Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Hey! Desculpem a demora nos últimos dias. Eu tive os meus tios passando férias em minha casa, então foi muito preenchido.

De qualquer maneira, neste capítulo aparece uma nova personagem que já foi mencionada, mas que ainda não "vimos" diretamente. Hoje também vamos saber mais sobre Linidus e assuntos do coração... Espero que gostem!

Relembrar que Lord of the Rings é uma dádiva que nos foi concedida pelo Professor Tolkien.

Boa leitura!



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Uma Promessa Cumprida

Quando Liz se levantou ainda era de madrugada, mas não conseguia dormir devido a uma dor de cabeça. Assim, lavou-se e, depois de se vestir com uma roupa prática, sentou-se na mesa que havia no quarto e abriu a gaveta, onde havia um fundo falso para esconder os seus anéis. O Anel de Paz brilhou quando ela pegou nele, colocando-o no dedo e sentindo o seu peso. O outro, de ervas, foi colocado no mindinho e, assim, ela começou a escrever uma carta que há muito tinha prometido.

“Querido Legolas

Escrevo-te esta carta a partir de um sítio ainda seguro nestes tempos de guerra. Sei que te sentes magoado comigo, com o que eu fiz, com as promessas que eu quebrei e, por isso, te peço perdão. És a pessoa que mais amo neste mundo e tenho pena de saber que te perdi ao ter fugido, ao ter sido fraca.

Tu sabes porque te escrevo: fiz uma promessa e esta tenciono cumpri-la. Conheci o amor de Beren e Luthien, Legolas. Infelizmente, esse amor não é correspondido, mas como prometido conto-te como foi que o conheci.

Na verdade eu já o conhecia. Havia ficado amiga dele ainda criança, mas agora reconheço que estou apaixonada por ele. Revi-o há alguns meses e falámos e ele continua fantástico. Dei-lhe todo o meu amor, entreguei-me a ele de maneira definitiva, mas ele está sempre a rejeitar-me.

Passei pela nossa árvore e vi as rosas, estão lindas. Obrigada por as teres plantado e cuidado delas! Não vi nenhuma carta tua, ou o teu anel, mas espero, meu bom amigo, que encontres o amor depressa, nestes tempos tão negros, e que tenhas mais sorte do que eu, ou seja, que o ser que o teu coração escolher te ame do mesmo modo e te queira e, mais importante que tudo, te faça feliz. Ouvi dizer que estás na demanda do Anel Um. Boa sorte! Por favor, promete-me que não morrerás e assim ficarei feliz, pois de nós sabemos que és o único que cumpre as suas promessas.

Liz”

Sabia que não era a carta cheia de sentimentos que tencionava escrever, mas não podia escrever mais, caso contrário ele descobriria o seu segredo. Fechando a carta, selou num envelope onde também colocou o anel de Meloier e saiu do quarto, onde se dirigiu à clareira, mas escondeu facilmente as mãos ao ver uma figura na escuridão e dar-se conta de que ainda tinha o Anel de Paz no seu anelar.

Finalmente a figura revelou-se, fazendo-a recuar.

Era um Elfo alto, de cabelos longos até à cintura, quase brancos e olhos imensamente azuis, total e impecavelmente vestido de branco. Uma aura parecia iluminá-lo, mesmo na luz escura da madrugada, o que realçava a imensa beleza do seu rosto. De repente, a respiração de Liz tornou-se profunda e o coração batia-lhe freneticamente e, sem forças, ajoelhou-se.

– Doe! – Ela sussurrou não conseguindo encará-lo. Aquele era o Rei de todos os Elfos, aquele que lhe dera o Anel da Última Esperança de Paz.

– Liz! – Ela quis recuar quando o viu a aproximar-se dela, mas não o fez. O Elfo levantou-a suavemente, beijando-a ao de leve nos lábios, pois aquele era o cumprimento exclusivo formal de ambos. – Temos que falar.

Liz acenou com a cabeça, acalmando o seu coração e olhando-o nos olhos. Os dois caminharam lado a lado até entrarem um pouco na floresta e subirem uma árvore. Apesar da madrugada, ainda se viam algumas estrelas e a lua, Liz sentou-se num ramo e Doe fez o mesmo ao seu lado.

