Liz Ou A Guardiã escrita por CR


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora mais uma vez!!!
Relembrar que Lord of the Rings e The Hobbit pertencem ao incomparável Professor Tolkien
Boa leitura



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A Lenda por Liz

No final do almoço, enquanto Legolas foi ter uma conversa com seu pai, Liz foi lá para fora, onde não se via ninguém pois estavam todos ocupados com a preparação para a batalha. Então, dirigiu-se para a árvore onde estavam gravados os seus nomes e recordou-se da promessa que ambos haviam feito de contar como haviam encontrado o amor, ou então de deixar uma carta em Quenya, caso não pudessem esperar. Liz sabia que tinha de cumprir a promessa, mas não podia contar como aconteceu, pois assim Legolas descobriria quem ela era.

– Liz Nármdroel… - Ela sussurrou, contornando a bela caligrafia de Legolas.

– Minha filha. – Ibetu afirmou, fazendo-a voltar-se para ele, que tinha os braços prontos para a acolher. Ela correu a abraçá-lo sentindo-se ser elevada no ar, onde ele a rodopiou como se ela se tratasse de uma criança.

– Fazes-me sentir uma criança. – Ela falou quando o pai a pousou no chão. Logo de seguida, chorou. Ibetu chorou com ela, os olhos fitando-se, as testas encostadas. – Perdoa-me, pai! Perdoa-me ter-te abandonado!

– Ó filha, tu abandonaste-me, é verdade, mas fizeste-o para me proteger e isso é muito digno. – Ibetu disse. – Mas eu perdoo-te! Claro que te perdoo!

Ambos se sentaram no chão, Liz encostando-se a ele completamente.

– Tu és a melhor filha do mundo, o ser que eu amo acima de todos os outros.

– Sempre soubeste quem eu era?

– Não. Apenas quando te abracei naquela manhã em que estavas tão triste. Fez-me lembrar a tua tristeza com a morte da tua mãe.

– Perdoa-me!

– A tua mãe morreu por ti, minha filha, morreu porque te amava. – Ibetu disse-lhe. – Mas tu não tens culpa da sua morte.

– Oh, Ada, eu preciso que tu digas algumas palavras em meu nome na celebração desta noite.

– Claro, melinyel, claro… Mas agora conta-me, por favor, como foram todos estes anos separados de mim?

– Tristes, tão tristes, Ada! – Ela respondeu, fechando os olhos. – Eu era uma criança, mas foi fácil misturar-me. Não devia ter sido tão fácil…

– Tu sempre foste muito boa com disfarces.

– Durante doze anos, escondi-me. Ganhava a vida, vendendo poções medicinais e boas famílias me davam guarida. Foi bom viver uma vida simples, dependente dos outros. Ao longo dos doze anos em que escondi o meu nome, até a minha aparência – ah, sim, eu tive uma fase morena – eu conheci imensas criaturas, meu pai. Anões, Humanos, Hobbits… Todas essas criaturas me ajudaram, Ada! Todos foram bondosos comigo, mostraram-me a sua alegria, a sua força, a sua vontade de viver… Tantas crianças, tanta vida, tanta felicidade… Eu vi tudo isso. Tudo! Eu vivi a felicidade dos outros, quando a minha parecia ter chegado ao fim, e valeu a pena. Valeu a pena, porque a minha alma foi iluminada, eu vi o quão importantes todos nós somos. Este mundo é importante, e estas criaturas só o tornam ainda mais importante. E são elas que, no fim, no lugar em que tudo acaba, me darão a força para terminar estas trevas.

– Eu tenho a certeza que sim! Mas doze anos escondida?

– Sim, entretanto, senti-me segura para, digamos, ter um trabalho oficial, deixei de ter medo de alguém me descobrir. Comecei por trabalhar em Rohan na enfermaria, a tratar dos feridos, mas passados dois anos parti, pois ainda não suportava o pensamento de guerra. Não me interpretes mal, nunca rejeitei a minha missão, sempre estive pronta para a batalha, mas não suportava as reminiscências da morte por batalha, era horrível ficar na espera. Entretanto, descobri um trabalho em Bri, numa estalagem, ou no bar dessa estalagem, mais precisamente, onde conheci imensa gente e ouvi imensas histórias e foi assim que ia notando as mudanças, que ia notando a guerra se aproximando…

– Terás tantas histórias para contar, minha filha…

– Imensas, Ada, imensas… - Ela sorriu tristemente, abraçando-o apertado.

***

Mais tarde, Liz estava a saltar de árvore em árvore quando foi interrompida por um jovem elfo que ela reconheceu como sendo Maerthîr.

– Desculpa, estou a impedir a tua passagem, não estou? – Ele perguntou, sentado na árvore a contemplar o sol.

– Não, não, eu ia já descer mesmo.

– Sabes, eu vi a tua chegada hoje com o Príncipe Legolas e ouvi falar da humana da Comitiva do Anel. – Ele disse, captando-lhe a atenção. – Eu não pude deixar de ouvir a tua conversa com Ibetu ainda há pouco. Liz, porque fazes as pessoas acreditarem que és uma simples humana? Tu és a Guardiã, a esperança deste mundo.

– Maerthîr, quantos acham realmente isso? Quantos são aqueles que ainda acreditam em mim? Nem mesmo o Legolas acredita, e nós já fomos os melhores amigos. Ele nem sequer me reconheceu quando nos vimos… Ele julga que também eu sou uma humana apenas, e pelos vistos é assim que deve ser. Galadriel aconselhou-me a esconder isto de todos.

