O Desejo Da Alma escrita por Trubluu


Capítulo 18
O cair das máscaras. Parte 1


Notas iniciais do capítulo

E então galerinha, estou de volta! E agora voltando com tudo. Capítulo prontinho e a trama esta tão legalzinha... XD
Não tenho muito a confabular! Nos vemos lá embaixo.
~Boa leitura!



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[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Aizen Sousuke]

A presença de Kuchiki Byakuya aliviava a tensão que eu havia sentido anteriormente. Se ele resolvesse surgir no galpão com Kuchiki Rukia e Abarai Renji por lá, seria um grande problema, afinal, não sabemos onde Isshin esta exatamente e Byakuya não deve se revelar antes da hora certa. Lembrei-me de quando eu havia entrado para o G13, o líder do banco era ainda Kuchiki Ginrei... Ele era o mais honesto e integro de todas as pessoas que conheci. Mas, depois da morte dele, Kuchiki Byakuya assumiu os negócios, afinal, o pai dele não era apto o bastante. Muito jovem, o rapaz já havia se tornado dono do banco mais influente e poderoso do país, e um dos maiores do mundo. Não foi difícil ver a ganância crescer dentro dele depois da morte de sua esposa. Sendo assim, foi muito mais fácil convencê-lo a se juntar a mim, iniciar uma nova corporação e derrubar o império inabalável do G13! Ah! Como fui feliz ao encontrar Kuchiki Byakuya! Agora, com Las Noches em nosso poder, sinto que podemos qualquer coisa!

O palácio Las Noches, incrível por sua arquitetura impecável, será a maior sede da corporação Las Noches. Tudo esta pronto e é o momento de anunciar ao mundo a existência de uma nova corporação, uma nova opção, Las Noches! Já temos recursos e poderes o suficiente. Mas antes, temos que encontrar Isshin e ter uma “conversa”.

Junto de Byakuya, segui calmamente até a saída do palácio. Ele, sempre sério, não tinha dito mais que o necessário. Era de se esperar, Byakuya sempre fora um tanto arrogante. Andamos até a saída, calados, e entramos no carro. Eu mesmo iria dirigir.

–Byakuya, onde acha que devemos ir primeiro?

–Para aquela festa que Matsumoto fez. É provável que ele esteja lá.

–Oh, tem razão! Hinamori encontrou Hitsugaya por lá e disse que tinha visto Isshin.

–Sim, ele provavelmente estava à procura de algo.

–É, se ele não impediu que Hinamori pegasse Hitsugaya, ele estava ocupado de mais fazendo outra coisa.

Liguei o carro e acelerei devagar até a saída do estacionamento do palácio. Cheguei brevemente à estrada e passei as machas do carro calmamente, enquanto continuava a conversa com meu “sócio”.

–Você acha que ele vai querer entrar em contato com o filho dele? -Perguntei um pouco preocupado.

–Qual filho? -Byakuya me respondeu com um sorriso. Um sorriso amarelo, mas era um sorriso.

Um sorriso de Byakuya. Tenho certeza de que essa é a inédita vez que ele me apresenta um sorriso. Um sorriso torto, mas ainda assim ele se mostra alegre. Desde a morte de sua esposa o sorriso dele mudou. Era sombrio. Mas agora notei algo que beira a essência de um sorriso verdadeiro.

–É verdade... –Sorri de volta aproveitando a situação.

Viro o carro em direção ao Hotel em que Matsumoto organizou a festança. Sei que quem arquitetou toda a festa ocultamente foi o Kira, a mando de seu chefe, Gin. Mas tenho certeza que Matsumoto já planejava uma festa, ela sempre organiza festas...

Eu sabia exatamente quais ruas evitar e qual caminho mais apropriado a seguir depois que Grimmjow desconcertou a cidade de Karakura inteira. Sabia todas as ruas bloqueadas e sabia exatamente em qual estrada passar para evitar empecilhos. Armei esse plano com Byakuya por meses, anos. Não tinha como dar errado. Estava tudo indo como planejamos.