– Não me vais tirar o anel, pois não?

– Mal tu nasceste, dei-te o Anel de Paz e ele trouxe-te um sofrimento imenso…

– Não precisas de dizer mais nada. Eu sei o que passei e também sei a importância do meu fardo. – Ela fechou os olhos.

– Deixa-me acabar, criança! – Ele mandou, imponente. – Durante todo este tempo não tive a menor dúvida de que tomei a melhor decisão ao atribuir-te o Anel e a sua consequente missão. – Liz abriu os olhos. – Mas agora, isso mudou. A tua cabeça está cheia de dúvidas, logo, não te concentras o suficiente na tua missão. Há semanas que ando a tentar encontrar-te. Estavas a esconder-te da minha Visão?

– Mil perdões, meu amado Rei Doe! Talvez penses que me escondo de todos por não querer o meu anel e a missão que com ele veio… - Ela pegou na mão dele. O anel dela brilhava. – Temo a minha missão, tenho imensas dúvidas, mas são elas que me tornam mais forte, nunca mais fraca. No entanto, há algo mais… Legolas.

– Legolas… - Doe suspirou, afagando-lhe o rosto. – Tens, nos teus olhos, o seu rosto espelhado, no teu dedo anelar esquerdo, uma aliança invisível. Por um lado, tenho que te dizer que estou contente por finalmente te teres apercebido desse amor, depois de tantos anos desde a tua infância. Por outro, tenho que te avisar que não será fácil.

– Eu sei. Já não sou mais aquela criança que viu a mãe morrer e não conseguiu fazer nada para se defender, estou muito mais forte. – Ela proclamou com segurança. – No entanto, se ainda assim duvidas, percebo que me queiras tirar esta missão.

– Tal como tu, linda Liz, as minhas dúvidas tornam a minha crença ainda mais forte. Pensas mesmo que eu quero que aceites a missão sem sequer a questionar? Minha criança, eu escolhi-te porque foste feita para isto, não porque cheguei no momento do teu nascimento… Logo que olhei para ti, reconheci a força e a determinação do teu olhar, mas o que me fez escolher-te foi sobretudo a certeza de que nem sempre terias certezas, nem sempre quererias obedecer. Eu escolhi-te porque eu sabia que irias e irás concretizar a tua missão não porque te foi imposta, mas porque tu acreditas que é o correto a fazer, o melhor para o mundo. Por isso, eu quero que duvides, eu quero que te questiones, porque é isso que ditará a tua força no final. – Doe sorriu. – Eu tenho noção que ninguém é perfeito, e estou contente que tu não sejas exceção.

– Como posso ser perfeita sendo tão egoísta?

– Não o sendo. Tu não és egoísta, Liz.

– Eu não te vou contrariar, Doe, não tenho energia para isso. – Ele sorriu. – Mas então que fazes aqui se não para me tirar o anel?

– Vim apoiar Thranduil e trouxe alguns elfos comigo para ajudar. Gandalf avisou-me que haveria uma batalha aqui e também me disse que te mandaria a ti e a Legolas aqui, caso quisesse falar contigo.

– Eu desconfiei que ele soubesse de mim. – Liz sussurrou.

– Sim, só não me contou que estavas apaixonada por Legolas.

– Nem mesmo ele sabe tudo. Ninguém descobrirá. – Doe olhou-a.

– Nem mesmo Legolas?

– Para quê? – Perguntou retoricamente. – Eu sei qual é o meu papel nesta história! Seguir em frente sem sequer olhar para trás.

– Mas, Liz… Tu tens o direito de ser feliz.

– Para Legolas, eu não sou… Para ele, é como se eu fosse alguém capaz de vender a minha alma por poder ou dinheiro, alguém que lhe quer dar o golpe do baú. E talvez seja melhor ele pensar assim porque se ele soubesse que eu sou a Guardiã, seria ainda pior. Comprometer-me com ele far-me-ia ter de lhe contar. Além disso, ele já deixou bem claro o que pensa da Guardiã, e também do que pensa de mim, sem saber que sou a Guardiã.

