Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi, eu sei que demorei muito e por isso peço perdão... É que estive de férias em casa de uns tios meus, sem Internet...

Relembrar que LORD OF THE RINGS e THE HOBBIT pertencem a TOLKIEN

Boa leitura!



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A Reconciliação ou o Abrir dos Olhos

No fim do jantar, Legolas foi para a sua varanda, onde olhou para a lua e para o céu estrelado. Tal fez com que se lembrasse da pequena Liz e dos seus momentos ternos naquela varanda, momentos diários em que contavam as estrelas com a esperança de conseguir saber o seu número total. Liz era a criança mais doce do mundo e, no entanto, era também a mais forte quando a conhecera.

Como estaria ela agora?

Flashback

– O teu pai esteve a falar comigo e disse que, um dia, seria uma grande rainha. – Liz mordeu o seu lábio inferior. – Não quero ser rainha, Legolas. Quero ser livre, não quero governar pessoas, quero viajar pela Terra Média, conhecer nova gente, novos lugares, ter aventuras… Será impossível fazer isso sendo rainha.

– É realmente um fardo enorme.

– Além disso, para ser rainha, o meu pai terá de morrer ou partir para as Terras Eternas, e não quero ficar sem ele. – A ruiva comentou. – Nunca serei rainha, pois sei que ele nunca me abandonará.

– Esperemos que não. – Legolas sorriu meio triste.

– Tu és obrigado a ser rei? Não podes renunciar para o teu irmão? – Ela perguntou.

– Penso que o meu pai não gostaria que eu renunciasse. – Ele respondeu sinceramente. – Pois sempre me criou como o futuro rei de Mirkwood, o meu irmão Linidus também tem capacidade para ser rei, mas penso que só caso algo de grave me aconteça, é que ele o será.

– Percebo… - Ela olhou para ele, mas logo desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.

– O que foi? Percebo que estás a pensar nalguma coisa. Diz-me, por favor!

– Se tu renunciasses, podíamos viajar os dois e conhecer tudo o que há a conhecer juntos. – Ela sorriu abertamente para ele. – Seríamos tão felizes, não seríamos, Legolas?

– A tua companhia sempre me fará feliz, pequena Liz. – Ele respondeu intensamente, sentando-se no chão, e ela fez o mesmo.

– Eu sei, e eu também. – Ela replicou, deitando a sua cabeça no ombro de Legolas e olhando para a lua. – Imagina: conhecer todas as estrelas, ouvir todas as histórias, viver mais aventuras, e tudo isso contigo. – Ela abraçou-o fortemente.

– Tu imaginas-te mesmo a viajar comigo? Só nós os dois no futuro?

– Sim, quando for mais velha, quando for uma mulher adulta, teremos imensas aventuras e conheceremos a Terra Média inteira! – Ela exclamou, olhando-o. – E, depois, voltaremos para casa para matar saudades dos nossos pais, das nossas famílias… No entanto, continuaremos a viajar.

– Ou seja, queres ser uma viajante comigo, com pausas breves para retornar a casa?

– Sim, exatamente. – Ela concordou, falando contra o pescoço do loiro. – Não seria bom?

– Quem te ouve falar até parece que sou muito importante para ti. – Ele disse, sorrindo. – Então, Liz, pensava que eu era apenas um elfo irritante que nem dormir em condições sabe. – Ele falou sarcasticamente.

– Não sejas arrogante, é claro que és irritante, e não és assim tão importante, apenas acho que serias um bom companheiro de viagem, mas não deve ser difícil arranjar um ser melhor para mim. – Ela retorquiu na brincadeira. – É claro que és muito importante para mim!

– Eu adoraria viajar contigo, mas será difícil fazê-lo por muito tempo. Talvez algum tempo, enquanto não for rei…

– Isso seria melhor do que nada. E quando encontrares o amor, eu deixo-te ir. – Ela esclareceu, olhando-o nos olhos.