–Aizen... –Byakuya disse olhando a esquina em chamas. Fiquei impressionado com o estrago. Grimmjow é mesmo insano. E pensar que as autoridades de Karakura ainda não conseguiram controlar a destruição mesmo depois da fuga rápida e segura da gangue que trouxe parte do inferno para a cidade pacífica de Karakura. Olhei para Byakuya rapidamente, mantendo atenção na estrada. Ele mantinha os olhos nas chamas ardentes com um ar um pouco perturbado. Sorri ajeitando os óculos na face.

Manipular, persuadir, influenciar, controlar, dominar, induzir, convencer, subjugar, reprimir, preponderar... Tudo isso é ainda mais fácil quando se trata de Kuchiki Byakuya e seu coração partido pela morte de sua amada, somado a sua ganância. Ás vezes penso que fui/sou cruel de mais com ele! Mas ainda assim, tê-lo como aliado me agrada.

Estaciono o carro devagar. Chegamos ao destino e já da pra ver o sangue na calçada. “Parece que alguém se feriu” penso ironicamente enquanto desço do carro acompanhado de Byakuya. Caminhei até a entrada do hotel que se mantinha escancarada e os corpos de centenas de pessoas espalhados pelos andares me dava até arrepios. Pedi para que Gin subornasse a empresa que serviu as bebidas e comidas da festa para por sonífero em parte dos alimentos, mas nunca imaginei que todos estariam dormindo desta forma. Fico satisfeito ao pensar que o dinheiro garante o seu sucesso. Passo pela fila de corpos ainda adormecidos e vejo alguns sonolentos despertando enquanto outros já conscientes me olhavam curiosos. Não tenho mais nada a esconder. Não preciso me ocultar deles.

Penso em como tomei uma decisão feliz ao eliminar todos essas pessoas do meu caminho. Apesar de serem meros trabalhadores do G13 seria um problema ter todos soltos por ai na cidade a esta altura mesmo que eu saiba que a maioria não merece atenção ou não me apresentam uma ameaça. Mas alguns como Ikkaku, Isane, Hisagi e até o gordo Oomaeda, dentre outros, representariam algum problema se estivesse soltos por ai.

Byakuya me lança um olhar tenebroso ao ver os corpos no chão que julgou estarem mortos. Continuei o caminhar, liderando Byakuya até o próximo andar. Enfim chegamos aonde queríamos.

Protegido pela sombra da porta de um dos quartos, eu vi a silhueta inconfundível de meu maior temor no momento. Dei dois passos a frente.

–Aizen Sousuke. –Isshin cospe as palavras, mostrando um olhar de desprezo. – Kuchiki Byakuya... –Ele completa vendo Byakuya se aproximar logo depois de mim.

–Vamos ter uma ótima conversa... –Declaro cinicamente de forma até arrogante. Ajeitando os óculos no rosto causo um fraco reflexo que oculta meu olhar fixo a Isshin e dou um sorriso seco para disfarçar minha felicidade ao encontrá-lo sozinho.

~~x~~

[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Hitsugaya Toushirou]

Eu caminhei pelo corredor seguindo a sombra à minha frente, entrei em uma porta no final do local e me espantei com o espaço, beleza, grandeza, e imponência do lugar. Incrível.

Um salão que era incomparavelmente belo e rico em detalhes era iluminado por refletores embutidos no teto, como em uma arena ou algo semelhante. Cinco enormes estátuas de anjos - ou seriam demônios?- pairavam imóveis em cada canto da sala, que tinha o formato de pentágono. As estátuas, provavelmente 50 vezes maiores que um humano, mantinham as mãos abertas esticadas e, em cada mão, uma espécie de trono de ouro pairava calma e elegantemente. Os anjos tinham corpo esbelto e riquíssimo em detalhes, com assas entalhadas precisamente em rocha solida, como todo o restante da estátua. O rosto que era curiosamente diferente. Cada anjo vestia uma espécie de máscara estranha e completamente branca, diferente de todo o restante da composição que era em tons de cinza e preto.