– Não te quer ele bem? – Perguntou ele, afagando-lhe o rosto.

– Não sei. Ele não me ama, ele despreza-me, mas penso que, mesmo assim, me quer bem, afinal fazemos ambos parte da Irmandade do Anel. – Liz abraçou-o fortemente, procurando respostas.

– Mesmo ele não querendo, vocês estarão eternamente ligados tanto pela tua infância quanto pela Irmandade. Agora tens de enfrentar o que se seguirá, mas nunca deixes de pensar na felicidade. – Ele separou-se do abraço, beijando-a de leve nos lábios.

– Tenho um favor a pedir-te. – Liz anunciou. – Escrevi uma carta a Legolas e tenho que a colocar num sítio específico, na nossa árvore. Queria que dissesses ao Legolas que eu te dei a carta para ele não desconfiar de nada…

– Eu odeio mentiras.

– Eu sei. – Liz disse tristemente. – Eu também, mas Galadriel disse que o mundo poderia acabar se eu simplesmente lhe dissesse…

– Tudo bem.

(…)

Quando Doe entrou nos salões do rei, Liz seguiu o seu caminho até à árvore e colocou o envelope lá. De seguida, seguiu para o seu quarto, onde tirou o Anel e colocou-o onde estava antes.

Quando saiu, algum tempo depois, já era dia, e no Salão do Rei, Doe, Thranduil e Ibetu falavam sem parar, utilizando o Sindarin de uma forma alucinante.

– Bom dia! – Ela cumprimentou com um sorriso.

– O Doe está maravilhado contigo, minha filha… - Ibetu disse com um sorriso aberto.

– Ainda mais maravilhado, queres tu dizer, pai! – Liz corrigiu-o, fazendo todos rir-se alegremente. – Ah, esqueci-me de apanhar o cabelo. Provavelmente vou usar um gorro para não o sujar também ao tratar os cavalos. Além disso, eles têm a péssima ideia de me comer o cabelo. – Eles riram-se mais uma vez, vendo-a sair.

Quando Liz voltou, cruzou-se na entrada com Legolas e Rosez, que sorriam cumplicemente.

– Bom dia! – Ela desejou com um sorriso rasgado. – Um dia glorioso, certo?

– Estás muito contente. – Rosez julgou. – O que se passa?

– Adoro cavalos! – Ela exclamou. – Estás a ver? – Ela apontou para o seu gorro, que prendia o seu cabelo. – Uma medida de prevenção para aqueles que pensam que o meu cabelo é parecido com uma maçã gigante por isso deve ser saboroso. – Rosez riu-se suavemente.

– Que divertida!

– Vamos entrar? – Perguntou Legolas de mau humor.

– Sim, claro, faz as honras. – Rosez disse simpaticamente, e ele abriu a porta, de modo que os três entraram.

Rosez e Legolas ajoelharam-se automaticamente ao ver Doe e Liz manteve-se levantada para tentar perceber o que se passava.

– Oh! – Ela exclamou, ajoelhando-se rapidamente.

– Rei Doe, Rei Eterno e Mui Sábio dos Elfos! – Legolas exclamou.

– Por favor, Legolas, Liz, Rosez, levantem-se! – Doe pediu com uma risada. – Odeio formalidades, sempre odiei! A única formalidade que gosto é aquela entre mim e a Guardiã… - Ele suspirou.

– O que fazes aqui? – Perguntou Legolas, levantando-se e mostrando curiosidade. – E como conheces a Liz?

– A Guardiã estava sempre a esconder-se de mim e uma vez quando andava à procura dela, pensei que Liz fosse ela, mas enganei-me. Têm, no entanto, algumas parecenças. – Doe respondeu rapidamente, a mentira saindo fácil. – E vim trazer mais apoio para a batalha. E trouxe também algo para ti da Guardiã.

– O quê? – Perguntou Rosez, arqueando a sobrancelha. – O que quer ela do Legolas?

– Bom, isso não é da tua conta. – Doe respondeu duramente, mas depois logo se riu, fazendo Liz abanar a cabeça, finalmente aceitando que não havia nada a fazer quanto à loucura dele. – Mas eu coloquei no local que ela me mandou colocar. Com certeza sabes do que estou a falar.