– Percebo… A senhora Galadriel? Tu conheceste uma dos Valar? – Ele estava chocado. – Como é que ela é?

– Linda, imponente, forte. – Ela respondeu.

– Eu queria tanto conhecê-la…

– Sabes, Maerthîr… - Liz sorriu, aproximando-se dele. – Quando quase nos casámos de brincadeira, tinha-te escolhido como meu quase marido porque te achava diferente dos outros e agora percebo porquê. Para além da tua superior beleza em relação a eles, é claro… - Ele riu alto, o seu corpo tremendo com o riso natural, uma melodia.

– Oh, muito obrigado! – Ele beijou-lhe a mão. – Mas qual é a outra razão?

– Tu anseias conhecer outros locais, tu anseias aventuras, tu queres saber mais e mais e mais. E isso é lindo.

– Obrigado! – Ele disse-lhe e esse agradecimento foi muito mais intenso e sincero que o anterior. – Eu só aceitei mesmo porque tu és o ser mais belo que conheço. – Ele brincou, fazendo-a rir também. – Mas ajudou seres inteligente, madura, carinhosa, sincera, divertida e compreensiva.

– Obrigada! – Ela abraçou-o. – Então e conta-me lá: quantos anos faltam ainda para atingires a maioridade?

– Muitos. E quero ser livre o mais depressa possível. – Ele já tinha forma de adulto, mas era ainda considerado uma criança pelos Elfos, que só atingiam a maioridade aos cinquenta anos.

– Passam depressa, vais ver. – Ela recostou-se no tronco. – Estás muito belo.

– E tu também. – Ele retorquiu. – Como é que estás? Foi muito difícil para ti, não foi? Tudo isto? A vida?

– Estou bem. – Ela respondeu, olhando para a luz do sol sem ferir o olhar. – Foi difícil, não a vida toda… Eu tive imensos bons momentos, devia ter lutado mais para ter ainda mais bons momentos. É verdade que perder a minha mãe foi difícil e ainda mais difícil foi perceber que a culpa era minha, porque fez-me ver que os que mais amo estavam em perigo por minha causa e, para que eles ficassem bem, tinha que me separar deles. – Liz olhou para ele. – Mas a vida não foi apenas má. Eu tive tempo com a minha família, conheci amigos para toda a vida, eu tive Mirkwood, a todos vocês, a Legolas… E nesta minha aventura escondida de todos, também encontrei criaturas maravilhosas, sabes? Pessoas que me fizeram sorrir de novo, que me fizeram amar de novo a vida, que me fizeram ver que este mundo vale a pena.

– Mas nunca mais foi o mesmo, pois não?

– Nunca será o mesmo, mas não é assim a vida? – Ela perguntou, tirando um grande caderno branco. – Aqui está toda a minha vida escrita, mas nada disto torna tudo mais fácil, apenas nos faz ver as coisas de uma perspetiva diferente. E a vida é uma cadeia de lições, nós só temos que as notar.

– Tens muita razão. – Maerthîr disse, vendo-a abrir o caderno numa página. – Esse sou eu?

– Sim, quando era criança adorava desenhar, mas nunca o disse a ninguém, nem aos meus pais. – Ela respondeu. – Agora é uma das poucas coisas de antigamente que continuo a fazer. – Ela folheou o caderno e tirou uma página solta, mostrando-lhe. – Essa é Galadriel, mas nunca a conseguiria desenhar em toda a sua aura de imponência e beleza.

– Agora que vejo o teu desenho, sinto que será difícil conhecê-la, ela parece estar prestes a abandonar a Terra Média.

– Tens razão… - Liz parecia triste. – E talvez não seja a única. – Ela comentou, olhando para um desenho de Legolas.

– Quando o desenhaste?

– Este foi ainda há pouco. – Ela respondeu, guardando-o. – Mudou muito desde que o desenhei quando menina.

– Ele perdeu alguém muito valioso para ele. – Maerthîr declarou.

– Eu sei… - Ela suspirou. – Mas não vamos falar sobre essa tristeza. Como é que foi isto de Rosez e Legolas noivos?

– Foi de um dia para o outro na verdade. – Ele respondeu. – Mas Rosez ficou radiante, assim como os seus irmãos… Depois de tu te ires embora, ela teve irmãos… Enfim, o Rei Thranduil anunciou alegremente a toda a floresta que eles estavam noivos. Durante três dias houve a festa tradicional. Imagina… O noivado foram três dias de festa, como será o casamento?

– Realmente… - Ela riu suavemente. – Mas eles estavam felizes?

– Dentro do possível. Mas toda a gente sabe que o Príncipe Legolas a escolheu porque não conseguiu encontrar nenhum ser a quem amar.

– Não digas isso. – Ela pediu, sentindo-se triste.

– Na verdade, penso que nem Rosez o ama. – Ele declarou. – Não dessa maneira. Acredito na amizade deles, mas nada além disso.

– Deixa-me guardar isto. – Ela pediu, arrumando os papéis e fechando o caderno.

– Mas onde está o teu anel?

– Bem, eu não posso mostrá-lo, não é? Ele está guardado.

– Mas não precisas dele para saber se não o cobiço?

– Passados anos e anos, aprendemos a reconhecer os sinais da cobiça. E tu cobiças algo de mim, mas não o meu Anel. – Ela disse, erguendo a sobrancelha.

– Oh, perdão, mas és tão bela que é impossível não pensar em como são os teus lábios nos meus. – Ele reconheceu, corando. – Não é por ser menor que não penso nisso…

– Bem, és muito direto, não és?

