.

–Não interessa! Sei que você ainda é capaz de fornecer as armas que eu quero ter!

–Você poderia comprar tais armas com a fortuna dos Kuchiki! –Cuspo as palavras, sombrio, aonde ele quer chegar?

–Não as armas que quero Isshin! Você pensa pequeno. Quero as armas biológicas e nucleares esta entendendo? –Um sorriso sarcástico surge no rosto dele. Desgraçado! Brincando de ser terrorista.

–Jamais terá isso vindo de mim...

–Eu imagino, mas o que quero de verdade é evitar que revele ao Byakuya sobre a Hisana. Apenas isso. –Ele sorri. Um sorriso alegre de verdade. Ele estava brincando comigo todo esse tempo... –Sei que depois de toda essa confusão em Karakura eu acabei te perdendo de vista, mas agora que lhe encontrei posso convencê-lo a ficar de boca fechada.

–Você não pode fazer nada...

–Sim eu posso. E se quiser que seu filho saia vivo do buraco em que ele se enfiou atrás da Rukia acho melhor cooperar comigo...

–O que? Você não ousaria...

–Temos um acordo? Apesar do Byakuya apenas achar que você tem alguma prova para nos incriminar por desvio de dinheiro, eu prefiro manter você longe. Mesmo que o Kuchiki não saiba o verdadeiro perigo que você representa.

Aizen entra no elevador, calmamente. Acompanho-o com os olhos, furioso.

–Pense bem Isshin, tenho certeza que você vai adorar acordar e saber que seu filho ainda esta vivo, então não escolha errado. Posso acabar com sua família inteira e não preciso dos Kuchiki para isso. Fique fora do meu caminho!

A porta se fecha e desabo em desespero. Merda! Merda!

Desvio o olhar para o horizonte da cidade e contemplo a Lua por alguns instantes. Pego a sacola preta e a abro, revelando seu conteúdo. Puxo de dentro um telefone celular e um pen drive. Faço uma ligação que definirá o futuro de todos.

[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Hitsugaya Toushirou]

Eu estava prestes a dizer tudo que sei sobre Isshin. Não tinha mais escolha alguma. Iniciei a fala tremulo e inseguro.

–Bem... Vou contar como me tornei presidente do 10 º departamento do G13. Há alguns anos atrás, como vocês sabem, a rede de hotelarias do G13 era de Isshin Kurosaki, ou melhor, Isshin Shiba. Ele que fundou a rede e se integrou ao G13 quando começou a crescer significativamente com a ajuda da “mestra da administração”, Matsumoto Hangiku. Com os negócios muito bem sucedidos, ganhou destaque no cenário empresarial nacional e mundial tornando-se um dos principais integrantes do G13 em pouco tempo. Depois de alguns anos trabalhando, Isshin teve um filho com sua antiga mulher, Kanade Shiba. A seguir ele viajou para o exterior a trabalho e passaria um ano inteiro fora para uma grande conferencia empresarial, então deixou sua mulher e filho no Japão aos cuidados da família de Kanade já que ela optou em não viajar. Foi para a Alemanha e participou de diversas conferencias e em uma delas conheceu Masaki Kurosaki. Ele e ela se amavam muito, e Isshin teve mais um filho, ainda na Alemanha, chamado Ichigo Kurosaki. Quando voltou para o Japão, soube que Kaien Shiba, seu filho, tinha sido adotado por uma família tradicional japonesa, pois sua mulher havia falecido em um acidente de carro.

Dei uma breve pausa. Fechei os olhos para continuar calmo e voltei a narrar à história que eu conhecia.

–Como Isshin não teve corajem de reaver seu filho que havia deixado para trás antes mesmo dele completar um ano, certificou-se de que ele estava em boas mãos ao descobrir que a família do Ukitake que havia adotado a criança. Decidiu então, mudar o próprio nome para que Kaien não o reconhece-se como pai e passou a viver com Masaki, tendo mais duas filhas com ela. O fato é que, para mudar o próprio nome e manter distância de Kaien, Isshin abandonou o negócio de hotéis que fundou para se tornar médico, saindo assim do G13 para não ter envolvimento nenhum com Kaien jamais. Ele deixou Matsumoto no comando e iniciou sua nova vida com Masaki e seus filhos, passando a ser chamado de Drº Kurosaki.