Liz abanou a cabeça, pensando que Doe era muito estranho. Legolas e Liz tinham muitos locais muito especiais. Ele não deduziria imediatamente que teria a ver com a árvore do amor, como a ruiva lhe apelidara em sonhos.

– Rei Thranduil, eu estou pronta para tratar dos cavalos. – Liz disse. – Com a sua licença…

– Que nada, tu vais tomar o pequeno-almoço! – Ibetu exclamou.

– Mas eu não tenho fome! – Ela queixou-se.

– Mas tens de comer. Estás muito magra. – Dithinia disse entrando e utilizando uma voz dura.

– Eu como maçãs com os cavalos, eu prometo. – Legolas deu por si a sorrir ao ver a birra que Liz fazia e que o fazia lembrar-se da pequena Liz que ele conhecera.

“Mas Legolas, eu gosto das maçãs que os cavalos comem!” Ele ouviu a voz suave da criança dentro da sua cabeça. Ela tinha uma cara de birra, enquanto recusava comer cereais de arroz com leite.

“Liz, isso não funciona assim. Comes um pouco dos cereais e depois se ainda quiseres comes uma maçã, ou mais. Mas tens de comer bem.” Legolas disse-lhe com uma voz dura.

“Por favor, Legolas, eu só quero maçãs!” Ela disse-lhe, olhando-o intensamente.

“Está bem!” Ele cedeu e ela pulou de alegria, correndo até à cozinha, onde estavam as maçãs.

“Ela consegue tudo de ti. Quem me dera que eu tivesse esse poder também.” Thranduil suspirou, sorrindo abertamente.

“Ela é tão persuasiva com aqueles olhos” Legolas defendeu-se, comendo a taça de cereais de Liz.

“Ela sabe que ganha sempre, Legolas, tem cuidado. Normalmente são essas as pessoas que ganham o nosso coração.” Thranduil disse divertido ao ver o corar das bochechas de Legolas, enquanto os dois ouviam Liz trautear uma música infantil na cozinha."

– Não sejas criança! – Dithinia exclamou, trazendo Legolas para a realidade a tempo de ver que Liz desistira de resistir à ordem da velha mulher e estava agora com os braços cruzados e o pé a bater no chão.

– Então vamos todos ou é preciso escrever algum requerimento numa das vossas estranhas línguas? – Ela perguntou para Thranduil, que revirou os olhos com a rebeldia da ruiva.

Liz olhou, de repente, para Legolas ao sentir os olhos dos Elfos sobre ela e, vendo que ele sorria, ela retribuiu-lhe o sorriso, o que o fez sorrir ainda mais ao ver a simplicidade daquele gesto para Liz.

– A mesa já deve estar pronta. – Thranduil comentou. – Mas Linidus ainda não apareceu.

– Hoje não contem comigo para tomar o pequeno-almoço convosco. – Legolas anunciou, olhando para Thranduil. – Tenho uma coisa a fazer.

– Claro! – Thranduil e Doe disseram ao mesmo tempo, percebendo do que ele falava.

– Bem, sendo assim, eu dispenso-me também. – Rosez disse, vendo Legolas sair sem lhe dirigir a palavra.

– Não. Fica, Rosez, por favor! Vamos só esperar pelo meu filho mais novo. – Thranduil pediu e, um minuto depois, Linidus surgiu.

– Bom dia! – Ele exclamou e, ao ver Doe, ajoelhou-se. – Rei Doe, Rei Eterno e Mui Sábio dos Elfos!

– Levanta-te, por favor! – Doe disse, erguendo o loiro. – Como estás? – Eles abraçaram-se, surpreendendo Liz. – Eu e o Linidus passámos muito tempo juntos caminhando pelas Montanhas Nebulosas.

– Não tinha a mínima ideia. – Thranduil confessou um pouco desiludido com o filho. – Ele mal fala comigo.

– Isso não é verdade. – Linidus retorquiu na defensiva, mas Liz podia ver que havia algo ali que não estava certo.

– Bem, vamos? – Liz perguntou ansiosamente. – Quero ir tratar logo dos cavalos, são mais fáceis do que vocês.