– Eu digo-te o mesmo. – Ele disse, sorrindo e beijando-lhe a testa demoradamente, fazendo-a fechar os olhos. – E quero todos os detalhes de como encontraste o amor.

Fim do Flashback

Legolas sorriu, lembrando-se do episódio. Olhando para as suas mãos viu o envelope aberto. Desde que fora a Liz para ela lhe abrir a carta e a deixara, ainda não tinha tido a coragem de ler. O jantar deixara-o confuso acerca dos sentimentos, toda aquela história do amigo do irmão e Liz, e Rosez dizendo aquelas maldades, magoando a ruiva sem sequer se importar com isso. Agora tinha a carta da Guardiã nas suas mãos que tremiam de ansiedade e receio.

“Querido Legolas

Escrevo-te esta carta a partir de um sítio ainda seguro nestes tempos de guerra. Sei que te sentes magoado comigo, com o que eu fiz, com as promessas que eu quebrei e, por isso, te peço perdão. És a pessoa que mais amo neste mundo e tenho pena de saber que te perdi ao ter fugido, ao ter sido fraca.”

Legolas parou a leitura por um momento, respirando fundo, pois sentia o peso das palavras da menina. Sim, era verdade que se sentia magoado com ela e com o facto de ter abandonado todos quando lhe prometera que nunca o faria. No entanto, o coração acelerou ao ler que era a pessoa que ela mais amava neste mundo.

– Será que me perdeste, pequena Liz? – Ele perguntou tristemente para si próprio. – O meu coração está tão confuso. – Ele continuou a ler a carta:

“Tu sabes porque te escrevo: fiz uma promessa e esta tenciono cumpri-la. Conheci o amor de Beren e Luthien, Legolas. Infelizmente, esse amor não é correspondido, mas como prometido conto-te como foi que o conheci.”

Parou de novo, sentindo lágrimas caírem-lhe. Sempre pensara que Liz se acabaria por apaixonar por ele. Parecia errado imaginar um lugar onde ele e a Guardiã não estariam juntos.

“Na verdade eu já o conhecia. Havia ficado amiga dele ainda criança, mas agora, reconheço que estou apaixonada por ele. Revi-o há alguns meses e falámos e ele continua fantástico. Dei-lhe todo o meu amor, mas ele está sempre a rejeitar-me.”

As lágrimas dele eram de pena de si próprio, mas agora também de tristeza e mágoa pela rejeição que ela sofrera. Que ser era cruel o suficiente para a rejeitar? Ainda assim, ela dizia que ele era fantástico? Será que ele encontrara o amor não em Liz e era essa a razão da rejeição?

“Passei pela nossa árvore e vi as rosas, estão lindas. Obrigada por as teres plantado e cuidado delas! Não vi nenhuma carta tua, ou o teu anel, mas espero, meu bom amigo, que encontres o amor depressa, nestes tempos tão negros, e que tenhas mais sorte do que eu. Ouvi dizer que estás na demanda do Anel Um. Boa sorte! Por favor, promete-me que não morrerás e assim ficarei feliz, pois de nós és o único que cumpre as suas promessas.

Liz”

A carta era tão curta e tão pouco pessoal, como se ela não quisesse mostrar o seu coração a ele, quando ela dissera que Legolas era a pessoa que mais amava neste mundo.

Doía tanto o sentimento de ter perdido a menina que ele nunca tivera realmente tido. Liz era tão inocente quando se conheceram, mas Legolas não hesitara em imaginar o seu futuro juntos, quando ela crescesse. Quando pensava em amor era a imagem da menina que lhe vinha à cabeça, agora…

Suspirou. Agora a sua cabeça estava uma confusão, o seu coração parecia um campo de batalha. Ele estava apaixonado, completamente apaixonado por Liz, a única mulher da Irmandade e a mulher que o fazia lembrar-se da pequena Guardiã, embora não fossem a mesma pessoa. Como era possível ele se ter apaixonado por Liz quando o seu coração pertencia à Guardiã? Ele sentia como se a estivesse a trair, mas Liz fazia-o sentir tão feliz, tão certo, tão… Os seus beijos trocados não pareciam errados e, no entanto, havia esse conflito de amores que ele sentia.