Fiquei chocado ao presenciar tamanha elegância e exuberância nas enormes estátuas que ganhavam ainda mais vidas ao serem iluminadas pelos refletores, porém, o centro da sala também me chamou atenção. Um trono magnífico em cima de um tapete branco se mostrava ainda mais incrível do que a arquitetura geral do lugar. O tapete parecia tão delicado que daria pena de pisar em cima e o trono tão poderoso que não me sentia digno de usá-lo. Em cada uma das cinco paredes da sala central havia cinco portas prateadas com detalhes negros. Me vi perdido e impressionado, porém, ainda podia estar correndo perigo de vida estando neste lugar fantástico. Olhei para a pessoa que me trouxe até ali preocupado. Ela caminhou até uma das estátuas e subiu em seu alto usando uma escadaria que não havia notado antes. Segui a pessoa pela escada que ficava no lado oculto da estátua.

Senti um calafrio muito grande ao conseguir ver a sala por inteiro estando em cima de uma das mãos dos anjos. Vi a pessoa continuar a caminhar pelo braço do anjo lentamente, sempre a minha frente. Eu não era capaz de identificar quem era exatamente, apenas consegui notar que era uma mulher. Sim, ela tinha um perfume doce de mais para ser um homem e o caminhar leve e gracioso apontava que era uma mulher, mesmo estando com a enorme capa e capuz negros que ocultavam seu corpo e aparência completamente. Continuamos até o fim do braço esticado do anjo e fui notando uma escadaria que seguia para baixo e levava para o interior do ombro do anjo. Não somente são estátuas como também são salas?! Desci alguns degraus e parei o caminhar, relutante da ideia de ter que seguir esta mulher para dentro da sala que se seguia. Mas algo me fazia querer segui-la. Sim, a voz familiar dela me acalmava. Mas não pude reconhecer a voz dela quando ela falou, o som de Heavy Metal que vem dos andares de baixo deste monumental palácio não me deixou acessar minhas lembranças com clarezas e não pude lembrar-me da voz. Mas mesmo assim, quero seguir essa pessoa. Eu preciso segui-la. A moça que tinha estatura baixa, quase tão baixa quanto a minha, abriu a porta e me convidou a entrar. Entrei sem parar para pensar nas possibilidades, se não, enlouqueceria. O que irá acontecer? Porque isso esta acontecendo comigo? O que tenho de especial? Não pode ser sobre os meus negócios com hotéis, pode? Será que tem haver com minha herança? Com o G13? O que essas pessoas querem?

Torturei-me com perguntas a cada passo que eu dava para dentro da sala que estava escura; com as luzes apagadas eu não podia notar nenhum detalhe significante, apenas uma mesa grande no centro e um sofá ao fundo. Somente a luz que vinha de fora da estátua iluminava o local, pelo menos enquanto a moça que me trouxe não fechar a porta. Havia um barulho muito fraco e suave de um ar-condicionado dentro da sala. O ar refrigerado me deixava mais calmo. Gosto muito do frio. Olhei para a moça e a vi fechar a porta. Ela tirou seu capuz negro calmamente e, mesmo no escuro já sabia quem era. Tinha certeza.