Todos se riram, seguindo para o pequeno-almoço.

**

Liz estava a escovar mais um cavalo que se mantinha quieto, percebendo que aquilo devia ser feito.

Na iawe neth un imtant man. – Ela disse para o cavalo em élfico de Mirkwood. “Tão novo e, ainda assim, entendes que és importante”.

O cavalo relinchou afagando a cara de Liz com o seu nariz, fazendo-a rir divertida.

Dar! Dar! – Ela pediu-lhe para parar enquanto ria alegremente.

– O que se passa? – Legolas apareceu, olhando para Liz, que estava a afagar o cavalo, cessando o seu riso a pouco e pouco.

– Nada! – Ela respondeu, colocando-o na cela. – Já terminei a minha tarefa.

– Deves estar com fome.

– Não… - Ela corou, baixando o olhar. – Na verdade comi algumas maçãs.

– Bom, mas tens de jantar em condições.

– Jantar? Já é hora de jantar?

– Não deste pelo tempo passar? – Ele perguntou, acariciando o cavalo.

– Não! Ah, eu gosto tanto deles. – Ela comentou alegremente, soltando o cabelo.

– Eles são especiais. – Legolas suspirou, pensativo.

– Hum… Legolas, o que a Guardiã…

– Ela deixou-me uma coisa que me prometeu há muito tempo. – Ele respondeu. – Foi uma das poucas promessas que cumpriu.

– Percebo a sensação. Também já tive muitas promessas que não me foram cumpridas.

– Estás a falar de promessas de amantes? É que é tão diferente…

– Não! – Liz interrompeu-o. – Não estou a falar de promessas de amantes, Legolas! – Ela estava irritada. – O que estás aqui a fazer? Quando caminhávamos com Gimli e Aragorn, não tinhas opção, mas estamos aqui, podes afastar-te de mim.

– A Guardiã deixou-me esta carta, porque encontrou o amor. – Ele disse, ignorando a sua pergunta e mostrando um envelope fechado. – Foi uma promessa que fizemos um ao outro, daí este meu anel, ele simboliza a minha procura por esse amor.

– Bonito. – Ela disse, sem perceber o que ele queria que ela dissesse mais. – Por que é que ainda não abriste o envelope?

– Estive horas e horas a olhar para ele. – Legolas respondeu, sentando-se num banco. – Pergunto-me o que estará escrito aqui? Pergunto-me se é uma carta pessoal ou artificial… Não sei bem aquilo que quero. Desejo que seja pessoal para perceber que ela ainda se lembra de mim, que eu sou importante para ela, mas também desejo que seja artificial… talvez doa menos.

– Mas nunca vai doer menos, pois não, Legolas? – Ela perguntou.

– Provavelmente não, mas… - Ele olhou de novo para a carta. – Eu não acredito que ela encontrou o amor… Tão nova…

– Queres que eu abra e leia? – Ela perguntou suavemente.

– Por um lado sim, mas por outro a carta é para mim. – Ele respondeu. – Além disso, está escrito em Quenya, não irias perceber nada.

– Como é que sabes? – Ela perguntou.

– Faz parte da promessa. Quenya é considerada a língua mais bela para se falar de amor. – Ele explicou, dando-lhe o envelope e ela abriu-o lentamente, dando-lhe tempo para que ele a interrompesse se assim o desejasse.

Quando Liz abriu o envelope, tirou o pequeno anel de flores, dando-o a Legolas que o colocou no mindinho.

– Obrigada, Liz! – Ele agradeceu, pegando no envelope. – O resto eu faço sozinho.

– Claro… - Ela saiu do estábulos, dirigindo-se ao seu quarto onde tomou um longo banho enquanto imaginava Legolas a ler a sua carta.

– Posso? – Ela ouviu alguém perguntar depois de bater à porta.

– Estou a tomar banho. – Ela informou, levantando-se da banheira e lavando-se rapidamente, colocando depois um robe em si. – Quem é?

– Linidus.

– O que foi? – Ela perguntou, abrindo-lhe a porta. – O que se passa? É algo da batalha?