Agora que a Guardiã encontrara o amor, poderia isso dizer que ele estava livre para amar Liz? Não! Não era assim que funcionava! Ele amava a Guardiã, o seu coração batia sempre que pensava na doce menina, batia por amor, por mágoa, por desilusão, mas principalmente por amor. No entanto, também batia por Liz, única e exclusivamente por amor, e muitos ciúmes, se ele tivesse que admitir.

No entanto, havia Rosez, a quem ele não amava mas com quem ele estava comprometido e também com quem ele devia falar depois da sua reação no jantar. Respirou fundo, olhando para a clareira, e uma figura nela prendeu-lhe o olhar.

**

POV Liz

Depois do jantar, Liz foi para a clareira, deitando-se sobre a relva e vendo as estrelas brilhantes. Quando era criança, via as estrelas da sua varanda, ou da de Legolas, mas agora não podia fazer o mesmo, pois não tinha o mesmo quarto e o quarto de Legolas era-lhe proibido por óbvias razões.

– Posso? – Legolas perguntou, apontando para o lugar ao lado da ruiva.

– Não devias ir conversar com Rosez? – Ela perguntou, e ele sentou-se ao seu lado, olhando-a.

– Sim, mas primeiro preciso de falar contigo. – Ele respondeu, sorrindo quando os seus olhos se encontraram. – Quero pedir-te perdão.

– Perdão pelo quê exatamente? – Ela perguntou, sentando-se.

– Pelo modo como te trato desde que te conheci em Rivendell. – Ele respondeu imediatamente. – Pela minha frieza.

– Ambiguidade, eu diria. – Liz comentou. – Porque é verdade que muitas vezes me desprezas, mas outras és um querido para mim, e já me salvaste. Por isso, não penso que devas pedir perdão.

– Mas devo. – Legolas contrariou. – Porque te prejulguei sem te conhecer minimamente e só porque vi tu e o Elrond quase a beijar-se. Convivi contigo durante meses agora, Liz, e durante toda a nossa caminhada não seduziste ninguém a não ser talvez Boromir no momento em que ele pegou no Anel Um na nossa subida pela Montanha, mas fizeste-o para o convenceres a devolvê-lo. No entanto, mesmo assim, ele se apaixonou por ti, o que prova que o amor não tem explicação. – Legolas tinha um meio sorriso no rosto, os olhos molhados. – E tu rejeitaste o amor dele e eu sei que não o fizeste por querer mais poder, mas sim porque queres encontrar o amor. Tu procuras o amor e eu desrespeitei isso. – Ele fez uma pausa ao ver a confusão da ruiva perante a mudança do loiro. – Eu li a carta que a Guardiã me enviou. Era uma carta impessoal mas, ainda assim, conseguia ver que era ela que escrevia. Ela contou-me que se apaixonou por alguém que a rejeitou e que lhe dói muito continuar a viver assim. – Legolas suspirou. – No fim da carta, pediu-me para eu prometer que não morreria na nossa missão, porque se o fizesse podia estar descansada, pois de nós os dois sou aquele que cumpre as promessas. No entanto, houve uma que eu não cumpri, duas na verdade. A primeira era para não deixar de ser a pessoa fantástica que fui em tempos; a segunda era para te tratar bem.

– Como assim, me tratar bem?

– Ela tinha o dom da Visão, e viu algo connosco em que eu te tratava mal, e fez-me prometer que não o faria. – Legolas explicou. – O que eu estou aqui a fazer é a cumprir as promessas que eu lhe fiz.

– Tu nunca deixaste de ser uma criatura fantástica, Legolas. – Disse ela, sorrindo.