A luz da sala ligou; uma luz negra, bem fraca. A claridade agora já era maior para notar os detalhes mais específicos do ambiente. Passei os olhos ao redor: vi a mesa negra que se estendia no centro da confortável sala, um sofá de couro negro com braços de crânios de caveiras no fim da área, um abajur de cor cinza que liberava uma luz negra muito fraca em cima de uma espécie de criado-mudo no canto da sala ao lado do sofá, algumas cadeiras ao redor da mesa, um enorme machado de dois lados pendurado na parede como ornamento e alguns quadros escuros. O cenário era mórbido, doentio. Um homem de aparência poderosa, porém, velha, se mantinha sentado no sofá olhando-me com certa impaciência. Suas cicatrizes pelo corpo eram menos assustadoras do que sua cara maligna, seu olhar frio e pesado. Seus cabelos grisalhos acentuavam o medo que sua presença causava. Um corpo até forte e grande para uma pessoa que aparenta ter vivido muitas guerras. Sua cicatriz no rosto marca seu sorriso sarcástico e prepotente, ao mesmo tempo em que sua mão sobre a face demonstra certo tédio. Trajava uma camisa branca social com os botões de cima soltos até um pouco acima do peito e as mangas dobradas na altura do cotovelo, uma calça jeans escura e adereços pesados, como pulseiras de ossos e uma corrente como cinto para a calça. Uma figura que causava medo, um olhar que mostrava orgulho e uma postura que exigia respeito. A luz do abajur ao lado do velho homem ainda me deixava mais apreensivo; não suporto o reflexo sombrio que seu rosto tem com a luz negra do abajur e seu olhar me deixa desconfortável. Tento desprender minha atenção dele, porém, não consigo desviar o olhar penetrante do homem. Sinto como se fosse morrer caso ousasse ser insolente ou desrespeitoso com tal figura. O que devo fazer? O que devo fazer? O que devo fazer? O que devo fazer? O que devo fazer? O que devo fazer? O que devo fazer?

–Aproxime-se Hitsugaya.

A voz rouca do homem era de se esperar, toda a sua autoridade e poder ao pronunciar as palavras me deixa acovardado e como pedido me aproximei o mais rápido que pude, esquecendo até mesmo da presença dela – a pessoa que me trouxe a sala. Estático, apenas tento olhar nos olhos do homem que ainda parecia monstruosamente perigoso. Medo. Sinto medo ao encará-lo. Medo! Porque me sinto tão insignificante perto deste homem? Mesmo acuado tento me manter firme, mas meus joelhos já fraquejam e começo a suar frio, até com a temperatura da sala estando muito baixa, suo frio. Minhas mãos ficam inquietas e inicio uma busca frenética por algo que me deixe mais calmo, porém, não consigo achar motivo para me manter tranquilo. Apenas sinto mais e mais medo. Medo de não saber onde estou e medo do que me pode acontecer. Lembro de Matsumoto e imaginar o rosto dela não me ajuda. Sinto ainda mais medo ao pensar no que pode estar acontecendo com aquela idiota inconsequente...

–Shiba Isshin. Este nome lhe lembra algo?

Shiba? Shiba! Não pode ser... Será que...

–Diga-me tudo o que sabe.

Agora faz sentido, enfim consigo entender. Barragan! O dono da corporação Las Noches! É ele. Antes o medo não tinha permitido que eu notasse, mas agora posso entender. Barragan esta bem na minha frente. Ele quer o poder dos Shiba. Eles querem me usar. Mas... O que Hinamori estaria fazendo com eles? Será que isso teria haver com Shiba Kaien? Será que...

Olho para trás. Mesmo sentindo que isso custará minha vida. Posso sentir Barragan me fuzilar com o olhar quando viro meus olhos na direção de Hinamori, mesmo que por um único segundo. Porque ela esta com eles? O que esta fazendo? Sinto-me nervoso demais para tentar falar qualquer coisa e minhas mãos tremem como nunca antes. Hinamori me traiu! Observo um olhar cabisbaixo, porém, firme, que Hinamori me lança. Ela parece estar tão desconfortável quanto eu. Sinto minha cabeça latejar. Parece que o frio enfim fez efeito em mim. Meu corpo antes quente agora já esta gelado como nunca e a mudança brusca de temperatura faz com que uma enxaqueca grotesca me ataque, somado a uma tremedeira repentina. Mas meu corpo não importa, apenas desejo saber os motivos e razões por eu estar aqui com Hinamori e Barragan. Fecho os olhos e tento conter a tremedeira. Convenço-me que o desespero esta se esvaindo e me acalmo um pouco. Preciso pelo menos saber o que esta acontecendo.

–S-Shiba Isshin? –Gaguejo ao dizer por culpa do nervosismo incontrolável, mas Barragan se mostra mais interessado e menos entediado do que antes.

–Sim. Você sabe o porquê de eu querer saber sobre ele! Quero o poder dos Shiba. Las Noches precisa se livrar dos inimigos e perigos eminentes.