– Não! Não é sobre a batalha, é sobre Legolas e Rosez. Tu disseste-me que achavas que Legolas não devia casar com ela, porque não a amava. Concordo, conheço meu irmão e sei ver o que ele sente, mais do que ele, eu acho. – Ele riu curtamente. – A minha questão é: será que Rosez ama meu irmão?

– Ela cumprimentou-o como se amasse. De resto, não tenho opinião sobre o assunto. – Ela disse com uma voz neutra.

– Eu conheço Rosez há muito tempo. – Linidus disse e ela olhou-o. – E ela sempre teve um certo fascínio por mim…

– Claro! – Liz levantou-se. – Claro que sim! Legolas é um ser muito atencioso. Com certeza, passava os dias a mimar o seu irmão mais novo, e a Rosez divertia-se com essa convivência e tentava perceber o que tinhas de tão querido.

– Liz, o que eu quero dizer é que Rosez me disse que me amava. – Linidus disse seriamente.

– Tens a certeza do que dizes? – Ela perguntou. – Quando foi isso?

– Há cinquenta anos. – Ele respondeu. – Nessa altura decidi partir.

– Porquê?

– Porque Legolas e Rosez estavam sempre juntos comigo e, por alguma razão, meu pai estava sempre a dizer-me que Rosez seria uma boa rainha.

– E?

– E para ela ser rainha, ela tem de casar com um rei. – Ele respondeu, como se tudo fosse muito óbvio. – E eu não serei rei, Legolas sim, não eu!

– Sim, mas… - Liz suspirou fundo. – Tu amas Rosez?

– Eu abandonei-a e ela apaixonou-se por ele aparentemente. – Ele respondeu. – Mas sim, amo-a.

– Então não a devias ter abandonado, Linidus! Que raio de ser és tu para renegar o amor?

– Eu sei, mas eu tive medo das represálias do meu pai.

– Devias tê-lo enfrentado, como muitos antes de ti fizeram em nome do amor. – Liz disse duramente. – Agora Rosez e Legolas estão comprometidos.

– Eu sei. Tenho de deixar a Terra-Média.

– Não sejas tolo. – Ela tentou acalmar-se. – Eu não quero fazer Legolas infeliz, eu não posso ajudar-te a conquistar Rosez, mas talvez não seja preciso… Ela sente algo por ti.

– Mágoa.

– Também. – Liz concordou. – Mas pode ser que…

– Eu não posso fazer isto a meu irmão, nem a meu pai.

– E quanto a Rosez? – Ela perguntou. – E se ela se virou para Legolas, pensando que ele seria o mais próximo que ela podia estar de ti? E se ela não o ama realmente? Podes também estar a ajudar Legolas a não se meter na infelicidade.

– Faz parte dos costumes de Mirkwood…

– Se queres desistir do amor, desiste. Mas é a pior coisa que fazes à tua vida. Há pessoas neste mundo que não foram feitas para ele, há certas pessoas cuja missão não coloca lugar ao amor, mas tu, Linidus… Tu tiveste essa oportunidade e talvez ainda tenhas. Eu sei que Legolas não a ama dessa maneira, mas tu sim e talvez ela te ame de volta. – Liz disse, unindo as suas mãos.

– Eu não sei por que vim falar contigo. É que tu pareces acreditar no amor de tal modo.

– Eu acredito que todos vocês merecem o amor. – Ela concordou com um sorriso suave.

– Tu também o mereces. – Ele disse rapidamente.

– Bom… O que decides? – Ela perguntou, desunindo as suas mãos.

– Preciso de refletir primeiro. – Ele respondeu, levantando-se. – Depois decido.

– Boa sorte! – Ela exclamou, abrindo-lhe a porta.

Liz sentou-se na cama com uma enorme dor de cabeça. Toda esta história estava cheia de confusões e trocas e mais trocas. Rosez dizia amar Legolas, e este não a amava. Linidus amava Rosez, mas esta estava comprometida com Legolas. E Liz, ali no meio, querendo e, ao mesmo tempo, não querendo Legolas…

– Desisto de tentar entender o mundo. – Ela decidiu, deitando-se na cama.