– Direto seria se simplesmente te beijasse. – Ele disse, inclinando-se para ela, os seus braços em cada lado da cintura de Liz, que o olhava divertida.

– Liz, desce daí! – Legolas exclamou, fazendo Maerthîr se desequilibrar, mas Liz segurou-o com uma mão, impedindo que ele caísse.

– Legolas, o que é que fazes aqui? – Ela perguntou ainda sentada na árvore, sem olhar para Maerthîr que estava vermelho como um tomate.

– Vim chamar-te! Tens que ir tomar banho segundo o meu pai por causa da celebração de hoje à noite.

– Estás a dizer que estou suja? – Perguntou ela, saltando da árvore e pousando suavemente no chão em frente a ele. – Pois fica sabendo que sou o ser mais belo deste reino, mesmo estando assim.

– Eu nem vou comentar… - Ele disse, irritado, olhando para Maerthîr de seguida. – Sabes que os elfos atingem a maioridade mais tarde que os humanos, não sabes? – Ele perguntou a ela, que se sentiu encolher perante as palavras frias dele.

– Sim.

– Então deves saber que qualquer sedução de um menor aqui por um maior de idade é considerada um crime hediondo.

– Eu não seduzi ninguém. – Ele olhou-a raivosamente. – Pelo menos não intencionalmente. – Ela completou.

– Maerthîr, desce! – Ele obedeceu. – O que aconteceu?

– Nada! Estávamos a falar apenas sobre a missão da Irmandade, eu queria saber mais da Terra-Média, e Liz sabe muito.

– Certo… - Ele olhou-o, dando-lhe a mão. – Vai para tua casa!

Quando os dois já estavam sozinhos, Legolas disse:

– Devias ter vergonha: seduzir um menor.

– Bem, pelo menos ele tem essa desculpa. – Liz disse, irritada. – Ele é menor, tem mais curiosidade em saber como é sentir os lábios de outro ser nos seus. Qual é a tua desculpa para o que aconteceu ontem entre nós os dois?

– Tu seduziste-me com a tua beleza, com a tua voz, com as tuas palavras, com o teu toque. – Ele acusou-a, com raiva no olhar.

– Eu não te obriguei a nada. – Ela respondeu. – E tu não me pareceste obrigado.

– Tu… - Ele empurrou-a contra a árvore, apertando-a com seu corpo. – Eu sei o que tu queres…

– Eu quero-te a ti. – Ela disse simplesmente, deixando-o surpreendido por um instante.

– Não, tu queres alguém importante o suficiente para te dar a vida de poder que desejas.

– O meu desejo é ser a pessoa mais insignificante do mundo. – Ela disse sinceramente. – O meu desejo é ser feia, sabes? Para que seja mais fácil para ti entender que eu não sou a pessoa promíscua que tu pensas que eu sou.

– Foi por isso que ontem aconteceu… - Ele respondeu ironicamente.

– Então ontem faz de ti também promíscuo?

– Eu não te admito… - Ele separou-se dela, olhando para as suas próprias mãos.

– Legolas, ontem…

– Vai preparar-te! – Ele interrompeu-a, olhando-o. – O meu pai pediu de propósito a duas costureiras para te fazer um vestido. Ele gosta muito de ti. Já deves ter notado isso. – Ele disse friamente.

– Legolas! – Rosez exclamou, aproximando-se dele. – Que tal irmos até ao lago?

– Sim, vamos! – Ele disse com um sorriso.

– E eu vou tomar banho. – Liz falou.

– Sim, realmente estás precisada disso. – Rosez falou, rindo de seguida. – Espero que tenhas um vestido lindo naquela tua mochila. É uma celebração muito importante.

– Não é preciso. Thranduil, sua Majestade, chamou duas costureiras que me estão a preparar um vestido à última da hora. – Liz sorriu. – E eu espero que seja muito belo o vestido para me fazer jus, sabes?

– Oh, claro! – Rosez disse, olhando para Legolas, que olhava para Liz intensamente.

– Bem, vou indo. – Liz disse, começando a correr pela floresta como se a conhecesse na palma da sua mão. Era fascinante de se ver.

**

Quando saiu do banho demorado que teve secou-se lentamente e vestiu a roupa interior e depois um robe fino por cima. De seguida bateram à porta do seu quarto, alertando-a.

– Entre, por favor!

Duas costureiras entraram com um vestido lindo nas mãos, já pronto.

– Senhora Liz…

– Liz apenas. – Ela interrompeu uma das costureiras, que lhe sorriu docemente.

– Liz apenas, o meu nome é Amilie e esta é a Amiwin, minha irmã mais nova. O rei Thranduil mandou-nos fazer-te um vestido. Adivinhámos as tuas medidas, por isso devemos ter de fazer algum ajuste. Queremos também fazer-te um penteado.

– Eu gosto do meu cabelo solto…

– E ficas linda, e solto ele vai ficar, mas com alguma decoração… - Amiwin disse com um sorriso. – Vá, agora tira esse robe e experimenta o vestido, vais adorar. O próprio Rei Thranduil escolheu o modelo.

– A sério? – Ela perguntou, vestindo-o. – O decote é exagerado… Acreditava que era uma mania dos Elfos de Rivendell estes decotes exagerados, mas pelos vistos é uma coisa geral nos Elfos. – Ela brincou, resignada, fazendo ambas rir.

– Oh, tão bela como és mereces este decote.

– Mas eu não sou uma Elfo, Amilie, quando os humanos se vestem assim todos tendem a pensar que eles têm segundas intenções.

– A nossa única intenção é mostrar a tua beleza, nada mais. – Amiwin disse, fazendo alguns ajustes rápidos.