– Mas não foi só para cumprir a promessa que eu te vim pedir perdão, que eu vim mostrar-te como mudei. – Legolas retorquiu. – Eu vim porque finalmente compreendi quem tu és. – O seu sorriso morreu, pensando que Legolas havia descoberto que ela era a Guardiã. – Tu és um ser que procura o amor e, como todos, mereces encontra-lo e tenho a certeza de que, com a tua beleza, serás correspondida.

– Eu não teria tanta certeza. Segundo a lenda a Guardiã é a mais bela de todas as criaturas e, aparentemente, foi rejeitada. – Ela disse logicamente.

– Não sejas pessimista. – Ele disse-lhe, dando o pequeno anel de ervas a ela. – Esse anel foi da Guardiã como tu sabes. Talvez precises disto para saberes que o amor está aí.

– Legolas, eu não quero este anel. – Liz retorquiu, devolvendo-lhe o anel. – Eu não procuro o amor, não mais. Eu não o mereço. Antes de Boromir, houve outros que me diziam amar que rejeitei, eu confesso. E dei-me conta que não fui feita para o amor. Porque é tão difícil que me amem. Já me disseram tanta vez que eu nunca encontrarei alguém porque nunca olharão para além da minha beleza, que a minha beleza é tão grande que não quererão saber mais nada de mim e, por isso, nunca amarão quem eu verdadeiramente sou. Amarão apenas uma pele, um rosto, não um coração, uma alma. Boromir amou-me, mas eu rejeitei-o porque acreditava que era possível encontrar o amor correspondido. Para mim, não é! – Ela tocou na mão de Legolas suavemente.

– É claro que vais conseguir. – Ele disse-lhe delicadamente. – Tu és provavelmente a criatura mais bela interiormente que eu conheço. Tu mereces a felicidade.

– Obrigada! – Liz agradeceu honestamente. – Mas não te preocupes, eu tenho coisas mais importantes com que me preocupar.

– O que pode ser mais importante do que o amor correspondido?

– A nossa missão. – Ela respondeu simplesmente.

– E quando a acabarmos?

– E o que nos garante que eu a acabarei viva? – Liz respondeu com outra pergunta, deixando o loiro petrificado.

– Tu não vais morrer. – Ele disse, aproximando os seus rostos e encostando as suas testas enquanto se olhavam. – Vais viver ainda muitos anos.

– Não te preocupes comigo. Eu já aceitei meu destino. – Liz afirmou, fechando os olhos ao sentir uma mão de Legolas afagando os seus cabelos. – Por favor, Legolas, afasta-te. – Ela pediu, com um gemido a escapar-lhe dos lábios e acariciando o nariz do loiro com o seu próprio.

– Perdoa-me ter beijado Rosez. – Ele sussurrou e ela sentiu os seus lábios tocarem ao leve os seus enquanto falava.

– Ela é tua noiva.

– Mas foi quando a beijei que pensei em traição, que me senti mal por te estar a trair.

– Isso não faz sentido. Nós não temos nenhum compromisso ao contrário de ti e de Rosez.

– Eu nunca a tinha beijado antes. – Legolas explicou. – E o que se passou entre nós…

– Está no passado, Legolas, não te sintas preso a mim, por favor. – Ela pediu.

– Eu não a quis beijar, ela é que começou e eu afastei-a quando me apercebi do que se passava. – Legolas disse. – Eu quero beijar-te. – Liz deixou escapar um gemido de prazer com as palavras do loiro.

– Não podes. – Ela sussurrou, mas sem se afastar.

– Os teus lábios são tão suaves, tão lindos, tão macios…

O loiro puxou-a para si, unindo-os finalmente num beijo lento, como se se saboreassem pela primeira vez um ao outro. Lentamente ele deitou-se sobre ela, sem nunca parar o beijo e ela deixou-se envolver ainda mais por aquele amor tão doloroso e ao mesmo tempo tão bom.