Como suspeitei. A família Shiba, uma das mais honrosas e poderosas famílias da história do Japão contemporâneo tem um poder imensurável, que não se resume em dinheiro ou influência. Tem algo mais que nunca pude saber. Mas Isshin reservou a Matsumoto o direito de sentar-se aos poderosos do G13. Não passo de um menino intrometido! Desde aquele dia... Tudo que sei sobre Isshin...

–Vamos garoto! Não tenho muito tempo! –Barragan disse em tom sarcástico, com um sorriso no rosto arrogante como sua própria alma.

Fico mais alguns segundos em silêncio. O que vou fazer? Não posso falar sobre os Shiba para Barragan! Mas não tenho escolha...

–Conte-me como herdou a rede de hotelaria da família Shiba e porque Shiba Isshin não é mais conhecido como Shiba! Aizen-Sama quer saber sobre tudo. Ele precisa saber sobre tudo.

Porque não pensei antes. Era lógico que Aizen estaria por trás disso tudo... Ele esta envolvido com Las Noches e por isso deixou o G13. Esta tudo se encaixando lentamente... Mas não tenho qualquer escolha. Preciso contar o que sei, mesmo eu sendo ainda jovem de mais para estar envolvido em coisas como corporações, eu não tenho mais escolhas...

–Certo. Vou dizer o que sei sobre Shiba Isshin...

~~x~~

[A partir daqui a história será contada pelo ponto de vista de Kuchiki Byakuya]

Isshin. Kurosaki Isshin bem na minha frente... Não... Shiba Isshin seria o correto. O homem que tem o poder de todos os recursos da família Shiba, uma família tão antiga e poderosa quanto à própria família Kuchiki! É assustador pensar em tanto poder nas mãos de uma única pessoa. E pensar que jogou tudo fora por um amor idiota...

–Aizen Sousuke... Kuchiki Byakuya... –Isshin diz com a voz carregada de rancor. Sei que para ele não é surpresa eu estar junto com Aizen, contudo, não esperava tanta antipatia. Quero apenas tirá-lo do meu caminho!

–Vamos ter uma ótima conversa... –Aizen declara com sua expressão enigmática no rosto.

Eu me mantenho quieto, com um olhar severo e frio. Isshin sai de trás da porta em que estava segurando uma sacola preta. Aizen se mostra curioso com o conteúdo da sacola e eu continuo a observar.

–Você estava com Matsumoto, certo? Onde ela esta? –Aizen pergunta para Isshin com um sorriso sarcástico. Detesto o sarcasmo dele.

Isshin não responde apenas se vira de costas e começa um caminhar lento e pesado até o fim do corredor em direção ao elevador. Aizen começa a segui-lo também calmamente e eu vou atrás, mas me preocupo em olhar dentro do quarto que Isshin estava. Vejo uma pessoa caída, provavelmente dormindo, e um computador ligado. Não tenho certeza, mas poderia jurar que notei o símbolo do G13 no computador. Estaria ele acessando mais uma vez os arquivos da corporação? Não paro para verificar, continuo caminhando até o elevador. Isshin para e aperta o botão para o último andar. Aizen ainda atrás dele tenta algum diálogo.

–Vamos Isshin, diga-me logo... O que você fez com a família Shiba? Como conseguiu? Urahara lhe ajudou, certo? Porque abandonou Kaien e trocou de nome? Era seu próprio filho! –Aizen é um perito em provocação. –Porque escolheu a Hangiku e o Toushirou? Vamos, diga-me tudo!

–Você fala demais Aizen.

Isshin cospe as palavras, arrogante e irritado. O elevador chega a seu destino e Isshin entra dentro dele segurando a sacola preta. Aizen também entra calmamente e eu, curioso com o computador que vi no quarto, não subo. Olho para os dois muito sério. Aizen parece não ligar e Isshin me olha nervoso. Sei que encontrarei algo naquele computador. Mas o elevador não sobe. Isshin segura a porta.

–Não vai subir? –Ele me pergunta com uma cara de dúvida.

–Não. –Digo sem me importar e virando, ouvindo em seguida o fechar do elevador.