**

Quando saiu para o Salão Principal, a porta estava entreaberta e ela ouviu as vozes de Legolas e Linidus falando.

– Eu só estou a perguntar o que farias no lugar do meu amigo, Legolas, mais nada. – O mais novo disse.

– Mas tu ainda não me explicaste quem é esse amigo ou quem é essa criatura que ele e o seu irmão amam. – Legolas retorquiu com extrema paciência.

– Tu não conheces, só que ele pediu-me conselho e, quando o encontrar de novo, quero dar-lho, mas eu não saberia o que fazer no lugar dele.

– Mas é muito simples. – Legolas afirmou. – Todos sabemos como o amor é importante. Então, o teu amigo deve dizer o que sente a essa criatura e, se ela o amar de volta, falam com o irmão dele. Se não, bem, provavelmente seria melhor se ele se afastasse para esquecer esse amor impossível.

– Então, ele deve falar com ela primeiro? Não com o irmão?

– Ela é mais importante, porque ela tem direito a dizer o que sente. – Legolas respondeu, fazendo Liz sorrir.

– Ok… Agora e se eu te disser que esses dois irmãos têm um pai que quer que o irmão do meu amigo case com esse ser por quem ele está apaixonado?

– O pai não tem nada a dizer sobre esse assunto? – Legolas disse incerto, provavelmente notando algumas semelhanças com a sua situação.

– Mas… - Linidus dava voltas e voltas pelo que Liz conseguia ouvir. – Mas e se esse pai o impusesse?

– Aí é um teste a esse amor, caro irmão. – Legolas respondeu. – Uma vez questionei o nosso pai sobre a regra estúpida de eu ter de me casar com alguém que ele ache digno e ele simplesmente me ignorou, mesmo quando falei na possibilidade de eu me apaixonar por alguém com que ele não concordasse.

– Ele ignorou-te mesmo quando falaste em amor?

– Sim. – Legolas respondeu. – Ele disse-me: Legolas, se tiveres uma situação em concreto para questionar esse costume, diz-me e eu tiro.

– E tu?

– Eu não tinha, eu acho?

– Como assim, achas?

– Eu ouvi a Guardiã dizer que eu me devia casar por amor, e eu achei que ela tivesse razão, então fui falar com nosso pai e, quando ele me perguntou sobre essa situação concreta, eu pensei em falar dela, mas ela era uma criança. – Legolas respondeu a custo. – Mas eu penso que serei feliz com Rosez, apesar de não a amar.

– A sério?

Liz fechou os olhos, percebendo que essa era a coisa errada para ser dita, pois Linidus tinha esperança de que, revelando o seu amor por Rosez, também estivesse a ajudar o irmão.

– Hey! – Liz interrompeu, abrindo as portas do Salão Principal. – Linidus, posso falar contigo?

– Com ele?

– Comigo?

Ela ouviu as duas perguntas formuladas ao mesmo tempo por ambos os irmãos e ela suspirou.

– Sim. É sobre a nossa conversa mais cedo, aquela em que me pediste conselhos para teu amigo, sabes?

– Hum… sim. – Ele respondeu, olhando para Legolas, que parecia agora um pouco irritado.

– Por que é que foste pedir conselhos a ela primeiro? Eu sou teu irmão mais velho. Eu sou muito mais velho do que ela! – Ele exclamou, apontando para Liz.

– Mas eu sou mais bonita. – Ela sorriu, atirando uma careta a Legolas, que se mostrou ainda mais indignado.

– Eu não sei do que vocês estão a falar, mas qualquer que seja esse conselho, Legolas tem razão, Linidus, devias ter falado com ele primeiro e não com uma desconhecida. – Rosez apareceu no salão. – E se foi pela beleza…

– Eu estava apenas a brincar para quebrar a tensão. – Liz defendeu-se exasperada.

– Porquê dessa maneira? – Rosez perguntou. – Pensas que a tua beleza durará para sempre? Estás errada! És humana! Quanto mais velha te tornares, menos beleza terás. E como todos eles vais morrer, porque até mesmo Ilúvatar não te quis dar a vida eterna que deu aos outros membros da Irmandade do Anel. Devias ter vergonha em voltar dois irmãos um contra o outro.