– Legolas, para… - Ela sussurrou quando ele deslocou a sua boca para o lóbulo da sua orelha. – Legolas, vamos ser apanhados.

– Eu não me importo. – Ele disse, beijando-a de novo.

– Legolas! – Ela juntou todas as suas forças rodando-os e colocando-se em cima do loiro. – Tu estás louco? Tu sabes que não podemos. Eu não sei porque continuas a insistir. A Rosez…

– Liz, amanhã nós partiremos. – Ele interrompeu-a. – Eu não verei Rosez durante algum tempo e…

– Eu não posso satisfazer os teus desejos carnais, Legolas, eu pensava que tinhas percebido que essa não sou eu. Eu não me entrego por poder. – Ela deitou-se ao seu lado, olhando as estrelas. – Eu não vou ajudar-te a trair Rosez.

– Estás a dizer-me que tenho de quebrar o compromisso que tenho com ela para sentir de novo os teus lábios? – Legolas perguntou, unindo as suas mãos.

– Não. – Liz respondeu. – Legolas, eu entendi o gesto de Rosez quando ela te cumprimentou pela primeira vez. Aquele era o gesto de quando uma alma ama a outra e se submete a ela, e tu queres envolver-te por esse amor.

– Como eu te disse um dia, Liz, ninguém manda no coração, e eu não sou exceção. Eu não consigo amá-la. Eu conheço-a há imensos anos. Mesmo imensos, anos que nem imaginas sendo tão nova, e continuo a não amá-la. O que mudará?

– Eu… não sei. – Liz respondeu sinceramente. – Posso confessar-te uma coisa sobre Rosez? Por favor, promete-me que não comentas com ninguém.

– O que se passa?

– Eu sei que a tua futura mulher te é imposta pelo teu pai segundo a tradição. Sei que Thranduil não te impôs, que vocês chegaram a acordo sobre Rosez, provavelmente tu mesmo a propuseste, mas porquê? É tão injusto! Não só para ti que não encontrarás o amor, mas para a própria Rosez, que vive iludida na esperança de lhe retribuíres o sentimento.

– Mas ela ama-me.

– Mas tu não. – Liz retorquiu.

– Tu não conheces Rosez como eu. – Legolas sussurrava. – Ela nunca acreditou muito no amor.

– Todos acreditamos no amor, mas alguns têm medo de o dizer em voz alta com medo que se desiludem. – Liz contrariou. – Por favor, não te prendas a ela! – Liz pediu.

– Porquê?

– Porque, como tu disseste, todos devemos procurar o amor, Legolas. – Liz respondeu simplesmente, sentindo os olhos molhados. – Partiria muito mais alegre se soubesse que finalmente o tinhas conseguido.

– Falas com certeza de que morrerás. Ou quando falas em partir, queres dizer que, mal acabemos a missão, nos abandonarás?

– Não. – Ela respondeu curtamente. – Além disso, tu nunca serás feliz com Rosez.

– Dá-me uma razão para a deixar.

– Tu não a amas. – Liz disse seguramente. – Nem nunca o farás.

– E quem me garante que encontrarei o amor correspondido?

– Ninguém, mas queres mesmo parar de procurar?

– Tu não entendes, já são muitos anos os que carrego nas costas. – Ele lamentou, suspirando. – Eu já me desiludi uma vez com o amor.

– Como assim? – Ela perguntou com as sobrancelhas erguidas. – Mas esse anel que tu usas não simboliza a tua procura pelo amor? Ou foi antes da promessa?

– Sim, simboliza. – Legolas fechou os olhos. – A Guardiã era uma criança quando a conheci e era tão linda… Quando a vi, eu penso que soube logo que o meu coração estava entregue àquele ser. No entanto, ela era tão pequena para colocar isso sobre os seus ombros.

– Tu estás a dizer que te apaixonaste por uma criança?