Olho para trás para confirmar e Isshin e Aizen já não estavam mais ali. Sei que daqui para frente posso me concentrar em descobrir o que quero usando aquele computador. E Aizen não pode me vigiar mais. Ele terá uma “ótima conversa” com Isshin, certamente.

Caminho até o quarto e entro devagar, verificando se eu estaria sozinho. O corpo jogado no chão estava morto, não tinha pulsação nem respirava. Asfixia certamente. Sento-me na cama ao lado do notebook e como suspeitei o site do G13 estava ativo, e para minha surpresa, o usuário ativo era Matsumoto Hangiku!

–Ela estava acessando as finanças do 10º departamento?

A corporação G13 é dividida em 13 grandes departamentos, sendo cada um administrado por 13 presidentes. O 10º departamento é a rede de hotéis de Toushirou, porém... Porque Matsumoto mexeria nas finanças? Porque agora? Isshin contou algo a ela?

Fico curioso e inicio uma busca por evidências em transações e demais movimentações de ações do 10º departamento. Espero encontrar algo. Clico em um e-mail que havia na caixa de entrada da Hangiku e para minha surpresa o remetente era Urahara Kisuke. O que Urahara teria a falar com a Hangiku? Porque tudo isso? Leio a data do e-mail e vejo que é de algumas horas atrás. Certamente ele estava alertando sobre algo...

Olá querida Hangiku-San! Como tem ido?

Quero lhe informar algumas coisas. Certamente se esta lendo este e-mail ­você já acordou e Karakura esta um inferno. Aizen se declarou traidor do G13 como Yoruichi havia deduzido e suspeitamos que o 6º departamento esteja colaborando com ele. Tessai conseguiu achar um representante da empresa alimentícia que forneceu os mantimentos e bebidas para sua festa. Ele confessou ter dopado a comida com soníferos a pedido de Gin, que também esta com Aizen, junto de Tousen. O que quero que faça é bem simples. A essa altura, Isshin já vai ter aparecido por ai e, quero que dê a ele uma senha valida para entrar nos arquivos da corporação. Você saberá o porquê de ele querer acessar esses antigos arquivos, certo? Hitsugaya esta bem, não se preocupe. Quando encontrar com Isshin, não perca tempo algum. Vá direto para meu Sex Shop. Lá saberá o que fazer. Desculpe incomodar desta maneira, mas você sabe melhor do que ninguém o quanto Isshin esta pressionado e só você pode ajudá-lo no momento. Obrigado!

Até mais, Urahara gostosão Kisuke ^^

–Urahara é mesmo um maldito intrometido.

Passo os olhos pelo layout do site mais um pouco e espero que a atualização de dados esteja completa. Abro mais um e-mail que tinha remetente restrito. Ele era datado de alguns anos atrás.

Matsumoto, todos os fornecedores estão com os contatos bloqueados, a hotelaria não é mais segura para despistar os negócios ocultos que temos. Procure um homem chamado Ganju Shiba, ele pode fornecer as informações que precisamos no momento.

PS: Cuidado com a irmã dele, ela é bem “pavio curto”.

Suo frio ao ler. Ganju Shiba?! O fabricante de armas, Ganju Shiba? Então tudo é muito mais perigoso do que parece; lembro-me do escândalo que foi quando descobriram a farsa sobre a fabrica de fogos de artifícios que na verdade era uma grande distribuidora de pólvora para confecção de munição para armas de fogo. E se essa pessoa “restrita” sabe sobre o temperamento da irmã do Ganju, a Kuukaku Shiba, essa pessoa deve ser alguém próxima. Isto esta ficando muito intrigante! A família Shiba é interessante!