– Eu não estou a fazer isso…

– Não sejas sonsa. – Rosez tinha os olhos molhados. – Pensas que não noto como Legolas olha para ti? É óbvio que se passou algo entre vocês e, ainda assim, seduzes todos aqueles em quem pões os olhos em cima. Até Linidus!

Rosez saiu salão fora, deixando os três chocados com a intervenção da Elfa. Linidus olhava de Liz para Legolas.

– Eu penso que ela está com ciúmes. – Legolas respondeu. – Não lhe tenho dado tanto atenção com toda esta guerra. Que descabido!

– Eu passo a ideia de que seduzo todos? – Liz perguntou. – Linidus, eu…?

– Não. – Ele respondeu, confuso com tudo aquilo. – Claro que não. Tu és simpática para todos, apenas isso. É claro que meu pai tem um encanto especial por ti, mas é mais como se te visse como uma filha.

– Já estão prontos para o jantar? – Perguntou Thranduil aparecendo junto com Doe. – Que caras de transtorno são essas?

– Aconteceu uma coisa muito estranha. – Legolas respondeu.

– Rosez ainda não chegou?

– Acho que não janta connosco hoje. – Linidus disse.

– Mas o que se passou? – Thranduil perguntou.

– Na verdade, eu penso que a culpa seja tua. – Liz respondeu, olhando-o suavemente.

– Eu não estou a perceber…

– Podemos ir jantar? – Perguntou Doe interrompendo todos.

– Sim, vamos!

Enquanto jantavam com a vela cinzenta acesa (confusão), todos estavam calados, sentindo o estado pensativo dos seus presentes.

– Eu sinto que estou a lidar com um bando de adultos imaturos. – Doe disse por fim, fazendo todos olhá-lo e revelando no seu olhar todos os milhares de anos que ele possuía.

– O que se passou ainda há pouco? – Thranduil perguntou suavemente.

– Rosez perdeu um pouco a cabeça. – Liz disse delicadamente. – E sugeriu que eu possuo uma certa… natureza sedutora? – Ela concluiu incerta das suas palavras ou de que aquele seria um bom resumo do que acontecera.

– Oh? – Ibetu perguntou, olhando para a ruiva, perscrutando-a e tentando perceber se a filha estava bem.

– Ela é muito possessiva. Estava com ciúmes. Apenas isso. – Liz desvalorizou. – Ela viu o Linidus entrar no meu quarto para pedir um conselho e pensou que… - Ela viu os olhares dos outros. – Provavelmente viu-o de costas e confundiu-o com Legolas.

– Claro! – Doe percebeu, sorrindo.

– Tenho a certeza de que tudo se resolverá. – Dithinia disse, olhando para Liz, que lhe sorriu.

– Legolas, Liz, temo que amanhã terão de abandonar Mirkwood. – O Rei Doe anunciou tristemente. – Recebi uma mensagem de Gandalf dizendo que a história está a ser interrompida com vocês aqui.

– Amanhã partiremos então. – Legolas disse respeitosamente.

**************

Agradecimentos

Quero agradecer a todos os que comentaram e leram e favoritaram e gostam da história. Muito obrigada! Agora agradeço particularmente a quem comentou no último capítulo:

De Perogini - Muito obrigada pelo comentário! Espero que esta história continue a surpreender.

Lyn Black - Muito obrigada pelo comentário! Eu sei que é complicado acompanhar fanfics porque demoram a ser atualizadas. Me perdoe por isso. Eu penso que este pode também ser considerado um capítulo light como você diz. E Aragorn aparecerá sim, mas mais tarde.

NanaAnonimaAnomaliaA - Muito obrigada pelo comentário! Desculpe, pensei que era nova por não ter comentado antes, mas estou feliz que o tenha feito. Motivação é sempre bem vinda e motivação aparece sempre nos comentários.

joyce hygurashi - Muito obrigada pelo comentário! Continue se envolvendo na história por favor.

Elianog - Muito obrigada pelo comentário! E vou tentar não ter muita preguiça.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Por favor, comentários precisam-se.

Penso que para a semana já terei um novo capítulo pronto.

Kiss kiss,

CR, a autora



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