– O vestido é lindo de verdade. – Liz elogiou. – Adoro azul.

– E fica-te muito bem com o teu cabelo ruivo. Rodopia, dança! – Amilie mandou e Liz obedeceu-lhe, rodopiando a alta velocidade e dançando igualmente. – Linda! Ora aqui está alguém a quem eu nunca me cansaria de costurar vestidos.

– Vocês são ambas muito simpáticas. – Liz agradeceu, vendo que o seu cabelo continuava molhado. – Já posso despir?

– Sim, claro, depois do lanche, vem vestir-te e nós arranjamos-te o cabelo.

Liz vestiu um vestido limpo que trazia na mala e que Galadriel lhe tinha oferecido e ela não pode deixar de notar que o vestido estava um pouco mais justo, o que ela culpou pela comida de Mirkwood e Lothlórien.

– Olá! – Liz cumprimentou quatro crianças que estavam a passar pelo corredor discretamente. – Procuram alguém?

– O príncipe Legolas. – O mais velho das crianças respondeu. – O meu nome é Gilius.

– Eu sou a Liz, Gilius. E o príncipe Legolas não está aqui.

– Oh… - Uma menina de cinco anos disse tristemente. – O meu nome é Amorny, e nós sabemos quem tu és. És a Liz, a humana da Irmandade do Anel. A única mulher…

– Sim, mas basta Liz.

– Liz, a fogueira te chamam. – Um outro rapaz disse. – Timis é o meu nome.

– Eu sou a Silsirian. – A outra criança disse. – Por que te chamam a fogueira?

– Dizem que eu sou muito quente. – Ela respondeu, sorrindo. – Eu ia lanchar agora mesmo. Querem vir? Depois, procuramos o Legolas todos juntos.

– Sim, vamos! – Amorny disse, entusiasmada.

– Não sei se devíamos. – Gilius disse. – O Rei Thranduil não está cá.

– Ele não se importa. Venham, a mesa já deve estar pronta.

Ela e as crianças ainda foram à cozinha fazer um bolo de chocolate que foi uma autêntica aventura.

Quando todos os cinco estavam na mesa, eles sentaram-se.

– Liz, podemos acender uma vela cada um? – Perguntou Timis, hesitante, olhando para as velas do rei. – Só para ver a sensação.

– Sensação… - Aquela era uma palavra já bastante adulta para uma criança. – Claro! Tenham cuidado para não se queimarem. Sabem o que as cores simbolizam?

– Sim. – Responderam eles numa só voz.

Sobre o olhar atento de Liz, uma por uma, as crianças foram buscar uma vela, acendendo-a e pousando-a em cima da vela.

– Bom, vamos comer! – Ela disse, servindo o bolo de chocolate a elas. – Então digam-me lá… Vocês gostam daqui?

– Sim, é uma sala muito acolhedora. – Gilius disse. – Eu queria comer aqui todos os dias com o resto da minha família, e a minha irmã mais velha disse que logo, logo isso se vai tornar realidade.

– Que bom! – Liz sorriu abertamente, embora achasse estranho aquelas palavras. – Mas vocês têm razão. Esta é uma sala acolhedora e seria muito bom poder comer aqui todos os dias com aqueles que mais amamos.

– Também é muito bom comermos contigo, Liz. – Disse Silsirian. – És muito querida.

– Oh, tu é que és muito querida, Sils… - Liz respondeu-lhe com um sorriso.

– Sim, ela não deve ser nada querida. – Timus disse rapidamente, fazendo com que Liz se virasse para ele. – Quero dizer, eu gosto muito de ti, és muito querida para nós, mas já deves ter travado muitas lutas.

– Sim, já travei muitas lutas, Tim. – Ela afirmou, concordando com ele. – Mas isso não me impede de ser querida. Sabes, travar lutas é muito importante. Não estou a dizer para saírem daqui e lutarem, as maiores lutas são aquelas que travamos com nós próprios. Aquelas que travamos contra os nossos medos. Vocês são crianças, ainda não sabem do que falo, ou talvez saibam. Do que têm mais medo?

– De que o nosso pai morra. – Respondeu Amorny, deixando cair algumas lágrimas.

– Amor… - Gilius abraçou-a. – Vai tudo correr bem.

– As nossas maiores batalhas são contra os nossos medos. Não há maneira de os apagar, mas há maneira de os ultrapassar. – Liz puxou Amorny para o seu colo, confortando-a. – Eu sei que é difícil ultrapassar esse medo. E sinceramente acho que poucos o conseguem fazer… Penso que a solução seja ver que existem coisas boas nas pessoas que amamos e que, mesmo se as perdermos, podemos ficar felizes por a ter tido ao nosso lado.

– Mas se nós o perdermos… O que será de nós, Liz? – Silsirian perguntou.

– É difícil dizer, Sils, porque quando perdemos uns dos nossos pais, pai, mãe pensamos que o mundo desabou, mas a vida continua. Olhem para o Príncipe Legolas: ele perdeu a sua mãe, mas continua aqui, e já teve muitos momentos de felicidade. – Liz abraçou Amorny mais fortemente. – Mas nem todos os medos são maus. Às vezes é bom ter medo de alguma coisa, porque nos torna mais fortes, mais resistentes. Vocês continuam felizes apesar desse medo, e é assim que deve ser. O medo nunca deve impedir ninguém de continuar a viver.

– Mas porque é que o nosso pai tem que lutar?

– A verdade é que há alguma maldade neste mundo, meninos, e pessoas corajosas como o vosso pai são preciosas para ajudar a acabar com essa maldade.