Respiro fundo e molho os lábios com o restante de saliva que me resta.

–Matsumoto então continuou seu trabalho administrando a grande rede de hotelaria por algum tempo, porém, ela não gostava de ser a chefe de nada e não tinha tanto compromisso como o esperado, então passou a rede de hotelaria para a minha família. Minha mãe já era de idade avançada quando eu nasci e depois de um ano comandando o 10º departamento do G13 com a Matsumoto para auxiliar, infelizmente, ela veio a falecer. Meu pai havia morrido quando eu tinha apenas cinco anos então não havia mais herdeiro além de mim na família para assumir os negócios. Tomei posse do 10º departamento e o lidero com cautela até hoje, seguindo sempre as recomendações da Matsumoto.

Fiquei parado olhando a face de Barragan, eu havia terminado a história que Matsumoto me contou e tudo o que eu sabia sobre Isshin, mesmo assim ele se mostrava desinteressado. Fiquei em silêncio.

–Acabou?

–Sim, isto é tudo que sei.

Mentira, eu ainda sei algo. Algo que não quero contar para ninguém. Algo que só eu, Matsumoto e a família Shiba sabem.

–Posso ver a mentira em seus olhos pirralho, não me faça obrigá-lo a contar tudo à força.

Estou perdido! Não tenho como fugir do olhar deste cara. Ele pode ver a minha alma, sabe que estou escondendo algo. Estou perdido! Perdido! Será impossível enganar ele. Ele viveu o suficiente para saber todas as mentiras que eu possa inventar.

–Vamos, continue. Diga o que quero saber logo...

Observo mais uma vez o local onde estou e me sinto sufocado. Realmente, não tenho alternativa a não ser contar tudo para Barragan.

–Certo, tem mais uma coisa que não contei. Um único fato que nem mesmo eu sei profundamente. –Minhas mãos suavam e meus olhos se remexiam de tensão. Cruzei os braços e fechei os olhos. Estava na hora de me acalmar de uma vez por todas. Continuei a história. –O que Shiba Isshin fazia antes de fundar a rede de hotelaria, o grande negócio da família Shiba!

Dei mas uma pausa breve.

–O motivo de Isshin ter fundado a hotelaria era para desviar dinheiro ilegal com venda de armas. A família Shiba trabalha com manufatura de armas de todos os tipos!

Barragan ainda não se mostrou surpreso. Porém mais interessado do que antes.

–É tudo o que sabe?

–Sim. É tudo o que sei. –Fiquei estático, não esperava que ele já soubesse sobre isso...

Fiquei mais um tempo em silêncio e meus olhos vacilaram na direção de Hinamori, ela então me lançou um olhar frio. Frio demais para ser espontâneo. Olhei mais uma vez para Barragan e um telefone tocou, Barragan puxou um aparelho antigo do bolso e atendeu prontamente.

–Sim. –Ficou em silêncio um tempo ouvindo. -Ele esta aqui sim. –Olhou para mim. –Tudo bem, farei como pediu. –E desligou.

Fiquei apreensivo, mas não recuei.

–Leve ele embora Hinamori! –Ordenou com sua voz rouca e imponente.

Virei-me atento e vi Hinamori oferecer a passagem da porta que havia aberto. Segui em diante sem pensar duas vezes, sumindo daquele lugar tenebroso.

Caminhamos novamente pelo braço da estátua e descemos a escada em espiral que ficava ao lado oculto da escultura de anjo. Eu não disse nada. Nada é a melhor coisa a fazer. E com o silêncio de minhas palavras pude ouvir o lamentar baixo sair da boca de Hinamori e escorrer pelos seus olhos.


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Notas finais do capítulo

O que acham? Bom, ruim, legal, péssimo?
Muita coisa rondando nossos personagens favoritos e certamente a trama só tem a evoluir, estou beirando um clímax satisfatório na minha cabeça e acho que as coisas vão se esclarecer ainda mais e enfim chegar a uma boa conclusão!
Então é isso galera, até mais e tudo de bom sempre. ^.^



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