– Apaixonei-me pela sua alma. – Legolas respondeu. – Não penses coisas depravadas de mim. Apaixonei-me por uma criança como todos nos apaixonamos, não sexualmente. Eu apaixonei-me pela sua alma, e tive esperança de que, no futuro… Fui um tolo. Pensei que, lá bem no fundo, ela sentisse o mesmo, e ela até podia sentir, mas nunca o percebeu, porque abandonou tudo e todos. Esta carta fez-me finalmente perceber que ela continua a ser a garota por quem me apaixonei, muito mais madura… Mas ela desiludiu-me.

– Então não achas que poderás vir a apaixonar-te de novo por ela?

– Eu estou tão confuso. – Ele confessou. – Por um lado, existe esse amor que eu guardei durante tanto tempo dentro de mim e, por outro, existe… - Ele interrompeu-se, abrindo os olhos e vendo que Liz se sentara para o olhar.

– O quê? Existe o quê?

– Liz… - Legolas sentou-se, aproximando os seus rostos novamente. – Tu és a criatura mais frustrante que eu conheço. Nunca dizes aquilo que te vai na alma, como te sentes verdadeiramente. Nunca te abres comigo, nunca desabafas. Pareces esconder algo…

– Mas és tu quem foge das questões. – Ela brincou, tocando-lhe no peito com o seu dedo indicador.

– Anda lá! Tu és capaz! Diz lá alguma coisa da tua vida! – Legolas sorriu amigavelmente. – Vamos ser amigos, companheiros, como sempre devíamos ter sido.

– Amigos? – Ela perguntou com um sorriso feliz. – E prometes que esse teu bom humor e essa gentileza vão durar mais do que um dia?

– Está prometido! – Ele assegurou. – Agora conta lá!

– E Rosez?

– E Rosez, Liz? Diz-me sobre ela, porque tu pareces saber mais dela do que eu… O que ias contar?

– Não te chateies, nem penses que eu estou a inventar isto… - Ela começou por dizer nervosamente, preocupada que ele pensasse que ela estava a arranjar um modo de separar Rosez de Legolas.

– Liz, descansa! – Legolas pegou nas suas mãos, olhando-a. – Diz-me!

– Eu não posso dizer quem, mas eu conheço um ser que está apaixonado por Rosez. – Liz afirmou. – E…

– Mas e eu?

– Estás com ciúmes? – Ela perguntou com o sorriso a desfalecer.

– Não, só chocado e com um sentimento de perda. – Ele comentou. – E há alguma possibilidade de ela amar também esse ser? É que ela ama-me, é possível amar dois seres ao mesmo tempo?

– Eu… - Liz virou os seus olhos para o chão. – Não sei.

– O que me escondes? – Ele perguntou, colocando-lhe o rosto para cima, fitando-a.

– Tens a certeza de que ela te ama? Ela alguma vez to disse mesmo? Ou só te fez aquele gesto quando chegámos a Mirkwood? Ou mais algum gesto de amor?

– Para além do beijo? – Ele perguntou, erguendo a sobrancelha.

– Sim, para além do beijo no Salão Livre.

– Não. – Ele respondeu. – Mas porque diria ela que me ama se não o sente?

– Tu também não lhe dás esperanças de que retribuas o sentimento? – Ela perguntou.

– Sim, mas é diferente, eu tenho um costume que tenho de seguir.

– Pode ser que ela tenha uma razão apenas sua para te dizer que te ama quando não é verdade.

– Então estás a dizer que ela ama esse ser de volta? – Perguntou Legolas com um semblante pensativo. – Quem é ele?

– Eu não posso dizer. – Liz respondeu, apertando as mãos de Legolas. – Mas tenho a certeza que os sentimentos são genuínos.

– Então por que não vai ele falar com a Rosez?

– Talvez porque saiba que ela está noiva do príncipe. – Ela retorquiu como se fosse muito óbvio.

– Liz… Tu não tens qualquer interesse em me separar de Rosez, pois não? – Ele perguntou cautelosamente.