– Mas por que é que ele tem de pagar pela maldade dos outros? – Amorny perguntou sem perceber.

– Venham cá! Juntem-se mais a mim! Quem já ouviu falar da Liz, a Guardiã? – Os quatro ergueram o braço. – Quantos de vocês pensam que essa Liz existe? – Só Amorny ergueu o seu desta vez.

– Amor, não sejas infantil, é claro que ela não existe! – Disse Gilius como se fosse muito óbvio.

– Mas o Rei Ibetu existe! – A mais pequena defendeu-se.

– Sim, mas ele nunca te disse que tem uma filha, pois não? – Gilius perguntou retoricamente. – Não sejas criancinha!

– Gil! – Liz exclamou, fazendo o mais velho olhá-la. – Não trates a tua irmã dessa maneira. Se ninguém acreditasse na Guardiã, ninguém falaria dela e, então, vocês nunca teriam ouvido a sua história.

– Mas… Então ela existe? – Perguntou Timis um pouco impaciente.

– O Anel Um, vocês sabem que existe…

– Sim, o Príncipe Legolas foi ajudar a destruí-lo. – Disse Silsirian com orgulho.

– Pois foi, ele é muito corajoso. – Disse Timis.

– Sim, ele é. – Liz concordou com um sorriso.

– Eu também queria ir, mas os nossos pais não me deixaram. – Gilius disse tristemente.

– Tu tens que proteger os teus maninhos. – Liz explicou. – O Príncipe Legolas foi só porque havia mais gente para proteger a sua família.

– Pois é! – Gilius concordou. – Mas, então…

– Foram concedidos nove anéis do poder aos Homens e foram eles que sucumbiram em primeiro ao poder do Anel Um. – Liz explicou. – Então, apareceram os Feiticeiros com o intuito de destruir Sauron, o servo de Morgoth, fazendo frente ao poder do Anel Um.

– Sim, e assim surgiu a Guardiã. – Concluiu Timis. – Nós já sabemos isso. A nossa irmã mais velha já nos contou a história.

– Há muito mais entre essas duas partes. – Liz continuou. – Quando se uniram, foi decidido que seria criado um Anel para destruir Sauron de uma vez por todas. Esse Anel era o da Paz, o Anel da Última Esperança de Paz, também chamado de o Último Anel.

– Mas há quanto tempo eles decidiram isso?

– Há muito, muito tempo. Os feiticeiros forjaram esse Anel e Doe, Rei Eterno e Mui Sábio dos Elfos, decidiria quem o portaria.

– Mas porquê só ser dado a Liz? – Perguntou Gilius. – Ela tem só trinta e quatro anos, é nova, não pode ter sido ela. É impossível!

– Como vocês sabem, o Anel Um desapareceu durante muito tempo, e todos pensaram que Sauron tivesse sido destruído. Saruman chegou a dizer ao Conselho entre Elfos e Feiticeiros que o Anel Um tinha sido levado para fora da Terra-Média, em direção ao Mar… Foi há algum tempo que Doe, ainda assim, decidiu atribuir o Anel a alguém que ele achasse digno. – Liz sorriu. – Ele viu em Ibetu, Rei das Terras Élficas da Terra Média e segundo Rei das Terras Eternas, a pessoa perfeita para carregar o Anel de Paz. Pois Ibetu era Elfo e um pequeno feiticeiro.

– Então o Rei Ibetu deu o Anel a Liz?

– Não! – Liz respondeu. – Vocês sabem como são os Elfos. Decidem uma coisa e podem passar anos até a fazerem. – Eles todos riram. – Enquanto Doe se dirigia lentamente até Nármdroel, o reino dos pais de Ibetu, sem sentir que a missão de entregar o Anel de Paz era urgente… - Eles riram de novo. – Enquanto isso, Ibetu conheceu uma humana chamada Melody Sitilan, quando passeava pelos limites de Nármdroel. Melody apanhava flores para uma unção curativa e, segundo ele, ela brilhava como uma estrela à luz do dia e, quando o olhou, os seus olhos surpreendidos cintilavam, e ele soube que tinha finalmente encontrado o amor nela. Amor esse que foi retribuído com todo o coração por Melody. No entanto, os seus pais proibiam a união por ela ser humana. E Ibetu fugiu.

– O Rei Ibetu desobedeceu aos seus pais? – Silsirian estava chocada.

– O amor é aquilo que nos governa. É ao amor que obedecemos, Sils, e o amor desses dois seres era tão grande, tão poderoso… - Liz sorriu de novo. – Quando Doe chegou a Nármdroel e recebeu as notícias, ele ficou longo tempo a meditar e a conversar com os pais de Ibetu e, mesmo contra a vontade dos pais Doe foi procurar Ibetu, pois continuava a acreditar que ele era o ser certo para a missão.