Desligo o notebook e o levo comigo. Desço as escadas depressa. Precisarei ir até o maldito Sex Shop do Urahara Kisuke! Desço até o primeiro andar e saio às pressas pela porta da frente, sem me importar com qualquer presença por ali. Mesmo assim, percebo muitas pessoas já acordadas e algumas se perguntando o que eu estaria fazendo por ali. Jogo o computador portátil no banco de carona do carro e entro nele como um piloto de fuga treinado. Meu estilo ao volante nunca foi defensivo ou prudente mesmo... Piso fundo e faço fumaça sair dos pneus do carro de Aizen, uma BMW verde musgo das antigas. Apesar de ser realmente antigo, é um carro conservado e claro, muito bem modificado ao gosto extravagante de Aizen. Um maldito frigorifico cafona na parte de trás cheio de Pepsi-cola e mais um monte de caixas de cereais jogadas por cima. Vejo um óculos pendurado no retrovisor central do carro e dois dados feitos de ouro também presos no retrovisor. Para completar, a cabeça de um monstro que Aizen costumava chamar de “Hollow”, com máscaras branca e um olhar feroz, servia como apoio para passar a marcha. O interior era cheiroso, um cheiro de colônia caríssima de perfume. Mas o cheiro era a única coisa que agradava. A luz do painel, verde como uma árvore, piscava e apitava suavemente toda vez que eu aumentava mais dez quilômetros a minha velocidade. Os ponteiros eram vermelhos como o sangue humano. Um contraste de cor até legal. O couro esverdeado do banco não era um grande problema, o conforto do assento não me deixava reclamar. Mas o que é mais bizarro: um botão vermelho enorme protegido por uma caixa de acrílico transparente bem acima do aparelho de som. E para completar o clichê, estava escrito... Não aperte! Irrita-me a forma extravagante e infantil que Aizen usava para se expressar. Apertei o botão só de raiva e, para minha total surpresa, o porta-luvas em frente ao banco do carona se virou, revelando uma pequena tela embutida e um joystick. O jogo? Super Mario World para Super Nintendo. Torci o nariz e voltei a acelerar. Mas de qualquer forma, infelizmente, não pude deixar de aceitar que, pelo menos nisso, Aizen tinha bom gosto.

Avancei alguns sinais vermelhos e entrei em duas contramãos, três se contar o fato de que quando sai com o carro do hotel, já sai na direção contrária ao fluxo do trânsito. Mas não demoraria a chegar, ouvi o painel verde apitar mais uma vez, enfim estou a 90Km/h. Continuei a pisar fundo e virei na esquina com um drift arriscado, mas, quem liga? Não vou levar multa, e se levar, o carro é do Aizen! E além de tudo tenho dinheiro! Impressiono-me ao pensar em coisas tão banais em momentos tão delicados...

Avistei o Sex Shop e a pessoa que queria ver. Matsumoto estava bem parada na fachada, provavelmente, estava saindo agora ou acabando de chegar. Passei por ela com o carro já a 110 km/h, virei com tudo e pisei no freio com violência, castigando os pneus. Parei de frente para Matsumoto, bloqueando a saída de um lado da rua. Desci do carro com meu olhar inexpressivo. Olhei para ela e iniciei o caminhar pesado e autoritário. A loira estava completamente parada e me olhava assustada.

–Sei que “Urahara Gostosão Kisuke” lhe deu todos os arquivos que precisa para incriminar a mim e Aizen...

O semblante dela muda ao ouvir o nome de Urahara e minha falsa acusação.

–Não esta comigo. Os arquivos não estão comigo.

Então existem arquivos!

–Não se faça de inocente “mestra da administração” -Sei que ninguém chama ela assim desde o caso da hiper valorização dos negócios do 10º departamento. –Vamos ter uma conversa interessante certo?

Ela relutante fica imóvel. Esta na hora de dar o primeiro passo para a garantia da vitória absoluta. Com o poder da família Shiba, Las Noches será invencível.

–Você é a grande herdeira dos negócios da família Shiba, você e o anão de cabelos prateados. Isshin escolheu assim. Você escolheu assim. Mas Hitsugaya pouco sabe comparado a você... Vamos, diga-me tudo.

Sorri em provocação. Um sorriso maligno, feito de minha mais pura ganância e ódio. Hisana... Eu vou fazer o que me pediu!


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Notas finais do capítulo

E então pessoal? Bom, ruim? O que esperam daqui para frente?
~Até a próxima.



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