– Não é por mim que te estou a dizer isso. – Liz assegurou. – É pelo bem de todos.

– De todos? – Legolas perguntou. – De quem exatamente?

– Não insistas, por favor. – Ela sussurrou.

– Liz, Liz! – Ela virou-se para ver Maerthîr correndo ao seu encontro. – Olha o que encontrei! – Ele parou ao notar as mãos de Legolas e Liz unidas, que logo a última fez questão de separar.

– O que foi? – Ela perguntou, levantando-se com um sorriso.

– Nada. – Ele respondeu, olhando para Legolas que se levantara igualmente e olhava agora para o livro de capa branca que ele tinha.

– O que é isso? – Ele perguntou, franzindo a testa. – Esse livro é-me familiar.

– É meu. – Liz disse, tirando o livro das mãos de Maerthîr. – Devo-o ter perdido na floresta enquanto estávamos a vir para cá.

– Eu reconheço esse diário. – Legolas falou seguramente.

– E quem disse que era um diário? – Liz perguntou na defensiva, protegendo o livro com os dois braços e guardando-o contra o peito.

– Bom, eu vi o teu nome na contracapa e decidi trazer-to. Ele estava junto a uma árvore. – Maerthîr disse, sorrindo.

– Obrigada! – Ela sorriu, abraçando-o fortemente e dando-lhe um beijo. – Já agora, aproveito para me despedir já. Amanhã tanto eu como Legolas regressaremos à nossa missão. Sentirei saudades.

– Eu também. – Ele concluiu, dando-lhe um último sorriso. – Adeus! – E saiu como entrou, correndo.

– Eu preciso de ir arrumar o livro. – Liz anunciou. – E tu precisas de falar com Rosez.

– Liz! – Legolas disse fortemente, o seu rosto sério. – Esse livro…

– É um diário sim, claro! – Ela disse com um sorriso. – O meu diário, mas não tens autorização para o ler mesmo que gostes da ideia de descobrires mais sobre mim. – Ela brincou, mas estava meio séria. – No entanto, é um livro bastante comum, como este há muitos.

– Tens razão. – Ele retorquiu. – Até amanhã!

AGRADECIMENTOS

Como sempre agradeço a todos os que favoritaram e acompaham a história, mesmo os que não comentam, mas a quem não dá para agradecer em particular por falta de nome. Agora aos que comentaram o capítulo anterior:

Lyn Black - Muito obrigada pelo seu comentário enorme e lindo, que provavelmente será o meu favorito do capítulo. Para ser sincera, quis colocar isto aqui, para que todos lessem. Incluí a parte de Legolas lendo a carta a seu pedido. Por isso, se gostaram dessa parte, agradeçam a Lyn, caros leitores. Continue comentando, amo seus comentários!

Joyce Hygurashi - Muito obrigada pelo seu comentário! Doe realmente veio esclarecer muitas coisas, para além de vir embelezar ainda mais a história, não é? Continue comentando, por favor, adoro ler seus comentários mesmo que fiquem pela metade!

NanaAnonimaAnomaliaA - Muito obrigada pelo seu comentário e por ter tirado um pouco do seu tempo para o escrever, mesmo não estando bem. Significa muito para mim. Continue comentando pois amo seus comentários, e espero que esteja tudo bem.

AlyPikachu - Muito obrigada pelo comentário! E muito obrigada por ter amado e estar a torcer por Rosez e Linidus, eu diria que eles precisam de toda a ajuda possível. Continue comentando, amo seus comentários.


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Notas finais do capítulo

Foi muito difícil encontrar o título para este capítulo, e não sei se tive muito sucesso, mas fiz o melhor que consegui...
O que vocês acharam do capítulo? Pensam que agora tudo se irá resolver? Será que Liz devia ter falado de Rosez a Legolas? Será que os segredos que todos guardam não irão explodir de uma só vez? Por favor comentem, os vossos comentários são minha motivação.
Kiss kiss,
CR, a autora



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