“Quando, passado um ano, Doe finalmente encontrou Ibetu refugiado perto do Shire, o local de onde Frodo, o Portador, veio, Melody estava grávida e prestes a ter a sua filha. Ibetu e Doe conversaram longamente, Doe explicando que o tinha achado digno de carregar o Anel da Paz e a missão que levava com ele. Mas Ibetu não deu resposta a ele, pois Melody interrompeu a conversa, dizendo que em breve daria à luz Liz, e Ibetu não quis saber de mais nada. Focou na sua mulher, beijando-a longamente e levou-a consigo para um quarto, onde Dithinia, mãe de Melody, os esperava, e o parto começou. Doe entrou apenas quando ouviu a criança a chorar, significando que ela tinha nascido. Liz estava nos braços de Melody e Ibetu abraçava a mulher, os dois sorrindo e chorando ao mesmo tempo, com palavras de amor eterno entre si e para a filha. Nessa altura, Doe aproximou-se e, pedindo autorização, pegou em Liz que, segundo ele, era a mais bela criatura que ele havia fitado, pois tinha sido fruto do maior amor de todos os tempos. E foi aí que ele soube que os seus olhos tinham finalmente encontrado a portadora do Último Anel, a Guardiã da Última Esperança de Paz. Pois, se Ibetu teria sido perfeito para a missão, Liz tinha sido feita para ela. Ela era Elfo e Humana e também uma pequena feiticeira, nascida perto de uma zona de Hobbits. Para Doe, seria ela que viria mostrar novamente à Terra-Média que Homens, Elfos, Anões e Hobbits fazem este mundo e pertencem uns aos outros, que todos nós somos responsáveis pelo destino desta querida Terra-Média. Todo esse amor fez os pais de Ibetu perceberem que ele estava pronto para governar Nármdroel e que havia chegado a hora de eles partirem para o Mar.

– Que lindo! – Amorny respondeu, sorrindo.

– A mãe de Liz, Melody, foi assassinada por causa desse Anel. Liz fugiu aos doze anos da sua casa para não pôr mais ninguém em perigo, pois tinha medo que mais alguém que ela amasse morresse. Ela amava-os tanto que partiu sozinha. No entanto, ela está pronta a morrer pela missão que lhe foi confiada. Ela não tem culpa do que aconteceu há milhares de anos. Todos podemos atribuir as culpas aos Humanos, dizer que eles são facilmente corrompidos pelo poder, mas ninguém atualmente tem culpa, mas é de todos nós a responsabilidade de proteger a Terra-Média, de acabar com a Maldade. O vosso pai, meninos, ele vai fazer o mesmo. E o mundo precisa dele, e ele fá-lo também por vossa causa. – Eles olharam-na confusos. – Liz aceitou percorrer o seu caminho, abraçou a sua missão, não somente porque lhe foi confiada. Sabem, ela podia colocar o fardo em cima de outro ser, mas não o fez, porque não é por dever que ela percorre esse caminho, é por amor àqueles que mais ama, ao pai, à avó, e a tantos outros. Foi por isso que ela percorreu esse caminho sozinha durante tanto tempo, para não perder mais seres que amava. O vosso pai também não vai lutar por dever, mas sim por amor, porque ele vos ama, e não quer que vocês cresçam num mundo infestado de Maldade.

– Ele quer um mundo melhor por nós? – Perguntou Timis.

– Por vocês e pela Terra-Média, mas sobretudo por vocês. Ele ama a Terra-Média, mas, sobretudo, ama-vos a vocês!

– Obrigada, Liz! – Amorny sorriu. – Agora os meus irmãos já acreditam na Guardiã, e agora sabemos o porquê do nosso pai partir para a Guerra.

– Nunca pensei que a Guardiã existisse mesmo. – Gilius admitiu, deixando as crianças envergonhadas.

– Não fiquem assim. Há também muitos adultos que pensam que ela não existe e, pior, há aqueles que gostariam que ela não existisse. – Liz falou tristemente.

– Tu tens o mesmo nome que ela. – Timis afirmou.

– Sim, mas nunca a vi.

– Pois tu pareces Humana. – Gilius disse sem desprezo algum na voz.

– Eu sou Humana. – “Também”, ela completou na sua cabeça.

– Que confusão é esta? – Os cinco olharam para a porta, vendo Thranduil acompanhado por Dithinia, Ibetu e Legolas. Rosez veio atrás, juntando-se a eles.

– Rei Thranduil, mil perdões! – Rosez entrou na sala. – Os meus irmãos não sabem o que fazem.

– Oh, a culpa é minha. Eles estavam à procura do Legolas e eu ofereci-lhes um lanche antes de o irmos ver. – Liz levantou-se depois de pousar Amorny numa cadeira ao seu lado.

– E fizeram o bolo de chocolate? – Ele perguntou, vendo as crianças todas sujas.

– Sim! – Amorny respondeu sorridente. – Por nós íamos encher o bolo de chocolate, mas a Liz só meteu um bocadinho para não ficarmos doentes da barriga.

– Amorny! – Rosez exclamou.

– Oh, Rosez, deixa estar! É sempre alegre ver crianças. Vá, vamos sentar-nos! – Falou ele. Quando se preparava para sentar, reparou nas velas acesas. – As velas…

– Rei Thranduil, sinto-me envergonhadíssima… - Rosez começou, mas Liz cortou-lhe a palavra:

– Eles queriam experimentar e eu achei que não houvesse problema. Talvez seja melhor apagarem as velas, meninos.

– Não, esperem! – O Rei percorreu a mesa com um olhar sério. – Por que tens a vela rosa acesa? – Perguntou ele a Amorny.

– Porque estou encantada com a beleza da Liz. – Ela respondeu, provocando uma risada no rei. A vela rosa significava encanto.

– E tu, Timis, porquê a amarela?

– Porque estou feliz. – Ele respondeu simplesmente.

– Silsirian? – A rapariga sorriu antes de responder ao rei:

– Eu tenho a vela verde acesa porque tenho esperança de que tudo corra bem e que todos regressem sãos e salvos da guerra que vai ser travada.

– Muito bem! E tu, Gilius?

– Eu estou apaixonado pela dama Liz. – Ele respondeu, apontando para a vela vermelha, o que provocou uma risada geral. – O que foi?

– Oh, mano, tu não tens hipóteses. – Disse Timis.

– Porquê?

– Por que é que achas? – Perguntou Amorny retoricamente. – A Liz é muito bonita para ti.

– Liz? – Gilius olhou para a ruiva, que sorriu.

– Gil, eu não sou muito bonita para ti! Mas sou um bocadinho velha demais.

– Oh! Mas sempre podemos ser amigos, não é?

– Claro! E quem sabe, daqui a muitos e muitos anos, possamos ficar juntos.

– Vá, sentem-se! – Todos obedeceram ao rei.

– Então e as velas, pai?

– Deixa, meu filho, as velas acesas, eu não teria feito melhor do que estas crianças. Já no almoço deixei bem claro de que estava feliz. E nestes tempos toda a gente tem de ter esperança de que tudo corra bem. – Ele fez uma breve pausa. – E toda a gente fica encantada e apaixonada pela beleza de Liz.

– Muito obrigada! – Liz disse, sorrindo abertamente para Thranduil.

– Rosez, o Luthus?

– Ele foi falar com os meus irmãos, mas afinal eles estão aqui. – Rosez sorriu para os seus irmãos mais novos.

– Pai! – As crianças exclamaram, abraçando o pai com força quando este entrou na sala.

– Eu fui falar com vocês sobre a guerra, mas…

– Não é preciso, pai, nós já percebemos. – Gilius disse, sentando-se e olhando-o.

– Já?

– Sim. – Timus reafirmou.

– Nós falámos com a Liz e ela explicou-nos – Silsirian continuou. – Tu és como a Guardiã.

– Sim… - Amorny disse suavemente. – A Guardiã quer acabar com a Maldade do Mundo para proteger as pessoas e tu queres fazer o mesmo porque amas a Terra-Média, mas principalmente porque nos amas, e queres o nosso bem.

Liz abaixou a cabeça quando sentiu todos os olhos postos nela. Não tinha planeado nada daquilo.

– Conheces a história da nossa Liz? – Thranduil perguntou.

– Ela é também humana como eu.

– Tu sabes realmente muito, Liz. Muitos de nós nem sequer acreditam na sua existência. – Thranduil falou.

– O mesmo acontece entre os Humanos, Rei Thranduil. – Liz afirmou. – Talvez esses dois povos não sejam assim tão diferentes no fim das contas.

– É claro que somos diferentes. – Rosez contrariou. – Que parte da Guardiã achas que a fez abandonar a família? Com certeza a parte humana, a parte fraca.

– Rosez! – Ibetu exclamou. – Por favor, não fales mais disso. Não imaginas o que a minha família sofreu.

– Desculpe, Rei Ibetu, mas esta é a minha opinião. Se a Guardiã não tivesse fugido, ela teria sido educada. Seria uma grande guerreira e ajudaria a destruir o Anel Um.

– Rosez, a Guardiã está disposta a tudo pela missão. Se ela se foi embora, foi pelo bem daqueles que amava.

– És muito inocente, meu irmão. – Ela disse amavelmente a Gilius. – O amor não passa de uma desculpa. Ela desistiu. Tal missão nunca lhe devia ter sido confiada.

– Bem, talvez queiras proclamar a tua opinião a quem lhe confiou essa missão, então! – Liz arrependeu-se imediatamente do que disse, pois todos a olhavam.

– Estás a difamar o Grande Rei Doe? – Thranduil perguntou.

– Claro que não! – Liz apressou-se a responder. – O Rei Doe teve a certeza de que Liz tinha que ter aquela missão. A Guardiã não pediu essa missão, ela não a queria decerto, sendo ela uma recém-nascida, não acha? – Ela perguntou.

– Claro, talvez ela queira usar também isso como uma desculpa. – Rosez exclamou.

– Se Doe não lhe tirou o Anel, então é porque ele acredita nela. – Thranduil disse, olhando para Rosez duramente. – E também eu acredito nela, apesar de tudo. – Ele disse, olhando agora para Liz.

– Mas o que queriam vocês falar comigo? – Perguntou Legolas às crianças, tentando desviar o assunto.

– Perguntar-te se irias ficar muito tempo por cá… - Perguntou Amorny. – E quando te vais casar com a Rosy.

– Não, não vou ficar muito tempo. – Legolas respondeu. – E não sei quando me vou casar com a vossa irmã.

– Legolas, o que achas da Guardiã? – Perguntou Silsirian, de repente.

– Eu não sei se é bom falar desse assunto.

– Não. – Rosez disse. – Diz o que achas à minha irmã, Legolas. – Todos estavam surpreendidos com a atitude de Rosez.

– Sabem, crianças, a Guardiã existe. – Legolas contou. – Posso afirmar com toda a certeza, porque a conheci quando ela tinha oito anos. No entanto, era melhor que não existisse.

– Legolas, meu filho… - Thranduil começou por dizer ao ver a tristeza de Liz.

– Perdoem-me, Ibetu, Dithinia, eu respeito-vos imenso, mas não me peçam para esquecer que ela abandonou todos aqueles que lhe queriam bem. Ela devia ter suportado o que aconteceu. Como Guardiã, ela devia ser mais forte.

– Diz-me, Legolas… - Liz falou, captando a atenção de toda a mesa. – Se já a conheceste, alguma vez pensaste nela como outra coisa que não a Guardiã?

– Claro! – Legolas respondeu suavemente, mas sem a fitar.

– Então, pensa nela dessa maneira no momento em que perdeu a sua mãe. Em que viu a mãe morrer diante dos seus olhos. – Liz disse. – Pensa que o medo dela se tinha concretizado e que ela era a causa disso.

– Ela abandonou aqueles que precisavam dela… - Legolas disse.

– Porque teve medo de os perder.

– Bem, passaram-se anos, teve tempo de se fortalecer. – Legolas disse. – Não achas que devia ter voltado antes, então?

– Talvez nessa altura tivesse medo de os perder, mas por outra razão. Talvez tivesse medo da rejeição. Talvez ainda tenha. Talvez tenha medo que não a perdoem, porque, pelos vistos, existem pessoas a quem ela amou e que a amaram que não a conseguem perdoar. – Liz respondeu, olhando para a vela verde acesa de Silsirian.

– Por Ilúvatar! – Rosez exclamou. – Já quando criança, Liz era uma fraca. Nem sequer tinha noção do perigo que a rodeava.

– Não fales assim da minha filha! – Ibetu exclamou, erguendo, a aura de poder dele mostrando-se e provocando terror na mesa.

– Ibetu! – Liz disse, tocando-lhe e passando-lhe paz, fazendo com que ele se acalmasse de imediato. – Eu não conheci a sua filha, mas pelo que ouço das histórias, ela não quer saber da opinião das pessoas quanto à sua missão. Ela só quer saber de a cumprir. Por favor, pare!

– Tem razão, cara Liz! – Ibetu disse-lhe sorrindo e acariciando-lhe a face. – E para que saibas, a minha filha já regressou, Legolas. Eu e ela já falámos durante horas e horas e horas e ela está a desempenhar a sua missão.

– Bom, se me dão licença… - Liz ergueu-se da cadeira. – Posso deixar-vos, Majestade? – Ela perguntou a Thranduil, que se levantou igualmente, preocupado.

– Claro! Está tudo bem?

– Tudo ótimo! – Ela respondeu com um enorme sorriso. – Mas quero aproveitar o resto da luz solar para ver um pouco mais de Mirkwood.

– Ah, claro! Então, Legolas, por favor, mostra à tua companheira de Missão a nossa floresta. – O loiro levantou-se, resignado.

Já fora do palácio, Liz parou, olhando para todos os lados. Ela queria ficar sozinha.

– Por onde gostarias de começar? – Ele perguntou friamente. – É melhor começar por dizer-te que os quartos de Ibetu e de meu pai estão encerrados.

– Legolas… - Ela sentia-se magoada. – Talvez me queiras mostrar esse lago para onde tu e a Rosez foram então. Diz-me… foi uma boa tarde? Tão boa como a minha, já que nem me lembro muito bem em que quarto estive hoje, mas sei que não foi o meu?

– Tu és… - Liz interrompeu o Elfo:

– O quê? Uma puta? É isso que queres dizer? Uma qualquer? Uma gaja capaz de se meter na cama de todos para conseguir o que quer? – Ele olhou-a com desprezo. – Eu estou farta dos teus pensamentos! Eu estou farta do teu silêncio. Se tu pensas isso de mim, por que razão me fizeste tua? – Ela perguntou diretamente.

– Porque sou um estúpido e o teu comportamento aqui só prova isso. Tu seduzes toda a gente com quem te cruzas, Liz… Até Maerthîr, um menor… Eu vi-te no colo de Ibetu. Até o meu pai, Liz… - Ele parecia sentir-se traído.

– Eu não seduzi…

– Cala-te! – Ele sussurrou, olhando-a amargamente. – Se alguém perguntar por mim, diz que eu fui dar uma volta para desanuviar.

– Mas Legolas, daqui a algumas horas é a celebração…

– Eu estarei de volta quando quiser. – E dito isto, embrenhou-se na floresta, deixando-a sozinha. Thranduil e Rosez apareceram alguns segundos depois.

– Onde está Legolas?

– Ele desapareceu. Disse que queria ficar sozinho… - Ela explicou, preocupada. – Não me pareceu que fosse voltar tão cedo.

– O que lhe disseste? – Rosez perguntou raivosamente.

– Nada de extraordinário. – Liz respondeu.

– Vamos esperar um pouco. Se entretanto não chegar, procuramo-lo.

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer a todos os que acompanham esta histórias e aos que a favoritaram. Agora quero agradecer particularmente aos que comentaram o capítulo anterior:

Tasha Reis: Muito obrigada pelo comentário. Ainda bem que concorda comigo. Eu espero que este capítulo tenha sido bom para a sua curiosidade :P

Joyce Hygurashi: Muito obrigada pelo comentário! Preciso me desculpar sempre porque sempre me sinto triste de não ter tempo nem para a história nem para vocês, mas obrigada pelo apoio e por ser minha fã. Até à próxima!

Lovefanfics22: Muito obrigada pelo comentário! E continuarei sempre que possível.

Morgana Crystalyn Black: Muito obrigada pelo comentário! Eu também espero que não gere consequências como uma gravidez inesperada. É por isso que as aulas de sexualidade na escola são importantes… Mas veremos J Sinto-me insegura, porque gosto de agradar. Obrigada!

A elfa: Muito obrigada e bem vinda! Eu espero que o assunto seja mesmo bom. Kiss e continue comentando!

Black Angel: Muito obrigada pelo comentário! Foi lindo e triste ao mesmo tempo? Sim, suponho que sim. Pode ser que a Rosez tenha algo mais para contar sobre isto. Espero realmente que não tenha decepcionado. Muito obrigada!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Foi um capítulo muito doce de fazer e que me colocou um sorriso na cara enquanto escrevia a parte da "lenda". A outra foi um pouco mais dolorosa, mas gostei muito de a escrever...
Kiss kiss,
CR, a autora



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